quinta-feira, 31 de outubro de 2019

O pior presidente da história do Brasil

Ame ou odeie, Jair Bolsonaro está aí, é uma realidade. Fruto de uma campanha singular, marcada pelos efeitos devastadores da Lava Jato, vazia de conteúdo e de sensatez, a eleição deste que é o 38º presidente da República foi - discorde se quiser - uma fraquejada da democracia brasileira.

A ojeriza de parcela significativa da população ao Partido dos Trabalhadores resultou na assunção ao poder do circo de horrores do PSL, o "PT da direita". E por que essa definição maldosa? Ora, meu caro eleitor, porque tudo que você rejeitava no PT se repete agora na mão trocada. Apenas se inverteram os papéis de quem é governo e quem é oposição, à direita ou à esquerda.

"Lula tá preso, babaca!". É um dos mantras preferidos do bolsonarismo, esse fenômeno a ser estudado no futuro por historiadores, cientistas e psiquiatras. Lula está preso, é verdade. A gente sabe como. Mas muito corrupto, ladrão e assassino permanece livre, leve e solto.

O Queiroz é um que está livrinho da silva, junto com os mandantes do crime da Marielle, os laranjas do partido rachado do presidente, os derramadores de óleo, os incendiários e desmatadores, os agrotoxicomaníacos e os beneficiários dos depósitos bancários do Queiroz, que (nunca se esqueça) continua livrinho da silva (ao contrário do Luiz Inácio).

Essa direita retrógrada, caduca, embolorada, antiliberal, bélica, preconceituosa e intolerante que saiu do armário e chegou ao poder com o meme que virou presidente, todos saudosos da ditadura militar e idolatrando torturadores, é um risco diário ao estado democrático de direito.

Afinal, eles não se limitam à caricatura dos personagens que postam selfies fazendo arminha com as mãos, mas usam sistematicamente o poder de fogo dos seus dedos nas redes sociais para assassinar reputações, ameaçar opositores e exterminar inimigos. Não se engane. Os ataques às instituições republicanas, à imprensa, aos partidos, ao Congresso, ao STF, à ONU, essa caça extemporânea a comunistas (reais e imaginários), o autoritarismo, o populismo, a beligerância, tudo isso faz parte de uma estratégia deliberada.

O plano inconfessável do boçalnarismo - a variante do fenômeno que faz de um inepto, despreparado e desqualificado um "mito" - é preparar terreno para um golpe contra a democracia. Nada é por acaso. A tentativa de desmoralização e controle institucional, enquanto cerca o governo de militares e de um exército de lunáticos e fanáticos ideológicos, é o primeiro passo para instituir um regime de cerceamento das liberdades e dos direitos individuais e coletivos.

E por que, na minha humilde, sincera e contestável opinião, Bolsonaro é o pior presidente da história do Brasil? Como posso fazer essa afirmação se já tivemos outros maus presidentes desde a proclamação da República, num contexto de muita instabilidade política, incluindo golpistas, ditadores, incompetentes e incapazes? Então, vamos lá! Dando nomes aos bois, desde 1889.

Do pioneiro Deodoro da Fonseca, escolhido para liderar o governo republicano provisório, passando por Floriano Peixoto, Prudente de Moraes (o primeiro presidente eleito pelo povo e também o primeiro que não era militar), Campos Sales, Rodrigues Alves, Affonso Penna, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Venceslau Braz, Delfim Moreira, Epitácio Pessoa, Artur Bernardes e Washington Luís, até o Estado Novo do controverso Getúlio Vargas.

Depois José Linhares, Eurico Gaspar Dutra, o retorno de Vargas através do voto até o suicídio, Café Filho, Carlos Luz, Nereu Ramos, o adorado Juscelino Kubitschek, o maluco Jânio Quadros, Ranieri Mazzilli após a renúncia e João Goulart até o golpe militar. Daí assume mais uma vez Ranieri Mazzilli e a sequência de cinco presidentes militares durante os 21 anos de ditadura.

Castelo Branco, Costa e Silva, a junta provisória, Médici, Geisel, Figueiredo. Os generais cumpriam aquilo que deles se esperava - com excessos deploráveis e o endosso das "pessoas de bem". Mas o povo cansou e pediu a volta da democracia e das eleições diretas. Aí viriam Tancredo (que foi sem nunca ter sido), Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma, Temer... e finalmente Bolsonaro.

Todos, registre-se, com imenso apoio popular no início de cada mandato e um final melancólico. Lembramos sempre que a política é cíclica. Estamos ainda no começo da história a ser construída por Bolsonaro - até a queda inevitável. O drama é o que está por vir. Conhecemos o passado. Alguns aprendem com ele, seus erros e acertos. Outros desprezam, ignoram, apagam da memória.

Bolsonaro é o erro. Ele reúne as piores características dos piores presidentes e não apresenta nenhuma das boas qualidades dos 37 antecessores. Não chega nem aos pés do preparo - ainda que condenável - dos ditadores. É um amalucado como Jânio, brindado por um golpe de sorte como Sarney, ególatra e charlatão como Collor e limitado intelectualmente como Dilma (que ao menos era uma técnica esforçada).

Veja, conhecendo a história e vivenciando o primeiro ano deste governo bolsonarista, não tem como não fazer oposição ao presidente - o que não nos torna petistas, que fique claro. É possível se opor ao mesmo tempo a Lula e Bolsonaro, por mais que o raciocínio binário dos fanáticos não compreenda. Deixemos o governismo aos fisiológicos e oportunistas de sempre.

Enfim, Bolsonaro, a aposta da direita, não passa de um zero à esquerda. Resta aguardar quanto vai durar e como terminará esse atual período. Tem torcida otimista que aposta na reeleição em 2022 e na sucessão em 2026. Outros, antidemocratas, pregam a perpetuação (ou a abreviação) pelo golpe. Tem saída à Getúlio, Jânio, Jango, Collor, Dilma. Tem derrota para a oposição no voto, como Sarney, FHC, Temer. Ou tem cadeia igual ao Lula. Eu fico entre a renúncia e o impeachment.

Mauricio Huertas é jornalista, líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do #Suprapartidário, idealizador do #CâmaraMan e apresentador do #ProgramaDiferente.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

De Marighella a Marielle no #ProgramaDiferente



Novembro marca os 50 anos da morte de Carlos Marighella, ícone da luta armada contra a ditadura, em pleno aniversário dos 30 anos da queda do muro de Berlim, no mês da consciência negra e num momento em que o ainda misterioso assassinato de Marielle Franco retorna com força ao noticiário. E o que uma coisa tem a ver com a outra? Tudo! Tudo junto e misturado.

Vivemos tempos de retrocesso, polarização, acirramento do ódio, preconceito, intolerância, perseguição política e até uma caça extemporânea a comunistas (reais e imaginários). O filme Marighella, de Wagner Moura, ainda inédito Brasil, é boicotado e atacado pela milícia bolsonarista, que o odeia sem ver e problematiza até a cor do ator Seu Jorge, escalado para interpretar o polêmico personagem-título. Assista.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

"Dossiê 2020": Eduardo Jorge no #Suprapartidário

O #Suprapartidário lança hoje uma série de entrevistas sobre o atual momento do Brasil e as perspectivas para 2020.

Reunimos personalidades da política, dos mais variados partidos e das mais diversas tendências, para responder a uma sequência idêntica de cinco perguntas.

O #Dossiê2020 começa com Eduardo Jorge. Ex-presidenciável pelo PV, médico, político e ambientalista, o soteropolitano Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho completou 70 anos no dia 26 de outubro.

Filiado ao Partido Verde desde 2005, foi militante do movimento estudantil e preso pela ditadura militar. Organizou os primeiros conselhos populares de saúde no final da década de 70. Ficou 25 anos no PT paulista, elegendo-se deputado estadual e federal pela legenda para seguidos mandatos, de 1983 a 2005.

