quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Prefeitura quer destruir praça na Mooca para beneficiar terreno particular


Segura o escândalo, porque o fuzuê vai ser grande! Esperamos que o prefeito Bruno Covas se sensibilize e a população se mobilize, mas estamos desde já recorrendo à Câmara Municipal, à imprensa e ao Ministério Público. A situação é absurda e inaceitável!

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Subprefeitura Mooca e da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, executa a toque de caixa um projeto para abrir uma rua sem saída no Parque da Mooca e com isso destruir uma praça de 4 mil metros quadrados que existe há 30 anos.

 A Rua Litio tem apenas duas casas de alto padrão construídas na esquina da Rua Vitoantonio Del Vecchio e termina em poucos metros, na entrada da Praça Dr. Eulógio Emilio Martinez - uma conquista da comunidade mooquense oficializada em 1990, após mais de dez anos de reivindicação para acabar com um antigo lixão que existia no local.

A praça hoje é super bem cuidada e frequentada pelas famílias das redondezas, garantindo um dos raros espaços verdes num dos bairros mais áridos e impermeabilizados da cidade. Foi construída com a participação da comunidade, da família do homenageado (médico que deu nome à praça) e até de uma associação de moradores constituída exclusivamente para a sua manutenção.

Pois agora o poder público, sabe-se lá movido por quais interesses, resolveu atender aos proprietários de um terreno particular que tem frente para a Rua Vitoantonio Del Vecchio e fundos para a praça, e criar um acesso exclusivo ao imóvel particular, numa intervenção urbanística dispendiosa e completamente sem sentido.

Você entendeu o tamanho do absurdo? A Prefeitura vai ampliar, pavimentar e ligar a rua Litio à Rua Barão de Monte Santo, destruindo a praça existente no local para criar uma nova via completamente desnecessária no bairro, unindo o nada ao lugar nenhum, mas certamente valorizando o futuro empreendimento imobiliário com acesso por dois endereços.

Segundo a Prefeitura, há uma ordem judicial que determina a ampliação da rua. Mas que “justiça” é essa? Ampliar a rua e destruir a praça interessa à coletividade ou apenas ao dono do terreno? E a Prefeitura recorreu dessa decisão? O que está em jogo é a sustentabilidade e a qualidade de vida de todos ou o bolso de um empresário influente?

A empresa que realiza o serviço (RGSE Projetos e Engenharia) foi contratada por meio de processo licitatório e o projeto de ampliação está em plena execução (uma publicação no Diário Oficial deu mais 30 dias a partir de 14 de outubro para a sua conclusão; ou seja, estão priorizando a obra).

Quer dizer, enquanto a população da Mooca segue mobilizada na luta inglória pela implantação de um parque no terreno da antiga Esso, uma batalha histórica de anos e sempre freada por interesses econômicos, uma praça já existente - colada à área do sonhado parque - será simplesmente destruída por motivos inconfessáveis e interesses escandalosos.

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano informa que para o terreno particular que será beneficiado pela ampliação da rua constam Alvará de Aprovação e Alvará de Execução de Edificação Nova, ambos destinados a um empreendimento residencial.

Porém, diz que há uma ressalva no Alvará de Aprovação, não permitindo “nenhuma modalidade de acesso - seja de veículos ou de pedestres - pela Rua Litio”. Ah, vá! Querem enganar quem?

Vão abrir uma rua para atender exclusivamente a um lançamento imobiliário que tem o seu mais amplo acesso justamente por essa via (a ser ampliada e pavimentada pela Prefeitura, como consta do projeto) e querem nos convencer que o acesso dos futuros moradores estará proibido? Contem outra.

Depois de aberta a rua e construído um novo conjunto residencial de alto padrão, obviamente haverá entrada e saída de carros e pedestres - como consta inclusive do projeto real, que dizem ser um pouquinho diferente daquele que tramita formalmente pela Prefeitura. É caminho livre para a ilegalidade - pois depois tudo se acerta com um “jeitinho” político ou uma futura anistia.

A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente também informa que não há nenhum processo de compensação ambiental nos locais citados. Querem simplesmente abrir uma rua para beneficiar meia dúzia de endinheirados e prejudicar não apenas o bairro tão carente de áreas verdes, mas toda a cidade. Pode isso? Aqui não! Ninguém é otário! Estamos de olho! 👀