quinta-feira, 7 de maio de 2020

Por que o raciocínio binário e polarizado comanda tudo, desde a política até o enfrentamento do coronavírus?

Falar em "raciocínio" diante de algumas posturas e atitudes estúpidas e irracionais como as que temos visto ultimamente é até elogio.

Mas, enfim, a minha dúvida é por que tudo resulta em polêmica desnecessária e polarização ideológica?

O que leva essa escória da humanidade a politizar até a Covid-19, chamando a maldita doença de "vírus chinês", "praga comunista" ou coisas do tipo?

Não é possível que em pleno 2020, mais de 30 anos depois da queda do Muro de Berlim, o mundo ainda viva numa interminável e extemporânea guerra fria (agora, desculpe o trocadilho ruim e involuntário, mas uma guerra fria que vem esquentando com as redes sociais, ou anti-sociais).

Quem foi que disse que tudo deve necessariamente ser dividido entre direita e esquerda, entre liberal e conservador, entre progressista e reacionário?

Qual fanático ou lunático, da tal bolha bolsonarista ou da bolha petista, que te convenceu primeiro que o destino do Brasil está fadado a ser escolhido na polarização entre Bolsonaro e Lula?

Que raciocínio tacanho, pobre, medíocre e equivocado limitar o Brasil a estes dois nomes, a dois pólos, que afinal nem sequer representam dignamente o melhor da direita e o melhor da esquerda brasileira e mundial.

Ou vai me dizer que você de direita, legítimo defensor do liberalismo econômico e até mesmo conservador nos costumes, consegue se ver representado nessa indigência moral e intelectual do bolsonarismo?

Por outro lado, você acha mesmo que os quatro governos sucessivos do PT, com Lula e Dilma eleitos presidentes duas vezes cada um, implantaram minimamente o que rezava a cartilha marxista, ou algo próximo do socialismo ou do comunismo? (Confesse: você nem sabe o que era o comunismo!)

Também precisa ser muito burro, ignorante, alienado ou mal intencionado para achar que Bolsonaro x Lula resumem o confronto histórico entre os dois extremos. Não, meus caros, essas duas bolhas hoje estão espelhadas e se aproximam por práticas e interesses em comum (está aí o Centrão que não nos deixa mentir!).

Ambos, bolsonaristas e lulistas, querem que o outro se mantenha no cenário, ainda que enfraquecido, obviamente, para que possam se enfrentar novamente nas próximas eleições. A sobrevivência de um depende da continuidade do outro. É apenas uma guerra de narrativas. Entendeu ou precisa desenhar?

Quanto mais complexo, rico, múltiplo e diversificado for o cenário e o debate político, pior para as duas bolhas de fanáticos e lunáticos que só enxergam o mundo em preto e branco, sem a multiplicidade de cores e tons.

Por isso é mais conveniente para eles que você não pense, não reflita, não critique, não questione. Apenas escolha um lado da visão binária e vá para a guerra.  Mas, ganhe o lado que ganhar nessa polarização burra, nós é que continuamos perdendo.

Não queremos a volta do PT com a apropriação do Estado e de recursos públicos para atender aos interesses partidários e pessoais de seus caciques. Com a incapacidade de fazer uma autocrítica para expurgar a cleptocracia instituída a partir do mensalão e do petrolão. O fanatismo cego por Lula e a tentativa de monopolizar o pensamento de esquerda que, afinal, terminou enxovalhado tanto pelo que fizeram quanto pelo que não fizeram.

Por outro lado, também não queremos a manutenção deste governo inepto, irresponsável, desqualificado e incompetente, inimigo da ciência, da cultura e do estado democrático de direito, sustentado por lunáticos, obscurantistas e milicianos que transformaram o meme em presidente. Um demente, psicopata, aético, populista e golpista que envergonha o país e coloca em risco a saúde e a vida dos brasileiros.

Basta! Abra seus olhos! Enxergue os múltiplos tons de cinza entre o preto e o branco. Aliás, volte a ver o mundo em cores. Veja também a infinidade de números entre o oito e o oitenta, entre o 13, o 17 e o 38. Pare de se deixar influenciar. Não idolatre bandidos. Não seja massa de manobra. Liberte-se! Pense! Viva!