sábado, 31 de outubro de 2020

Estando ruim para ambas as partes... Russomanno passou vergonha três vezes, já pode pedir música no Fantástico?


Faltando quinze dias para as eleições, as máscaras que tinham que cair, já caíram. Mais esperada que a queda das máscaras, só mesmo a de Russomanno nas pesquisas! :-)

O candidato do Republicanos entrou no modo DESESPERO ao perceber a terceira derrota consecutiva, partindo da primeira colocação nas intenções de voto e podendo despencar pela terceira vez para fora do 2º turno. Vai pedir música no Fantástico.

Aliás, além das três derrotas consecutivas para a Prefeitura de São Paulo (2012, 2016 e 2020), Russomanno já perdeu também eleições para prefeito de Santo André, em 2000, e para o Governo do Estado, em 2010. Vai insistir até quando na propaganda enganosa de produto ruim? Chama o Procon!

Ele ainda não assume a derrota, claro. Nenhum político admite perder. Mas já perdeu. É como aquele time que tomou de 5x0 no domingo e o presidente anuncia que o treinador continua prestigiado, mas no dia seguinte é anunciada a queda e o substituto, para alegria da torcida.

O desespero de Russomanno é tanto que a estratégia da propaganda na TV se concentra agora em atacar os adversários: Bruno Covas (PSDB), que passou a liderar as pesquisas, e até Guilherme Boulos (PSOL), que em tese está muito atrás dele. Como diria Tino Marcos para Galvão: Sentiu!

Russomanno é um vazio impressionante de personalidade, ideias e propostas. Copia e cola tudo aquilo que o marqueteiro manda (diga-se, inclusive, que seu marketing está nas mãos de um homem de confiança do ex-presidente Temer, Elsinho Mouco). E mente descaradamente.

Nada que surpreenda para quem já foi tucano, malufista, apoiou Lula e Dilma, votou pelo impeachment, apoiou Temer, apoiou Doria e hoje se apresenta como bolsonarista - num constrangimento visível para ambos, o presidente Bolsonaro e ele mesmo, dublê de bom moço católico no partido evangélico.

Russomanno se apresenta como candidato de Bolsonaro em São Paulo mas tem a rejeição de grande parte dos bolsonaristas. Faz um discurso patético de “o presidente colocou a mão no meu ombro, olhou nos meus olhos e disse: Vai, Celso, cuida de São Paulo por mim”.

Vergonha alheia total! Promete ainda reproduzir na cidade o programa “Renda Brasil” - atribuindo a Bolsonaro um plano que nem saiu do papel - e diz que vai implantar o “auxílio paulistano”, ajuda emergencial que já vigora por iniciativa do prefeito Bruno Covas e que foi aprovada pela Câmara Municipal.

Esse é outro assunto curioso: as bancadas do Republicanos na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa de São Paulo são governistas, enquanto Russomanno tenta se passar por oposição. Mas seus vereadores votam com Covas e os deputados, com Doria. Mais fake, impossível!

Mas o ridículo pode ser maior. Nunca duvide da capacidade de um político. Até a candidata Joice Hasselmann (PSL), ex-bolsonarista, resolveu tripudiar de Russomanno: faz uma comparação entre ambos, como se estivessem num videogame, com musiquinha e tudo. Agora sim: GAME OVER!

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Conheça as propostas dos candidatos a prefeito de São Paulo para a saúde em plena pandemia do coronavírus e do bolsonarismo


A polêmica do momento é um decreto de Bolsonaro (revogado, mas que o presidente já avisou que vai reeditar), sob estímulo do ministro da Economia, Paulo Guedes, propondo parcerias público-privadas para “construção, modernização e operação” das Unidades Básicas de Saúde.

A saúde pública (e o SUS, consequentemente) sempre foi um dos temas do programa dos candidatos que mais sensibilizam os eleitores. Mas, nessas eleições municipais de 2020, com o reforço negativo de Bolsonaro e da pandemia do coronavírus, a preocupação ganha contornos dramáticos.

Afinal, muito se falou da quantidade de leitos, da capacidade limitada de atendimento das UTIs e de uma possível implosão (ou falência) do sistema público e privado, colocando em risco a vida de todos os paulistanos.

Nesse contexto, aumenta bastante o interesse nas propostas do futuro prefeito. O que será que os candidatos tem a dizer sobre os cuidados com a saúde do paulistano? O que consta do programa de governo de cada um? Veja a seguir:

Andrea Matarazzo (PSD)

O candidato promete ampliar a disponibilidade dos serviços das UBS, AMAs e Hospitais em todos os turnos e finais de semana, o número de Centros Especializados em Reabilitação (CER), o investimento em tecnologia assistiva, e a rede básica de assistência.

O plano também diz que o modelo de atuação com as Organizações Sociais (OSs) "deve ser fortalecido e ampliado, aperfeiçoando os contratos de gestão para assegurar níveis crescentes de qualidade e transparência".

Também em parceria as OSs, Matarazzo diz que vai implementar o programa "AMA Sorriso", um pronto-socorro odontológico.