Em 1991, propôs a remoção das marcas comerciais dos remédios - um marco inicial para os atuais medicamentos genéricos. É co-autor da legislação constitucional sobre Seguridade Social (Saúde, Previdência e Assistência Social), autor e co-autor de leis brasileiras que regulamentam os medicamentos genéricos, o planejamento familiar e a esterilização voluntária; das leis de vinculação de recursos orçamentários para o SUS e de restrição ao uso do amianto, bem como da lei orgânica da assistência social.

Por duas vezes foi secretário municipal de Saúde de São Paulo: nos governos petistas de Luiza Erundina, entre 1989 e 1990, e no início da gestão de Marta Suplicy, de 2001 a 2002; e secretário do Meio Ambiente nas administrações paulistanas de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD).

Leia a seguir a entrevista exclusiva de Eduardo Jorge para o "Dossiê 2020":

1) Que momento é esse que o Brasil vive? A democracia corre riscos? Como fazer política diante de tamanho descrédito da população nos partidos e nas instituições?

A democracia moderna, representativa e liberal, é algo muito novo na história da humanidade. Mais ainda no Brasil. Após a ação militar que derrubou o regime monárquico constitucional só podemos contabilizar dois breves períodos como verdadeiramente democrático: 1945/64 e o atual pós constituinte 1987/88.

Assim a democracia precisa ser cultivada / defendida / aperfeiçoada dia a dia. No nosso caso, suas fraquezas principais são o presidencialismo centralizador, o sistema eleitoral fonte de todo tipo de distorções, os partidos sem democracia interna e uma carência messiânica em vastos setores do eleitorado.

A meu ver, um bom tratamento para estes males seriam o parlamentarismo e o voto distrital misto. O momento atual é um teste para resiliência da nossa democracia representativa e liberal. Como, por outros motivos, ela também foi testada nos nove últimos governos pós ditadura militar. Cada governo é um teste novo e diferente.

A qualidade da democracia depende das virtudes de seus partidos, instituições e do grau de maturidade democrática de seu povo.

2) Como enfrentar a atual polarização nas urnas, nas redes e nas ruas? O que propor e como vencer o ódio, o preconceito, a intolerância e as fake news?

A epidemia de polarização, cultura da violência, ódio e intolerância se supera com doses mais fortes e eficientes de diálogo, cultura de paz, tolerância, bons projetos de políticas públicas e um horizonte de esperança para vencer a insegurança e o medo do futuro.

3) Que situação teremos nas eleições municipais de 2020? Que tipo de diálogo e de composição na política e na sociedade são necessários para garantirmos a eleição de alguém digno para a Prefeitura e para a Câmara Municipal? Existe uma receita?

As forças políticas, tanto os extremos da direita e da esquerda que flertam aberta ou dissimuladamente com formas de autoritarismo, como as forças democráticas de direita ou esquerda, conservadores, liberais, ambientalistas, socialistas etc. devem se apresentar com seus programas. Nas grandes cidades, particularmente, devemos entender bem como funciona a eleição em dois turnos para não errar na tática e se ver numa camisa de força num segundo turno.

4) Sendo uma pessoa influente e exercendo incontestável liderança, seu nome sempre é lembrado como opção para as eleições. Qual o seu projeto e as suas expectativas para 2020 e para 2022?

Minha expectativa é ajudar numa composição política que julgo mais adequada para os problemas de um século XXI: liberais com coração, ambientalistas orgânicos, socialdemocratas vacinados contra a tentação autoritária. Sendo velho gostaria também de ver jovens nos parlamentos e executivos.

5) Que legado você, particularmente, gostaria de deixar para as futuras gerações com a sua trajetória e história política?

Que pode um cidadão ou cidadã comum que cuida da família, inclusive dos mais velhos, que consegue ter amigos, que procura ter profissão e trabalhar, que gosta de livros e da natureza, que procura ser não violento, também encontrar espaço para atuar na política de sua cidade, de seu país.

Não é preciso, nem saudável, ser " político profissional" ou "revolucionário profissional" para participar da construção diária da democracia em um país e, no século XXI, da necessária governança global.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

De Olho no Orçamento paulistano para 2020

Começaram as discussões sobre o Orçamento de 2020 para a cidade de São Paulo. Além de audiências públicas na Câmara Municipal de São Paulo e nas Subprefeituras, cada vereador tem direito a uma cota para emendas.

A população mais engajada fica em polvorosa, enquanto a maioria dos paulistanos nem se dá conta da importância do que acontece nos bastidores e a imprensa dá pouco destaque até a realização das duas votações decisivas em meados de dezembro.

As informações oficiais estão na internet: www.saopaulo.sp.leg.br/orcamento2020

Todo munícipe pode (e deve) acompanhar a tramitação da peça orçamentária, ter acesso aos detalhes da proposta e à distribuição de recursos prevista para cada órgão da administração municipal, como subprefeituras e secretarias.

Também está disponível o calendário de todas as Audiências Públicas que serão realizadas pela Comissão de Finanças e Orçamento, com data, horário, local e tema a ser debatido.

Vale sugerir, cobrar, fiscalizar. Acompanhe.

Uma pronta recuperação ao prefeito Bruno Covas

O diagnóstico recebido pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), de uma “tumoração no trato digestivo”, pegou de surpresa o meio político paulistano neste fim-de-semana. Ele segue internado no Hospital Sírio Libanês.

Como Bruno Covas foi eleito vice-prefeito em 2016, na chapa do então candidato João Doria (PSDB), e assumiu a Prefeitura quando este se candidatou ao Governo do Estado, a cidade não possui oficialmente um vice.

O substituto no caso dos eventuais afastamentos do prefeito é o presidente da Câmara Municipal. Neste ano de 2019 é o vereador Eduardo Tuma (PSDB). Nos anos de 2017 e 2018 foi o vereador Milton Leite (DEM). Ambos assumiram a Prefeitura em diversas ocasiões, sempre por curtos períodos, devido a viagens internacionais de Bruno Covas.

Portanto, a escolha para a Mesa Diretora da Câmara (que ocorre no dia 15 de dezembro) ganha ainda mais importância para este ano eleitoral de 2020 (quando o prefeito e a maioria dos vereadores buscará a reeleição) e também no caso da necessidade de afastamento do prefeito para tratamento médico.

A tendência é a reeleição de Eduardo Tuma para a Presidência da Câmara tendo novamente Milton Leite como vice. Com isso, Tuma tem garantida a interinidade na Prefeitura em 2020 e Leite comandará a Câmara nas ausências do prefeito.

Quem é Eduardo Tuma

O atual presidente da Câmara Municipal de São Paulo é advogado e tem 38 anos. Foi eleito para o seu primeiro mandato em 2012, aos 31 anos, com cerca de 30 mil votos.

Já em seu segundo e presente mandato foi reeleito com 70.273 votos. Uma de suas grandes atuações foi a presidência da CPI da Dívida Ativa dos Grandes Devedores.

Em 2017 e 2018, Tuma compôs a Mesa Diretora como 1º vice-presidente. Em abril de 2018 foi convidado pelo prefeito Bruno Covas para atuar como secretário-chefe da Casa Civil. Retornou à Câmara em novembro do mesmo ano e no mês seguinte foi eleito o presidente da Mesa Diretora para o exercício de 2019.

Quem é Bruno Covas

O prefeito Bruno Covas, advogado e economista, é neto do ex-governador Mário Covas (filho de Renata Covas e Pedro Mauro Lopes) e sobrinho do vereador Mário Covas Neto, atualmente no Podemos. Tem 39 anos.

