Não deixa de ser um roteiro inusitado: PT e PSDB não terão candidatos próprios em São Paulo pela primeira vez na vida, e mesmo o bolsonarismo (depois de rejeitar Ricardo Salles) vai pegar carona a contragosto na reeleição do atual prefeito paulistano, que até outro dia era atacado por ser aliado de “comunistas”.
A disputa está desenhada entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), cada qual surfando em amplas alianças destras e canhotas, mordiscando o centro pelas beiradas. Pode apostar que será este o 2º turno - se não houver uma improvável (mas não impossível) decisão já no 1º turno em 6 de outubro de 2024.
Também se anunciam pré-candidatos os jovens deputados Tabata Amaral (PSB) e Kim Kataguiri (União), ambos, porém, em partidos que já fazem parte da base de apoio de um ou de outro dos favoritos Nunes e Boulos (nos governos municipal, estadual e federal). Ou seja, ainda que confirmada uma candidatura estratégica, para marcar espaço, jamais teriam estrutura para uma campanha competitiva.
Conclusão: restará ao eleitorado paulistano escolher mesmo entre Nunes e Boulos. Um ex-vereador medíocre, oportunista que pegou carona na doença de Bruno Covas para assumir a cadeira de prefeito e hoje se esforça para caber no figurino bolsonarista, contra o líder do MTST, famoso por comandar ocupações na cidade e candidato talhado a virar herdeiro do lulismo.