Ele propõe ainda reduzir a "evasão médica", integrar as unidades de saúde municipais e estaduais da capital por meio de um sistema informatizado, implementar um projeto piloto com o conceito da "Medicina do Exercício e do Esporte", "facilitar o acesso à saúde mental de qualidade" nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e firmar um convênio com o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.

Antônio Carlos (PCO)

O plano do candidato se limita a defender o fim das privatizações. "Pela estatização do sistema de saúde, com atendimento gratuito a toda a população" e "pela total gratuidade de todos os serviços e produtos que se relacionem com a maternidade".

Ele aproveita ainda o tema para defender a descriminalização do aborto, um "problema de saúde pública", segundo o texto, que garante o "direito de opção da mulher sobre a conveniência ou não da gestação".

O plano defende também que é preciso "sair às ruas e parar o genocídio que tem o povo negro como maior alvo", "exigindo-se testes em massa para toda a população, contratação em larga escala de profissionais da saúde e abertura de milhares de leitos nos hospitais público."

Arthur do Val (Patriota)

O candidato diz que "saúde básica e profilática deve ser a prioridade da gestão". Afirma ainda que há um "uso político" das UBSs, porque "vereadores indicam a construção delas e depois o Executivo não consegue geri-las".

O programa promete "foco em UBSs estratégicas com atendimento local e regionalizado em conjunto com equipes de saúde e agentes comunitários para prevenção e otimização do atendimento".

O plano promete "buscar alternativas" para melhorar a marcação e confirmação prévia de consultas, "evitando as enormes e desgastantes filas", e desenvolver parcerias com laboratórios privados "para dar acesso a toda população a exames de qualidade".

A proposta também inclui aumentar o número de assistentes sociais da família e médicos especializados em Medicina da Família. "Não queremos desperdiçar a mão de obra mais qualificada do município para virar um carimbador de receitas e distribuidor de atestados".

Bruno Covas (PSDB)

O capítulo dedicado à saúde no plano de governo do prefeito se chama "Toda vida importa". Candidato à reeleição, ele diz que sua gestão promoveu "a maior expansão da rede pública de saúde das últimas décadas", com a entrega de oito novos hospitais, quase mil novos leitos permanentes e 51 novas unidades de saúde nos últimos quatro anos.

Para a próxima gestão, diz que a rede pública deve ser preparada para os desafios que a pandemia ainda vai gerar, com "a ampliação das áreas de nefrologia, saúde mental, o combate a comorbidades, como a obesidade, e a atenção especial às mulheres, à primeira infância, à prevenção e ao tratamento de usuários de drogas".

O plano diz que os novos hospitais de Parelheiros e Brasilândia entrarão em "pleno funcionamento", com a oferta de mais de 630 leitos, e que o Hospital Sorocabana será ampliado. Em parceria com o BID, anuncia que o Programa Avança Saúde vai investir R$ 800 milhões em 150 equipamentos de saúde até 2025, incluindo mais seis novas UPAs.

A proposta ainda se compromete a ampliar os serviços de saúde mental com a telemedicina, e que 60 mil profissionais serão treinados para atender a população à distância.

Celso Russomanno (Republicanos)

O candidato promete avançar "no fortalecimento dos programas de atenção em saúde dirigidos aos grupos populacionais prioritários e de alto risco" e diz que “medidas urgentes" têm que ser tomadas para a melhora da saúde.

Um exemplo: criar um "núcleo de inteligência em saúde para o apoio à tomada de decisões estratégicas, táticas e operacionais".

Ele propõe implantar o teleatendimento para consultas médicas à distância, "bem como atendimentos de fonoaudiologia, fisioterapia, psicologia e terapia ocupacional". As ligações poderão ser feitas pela conexão particular dos cidadãos ou por pontos públicos de internet que estarão espalhados na cidade.

Também promete que todo prontuário médico vai estar disponível "ao acesso imediato de cada indivíduo em plataforma digital nas nuvens". Assim, segundo o candidato, “quaisquer atendimentos em saúde podem ser integrados e com seu histórico de acesso imediato em todas unidades de atendimento".

Filipe Sabará (Novo)

O candidato foi expulso do partido e sua candidatura foi impugnada pelo TRE. Um ganho para a saúde pública, sem dúvida.

Guilherme Boulos (PSOL)

O candidato promete "combater a desigualdade na saúde". O plano propõe intensificar os teleatendimentos, garantir testes de Covid-19 para toda a população e reverter as mudanças feitas na Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa).

Uma das propostas é criar um sistema de encaminhamento na Atenção Básica de acordo com níveis de prioridade. No caso de prioridade 1, atendimento em 48h, prioridade 2, em até duas semanas, e 3, em até um mês.

O plano também fala em reabrir hospitais fechados, universalizar o atendimento odontológico e ampliar os Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas.

Na administração dos equipamentos de saúde, a campanha promete "construir uma Gestão Popular do SUS" e reverter a privatização dos serviços de saúde. O candidato propõe ainda construir uma Faculdade de Medicina Municipal para a "formação de médicos oriundos da periferia de São Paulo".

