segunda-feira, 30 de março de 2020

Vem aí a implosão do bolsonarismo

Uma coisa é certa: o bolsonarismo vai implodir. Resta saber como será o desfecho desse triste capítulo da história da democracia no Brasil.

O governo Bolsonaro migra rapidamente do patamar da galhofa para o da inconstitucionalidade.

Entre os seus próprios apoiadores e simpatizantes, Bolsonaro vai gradativamente trocando a aura folclórica por contornos de irresponsabilidade e insanidade, com ações flagrantes de crimes comuns, como os sucessivos atentados à saúde pública.

O que muita gente enxergava como o núcleo que dá alguma credibilidade ao governo - como a trinca de ministros Sérgio Moro, Paulo Guedes e Luiz Henrique Mandetta - vem sendo frequentemente desautorizado pelas ações desvairadas e intempestivas do presidente, ou mesmo sofrendo ataques orquestrados pela ala mais ideológica e lunática do bolsonarismo. Eles resistirão quanto tempo a isso?

O vice-presidente e setores militares também dão demonstrações diárias do desconforto com a inépcia e a inaptidão de Bolsonaro para o cargo mais importante da República. O desprezo pela ética e pela liturgia da Presidência, bem como os ataques destrambelhados às instituições e a alienação patológica sobre o gravíssimo momento histórico que o mundo enfrenta com o coronavírus, são outros fatores que reforçam o isolamento do meme que virou presidente.

Talvez a implosão do bolsonarismo seja mesmo a solução. Entre alternativas possíveis, como a condenação por crimes comuns e de responsabilidade, o impeachment, a interdição, a renúncia ou o suicídio (no caso de cogitar, a exemplo de Getúlio, sair da vida para entrar na História), a união de todos os setores democráticos da sociedade (inclusive dentro do próprio governo) para resgatar o Brasil das mãos desses sequestradores tresloucados e milicianos inconsequentes pode ser de fato o caminho mais rápido, indolor e eficiente.

Que o Brasil e o mundo encontrem logo a cura para as suas doenças. Para os males da política, o estado democrático de direito nos oferece a receita constitucional. Por mais amargo que seja o remédio, e ainda que tenha sido aplicado tantas vezes em tão pouco tempo, ele se faz novamente necessário.

A exemplo de Collor e Dilma, Bolsonaro não tem mais condições de presidir o Brasil. É um zumbi em Brasília. O governo acabou. Que ao menos honre, no seu epitáfio, o slogan: "Brasil acima de tudo. Deus acima de todos". A vida dos brasileiros não pode ficar submissa aos caprichos e delírios bolsonaristas. Presidente, mito, capitão, pra cima de nós, não!