sábado, 16 de dezembro de 2023

Apresentador Luiz Bacci vira garoto-propaganda do prefeito Ricardo Nunes, candidato à reeleição. Mas quem paga a conta?


Será mesmo necessário, para divulgar uma notícia que é destaque em toda a grande imprensa (a “tarifa zero” de ônibus aos domingos na cidade de São Paulo), gastar ainda mais dinheiro para comprar espaço nas redes sociais particulares de “influenciadores” como o apresentador Luiz Bacci ou o “fofoqueiro” Felipeh Campos, por exemplo?

Outra dúvida: esse dinheiro sai oficialmente dos cofres públicos municipais, da verba orçamentária de publicidade da Prefeitura, ou é caixa 2 da campanha do prefeito Ricardo Nunes? A pergunta não é maldosa, é bastante séria. Até porque o que se vê no instagram do Bacci é promoção pessoal de um candidato à reeleição, com direito a entrevista exclusiva propagando as suas intenções e realizações como prefeito, os benefícios para a “população pobre” etc.

Propaganda eleitoral antecipada é crime. Mas muitos candidatos e partidos assumem o risco calculado da condenação. A pena de multa quase nunca é paga. Além de recursos infindáveis, os eleitos sempre tiram do bolso alguma anistia mágica às irregularidades cometidas nas eleições. Ou seja, parece vantajoso descumprir a lei. O corporativismo dos políticos dá carta branca.

Enfim, quem vai investigar tudo isso? Quanto estão pagando para a propaganda da tarifa zero nas redes privadas dessas personalidades? Qual a origem do dinheiro? Quem está se beneficiando desta campanha eleitoral disfarçada? Alguém na Câmara Municipal com a isenção necessária para apurar? O TRE? O TCM? O Ministério Público de São Paulo?

Aliás, o instagram do prefeito também demonstra seu périplo pré-eleitoral: em 24 horas, saiu de um culto evangélico para carregar e beijar a imagem de Nossa Senhora no Centro de Tradições Nordestinas, passou por uma formatura de jovens em “vulnerabilidade social”, inaugurou equipamentos esportivos no Ceret, abraçou senhoras e crianças numa festa natalina e partiu madrugada adentro para inaugurar seu “Domingão Tarifa Zero” ao lado de Luiz Bacci.

Tudo isso num dia marcado por outro gesto bastante emblemático da pré-campanha: Valdemar Costa Neto, presidente do PL e ex-presidiário do mensalão, condicionou o apoio do partido de Jair Bolsonaro à reeleição do prefeito com um pedido público e expresso de Ricardo Nunes. Ou manifesta com todas as letras que deseja se reeleger com o voto e a cumplicidade dos bolsonaristas, ou terá seu caminho dificultado, talvez até com outro candidato do bolsonarismo no páreo. Feliz 2024 para quem sobreviver.