Jilmar Tatto (PT)

O candidato promete devolver à gestão direta da Secretaria de Saúde os hospitais municipais e equipamentos que hoje estão sob administração de Organizações Sociais. O plano de governo diz também que irá "assumir e estruturar o sistema municipal de regulação do acesso, informatizado e ágil, incluindo todos os serviços do SUS".

O plano petista prevê a “simplificação e customização” das informações na Secretaria, o fortalecimento dos Conselhos Municipais de Saúde, a criação de um "índice municipal antirracista na saúde" e a implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.

Na saúde da mulher, o candidato fala na manutenção e ampliação de leitos nas maternidades, na implantação de Casas de Parto em todas as subprefeituras, na ampliação do programa de doulas voluntárias da Secretaria e na distribuição gratuita de absorventes íntimos para a população.

Joice Hasselmann (PSL)

A candidata promete uma saúde pública “digital e conectada”, com o objetivo de organizar o setor de maneira estratégica e melhorar o atendimento à população.

Ela argumenta que a estrutura física em si já é “gigantesca”, com centenas de UBSs e dezenas de AMAs, além de UPAs e hospitais; que as equipes oferecem amplo atendimento, inclusive especializado, como aqueles para a população indígena e negra, e para a comunidade LGBT, e que o orçamento já representa 18% do total da cidade, de modo que a urgência agora é pela pela distribuição igualitária dos serviços e melhoria na qualidade.

O plano aposta especialmente no teleatendimento como um instrumento para esta mudança, que permitiria a teleconsulta e a prescrição digital junto a profissionais de diversas áreas da saúde, com um acesso mais rápido e econômico para o cidadão, e com a redução de filas nos ambulatórios.

Entre os impactos esperados das ações que ela promete implementar estariam a redução na taxa de mortalidade infantil de 11 por mil nascidos para 5 por mil, a ampliação da cobertura das equipes de saúde da família de 40% para 90%, e o aumento de parcerias com as entidades federais do SUS.

Levy Fidelix (PRTB)

O candidato diz que irá "revolucionar" a saúde pública da capital com o Plano de Atendimento à Saúde do Paulistano (PASP), cadastrando todos os moradores interessados na rede municipal com uma "Carteira de Prontuário Emergencial", acessível a qualquer médico.

O plano prevê a implementação da telemedicina e promete ao menos uma Unidade Básica de Saúde (UBS) por bairro. Está previsto também o "motomédico". "Contrataremos para agilizar o atendimento, em caso de emergência, médicos e paramédicos que tenham capacidade e habilitação para dirigir motos, que por sua vez serão equipadas com instrumentos médicos e hospitalares", promete o candidato.

Marina Helou (Rede)

As propostas estão fundamentadas no fortalecimento do SUS, "por um sistema público amplo, universal e gratuito", e na Saúde da Família, "por uma gestão descentralizada e intersecretarial", já que em seu entendimento, esporte, lazer, saneamento, mobilidade e habitação interferem na saúde das pessoas.

A Atenção Básica deve ser desenvolvida com mais proximidade, por meio de visitas de equipes médicas às casas das pessoas, sem necessidade de deslocamento aos postos de saúde. O projeto prevê a universalização da Saúde da Família na capital, com adaptação das UBSs, de modo que cada habitante tenha um médico de família para acompanhamento integral.

O resultado esperado é que 80% dos problemas de saúde da população sejam resolvidos nesta atenção primária. Para os outros 20% dos pacientes, que demandariam atendimentos de média e alta complexidade, a candidata propõe o atendimento 24 horas nas AMAs, organização das filas de atendimento por complexidade de casos, e a revisão do perfil assistencial de cada hospital para distribuir adequadamente as especialidades e a quantidade de leitos disponíveis.

A candidata também destaca o trabalho que deseja empreender para a Saúde Mental com o fortalecimento da rede de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

Márcio França (PSB)

O candidato diz que a gestão irá estabelecer um "novo Plano Municipal de Saúde, e renovar o sistema da cidade com foco na antecipação a futuras pandemias e mudanças necessárias latentes, com foco na prevenção em saúde pública".

Promete a abertura de todas as unidades de saúde nos finais de semana e feriados até zerar a fila de exames e consultas. Para as gestantes, diz que irá garantir a vacinação e um pré-natal adequado, com sete consultas ou mais, e um mínimo de seis exames.

O plano diz ainda que o governo irá fortalecer os serviços de saúde mental e da rede de atenção psicossocial, e também reformar todos os hospitais com necessidades estruturais, "bem como concluir as obras do sistema de saúde pública que estão paradas".

Orlando Silva (PCdoB)

O plano de governo do candidato diz apenas que a gestão irá priorizar "quem mais precisa", e que as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) localizadas nas regiões com os piores indicadores serão as primeiras a terem as equipes reforçadas.

Vera Lúcia (PSTU)

O plano da candidata defende um combate à pandemia com base em uma "quarentena para valer, com emprego e renda, e testagem em massa até que uma vacina esteja disponível para todos".