Foi deputado estadual (2007 a 2015), secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (2011 a 2014) e deputado federal (2015 a 2017) antes de compor a chapa com João Doria e assumir definitivamente a Prefeitura em 6 de abril de 2018. É potencial candidato à reeleição.

domingo, 27 de outubro de 2019

#Cidadania23 se consolida como partido-movimento

O #Cidadania23 realizou congresso extraordinário neste fim de semana em Brasília para definir o seu programa político e o novo estatuto deste que é, desde março, o sucessor do PPS, e se consolida como partido-movimento.

A partir da carta de princípios divulgada no início no ano, foi elaborada agora uma declaração política que norteia as ações da nova legenda e servirá de base para um programa mais aprofundado de bandeiras e conceitos de políticas públicas com a marca do #Cidadania23, que será referendado no início de 2020.

Reunindo políticos das mais diversas origens, de jovens liberais e sociais-democratas a veteranos oriundos do velho PCB (Partido Comunista Brasileiro), o #Cidadania23 se abre decisivamente para os movimentos cívicos (como Agora, Acredito, Livres, Renova, RAPS e Roda Democrática, entre outros) e se coloca no cenário como alternativa viável, plural e democrática à polarização deletéria e antiquada que assistimos nas últimas eleições. 

O #Cidadania23 tem por fundamentos o regime participativo, representativo e democrático, baseado no pluralismo político, na sustentabilidade, no multilateralismo, no protagonismo da sociedade civil e de seus movimentos, assim como na garantia e na defesa dos direitos fundamentais da pessoa humana.

Em outras palavras, reafirma o seu compromisso com o humanismo e o meio ambiente, com práticas de democracia direta e também com o conceito de um mundo íntegro e vocacionado para a paz.

Ao mesmo tempo, reiterando seu comprometimento com o Estado laico e com as liberdades individuais e coletivas, o partido se coloca contra qualquer forma de discriminação ou preconceito e, portanto, aberto e favorável às lutas afirmativas de movimentos sociais como os de mulheres, negros, indígenas, pessoas com deficiência, idosos, jovens e LGBTI.

Duas grandes inovações foram adotadas formalmente: não será permitida a reeleição para o mesmo cargo nas direções executivas e, ainda que o partido se posicione claramente sobre projetos em tramitação nas casas legislativas, não haverá caráter impositivo ou "fechamento de questão" no voto de seus parlamentares - o que recentemente, por exemplo, levou à punição em outros partidos dos deputados que votaram favoráveis à reforma da Previdência, como amplamente divulgado na mídia.

A transparência é outra marca do #Cidadania23. Será criada uma Ouvidoria em âmbito nacional, a quem caberá colher informações, reclamações e sugestões dos filiados e encaminhá-las às instâncias partidárias. Além das direções formais, são órgãos auxiliares do partido secretarias de cooperação (já existem as de Juventude, de Mulheres, de Igualdade e de Diversidade). Poderão ser formados núcleos temáticos e setoriais, inclusive com a participação de não filiados. Reuniões são transmitidas online, todo conteúdo fica à disposição do público no seu Portal e também será ampliada a #Rede23, para conectar virtualmente o partido em todo o país.


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Por que fazemos oposição a Bolsonaro

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Por que fazemos oposição a Bolsonaro

Um ministro do Meio Ambiente que é inimigo dos ambientalistas, da natureza e da sustentabilidade. Um ministro da Educação que é um deseducador, avesso aos livros, provocador insano e inimigo de estudantes e professores. Uma ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos que é uma fanática religiosa, homofóbica e desequilibrada. Um ministro das Relações Exteriores que é um provinciano ignorante, antiglobalista e caçador extemporâneo de comunistas.

O ministério de Jair Bolsonaro junta um bando de ineptos, desqualificados, despreparados,  insensatos, irresponsáveis e incompetentes. Tudo à imagem e semelhança do chefe, o meme que virou presidente, com seu guru charlatão e um bando de filhos problemáticos e incontroláveis, num governo retrógrado, limitado, bélico, antidemocrático, leviano, populista, intolerante, preconceituoso e desagregador. Verdadeira ameaça ao estado democrático de direito e às instituições republicanas.

Dia após dia, o governo fabrica as suas próprias crises. Nem é preciso oposição. Vale tudo para manter a estratégia do eterno confronto, a caça aos inimigos reais e imaginários, a lavagem cerebral de seus seguidores. Cada postagem nas redes sociais é um tiro no pé. A bolha ideológica se apequena, cria uma realidade paralela, enquanto a claque de adoradores e a milícia virtual cumprem o papel de aniquilar os críticos e manter unido o círculo de bajuladores do presidente.

Esse governo não vai terminar bem. Nem é preciso qualquer dom premonitório para cravar esse prognóstico pessimista. Basta acompanhar os fatos cotidianos, fazer a leitura isenta dos acontecimentos e traçar um paralelo com o que vem acontecendo em outros países. Além disso, devemos compreender que a política é cíclica. Ondas de direita e esquerda, mais liberais ou mais conservadoras, progressistas e retrógradas, vem e vão.

O Brasil já assistiu a ascensão e queda de líderes políticos com extrema popularidade, de Vargas a Lula, passando pelos presidentes da ditadura militar, por Tancredo/Sarney, Collor/Itamar, FHC, Dilma/Temer. Todos tiveram seus momentos de quase unanimidade, de vitória arrasadora nas urnas, de salvadores da Pátria ungidos pelo povo. A frustração e o tombo são inevitáveis. O fim do bolsonarismo já iniciou a contagem regressiva. Tic-tac.

Do nosso lado, em espaços como o #Suprapartidário, seguiremos vigilantes, críticos e resistentes. Defendendo a democracia, o estado de direito e as liberdades individuais e coletivas. A reação por vezes indignada de alguns legitima e valoriza a nossa existência. A direita nos acusa de ser esquerda, e vice-versa. Porque fanáticos geralmente não convivem bem com a crítica independente e imparcial, sem contar que a liberdade de expressão incomoda quem sofreu lavagem cerebral e idolatra mitos e ditaduras em geral. Sigamos em frente.

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Você compraria um carro usado do ministro Salles?

Josias de Souza

Governos costumam abrigar dois tipos de ministros: os capazes de tudo e os incapazes de todo. A benevolência divina vinha poupando o país de alguém que acumulasse as duas condições. Mas a bondade celestial piscou no caso do titular da pasta do Meio Ambiente, Ricardo Salles. 

Na tragédia ambiental do óleo que chega às praias nordestinas, o ministro vem se revelando há dois meses incapaz de todo. Mostrou-se capaz de tudo ao insinuar sem provas nas redes sociais que o óleo pode ter sido despejado em mares brasileiros por um navio do Greenpeace. 

Macaqueando o chefe, que acusara ONGs de atear fogo à floresta amazônica, Salles escreveu: "Tem umas coincidências na vida né… Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro, bem na época do derramamento de óleo venezuelano…"

Em resposta, o Greenpeace chamou Salles de mentiroso. E anunciou que irá processá-lo. Informou que seu navio, o Esperanza, estava na Guiana Francesa nos meses de agosto e setembro. Hoje, encontra-se no Uruguai, a caminho da Antártica. 

De tanto desmontar o setor do meio ambiente, Salles criou problemas para o ambiente inteiro. Faria um bem a si mesmo se parasse de confundir presunção com solução e teatralidade com substância. No momento, se precisar vender um carro usado, o ministro talvez não encontre um comprador. 

