quarta-feira, 28 de abril de 2021

A semana mostra evangélicos em ação contra gays mas a favor do próprio bolso; sempre em nome de Deus, claro! Aleluia, irmão!


Perdão, mas não tem como não misturar os dois assuntos: na Câmara Municipal, a bancada evangélica inclui igrejas no Programa de Parcelamento Incentivado de dívidas com a Prefeitura; na Assembleia Legislativa de São Paulo, quer proibir a “propaganda gay” - com um projeto absurdo e inconstitucional.

Precisamos falar dos políticos evangélicos. Esses que discursam e atuam contra uma fantasiosa ideologia de gênero, a favor da escola sem partido e contra outras pautas consideradas progressistas. E vem aí em breve, no STF, o prometido ministro “terrivelmente evangélico”. Todos pelo bem da família tradicional brasileira (essa da deputada Flordelis e do vereador Dr. Jairinho).

A intenção inicial do Executivo paulistano, com o PPI que começa a ser votado hoje, era facilitar a vida dos cidadãos que, eventualmente, tenham ficado em dívida com algum tributo municipal, como IPTU e ISS. Mas quando a proposta chega no Legislativo não escapa do lobby dos vereadores que funcionam como advogados e despachantes de luxo de grupos influentes.

É o caso das igrejas, já beneficiadas por inúmeras isenções e que não pararam de faturar nem mesmo durante a pandemia, ganhando agora mais esta “ajuda divina” pelas mãos da chamada bancada evangélica ou cristã. Se bem que nós, bons pagadores de impostos, é quem estamos fadados a carregar essa cruz por conta de vendilhões do templo e negociadores da fé.

Nada é aprovado na Câmara Municipal sem a benção desses vereadores que se julgam tocados por Deus, oriundos de vários partidos e de diversas denominações religiosas, mas que se unem pelos seus interesses particulares e fazem valer este peso decisivo nas negociações nem sempre republicanas com o governo da ocasião. É assim com dívidas, obras irregulares e outros privilégios eternos e infinitos.

Espalhados por todas as comissões, no colégio de líderes, na corregedoria, na mesa diretora e no plenário, os evangélicos ditam as próprias regras no andamento do Legislativo. A vice-presidente da Câmara, vereadora Rute Costa (PSDB), por exemplo, é de uma família de religiosos profissionais que fazem da igreja e da política suas missões de vida, caça-fiéis, caça-níqueis e caça-votos.

Rute é filha do pastor José Wellington Bezerra da Costa, o “dono” da igreja Assembleia de Deus (ministério do Belém) e patriarca de um clã de políticos que advogam em nome da igreja e da família (quase sempre a própria). Estão aí espalhados na política municipal, estadual e federal há sucessivas eleições.

Além de Rute, são políticos eleitos seus irmãos Marta Costa (PSD), deputada estadual e também ex-vereadora; e Paulo Freire Costa (PL), deputado federal. O pai do clã evangélico é ainda um notório eleitor e apoiador efusivo do presidente Jair Bolsonaro.

Aliás, o nome de Marta Costa está na boca do povo mais uma vez, nesta semana, por conta do projeto que tramita com pedido de urgência na Assembleia Legislativa e pretende proibir a veiculação de publicidade com pessoas LGBTQIA+ ou famílias homoafetivas no Estado de São Paulo. É o maligno e inconstitucional PL504.

Segundo a deputada Marta Costa, essas propagandas com gays trazem “desconforto emocional a inúmeras famílias” e mostram “práticas danosas” às crianças. Para ela, a proibição vai “evitar a inadequada influência na formação de jovens e crianças”. Essa aberração está pautada para ir a votos.

Pois então, fiéis e fanáticos que nos perdoem, mas na nossa opinião sincera são esses políticos medíocres, fisiológicos, corporativistas e lobistas de interesses particulares entranhados no poder público que mostram PRÁTICAS DANOSAS e exercem INADEQUADA INFLUÊNCIA na cidade, no estado e no país. Deus nos acuda!