Para os presidentes do Brasil, então, agosto é um mês especialmente terrível. Foi neste mês que Getúlio Vargas se suicidou em 1954; Jânio Quadros renunciou em 1961; Juscelino Kubitschek morreu em um acidente de carro em 1976; e Dilma Rousseff sofreu o impeachment em 2016. Bolsonaro segue impune e cada vez mais insano no “mês do cachorro louco”. Por enquanto.
Mas o que ainda temos a comentar e acompanhar neste mês parece interminável. No Congresso Nacional, uma reforma política absurda e vexatória, que privilegia a reeleição dos maus políticos, corruptos e fisiológicos. Na CPI, provas diárias da canalhice de um desgoverno de milicianos, lunáticos e negacionistas que tentam roubar até dinheiro de vacina, enquanto 600 mil brasileiros morrem na pandemia.
Aqui na Câmara Municipal de São Paulo, há o completo despreparo e a cumplicidade de vereadores incompetentes para fiscalizar a gestão paulistana e impedir pequenos crimes diários, causados e agravados pela inoperância desses parlamentares - sejam governistas ou opositores. O fato é que onde político põe a mão, há prejuízo para a população. Incrível!
Quer um exemplo? Aonde já se viu você ceder terrenos públicos (que beneficiam TODA a população) à iniciativa privada (para privilegiar uns poucos em prejuízo da coletividade)? Pois é um escândalo que está na imprensa e já citamos aqui: a Prefeitura de São Paulo quer acabar com áreas públicas na Mooca como a Horta das Flores e a Feira Confinada para ceder esses enormes terrenos à exploração imobiliária.
A narrativa é sempre nobre. Dizem que parte desses milhares de novos imóveis será destinada à “moradia popular” e vendida a famílias de baixa renda (veja bem: não é casa para a população de rua, sem teto, mas para quem ganha mais de três salários mínimos). Isso é a justificativa deles para acabar com esses espaços de uso coletivo e entregar de mão beijada à iniciativa privada. Hipócritas!
Pois há todos os motivos do mundo para essa cessão de áreas públicas NÃO ACONTECER! O Ministério Público tentou barrar na Justiça, mas a liminar já foi derrubada em benefício da exploração imobiliária - sempre forte e poderosa na cidade. Aonde estão a Câmara Municipal e a Prefeitura enquanto são cometidos esses crimes administrativos, urbanos e ambientais que lesam a cidade?
Se o prefeito, seus secretários, administradores regionais, os vereadores e até a juíza que derrubou a liminar fossem minimamente informados e bem intencionados, saberiam que a Mooca é um dos bairros com menor índice de área verde por habitante e que preservar esses raríssimos espaços com projetos comunitários, como a Horta das Flores, a Praça Dr. Eulógio Emílio Martinez e o futuro Parque no antigo terreno contaminado da Esso (todos ameaçados nesta gestão) deveria ser prioridade absoluta e garantia de saúde e qualidade de vida.
Mas parece que político só se satisfaz mesmo quando põe a mão para estragar qualquer iniciativa ou conquista pública - e ainda tenta faturar alguma coisa em cima. Querem fazer moradia popular na Mooca? Façam no lugar certo, não destruindo o pouco que existe de natureza e de vida. Preferem que eu desenhe para explicar? Vamos lá!
Ora, meus caros representantes eleitos pelo povo, há inúmeras áreas degradadas no bairro que precisam da intervenção do poder público: galpões industriais abandonados, avenidas com o comércio falido, imóveis fantasmas na extensão do rio e da linha de trem. Tudo menos as áreas onde a comunidade quer ter parques e praças preservadas para poder respirar e viver. Deu para entender ou precisam de um chacoalhão maior? Azar de vocês.