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Lista atualizada de comunistas para bolsonaristas

Joice Hasselmann, Delegado Waldir, Major Olímpio, Luciano Bivar e parte do PSL, Fernanda Montenegro, Felipe Neto, Luciano Huck, Kim Kataguiri, Papa Francisco, Alexandre Frota, João Doria, Bruno Covas, Rodrigo Maia, Marco Antonio Villa, Lobão, Danilo Gentilli, Greta Thunberg, Emmanuel Macron, Tabata Amaral, Gustavo Bebianno, Marcos Cintra, General Santos Cruz, Ricardo Galvão, Carlos Andreazza, Reinaldo Azevedo, Marcelo Madureira, Vera Magalhães, Edgard Piccoli, Marcelo Tas, Leo Jaime, Leoni, Bruno Sartori, Mauricio Ricardo, Marcelo Adnet, Felipe Santa Cruz, OAB, TSE, STF, ONU, Rede Globo, Veja, Papai Noel, Mickey Mouse, CPI das Fake News, Coaf, Inpe, ONGs, Folha de S. Paulo, Foro de São Paulo, todos do PT, PCdoB, PSOL, PDT, PSB, Cidadania, Rede Sustentabilidade, cubanos, venezuelanos, jornalistas em geral, ambientalistas, artistas, humoristas, cartunistas, imitadores, nordestinos, índios (menos a Ysani Kalapalo), negros (menos o Hélio Negão) e quilombolas, gays, lésbicas e simpatizantes, público que frequenta teatro, cinema e shows de rock, desarmamentistas, maconheiros, filhos de mãe solteira ou adotados por famílias moderninhas com dois pais, um barbudo e um careca.

(Atenção, milícia de caça aos comunistas: essa lista está em constante mudança; acompanhe a última atualização no grupo de whatsapp do tiozão do churrasco. É verdade esse bilete e Lula tá preso, babaca!)

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

A semana na Câmara Municipal de São Paulo

Mais uma semana sem acordo para aprovar uma nova CPI na Câmara Municipal de São Paulo, como pretendem os vereadores desde o retorno do recesso de julho. O ano vai terminar e, ainda que seja aprovada nas próximas semanas, os trabalhos serão empurrados necessariamente para 2020 (ano eleitoral, diga-se), pois a duração mínima de 90 dias será interrompida em dezembro e janeiro, quando ocorre outra vez o recesso parlamentar.

Para a sessão extraordinária desta quarta-feira, 23 de outubro, estão pautados dois projetos do Executivo: uma doação de área pública municipal na Avenida Nove de Julho para a Associação dos Amigos do Museu Judaico no Estado de São Paulo e novas regras para o funcionamento dos Conselhos Tutelares no Município de São Paulo - que parece trazer polêmicas insolúveis entre a bancada evangélica e vereadores com atuação nas áreas sociais e de direitos humanos.

Na pauta do dia há outros 34 projetos de vereadores, reunindo itens em primeira e segunda votação, alguns ainda pendentes de uma resposta à consulta formulada pela Liderança de Governo sobre o veto ou sanção do Executivo. Esses projetos vão do desmonte do Minhocão à proibição de embalagens plásticas descartáveis para entrega de alimentos em domicílio. Estamos de olho.

No chamado plenário virtual, ainda recebendo votos dos vereadores, destacam-se homenagens como títulos de cidadão paulistano e medalhas Anchieta para personalidades como o cientista Ricardo Galvão, demitido do INPE após atritos com o presidente Jair Bolsonaro, o artista plártico Eduardo Srur e o empresário Rubens Ometto Silveira Mello, da Cosan, com atuação nas áreas de energia, logística, infraestrutura e gestão de propriedades agrícolas, coincidentemente um dos maiores doadores de dinheiro para campanhas políticas (antes como pessoa jurídica e desde 2016 como pessoa física), contribuindo para eleger centenas de candidatos.

Os 50 anos da Internet no #ProgramaDiferente



Há 50 anos era enviada a primeira mensagem por aquela que seria a precursora da Internet. O #ProgramaDiferente mostra como surgiu a rede mundial de computadores que revolucionaria a sociedade, a comunicação, a cultura, a informação, o comportamento, os relacionamentos, a política e o conhecimento de todos nós. Como seria o mundo atual sem a internet? Como ela influencia a vida das pessoas? Assista.

terça-feira, 22 de outubro de 2019

"Depravado", "promíscuo": Deputado do PSL ataca cartunista Laerte por charge com a figura de Bolsonaro

Este é o nível da escória política eleita pelo partido do Jair Bolsonaro, o meme que virou presidente, essa fraquejada da democracia!

Nossa solidariedade à cartunista Laerte Coutinho e o total repúdio ao deputado estadual Frederico d´Avila (PSL-SP), este canalha, desqualificado, preconceituoso e homofóbico que precisa ser denunciado!

"Cartunista depravado e promíscuo"? "Uso contumaz de entorpecentes"? E essas hashtags #depravaçãototal #promiscuidade #depravado #drogados #drogas #entorpecentes #laerte #cartunista???

Esse capachão do boçalnarismo quer fazer média com a milícia virtual e com o mito dos bolsotários, marcando #bolsonaro #jairbolsonaro #presidentebolsonaro #meioambiente #deputadofredericodavila

É típico desse triste período em que a arte e a cultura são atacadas por seres obtusos, saudosos da ditadura, da censura e da tortura como métodos de dominação política e ideológica. Precisamos reagir!

Um bom diagnóstico do boçalnarismo


segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Começou a contagem regressiva... #ForaBolsonaro



O boçalnarismo está implodindo - nem foi necessário que o Delegado Waldir, eleito o mais recente vilão dos bolsominions e líder do PSL, o partido do presidente Jair Bolsonaro, cumprisse a ameaça e divulgasse a gravação bombástica e comprometedora que afirmou possuir.

A briga por poder, vaidade e dinheiro público atinge proporções incontornáveis dentro do bolsonarismo. A oposição, ainda perdida e fragmentada, nem precisa atuar. Os governistas estão caindo por conta própria. O duelo verbal entre Joice Hasselmann e Eduardo Bolsonaro agitou o fim-de-semana. Assista.

*****

Aviso aos navegantes: A besta que cuida das redes sociais do presidente Jair Bolsonaro bloqueou o #Suprapartidário no Twitter e no Facebook.

Com isso, limita o nosso acesso às informações do governo e nos obriga a atuar como um legítimo boçalnarista, usando perfil fake para ler e comentar as postagens.

Ok, não faz tanta diferença assim. E ponto para nós que incomodamos...

Mas sabe qual o motivo? É que o jogo virou, a balança começou a pender para o outro lado, a biruta do bolsonarismo aponta que o vento passou a soprar na direção contrária.

Há dez meses, qualquer crítica ou comentário que postássemos nas publicações de Bolsonaro recebia uma enxurrada de ataques. Era 100% de apoio ao presidente da legião bolsonarista.

De um tempo para cá essa proporção foi se equiparando até que, neste fim-de-semana, no auge da crise interna do boçalnarismo, com o PSL completamente dividido e enquanto Eduardo BolsonaroCarlos Bolsonaro e Joice Hasselmann se atacam em lives, com ofensas e emojis de porquinhos, viadinhos e ratinhos, o repúdio superou o apoio.

Sinal dos tempos!

Nem tudo está perdido!

É o princípio do fim!

Começou a contagem regressiva...

#ForaBolsonaro


quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Ei, psiu, eleitor bolsonarista, um minutinho da sua atenção, por favor!

Vocês estão acompanhando a guerra deflagrada dentro do PSL do presidente Jair Messias Bolsonaro? O que dizer das gravações de conversas e xingamentos entre os próprios bolsonaristas? Das puxadas de tapete para troca de líderes? Do envolvimento direto do presidente - e da derrota sofrida - na tentativa de impor o nome do filho Eduardo Bolsonaro para liderar o partido?

E a destituição dele e do irmão Flavio Bolsonaro do controle do PSL em São Paulo e no Rio, respectivamente? E da queda da deputada Joice Hasselmann, que sonhava em ser candidata a prefeita de São Paulo com apoio do Bolsonaro e perdeu a confiança dele até para ser líder do governo no Congresso!?