Ela se diz contra as privatizações na área da saúde e diz que todos os hospitais serão estatizados, assim como laboratórios privados. "Por um SUS 100% público e estatal sob controle dos conselhos populares!", diz o plano.

Promete ainda a "ampliação do Programa de Saúde do Trabalhador para implantar medidas preventivas dentro dos locais de trabalho" e "testagem nos locais de trabalho sob o controle dos trabalhadores".

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Bolsonaro quer “Posto Ipiranga” no lugar dos postos de saúde

Tem muito liberal formado por citações de autores no Google, ou intelectual que leu a orelha de livros em biblioteca com ar-condicionado, que defende o decreto do Bolsonaro para a “parceria” do SUS com a iniciativa privada.

É gente que não conhece nem de longe o que significa o SUS nos 5.570 municípios brasileiros, nem testemunhou armadilhas caça-níqueis do tipo, como o PAS (Plano de Atendimento à Saúde), panaceia milagrosa de Maluf, em São Paulo, nos anos 90.

De case da política neoliberal a caso de polícia e código penal em dois anos. Criminoso. Escandaloso. Bastaria ainda conhecer a situação da maioria dos convênios privados e como os conveniados são tratados. Mas tem gente que acredita, né? Fazer o que?

Fé demais com dinheiro público: a receita das campanhas milionárias para a Câmara Municipal de São Paulo


Há duas maneiras de identificar em quem os partidos apostam e seus caciques botam fé como puxadores de votos para vereador. Em primeiro lugar, com a presença constante no horário eleitoral de rádio e TV. Em seguida, com a distribuição de verbas dos fundos partidário e eleitoral.

Você sabe que, com o financiamento público, quem paga a campanha de todos os partidos e candidatos somos nós mesmos, eleitores, cidadãos e contribuintes. E quem decide tudo sobre a distribuição dessa nossa contribuição compulsória são eles. Bingo!

Tanto os recursos destinados pelos dois fundos bilionários aos partidos e candidatos, quanto a chamada propaganda eleitoral gratuita é financiada pelo suado dinheiro do povo brasileiro que paga seus impostos. É como fazer uma fezinha obrigatória numa espécie de loteria eleitoral.

Até o tal do horário gratuito não passa de balela: é grátis para os candidatos, que arcam apenas com os custos de produção (a compra de espaço publicitário é proibida), mas as emissoras são remuneradas e ressarcidas com verba pública e compensação fiscal pelo tempo ocupado pela propaganda eleitoral.

Para a Câmara Municipal, o campeão absoluto de recursos recebidos até o momento nestas eleições, de acordo com as primeiras prévias de gastos de campanha, é o vereador Milton Leite (DEM), que está no sexto mandato consecutivo, é o “dono” do partido em São Paulo e patrocina também seus dois filhos deputados.

Com R$ 2,3 milhões dos cofres públicos, a reeleição do vereador Milton Leite custa mais que a maioria absoluta das campanhas de prefeito pelos 5.570 municípios do Brasil. Mesmo em São Paulo, perde em estrutura para apenas quatro prefeituráveis (Bruno Covas, Jilmar Tatto, Guilherme Boulos e Marcio França).

Alegando erro do partido, o segundo maior beneficiado com dinheiro público para a campanha é Abou Anni Filho (PSL), com R$ 2 milhões. Filho do ex-vereador e atual deputado federal Abou Anni, ele providenciou a devolução de R$ 1,7 milhão após os dados da doação milionária serem disponibilizados pelo TSE.

O terceiro maior beneficiado, pelas informações oficiais da prestação de contas, é o novato Henrique Krigner (PP), com R$ 883 mil. Na TV o partido também privilegia o candidato de 29 anos que se diz administrador e tem um único bem declarado: um automóvel no valor de R$ 34 mil.

Pesquisando por Henrique Krigner na internet, ficamos sabendo que o candidato se envolveu numa recente polêmica com o site The Intercept Brasil, do jornalista Glenn Greenwald, ao defender de denúncias o evento político-religioso The Send, apontado como uma tentativa de “catequizar o Brasil” e ideologizar a juventude pela direita evangélica ultraconservadora norte-americana.

Krigner, em nome da organização do evento, veio a público apresentar a sua defesa: “The Send é um coletivo de ministérios evangélicos, não só norte-americanos, mas internacionais, que tem o objetivo de despertar uma geração. Os caras se uniram e falaram: Nós precisamos tirar o jovem cristão do banco da igreja e colocá-lo na sociedade para fazer a diferença”, afirma.

Sobre ser um movimento político radical, Krigner também responde: “O The Send não nasceu para influenciar só políticos. Nós queremos influenciar políticos, médicos, engenheiros, enfermeiros, pais de família, mães de família, professores… a gente quer influenciar a sociedade como um todo, porque isso é um mandamento: fazer discípulos de todas as nações.”

