terça-feira, 25 de agosto de 2020

A quem interessa manter Bolsonaro, o meme que virou presidente, no poder?

Até hoje já foram apresentados 53 pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Em um ano e oito meses de governo, é um recorde absoluto. Só o gado bolsonarista finge não ver nada errado e segue mugindo feliz para o matadouro.

Mas está tudo parado nas mãos do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), codinome Botafogo nas delações da Lava Jato, operação que ele, Bolsonaro e outros envolvidos querem esquecer que existe. A bandidagem se entende.

Bolsonaro, contrariando todas as promessas de combater a corrupção e moralizar a política, já mostra a que veio: unido ao Centrão, tem maioria folgada no Congresso, faz acordos pontuais com os presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo, controla a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República.

Usa e abusa do foro privilegiado para defender a si mesmo e aos filhos delinquentes. Faz conchavos e conspirações, ameaça de porrada os jornalistas e de intervenção as instituições. Usa como moeda de troca, chantagista que é, emendas parlamentares, cargos e até a indicação de duas vagas no STF. Vale tudo pela impunidade e pela reeleição.

Crimes de responsabilidade, atentados ao estado democrático de direito e falta de decoro são práticas recorrentes e fartamente comprovadas. Estão aí até aliados da sua eleição reconhecendo os motivos para o impeachment: de Joice Hasselmann a Sérgio Moro, de Janaína Paschoal a Henrique Mandetta.

Porém, dizem os especialistas que falta ainda o “clima político” para iniciar um processo de afastamento do presidente demente. E quem são esses meteorologistas da crise, senão os próprios interessados em manter tudo como está para seguirem faturando com acertos, chantagens e negociatas?

A popularidade de Bolsonaro segue inflada artificialmente pelos efeitos do auxílio emergencial (que ele era contra, mas soube faturar) e pela ação da milícia bolsonarista nas redes sociais, cuja expertise é justamente produzir fake news em massa e dizimar opositores.

A última obra, veja só, foi fraudar a gravação que mostra Bolsonaro dizendo que tinha vontade de “encher de porrada” um jornalista, criando a versão mentirosa de que ele respondia a uma insinuação maldosa sobre a sua filha, Laura, menor de idade (aquela que foi uma fraquejada).

Se seguirmos neste ritmo, estão certos aqueles que prevêem Bolsonaro reeleito em 2022, isso se não tentar um golpe antes - e agora vem aí mais um pacote de boas intenções do (im)Posto Ipiranga Paulo Guedes para seduzir o mercado, o meio político e os formadores de opinião.

A oposição - seja nos partidos, seja na sociedade - segue acuada, dividida, enfraquecida, desacreditada. Ora omissa, ora cúmplice, quando não incompetente mesmo para enquadrar o bolsonarismo e os bolsonaristas na lei.

Que ironia e contradição para quem já assistiu o impeachment de Dilma por uma pedalada fiscal e o de Collor pelo esquema de PC Farias, que hoje parece brincadeira de criança diante de tantos e tão complexos esquemas criminosos revelados.

Em seis anos de governo, Dilma foi alvo de 68 pedidos de impeachment. Collor, em dois anos e meio, de 29. O motivo, as provas e as comvicções, como sabemos, são encontrados quando há interesse dos juízes, que neste caso são os parlamentares - mas a pressão cabe a nós, cidadãos e eleitores.

O que estamos esperando para iniciar o #ForaBolsonaro??? Não se trata mais de uma pauta de esquerda, centro ou direita, de liberais ou conservadores, de progressistas ou reacionários. Compreenda: é a razão contra o obscurantismo. A civilização contra a barbárie.