E a declaração do líder do PSL na Câmara dos Deputados, Delegado Waldir, de que Bolsonaro é um “vagabundo” e existiria uma gravação bombástica com poder de implodir o bolsonarismo e o governo???

E a nomeação dos novos líderes no Senado e do Congresso, ambos do MDB, oriundos dos governos do PT e do Temer, além de serem suspeitos de escândalos na Lava Jato???

E a deputada Janaína Paschoal, convidada a trocar o PSL pelo PSD de Gilberto Kassab e do pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Andrea Matarazzo???

Tudo isso num só dia, neste emblemático 17 de outubro (só pra lembrar ironicamente o 17 que a maioria do eleitorado votou na urna há um ano)...

E aí? Vão botar a culpa em quem, agora? Não é coisa de petista, nem de comunista, não é coisa de tucano, nem de “isentão”... A briga toda é interna, dentro do próprio governo e do partido do presidente! O que dizer disso tudo???

Apertem os cintos! O boçalnarismo implodiu!

Corram que os bolsotários vem aí! Apertem os cintos e afrouxem as correias da camisa de força!

Não sabemos se tratamos como piada ou caso de polícia, se chamamos um psiquiatra ou o exorcista.

Mas o fato é que a casa caiu! O bolsonarismo implodiu!

"Estou aqui há 24 horas e ninguém me ofereceu ainda um cigarro de maconha e nenhuma menina introduziu um crucifixo na vagina", disse a ministra doiDamares no fim-de-semana, num desses eventos de boçais, fanáticos e lunáticos.

Isso mostra que a droga dessa turma é bem mais pesada. Só não entendemos por que tanta fixação pelo que entra ou sai da genitália alheia. É inacreditável como esses pseudo-conservadores só pensam naquilo!

É preocupação com tamanho do pinto de japonês, é vídeo postado com "golden shower", é fake news com mamadeira de piroca, é controle de quantas vezes o sujeito deve ir ao banheiro...

A realidade do boçalnarismo desafia o bom senso, o humor e a criatividade do José Simão, do Sensacionalista, do Gregório e do Adnet juntos. Não tem Zorra, Praça, Porta dos Fundos ou Escolinha que chegue ao nível do absurdo dessas fraquejadas da democracia. Basta seguir os bolsonaristas nas redes sociais. Tem risada, notícia, constrangimento e vergonha alheia garantidos.

Como o PSL, agora, que ao anunciar a troca da sua liderança na Câmara (com mais assinaturas do que deputados), subverteu até o ditado popular: não trocaram seis por meia dúzia, mas um "treze" pelo "03". Delegado Waldir por Eduardo Bolsonaro. Qual a diferença? É tudo doido, maluco, biruta, louco de pedra.

Está aí o Major Olímpio, líder do PSL no Senado, que não nos deixa mentir ao sugerir que o presidente interne algum dos zeros-filhos no hospício.

Chama a polícia! É o que fez o próprio Bolsonaro, inquilino do PSL e do Planalto, para resolver sua pendenga com o dono da sigla e da bufunfa partidária: botou a Polícia Federal para perseguir o agora desafeto Luciano Bivar. Vai pra Cuba! Vai pra Venezuela! Fidel, Chaves e Maduro morreriam de inveja do nosso protótipo de ditador, o mito dos micos, o meme que virou presidente. Brasil acima de tudo! Bolsonaro acima de todos!

Quer mais boçalidade, insanidade e vergonha alheia? Tem para todos os gostos! Essa aí de baixo é uma discussão no twitter ocorrida nesta madrugada, entre a deputada federal Joice Hasselmann, líder do governo no Congresso, e o deputado estadual Douglas Garcia, ambos do PSL de São Paulo e que enchem a boca para se dizerem bolsonaristas, conservadores de direita e representantes da "nova política". Argh!

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Médicos Sem Fronteiras no #ProgramaDiferente



No Dia do Médico, neste 18 de outubro, o #ProgramaDiferente celebra a medicina, uma das profissões mais nobres, solidárias e fraternas do mundo, e seus dedicados profissionais que salvam vidas. Há 20 anos, em 1999, o Nobel da Paz era entregue aos Médicos sem Fronteiras.

Como funciona o trabalho dessa organização? Quem são os médicos voluntários que atuam por um mundo melhor? Conheça brasileiros e cidadãos de diversos países que se mobilizam por causas humanitárias. Assista.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Ei, o que você acha do encontro de lunáticos que foi pago com o seu, o meu, o nosso dinheiro?

Neste último fim de semana aconteceu a primeira edição brasileira da tradicional conferência conservadora dos Estados Unidos, a Conservative Political Action Conference (CPAC), reunindo fanáticos da direita mais retrógrada e lunáticos com os mais variados graus de insanidade e repulsa à democracia. Quatro ministros bolsonaristas foram palestrantes.

O evento para mais de 1.500 pessoas teve como protagonista Eduardo Bolsonaro, filho 03 do presidente, candidato a embaixador do Brasil nos Estados Unidos e nas horas vagas deputado federal pelo PSL. Tudo foi bancado com dinheiro público oriundo do fundo partidário - pela legenda que ele, o irmão Flávio e o próprio pai Jair Bolsonaro pretendem abandonar.

Vem cá, com sinceridade, o que você acha disso? Dinheiro meu, seu, nosso, deveria ser gasto para bancar uma conferência política dessas, seja de direita ou de esquerda? Quem tanto criticava os métodos do PT e dos partidos-satélites dos governos Lula e Dilma, pode agora reproduzir impunemente as mesmas práticas condenáveis com Bolsonaro

Os custos do evento, estimados pela própria organização entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão, foram bancados exclusivamente com dinheiro dos cofres públicos pelo Instituto de Inovação e Governança (Indigo), a fundação partidária do PSL, presidida por Sérgio Bivar, filho do atual presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, e que segundo Bolsonaro está "meio queimado" devido a escândalos partidários.

Mas, enfim, nenhum bolsonarista (raiz ou nutella) vai se indignar com isso? "Ah! Mas o PT também fazia e vocês não falavam nada...".

Pera lá! Criticamos cada ato impróprio dos petistas, a participação no Foro de São Paulo, o fisiologismo, a corrupção, os ataques à imprensa, as reuniões de blogueiros aliados patrocinados com verba pública - tudo aquilo que o bolsonarismo repete agora na mão inversa, espelhando à direita os erros da esquerda.

E você, vai passar pano para disfarçar a sujeira? "Isentão!"

Como foi o encontro dos conservadores?

O repórter Guilherme Caetano, do jornal O Globo e da Revista Época, assistiu ao evento e faz um relato precioso de tudo o que aconteceu em tópicos, que reproduzimos a seguir. Vale a leitura, item por item:

Estive nesta sexta e sábado na conferência conservadora CPAC Brasil. Teve comparação da esquerda ao nazismo, palestras de revisionismo histórico e um público muito orgulhoso de ter se descoberto conservador. Conto mais curiosidades abaixo.

Vou começar pelo geralzão. O CPAC é um megaevento feito desde 1973 nos EUA. Lá, esse evento tem muita presença da indústria armamentista. Como esse mercado quase inexiste no Brasil, eu diria que esse espaço foi ocupado pelo culto à monarquia. (o "príncipe" Dom Bertrand palestrou).

A programação teve muitos ministros (quatro deles), deputados do PSL e celebridades da direita (Bene Barbosa, Bernardo Küster, Rafael Nogueira). Os blogueiros pró-governo tinham quase livre acesso a tudo. Em crise com Bolsonaro, o presidente do PSL Bivar cancelou presença.

Eduardo Bolsonaro fez uma breve coletiva de imprensa, dando bastante espaço para os blogueiros pró-governo. O repórter da Agência Estado foi hostilizado ("retardado!") e não conseguiu terminar a pergunta. A Patricia Campos Mello (da Folha) também foi xingada aos berros.