A mais recente edição do evento no Brasil, em fevereiro, contou com a participação do presidente Jair Bolsonaro e da ministra Damares Alves, que, apesar desse vínculo com o candidato do PP, declarou na TV apoio a outro vereador paulistano evangélico: Gilberto Nascimento Jr., do PSC.

Henrique Krigner se apresenta ainda como diretor do programa avançado de desenvolvimento de líderes do Dunamis Movement, movimento cristão do qual diz fazer parte desde 2008, ex-consultor do Banco Mundial e formado em Relações Internacionais pelas Faculdades Rio Branco.

Na sequência dos maiores beneficiários de recursos públicos para as campanhas, aparecem dois candidatos do Republicanos (partido de Celso Russomanno e braço da Igreja Universal): o vereador evangélico André Santos, que obteve R$ 580 mil do diretório estadual e mais R$ 15,7 mil do municipal, e o repórter Carlos Cavalcante, com R$ 505,8 mil.

Como diria aquele famoso candidato que já foi tucano, malufista, governista com Lula e Dilma, defensor do impeachment e agora volta apoiado por Bolsonaro: “Estando bom para ambas as partes...”

(Mas, espera... Está bom assim para você? Para mim, não! Essa festa estranha com gente esquisita paga com o nosso dinheiro? Só por Deus, mesmo! Socorro!)

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Queremos mais mulheres como protagonistas das eleições


Todo mundo concorda que é importante incentivar a participação das mulheres na política, mas em geral vemos pouca representatividade feminina no Executivo e no Legislativo.

Nas eleições de 2020 temos até um registro recorde de candidatas, o que é um fato positivo, mas ainda assim continua sendo uma minoria que gira em torno dos 30% da cota obrigatória determinada para os partidos, enquanto as mulheres são 52,5% do eleitorado.

Dos 33 partidos que lançaram candidaturas à vereança no Brasil, a média de mulheres concorrentes às câmaras municipais é de 34% do total de candidatos. Em 2016, esse percentual era de 32%. Em 2012, 31%.

Para as prefeituras o número de candidatas é bem menor: apenas 13% do total. Esse número sobe um pouco nas capitais. As mulheres são 18% (índice equivalente ao das eleições municipais de 2016).

No entanto, cresceu a quantidade de mulheres que aparecem como vice nas chapas, ao lado de candidatos homens. Se em 2016 a participação feminina era de 27%, agora atingiu um índice recorde de 41%.

A cidade de São Paulo já teve duas mulheres prefeitas: Luiza Erundina, eleita em 1988; e Marta Suplicy, no ano 2000. Ex-petistas, ambas tem participação ativa nas eleições de 2020. Erundina é candidata a vice de Guilherme Boulos (PSOL) e Marta coordena um movimento suprapartidário de apoio a Bruno Covas (PSDB).

Neste ano, de 14 candidaturas lançadas à Prefeitura de São Paulo, apenas três são mulheres: Joice Hasselmann (PSL), Marina Helou (Rede) e Vera Lúcia (PSTU). Um percentual de 21,4% (acima da média nacional), pouco ainda e todas bem distantes das primeiras colocações nas pesquisas de intenção de voto.

Por outro lado, dos onze homens candidatos, cinco tem mulheres compondo a chapa como vice. Ou 45,4%. São elas: Adelaide Oliveira (de Athur do Val, do Patriota), Andrea Barcelos (Orlando Silva, PCdoB), Marina Helena (que era vice do impugnado Sabará, do Novo), Marta Costa (Matarazzo, PSD) e a já citada Erundina (Boulos, PSOL).

Na Câmara Municipal de São Paulo, das onze mulheres eleitas em 2016 (ou 20%, o maior percentual até hoje), apenas nove prosseguem vereadoras e oito buscam a reeleição: Adriana Ramalho (PSDB), Edir Sales (PSD), Janaína Lima (Novo), Juliana Cardoso (PT), Noemi Nonato (PL), Rute Costa (PSDB), Sandra Tadeu (DEM) e Soninha Francine (Cidadania).

A vereadora Patricia Bezerra (PSDB) não é candidata e apóia a eleição do marido, o ex-vereador e ex-deputado Carlos Bezerra Jr. A também tucana Aline Cardoso permanece no secretariado do prefeito Bruno Covas, abrindo mão de nova candidatura. E Sâmia Bomfim (PSOL) foi eleita deputada federal em 2018.

Afinal, o que as mulheres eleitoras estão esperando para fazer valer a sua maioria? Opções não faltam, entre vereadoras que buscam a reeleição ou candidatas novatas. Pesquise no partido da sua preferência.

É hora de eleger mais mulheres, sem depender de cotas ou obrigações partidárias. Defendemos uma reforma política, mas melhorar o equilíbrio de gênero na Câmara é uma medida que depende apenas do nosso voto no dia 15 de novembro.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Chegou a hora de cobrar dos candidatos um compromisso público com a sustentabilidade e ações concretas para combater os crimes ambientais


Você já deve ter notado que a sustentabilidade é uma das nossas preocupações mais frequentes na página. Lutamos por parques, contra a destruição de praças, pela conscientização das pessoas sobre a tragédia do incêndio no Pantanal, o desmatamento na Amazônia, a poluição, as mudanças climáticas, os maus tratos aos animais...

