quarta-feira, 12 de maio de 2021

Lula x Bolsonaro é certeza em 2022. Será? Façam as suas apostas!


Política não é ciência exata, é extremamente complexa e tão falível quanto humana, mas a matemática ajuda a entender a política. Os números estão aí disponíveis para quem quiser.

No 2º turno das eleições de 2018, Bolsonaro se tornou presidente ao conquistar 55,13% do eleitorado, ou 57,7 milhões de votos. Haddad perdeu com 44,87% dos votos válidos, ou 47,7 milhões de eleitores.

Fora essa diferença de 10 milhões de eleitores (nem tão grande naquele contexto), foram 2,4 milhões (2,14%) de votos em branco; 8,6 milhões (7,43%) de votos nulos; e 31,3 milhões (21,30%) de abstenções.

Agora vamos enxergar esses números pela realidade daquela época e fazer um rápido exercício de futurologia para 2022. Bolsonaro vivia o seu auge político, ideológico e eleitoral. Fugiu dos debates e era vitimizado, hospitalizado entre a vida e a morte. Lula, o vilão, estava preso e inelegível.

Ser bolsonarista e se declarar de direita era estar na crista da onda, enquanto ser petista era como ter diagnosticada uma doença contagiosa, cometer um pecado capital, reiterando que se assumir de esquerda era uma vergonha internacional.

Parece que as coisas mudaram, não é mesmo? Lula retorna inocentado e com um histórico de realizações como presidente aprovado em dois mandatos. Bolsonaro, ao contrário, vem se mostrando uma decepção fora da sua bolha de fanáticos e lunáticos.

Lula em alta, Bolsonaro em baixa. Um ex-presidiário contra um futuro, possivelmente, se formos um país sério. Os erros de Lula não foram apagados, mas parecem menores, em perspectiva, que os crimes e atentados recorrentes ao estado democrático de direito cometidos pelo genocida.

O segredo da eleição, portanto, para voltar aos números, está em saber quantos eleitores de Bolsonaro estão arrependidos e não repetiriam hoje o voto no mito mitômano. Esses votos vão migrar para o centro ou para o outro extremo da velha polarização, ora redimida?

Por outro lado, quantos brasileiros que não votaram no PT em 2018, mas que já haviam votado anteriormente (2002, 2006, 2010, 2014), fazem hoje um balanço comparativo com o desgoverno Bolsonaro e (mesmo com críticas e divergências) cogitam votar outra vez no candidato petista?

Em tese, bastariam 5 milhões de eleitores de Bolsonaro arrependidos, dando outra chance ao PT (gente que já votou em Lula e Dilma) para empatar o jogo. E o potencial de virada é muito maior, como demonstram as primeiras pesquisas de intenção de voto e o engajamento nas redes sociais.

Isso sem contar quem optou pelo branco, nulo ou nem votou em 2018. Resta saber se este “não-voto” vai aumentar em 2022 ou se o eleitor avesso às urnas de quatro anos atrás se dará conta de que ele pode matematicamente definir a eleição.

Uma lógica básica: quem votou no candidato do PT naquele que foi o pior momento do partido, não tem porque não votar no Lula em 2022. Por esse raciocínio binário, seria mais fácil (embora improvável) tirar Bolsonaro do 2º turno em vez do petista.

Aqui está o maior dilema para o eleitor “nem-nem”. Votar em quem no 1º turno? O voto do chamado centro democrático tende a ser fragmentado, como foi em 2018, e insuficiente para impedir o replay da polarização. O tira-teima parece fadado a acontecer.

Pela frieza dos números e sem considerar as variáveis daqui a 2022, daria até para cravar: Lula ganha a eleição, Bolsonaro vai questionar a derrota e, amparado pelos antipetistas, tentará um golpe. Duvida? Anote aí e me cobre no futuro. Se chegarmos lá (e que Deus nos proteja!).