Os ataques à imprensa não foram só detalhe para um jornalista que estava lá, como eu. Teve vaias e xingamentos do público a toda menção à imprensa profissional e vários jornalistas foram ridicularizados durante as palestras, com destaque para Guga Chacra e Reinaldo Azevedo.

O ministro Ernesto Araújo fez críticas à ONU (disse que a ONU não faz nada pela crise humanitária na Venezuela, enquanto recebe a "bem alimentada" Greta Thunberg) e criticou até Voltaire (falou que o francês "quis lacrar" ao desrespeitar a monarquia).

Com a voz embargada, Araújo disse "eu nem sabia que um dia estaria aqui falando com os senhores. Eu nem sabia que era conservador" e foi aplaudido imediatamente. "Totalitarismo é o contrário de conservadorismo. Todos os totalitarismos, portanto, são de esquerda", filosofou.

Ele também soltou essa: "Falando nessa menina Greta, recebi uma foto de uma menina venezuelana que tem 14 anos e pesa 14 quilos. Já a Greta é bem alimentada, bem nutrida e bem recebida pela ONU, a mesma ONU que não faz nada por essa menina. Eu é que pergunto: how dare you?"

O ministro Onix Lorenzoni chorou duas vezes. Disse: “Temos de tentar nos unir superando divergências. Pelo amor de Deus, temos a chance de nossas vidas. Para nunca mais permitir que essa gente [a esquerda] volte e faça o que eles fizeram”.

Elevado a autoridade ambiental, o herdeiro da família real brasileira Dom Bertrand partiu para cima do Sínodo para a Amazônia. Rechaçou o aumento do desmatamento e denunciou os "maus católicos que estão querendo desviar nossa Santa Igreja Católica".

O Sínodo, para ele, "é um pretexto para levar a agenda vermelha para dentro da Igreja". Disse que o cardeal Claudio Hummes, relator-geral do Sínodo, é a ameaça e quer desvirtuar a Igreja Católica, de uma "esquerda católica, que de católica não tem nada e de esquerda tem muito".

Dom Betrand afirmou que "não há crise na Amazônia, mas uma ofensiva contra a nossa soberania" e que "nunca houve genocídio indígena no Brasil". De quebra, disse que não existe caça e pesca predatórias na Amazônia e que a floresta está "97% intacta".

Mas nada se comparou à ministra Damares Alves. Com uma oratória habilidosa, ela levou o público ao êxtase. Ela disse frases bem fortes, algumas das quais eu não consegui colocar na reportagem (vou falar abaixo). Ela foi a mais aplaudida e todo o evento.

Frase dela: "Estou há quase 24 horas com este público, a maioria jovem, e ninguém me ofereceu um cigarro de maconha e nenhuma menina enfiou um crucifixo na vagina". Entre aplausos frequentes, ela comparou a esquerda ao diabo e insuflou a direita a se organizar contra o mal.

Mais Damares: "Para a tristeza da esquerda nunca se defendeu tanto direitos humanos como hoje no Brasil. O presidente machista só neste ano já sancionou seis leis de proteção à mulher. Chora, esquerda! Aceita que dói menos."

Falando sobre o que disse ser um domínio da esquerda sobre a vontade dos povos indígenas, ela arrancou gritos de "Fora, Raoni": "Tupã ouviu o choro dos curumins e disse: chega! E então elegemos Jair Bolsonaro. A eleição dele interrompeu um ciclo de sofrimento e dor neste país"

O último a palestrar foi o ministro Abraham Weintraub. Ele relacionou a Marilena Chauí, filósofa de esquerda, ao nazismo e comparou FHC à Aids. Aliás, não faltaram alusões à Alemanha de Adolf Hitler na palestra.

Weintraub comparou os que não combatem discursos de esquerda como os de Chauí aos "isentões como Arthur Chamberlain". Ele se referia ao político britânico conhecido por sua política externa de apaziguamento, que teria facilitado a anexação da Checoslováquia por Adolf Hitler.

Por fim, Weintraub disse que, assim como a Aids ataca o sistema imunológico, FHC abriu caminho para a eleição de Lula. "Então você tem a doença oportunista e você tem a Aids. Quem enfraqueceu nosso organismo foi justamente Fernando Henrique".

Fora as palestras, que tiveram a participação de vários conferencistas americanos ligados ao movimento conservador de lá, não houve grandes atrações. Alguns estandes de camisetas e livros e só. No fim da noite, Eduardo Bolsonaro confirmou a 2ª edição do CPAC Brasil em 2020.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Um passo em frente, dois passos atrás... Até quando?

Não é possível que a maioria do eleitorado brasileiro esteja contente por ter colocado Jair Bolsonaro e sua trupe na Presidência da República, há um ano, com os 49 milhões de votos dados no 1º turno em 7 de outubro e os 57 milhões de votos no 2º turno em 28 de outubro de 2018. Ah! Essa nossa jovem democracia e a dor do crescimento... Quantos já estarão arrependidos?

Aonde estão as reformas prometidas? Cadê as novas práticas e as mudanças tão propagandeadas? Onde está o crescimento econômico, a redução das desigualdades, a meritocracia, o enxugamento estatal e a eficiência da máquina pública? Qual vantagem teve, afinal, o povão que digitou o número 17 para transformar o nanico PSL no "PT da direita"? (Brasil acima de tudo. Recall acima de todos!)

A rejeição ao petismo e aos mecanismos da política vigente eram esperados nas urnas, mas o resultado da resposta encontrada parece ter simplesmente agravado o problema. O bolsonarismo repete o que existia de pior no petismo, apenas na mão inversa, na direção trocada. Será que o Brasil precisava passar por tudo isso outra vez?

Venderam um governo liberal na economia e conservador nos costumes, com um ministério enxuto formado por especialistas. Entregaram uma administração capenga, atrasada, intervencionista, com um bando de ineptos e aparvalhados. Em vez de governar para todos, optam pelo acirramento da polarização, pelo confronto interminável e pelo isolacionismo em bolhas ideológicas.

Pegue cada discurso, cada crítica, cada ataque bolsonarista na campanha eleitoral, junte com cada reação petista, cada argumento, cada justificativa do PT então no governo, e inverta os papéis: passe a usar as mesmas críticas feitas antes pela direita, agora contra o próprio governo Bolsonaro, e por outro lado compare a atual defesa governista com a retórica esquerdista de Lula, Dilma ou mesmo do período Temer, o "golpista". É tudo igual! Os fatos a até muitos dos personagens se repetem! Tudo farinha do mesmo saco!

O que prometeram na campanha não cumprem no exercício do mandato. Pior, reproduzem as mesmas práticas condenáveis, as mesmas desculpas esfarrapadas, os mesmos métodos fisiológicos, a cooptação de apoio, o loteamento de cargos, a distribuição de verbas públicas, o patrulhamento da mídia, a blindagem das ilegalidades em acordos espúrios entre os poderes.

Quem se dá bem no Brasil com o meme que virou presidente - cópia bizarra do modelo americano - não são simplesmente fanáticos de direita, mas lunáticos de direita. Não são apenas conservadores, retrógrados, reacionários. São obsoletos, anacrônicos, antigos, passadistas, preconceituosos, intolerantes, regressistas, caducos, decrépitos, antiliberais, doentes.

Veja que o eleitor tinha inúmeras opções mais modernas e civilizadas para responder ao antipetismo que transbordava na sociedade desde as descobertas flagradas pela Operação Lava Jato. À direita, ao centro e mesmo à esquerda existiam alternativas menos insanas e extremadas, mais responsáveis, qualificadas e equilibradas. Porém, ao restringir a disputa a uma escolha plebiscitária entre o lulismo e o bolsonarismo, avacalharam a eleição presidencial. Perdemos a chance de avançar e vamos pagar um preço alto por essa péssima escolha.