Mas São Paulo tem um problema gravíssimo permanente, um crime ambiental acontecendo aos olhos do poder público diariamente e que precisa ser enfrentado com mais coragem e ação pela Prefeitura: a destruição do que resta de Mata Atlântica em território paulistano e a ocupação ilegal das áreas de mananciais.

No entorno das represas Billings e Guarapiranga, por exemplo, há dezenas de novos empreendimentos em áreas de preservação, todos obviamente irregulares, que evidenciam o poder dos criminosos, um comércio ilegal às custas da destruição da natureza e o descaso cúmplice das autoridades municipais e estaduais.

Essa devastação silenciosa e assassina avança com loteamentos clandestinos sobre áreas que não poderiam ser habitadas e cresce no vácuo entre a omissão do poder público e a carência de moradias populares - o que faz com que proliferem novas ocupações, bairros e até condomínios de alto padrão, perpetuando o problema.

O vereador Gilberto Natalini - que não é candidato à reeleição - realizou um amplo e minucioso trabalho que resultou num dossiê detalhado comprovando a ligação do desmatamento com a atuação do crime organizado. O relatório lista 160 áreas devastadas para a criação de loteamentos clandestinos na capital, a maioria no entorno das represas na zona sul da cidade.

A Revista Veja São Paulo desta semana também destaca o assunto em excelente matéria de capa. São ao todo 7,2 milhões de metros quadrados de áreas verdes suprimidas, mapeadas por imagens aéreas. O número corresponde a quase cinco vezes o tamanho do Parque Ibirapuera (ou à soma dos bairros do Pacaembu, Jardim América, Alto de Pinheiros e Alto da Lapa).

No lugar da mata devastada e das árvores derrubadas cabem 48.000 lotes de 150 metros quadrados cada um. O faturamento obtido nesse negócio mafioso pode passar de 1,9 bilhão de reais, calcula o vereador, com base no valor médio de 40.000 reais por unidade.

“Eu mandei o dossiê para mais de 700.000 pessoas por e-mail, WhatsApp, Instagram e Facebook. Para o exterior foram 600 cópias, incluindo o Parlamento Europeu, o Bono Vox e até o papa”, afirma Natalini, que desistiu de concorrer à sexta eleição seguida.

“O pessoal fala da boiada do Salles (ministro do Meio Ambiente), mas essa que está passando nos nossos mananciais é grande e encorpada. Calculamos 1,2 milhão de árvores derrubadas, mas a questão não é só árvore, é água. As nascentes em breve vão para o espaço e ninguém dá bola.”

O desmatamento e as invasões prosseguem, acabando com a flora e a fauna, ameaçando o nosso futuro, embora muita gente ainda pense que a preservação ambiental e a sustentabilidade sejam preocupações supérfluas diante de tantas outras prioridades sociais e econômicas para a gestão pública.

Mas cuidar do verde, do ar, da água, do solo, do clima é cuidar da vida. É investir na saúde, no bem estar e na sobrevivência do ser humano. A Prefeitura e a Câmara Municipal precisam assumir as suas parcelas de responsabilidade.

Podemos seguir neste silêncio conivente e conveniente - como se não tivéssemos nada com isso - ou botar a boca no trombone. Exigir dos candidatos um compromisso e cobrar dos eleitos a solução viável desse cenário de caos. Qual é a sua escolha?

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Auxilio emergencial paulistano coloca em pauta, outra vez, a necessária renda básica


O assunto político da semana com maior apelo popular certamente é a sanção, pelo prefeito Bruno Covas, do auxílio emergencial aprovado pela Câmara Municipal de São Paulo na semana passada.

A renda básica emergencial paulistana destinará R$ 100 por mês, durante três meses, a moradores carentes da cidade cadastrados em programas sociais como o Bolsa Família, e também a vendedores ambulantes com registro nos órgãos municipais.

A estimativa da Câmara é que 1,3 milhão de pessoas sejam beneficiadas pelo programa. A despesa para o município será de cerca de R$ 300 milhões - já reservados no Orçamento da Prefeitura.

"Vamos verificar a possibilidade de começar o pagamento ainda em outubro. A ideia é complementar a queda do auxílio emergencial do Governo Federal. A perspectiva é pagar outubro, novembro e dezembro", afirmou Covas.

Apesar de ter unido na sua aprovação tanto vereadores da base governista quanto da oposição, do PSDB ao PT, do Republicanos ao PSOL, candidatos como Arthur do Val (Patriota) e Joice Hasselmann (PSL) acusaram o projeto de eleitoreiro, ou tentativa de “compra de voto”.

Devido a uma representação no Ministério Público de São Paulo, o promotor Fábio Bechara enviou um pedido de informações à Câmara Municipal, pedindo esclarecimentos sobre o projeto de renda básica emergencial.

