terça-feira, 3 de dezembro de 2019

"Filho meu não morreria aí". Ufa, que alívio!

Ontem perguntamos que tipo de verme comemora os nove jovens mortos em ação da PM no baile da Favela de Paraisópolis?

Tivemos uma amostra bastante simbólica e significativa nos comentários postados aqui. É de embrulhar o estômago.

Indiferença, ódio, preconceito, intolerância, racismo, hipocrisia, autoritarismo, desumanidade. Vimos um pouco de tudo. Sinal dos tempos. Um horror!

Pois estes são os "bandidos", os "drogados", os "vagabundos" e a "prostituta" que parte dessa nossa sociedade podre e doente celebrou a morte. Nove mortes, pouco entre mais de cinco mil. Quase o "efeito colateral" de uma necessária e reivindicada ação para acabar com o incômodo dos pancadões, essas festas barulhentas que reúnem música ruim, álcool, bebida, sexo, sujeira e seres indesejáveis por "gente de bem".

"Meus filhos nunca estariam ali!". Portanto, como foram os filhos dos outros que morreram pisoteados após a ação desastrada da PM, para alguns não cabe nenhuma empatia. "Eles não deviam estar lá. Se estavam, sabiam do risco que corriam".

Ora, porque famílias de bem obviamente controlam seus adolescentes. Jamais "filho meu" faria uma coisa errada. Nunca que ele estaria de madrugada numa festa estranha com gente esquisita. Tá certo. Tem pai que é cego, mesmo. Ou gosta de se iludir. Faz parte.

Entre os "vagabundos" que tiveram a vida ceifada aos 14, 16, 18, 20 anos, tínhamos estudantes, jovens aprendizes, um ajudante de oficina, um ajudante de tapeçaria, um atendente de telemarketing, outro que vendia produtos de limpeza.

Limpeza. Essa talvez seja a palavra mais apropriada. Ninguém quer ver tanta sujeita na porta de casa. É compreensível.

Os nove jovens gostavam de música, de festas, de jogos eletrônicos. Sonhavam ser médicos, advogados, professores, jogadores de futebol. Acabou.

Foram pisoteados por gente pobre e indesejada como eles mesmos, num espaço público que não pode ser ocupado pela sujeira de uma juventude incômoda e barulhenta. Espaço muitas vezes ocupado de forma irregular, mas que o poder público deve manter sempre limpo, silencioso e seguro, para tranquilidade das famílias de bem. Amém!