Os mais radicais de ambos os lados parecem satisfeitos ao apostar na longevidade da polarização: até porque isso, em tese, garantiria palanque, voto e um lugar supostamente cativo no 2º turno das principais disputas de 2020 e 2022. Por esse cálculo meramente eleitoreiro e pragmático, que se danem os municípios, os estados, o país! (Mas será que vale a pena vender a alma para ganhar uma eleição?)

Nós que optamos pela racionalidade, pela boa política, por um meio termo entre os extremos, pelo diálogo, pela convergência e acreditamos no que se convencionou chamar de "campo democrático" fomos derrotados em 2018 e, se persistir essa divisão e a fragmentação reinante, repetiremos a dose. Quem vai dar o primeiro passo para mudar essa situação?

Mauricio Huertas é jornalista, líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do #Suprapartidário, idealizador do #CâmaraMan e apresentador do #ProgramaDiferente.

domingo, 13 de outubro de 2019

Eduardo Bolsonaro e Bia Kicis se divertem com camiseta boçalnarista homofóbica que debocha da sigla LGBT



O fritador de hambúrguer Eduardo Bolsonaro, deputado federal no laranjal do PSL nas horas vagas e candidato do papi-presidente a embaixador do Brasil nos Estados Unidos, debocha da sigla LGBT, mundialmente conhecida para se referir a lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros.

Gravado pela deputada federal Bia Kicis, também do PSL, faz uma provocação desnecessária e preconceituosa, vestindo uma camiseta com a versão de LGBT adaptada ao boçalnarismo: Liberty (liberdade), Guns (armas), Bolsonaro e Trump. Ambos se divertem com a "brincadeira". Dois completos idiotas, homofóbicos, ineptos e inaptos para ocuparem cargos públicos. Assista.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Nossa Senhora Aparecida no #ProgramaDiferente



Neste feriado nacional de 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, considerada a padroeira do Brasil, relembramos o #ProgramaDiferente especial dos 300 anos do encontro da imagem da santa por pescadores no Rio Paraíba do Sul, em São Paulo. Assista.

Seguimos na torcida por Greta e Raoni para o Nobel da Paz de 2020; ganhador de 2019 é o etíope Abiy Ahmed Ali

No início da manhã desta sexta-feira, 11 de outubro, foi anunciado como ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2019 o primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed Ali, por ter conseguido um acordo de paz com a Eritreia, país que esteve, por mais de 20 anos, em guerra de fronteira com a Etiópia.

Desde abril de 2018, ele tem liderado também um amplo processo de reforma política, social e econômica, inclusive com a libertação de mais de 7.600 presos políticos e o retorno de vários dirigentes opositores exilados.

O agora premiado Abiy Ahmed Ali convocou ainda uma reforma constitucional para revisar o sistema de federalismo étnico implementado no país, considerado como um dos principais motivos para as tensões raciais persistentes na Etiópia. É um defensor da democracia e do multipartidarismo.

Sua gestão tem estimulado a participação das mulheres na política, incentivou a eleição de Sahle-Work Zewde como presidenta da Etiópia e promoveu a nomeação da advogada ativista pelos direitos das mulheres Meaza Ashenafi como presidenta do Corte Suprema Federal, além de estabelecer a paridade de gênero dentro do seu gabinete.

Nós do #suprapartidário saudamos a escolha meritória, mas seguimos na torcida por Greta Thunberg e Raoni Metktire para o Prêmio Nobel de 2020. Todos os anos, o Prêmio Nobel reconhece pessoas que se destacaram mundialmente em seis categorias: física, química, medicina, literatura, paz e economia. O Nobel da Paz, porém, é a honraria mais cobiçada e importante para líderes mundiais.

Em 2020, Greta terá 17 anos e pode se igualar à estudante paquistanesa Malala Yousafzai, até então a pessoa mais jovem a ser premiada, quando aos 17 anos recebeu o Nobel da Paz de 2014 por causa de sua luta pelo direito das mulheres à educação no Paquistão dominado pelo regime talibã.

Greta ficou conhecida por ter iniciado o movimento Greve da Escola pelo Clima ("Skolstrejk för klimatet"), que ganhou repercussão mundial. Desde agosto de 2018, após ondas de calor e incêndios na Suécia, Greta faltava às aulas de sexta-feira para protestar em frente ao parlamento sueco, exigindo ações mais efetivas para mitigar as mudanças climáticas por parte dos políticos de seu país. O exemplo de Greta foi copiado por estudantes de diversos países.

Greta nasceu em 3 de janeiro de 2003, é vegana e também ativista pelo direito dos animais. A sua mãe é Malena Ernman, uma cantora de ópera sueca. Seu pai é Svante Thunberg, ator. Seu avô é Olof Thunberg, ator e diretor. A menina foi diagnosticada com a síndrome de Asperger, considerado um grau mais leve do autismo.

Aos 89 anos, Raoni Metuktire é uma liderança indígena reconhecida mundialmente desde a década de 1980. Chegou a viajar em turnê com o cantor inglês Sting para divulgar suas lutas.

Nasceu em 1930 no estado do Mato Grosso, em uma vila chamada Krajmopyjakare (que hoje se chama Kapôt). Ele é o filho do líder Umoro, do ramo dos caiapós conhecido como metuquitire. Sua infância foi marcada por muitas mudanças de endereço (o povo caiapó é nômade) e por numerosas guerras tribais.

Foi apenas em 1954 que Raoni e os caiapós encontraram, pela primeira vez, os homens brancos. Aprendeu a língua portuguesa com os Irmãos Villas-Bôas, famosos indigenistas brasileiros. Encontrou-se com o rei Leopoldo III da Bélgica em 1964 quando ele estava em expedição dentro das reservas indígenas protegidas do Mato Grosso. Em 1978, foi tema de um documentário intitulado Raoni. O ator Marlon Brando, que estava no auge de sua fama, aceitou ser filmado na sequência de abertura. O filme foi indicado ao prêmio Oscar. O aumento do interesse dos meios de comunicação brasileiros pela questão ambiental fez dele um porta-voz natural da luta pela preservação da floresta amazônica.

Em 1984, apareceu em público armado e pintado para a guerra a fim de negociar com o então ministro do interior, Mário Andreazza, a demarcação de sua reserva. Durante a reunião com o ministro, deu-lhe um puxão de orelha ao afirmar: "Aceito ser seu amigo. Mas você tem de ouvir índio".

Tanto Greta quanto Raoni, com o ativismo contra o descaso de líderes mundiais com as mudanças climáticas e a preservação da Amazônia, são atacados constantemente por tipinhos ineptos como Donald Trump e Jair Bolsonaro, bem como pelos apoiadores fanáticos, lunáticos e idiotizados de ambos. Mas o troco pode chegar em 2020. Torcemos por isso, para gritar com indisfarçável alegria um sonoro: Chupa, Trump! Chupa Bolsonaro! Dá-lhe, Greta!

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#DesculpaGreta #ForaBolsonaro #Vergonha

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Música é coisa de criança no #ProgramaDiferente



Neste especial do Dia da Criança, num período estranho que o Brasil e o mundo vivem, de obscurantismo e desestímulo às artes, à cultura e à educação, o #ProgramaDiferente mostra como a música transforma a vida de todas as pessoas, principalmente de crianças e adolescentes.