Fato é que o prefeito Bruno Covas, candidato à reeleição, implantou desde já o auxílio emergencial que era prometido também pelos seus adversários Celso Russomanno (Republicanos), Marcio França (PSB), Guilherme Boulos (PSOL) e Jilmar Tatto (PT), entre outros.

E você, o que acha da renda básica? Instituída de forma emergencial como auxílio na pandemia tanto em âmbito federal como agora municipal, é um programa de transferência de renda para atender minimamente a população mais pobre e tentar reduzir a miséria e a desigualdade.

Atualmente, o Bolsa Família beneficia mais de 14 milhões de famílias, com repasse mensal de R$ 190, em média. O auxílio emergencial do governo federal, instituído pelo Congresso, chega a mais de 67 milhões de pessoas. O benefício começou com parcelas de R$ 600 e termina com R$ 300.

Mas o governo estuda ainda a criação de um novo programa social que substituiria o Bolsa Família, chamado de Renda Cidadã ou Renda Brasil, e que ainda não chegou a um modelo de financiamento.

A ideia da renda básica, encampada pela direita e pelo centro, como agora por Bolsonaro e Covas, sempre foi proposta por políticos de esquerda, como os veteranos Eduardo Suplicy (PT) e Cristovam Buarque (Cidadania). Novatos como Tabata Amaral (PDT) seguem a trilha.

Afinal, acabar com a miséria e garantir o sustento mínimo para aquilo que é estritamente necessário à vida de uma pessoa, compreendendo despesas básicas com alimentação, saúde, vestuário e habitação, não pode ser encarado como política de esquerda ou de direita, certo? É um direito humano, civilizatório.

sábado, 24 de outubro de 2020

Domingo, 25 de outubro: Dia da Democracia no Brasil


Datilógrafo, telefonista, leiteiro, calígrafo, linotipista, operador de mimeógrafo, lanterninha de cinema, acendedor de poste, cortador de gelo, arrumador de pinos de boliche...

Eu temo que muito em breve o jornalismo e os jornalistas passem a figurar entre as profissões em desuso e os profissionais em extinção. O descrédito que paira sobre a imprensa já é bastante evidente nessa era das fake news, do negacionismo e do obscurantismo.

Cabe a nós, jornalistas por profissão, missão e vocação, a resistência. Talvez eu seja um dos últimos românticos dos litorais deste Oceano Atlântico, o último dos moicanos ou algo assim.

Mas eu prezo e pratico o bom jornalismo - assim como cobro de quem exerce funções públicas a boa política - e seguirei assim, queiram ou não os fanáticos, lunáticos e milicianos virtuais de plantão.

O dia 25 de outubro registra o Dia da Democracia no Brasil - e isso não é por acaso. Em 1975, ou seja, há exatos 45 anos, ocorreu um episódio histórico e vexatório para a democracia brasileira: o assassinato do jornalista Vladimir Herzog.

Preso injusta e ilegalmente no DOI-CODI (Destacamento de Operações Internas - Comando Operacional de Informações do II Exército), Herzog morreu após uma sessão de tortura - que os militares divulgaram na época como suicídio (veja como as fake news governistas, típicas dos canalhas, são antigas no Brasil).

Mas a morte de Herzog provocou a primeira grande reação popular contra os excessos da ditadura de 1964, tornando-se um marco na luta pela redemocratização. E por isso o 25 de outubro foi escolhido para celebrar as lutas e as conquistas do povo brasileiro contra regimes autoritários, assassinos e covardes.

E você, conhece algum governante assim nos dias de hoje, nostálgico do regime militar e, pior, que idolatra torturadores e defende assassinos? Pois então...

Este é um dos motivos essenciais do nosso desprezo pelo presidente demente, que tem o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra como ídolo e herói dele próprio, dos filhos delinquentes e dos seguidores cretinos.

Você sabe o que esse tal de Ustra, coronel que usava também o codinome Dr. Tibiriçá, fazia com os opositores que ele torturava, pelo simples motivo de lutarem contra a ditadura?

Além dos métodos tradicionais como pau-de-arara, afogamento, eletrochoque e a palmatória, o militar cafajeste, ídolo do Bolsonaro, tinha uma predileção sádica por torturar mulheres jovens e mães.

Contra vítimas completamente dominadas, indefesas, ridicularizadas, desesperadas, Ustra enfiava cabos de vassoura e até ratos na vagina dessas mulheres. Você consegue imaginar isso?

Depois, permitia uma visita às mulheres que tinham filhos pequenos - que presenciavam aquela cena desumana e deplorável das mães sujas, vomitadas, machucadas, ensanguentadas após a tortura.

Este é o tipo de “herói” desses doentes, lunáticos, covardes. É contra essa escória da política e da sociedade que lutamos. Por isso prezamos tanto a democracia, as liberdades e o estado de direito.

Não se trata simplesmente de ser de esquerda, centro ou direita. Mas de ser humano. É a civilização contra a barbárie. Acontecimentos que não devemos esquecer e que não podem nunca se repetir. Jamais! Basta!

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Propaganda na TV faz Covas crescer e Russomanno murchar. Será essa a tendência?


