terça-feira, 12 de novembro de 2019

"Dossiê 2020": Gilberto Natalini no #Suprapartidário

O #Suprapartidário dá continuidade a uma série de entrevistas sobre o atual momento do Brasil e as perspectivas para 2020.

Reunimos personalidades da política e da sociedade, dos mais variados partidos e das mais diversas tendências, para responder a uma sequência idêntica de cinco perguntas.

O #Dossiê2020 já apresentou entrevistas com Eduardo Jorge e Soninha Francine. Hoje é a vez do médico e vereador paulistano Gilberto Natalini.

Em seu quinto mandato como vereador de São Paulo, Gilberto Tanos Natalini, do Partido Verde, nasceu no Rio de Janeiro e se formou médico pela Escola Paulista de Medicina. É especialista em Gastrocirurgia e servidor licenciado do Hospital Municipal do Campo Limpo. Mantém ainda consultório em Santo Amaro e realiza atendimento voluntário no Ambulatório Médico do Centro Social Bom Jesus do Cangaíba há 43 anos, desde 1976.

Já foi secretário de Saúde de Diadema e secretário do Verde e do Meio Ambiente da cidade de São Paulo. Iniciou sua carreira política em 1970, ainda como estudante, quando participou das ações estudantis lutando pela liberdade democrática no país. Desde então integra diversos movimentos populares. Foi preso político e torturado pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. A sua primeira eleição como vereador foi em 2000, pelo PSDB. 

Foi presidente da Comissão da Verdade Vladimir Herzog, da Câmara Municipal de São Paulo, e candidato do PV ao Governo do Estado de São Paulo, em 2014. É autor de mais de 300 projetos de lei, tendo 91 leis aprovadas. É o caso da lei que obriga a Prefeitura a utilizar água de reuso para lavagem de feiras, parques e ruas, por exemplo. Como resultado, o projeto já economizou bilhões de litros de água potável. Ele também é proponente da Conferência de Produção Mais Limpa e Mudanças Climáticas da Cidade de São Paulo, que está em sua 18ª edição.

1) Que momento que é esse que o Brasil vive? A democracia corre riscos? Como fazer política diante de tamanho descrédito da população nos partidos e nas instituições?

O Brasil vive um momento bastante delicado. Temos um país dividido em dois extremos, com um centro totalmente desorganizado. Avança no país um grande "ACORDÃO" para asfixiar a Lava Jato e liberar a impunidade. Não acho que a democracia corra risco, felizmente essa foi uma conquista difícil de ser revertida. Não está fácil fazer política, principalmente a boa política, ideológica, com ética e dignidade, mas eu não vou mudar e não vou desistir.

2) Como enfrentar a atual polarização nas urnas, nas redes e nas ruas? O que propor e como vencer o ódio, o preconceito, a intolerância e as fake news?

A polarização destrói a possibilidade de diálogo cívico, promovendo a desconfiança em relação àqueles que discordam. A polarização deve ser distinguida do conflito de ideias, valores e interesses, que reconhecem a legitimidade de visões plurais e dissidentes sobre os mais diversos temas.

A aceitação e a institucionalização de mecanismos de solução pacífica de conflitos estão entre as caraterísticas centrais da vida democrática. Precisamos reorganizar o Centro, fazer as pessoas entenderem que existe muito mais do que "esquerda" e "direita". Que a democracia existe para que cada um tenha a sua opinião e seja respeitado por isso, mesmo que discordando.

3) Que situação teremos nas eleições municipais de 2020? Que tipo de diálogo e de composição na política e na sociedade são necessários para garantirmos a eleição de alguém digno para a Prefeitura e para a Câmara Municipal? Existe uma receita?

Será uma eleição muito difícil. O povo está desacreditado, querem o "novo", mas que "novo"? Quando elegem um Bolsonaro como "novo", um político que está há anos na política, com uma família inteira de políticos profissionais, isso demonstra o quanto esse povo está perdido.

As eleições municipais deve trazer mudanças nas Câmaras e nas Prefeituras, mas eu duvido que os "poderosos" saiam, eles devem continuar. Não existe uma receita, mas a internet está aí para que as pessoas pesquisem a vida dos candidatos, não se "vendam" por qualquer coisa. Escolham o melhor, dentro daquelas bandeiras que lhe são caras.

4) Sendo uma pessoa influente e exercendo incontestável liderança, seu nome sempre é lembrado como opção para as eleições. Qual o seu projeto e as suas expectativas para 2020 e para 2022? 

Ainda estamos avaliando, mas devo sair candidato a vereador pelo Partido Verde.

5) Que legado você, particularmente, gostaria de deixar para as futuras gerações com a sua trajetória e história política?

Eu sou como um carro velho, sem nenhum arranhão na lataria. Faço política desde os 12 anos de idade e nunca me corrompi. Minhas eleições são na raça, sem dinheiro e sem grandes corporações, vota em mim quem acredita no nosso trabalho e a nossa rede de amigos. Foi assim que ganhei cinco eleições. 

Meus mandatos são ideológicos, éticos e de muito trabalho. Minha dedicação à cidade e aos paulistanos é total. Minhas principais bandeiras são saúde, meio ambiente e urbanismo. Da minha parte continuarei trabalhando por uma cidade mais humana e mais sustentável, apoiando o que é correto e combatendo com firmeza o que é errado. O bom político não é o "novo", o bom político é o ético, seja ele novo ou antigo.