São exemplares e precisam ser replicadas, entre outras, ações como a Orquestra Sinfônica Heliópolis, do Instituto Baccarelli, que é reconhecida internacionalmente por sua qualidade artística e pelo extraordinário resultado social na formação pessoal e profissional de jovens de famílias humildes da periferia. Assista.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Câmara de São Paulo emperra na escolha de nova CPI e discute projetos polêmicos em 2ª e definitiva votação

Os vereadores paulistanos não chegaram a um acordo, nesta terça-feira, 8 de outubro, para aprovar uma nova CPI além das duas que estão em andamento (a da Sonegação Tributária, que investiga fraudes de empresas de leasing, factoring e franchising, e a das Antenas, sobre irregularidades na infraestrutura de empresas de telecomunicação).

A lei exige um mínimo de duas e permite um máximo de cinco CPIs funcionando ao mesmo tempo na Câmara Municipal de São Paulo. Desde o retorno do recesso, em agosto, os vereadores ensaiam a aprovação de novas Comissões Parlamentares de Inquérito, mas não existe acordo da maioria sobre o tema - uma escolha ainda mais difícil às vésperas do ano eleitoral.

Há dezenas de requerimentos de CPIs apresentados, que vão desde a apuração de crimes ambientais e de áreas invadidas à investigação do comércio ambulante na cidade; do suposto desvio de recursos das creches conveniadas à atuação das empresas de aplicativos de transportes, como Uber, 99 e Cabify; do funcionamento irregular de prostíbulos à apuração da responsabilidade de empresas concessionárias sobre os buracos de rua.

Projetos em 2ª e definitiva votação

Na pauta desta quarta-feira, 9 de outubro, há 36 projetos em segunda e definitiva votação, sendo dois do Executivo e o restante dos próprios vereadores. O 1º item é o PL 513/2019, que anistia dívidas de impostos municipais como IPTU e ITBI das famílias com renda de até R$ 1.800,00 e que adquiriram imóveis por meio do programa federal Minha Casa Minha Vida, entre outros pontos, facilitando com isso a assinatura dos contratos com a Caixa Econômica Federal e a obtenção do Habite-se.

Entre os projetos de iniciativa dos vereadores se destacam as propostas de destinação de imóveis para servidores municipais no Programa Habitacional Renova Centro, do vereador Claudio Fonseca (Cidadania), e a polêmica proibição do fornecimento de embalagens de plástico por empresas e aplicativos de entrega de comida, do vereador Xexéu Tripoli (PV).

Há ainda discussão sobre o passe livre no transporte para os estudantes de cursinhos comunitários, de cursos técnicos e de cursinhos pré-vestibular, em projeto apresentado pelo vereador Reis (PT) e a co-autoria de diversos parlamentares; e o desmonte do Minhocão, pelos vereadores Caio Miranda (PSB), Mario Covas Neto (Podemos) e Camilo Cristófaro (PSB).

Na área de moradia, há um projeto que reconhece o direito aos serviços essenciais nas áreas informalmente ocupadas e assentamentos irregulares de moradia, do vereador Alessandro Guedes (PT); outro que regulamenta o serviço de moradia social e institui o Programa Locação Social, dos vereadores Police Neto (PSD) e Rinaldi Digilio (Republicanos).

Há aqueles que afetam os moradores de condomínios, como a obrigatoriedade da instalação de gerador de energia elétrica em todos os edifícios, do vereador Atilio Francisco (Republicanos); e a obrigatoriedade de pontos de tomada de energia elétrica nas vagas de garagem em edifícios residenciais e comerciais, destinadas ao abastecimento de veículos elétricos, com medição individual de consumo, do vereador Camilo Cristófaro (PSB).

Por fim, os moradores de rua também estão contemplados pelo projeto que cria um Comitê Intersetorial e consolida a Política Municipal para a População em Situação de Rua, dos vereadores Eduardo Suplicy (PT), Soninha Francine (Cidadania) e outros. Vamos acompanhar.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Gabeira: Não há como tirar as crianças da sala

Quem combate Greta ou se assusta com seu tom talvez não tenha ainda uma ideia nítida de como as coisas vão se complicar

Fernando Gabeira

Na semana passada, escrevi um artigo sobre o Supremo. As coisas de sempre, bloqueio de investigações financeiras, o flerte com o autoritarismo. Mas, com tanto problema interno no Brasil, deixei de lado algo que talvez possa contribuir: a passagem de Greta Thunberg pela ONU e as reações que ela suscitou no Brasil.

Muitos estranharam o fervor da adolescente. Mas ela vem de uma cultura em que, apesar do grande avanço material, a religião ainda tem um peso. A religião é um dos temas resilientes. Ela nunca desaparece, comunistas e liberais são constantemente apontados como adeptos de uma religião secular.

Isso é secundário diante do agravamento da crise ambiental. Ela não só está produzindo personalidades como Greta, mas influencia também as crianças do mundo inteiro. As praias de Alagoas, depois do vazamento de óleo, foram limpas por crianças de escolas primárias, e seu discurso era bastante consciente da gravidade do problema.

Adultos costumam se irritar com a precocidade política. Esquecem, no entanto, que estão diante de um tema singular, diferente dos outros. Crianças o tomam como seu porque entendem que o próprio destino está em jogo. Têm, portanto, legitimidade.

Há uma diferença entre nós, que muitas vezes fomos chamados de ecochatos, e esta novíssima geração. A tendência nos primórdios do movimento era considerar a luta ambiental como uma atitude ética em relação aos que viriam depois de nós.

O discurso de Greta não enfatiza novas gerações, mas a dela própria. É simultaneamente uma cobrança e uma acusação. Os adolescentes se colocam no centro do drama.

As pessoas que combatem Greta ou se assustam com seu tom talvez não tenham ainda uma ideia nítida de como as coisas vão se complicar. Um exemplo disso é o surgimento de novas organizações, um pouco diferentes do Greenpeace e das outras que conhecemos. São grupos que consideram que o ponto de não retorno na degradação planetária pode ter sido atingido e atuam com a ideia de que há uma emergência.

Tomei conhecimento do programa de uma delas, a Extinction Rebellion, que parece estar crescendo na Inglaterra. Eles propõem a desobediência civil pacífica, mas às vezes a polícia intervém e prende alguns deles. Segundo li em seus folhetos, de um modo geral a relação com a polícia costuma ser tranquila, apesar das detenções.

A mesma civilidade não acontece com os estrangeiros que se aventuram a apoiar a Extinction Rebellion. A polícia inglesa é mais dura com eles. Outros fatores entram em cena.

Interessante o caso brasileiro. No mesmo momento em que a questão ambiental torna-se mais dramática, o país radicaliza sua negação de fenômenos como o aquecimento global.

Esta semana, Bolsonaro disse que os estrangeiros não se interessam pelos índios nem pela porra das árvores, mas pelo minério da Amazônia. É uma tese de fácil aceitação entre as pessoas mais simples.
No discurso de Bolsonaro na ONU ele disse apenas uma vez a palavra biodiversidade, ao referir-se à Amazônia.

A porra das árvores, se as tomamos como um símbolo da biodiversidade, é considerada um recurso invejável, um passaporte para o futuro. Por essa razão, a distância entre a preocupação mundial e as teses brasileiras vai se tornando cada vez mais um abismo.

Supor que tudo o que se passa hoje nesse campo seja apenas uma expressão do marxismo internacional ou mesmo de potenciais exploradores de minério é um gigantesco erro de avaliação.

Não é preciso ter uma visão catastrofista, nem achar que o ponto de não retorno já aconteceu e que o planeta caminha para ser hostil à vida humana.

Basta apenas dar uma chance à realidade, admitir a existência do problema. Isso não significa concordância com qualquer maneira de atacá-lo. Há uma ampla gama de posições disponíveis.

Tratar a biodiversidade como a porra da árvore só traz desalento e leva muitos a pensar que uma parte da humanidade merece os eventos extremos e caminha de forma arrogante para a extinção. Os dinossauros, pelo menos, foram pegos de surpresa. Nem tiveram que ser avisados pelas crianças.

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