O movimento mais evidente captado pelas pesquisas é o aumento significativo da intenção de voto no prefeito Bruno Covas, enquanto dispara também a rejeição a Celso Russomanno - o candidato fadado à derrota.

Completamos nesta sexta-feira, 23 de outubro, duas semanas da propaganda eleitoral exibida na TV e, obviamente, estamos cada vez mais próximos da hora do voto em 15 de novembro. Faltam apenas 23 dias.

Parece muito claro que alguns candidatos estão se beneficiando mais que os outros com esses dois blocos diários de 10 minutos, além das inserções de 30 segundos que infestam a programação normal das emissoras.

A mais recente pesquisa Datafolha (e o Ibope deve confirmar isso na próxima semana) mostra uma curva ascendente de Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL), principalmente. Deixou de ser um cenário impossível ter essa dupla no 2º turno.

Os candidatos Marcio França (PSB) e Jilmar Tatto (PT) também cresceram se compararmos os números desde as primeiras pesquisas, mas ambos estão ainda muito distantes das expectativas iniciais de seus partidos.

Em 2018, França teve mais votos que João Doria na disputa pelo Governo do Estado na capital paulista. Por isso o resultado atual é frustrante. Sua última esperança é crescer com a queda de Russomanno para chegar ao 2º turno.

Já a candidatura do PT, como era previsível no atual contexto, segue muito longe da média histórica de votos dos candidatos petistas à Prefeitura de São Paulo. Dia a dia aumenta a pressão pela desistência de Tatto e o apoio a Boulos e Erundina ainda no 1º turno.

É cedo para decretar que essas tendências de subida e descida se mantenham até a eleição, mas são um indicativo importante. Na hipótese de um 2º turno entre Covas e Russomanno, o prefeito que busca a reeleição também já aparece à frente. E sua rejeição vem caindo.

O risco maior de Covas seria encontrar no 2º turno um candidato que conseguisse aglutinar todos contra ele. Russomanno não é esse nome. Boulos uniria a esquerda mas teria dificuldade de ir além. Marcio França ou Andrea Matarazzo talvez tivessem mais chances.

Todos prometem basicamente uma cidade melhor pelos próximos quatro anos. Em linhas gerais, são apresentados três caminhos paralelos para o eleitor paulistano escolher e atingir esse objetivo pelo voto em 15 de novembro.

Um caminho é o aprimoramento do rumo dado pelo prefeito Bruno Covas nestes dois primeiros anos de sua gestão solo (pós-Doria) e por um movimento suprapartidário das forças diversas que integram a sua coligação. O lema é avançar nas conquistas sem grandes sobressaltos.

Nessa mesma linha centrista parecem apostar também Marcio França e Andrea Matarazzo, ambos que por motivos pessoais tem João Doria como inimigo figadal (e por consequência seu sucessor, o prefeito Bruno Covas, como adversário pontual), mas preservam certa identidade com o eleitor tucano.

Outros dois caminhos propõem mudanças mais drásticas à esquerda e à direita no espectro político tradicional. De um lado, Guilherme Boulos e Jilmar Tatto; do outro, Celso Russomanno e o seu atrelamento muito mais oportunista do que programático ou ideológico ao bolsonarismo.

Os outros candidatos apenas cumprem tabela. São coadjuvantes na disputa, embora tenham um papel importante na agitação das redes e até nos humores da campanha: Joice Hasselmann (PSL), Arthur do Val (Patriota), Orlando Silva (PCdoB), Filipe Sabará (expulso do Novo) e Marina Helou (Rede) desempenham essa função.

Daqui até a reta final, o eleitor começa a ponderar e fazer projeções mais racionais sobre como seria a cidade com a eventual vitória de cada candidato. Slogans, jingles e memes não bastam. Queremos um prefeito competente!

O apelo emotivo do marketing eleitoral tem peso, mas questionar de onde viria todo o dinheiro necessário para atender a tantas promessas milagrosas também. Chega de propaganda enganosa. Chama o Procon! (Mas sem a patrulha do consumidor, por favor!)

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Prefeitura quer destruir praça na Mooca para beneficiar terreno particular


Segura o escândalo, porque o fuzuê vai ser grande! Esperamos que o prefeito Bruno Covas se sensibilize e a população se mobilize, mas estamos desde já recorrendo à Câmara Municipal, à imprensa e ao Ministério Público. A situação é absurda e inaceitável!

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Subprefeitura Mooca e da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, executa a toque de caixa um projeto para abrir uma rua sem saída no Parque da Mooca e com isso destruir uma praça de 4 mil metros quadrados que existe há 30 anos.

 A Rua Litio tem apenas duas casas de alto padrão construídas na esquina da Rua Vitoantonio Del Vecchio e termina em poucos metros, na entrada da Praça Dr. Eulógio Emilio Martinez - uma conquista da comunidade mooquense oficializada em 1990, após mais de dez anos de reivindicação para acabar com um antigo lixão que existia no local.

A praça hoje é super bem cuidada e frequentada pelas famílias das redondezas, garantindo um dos raros espaços verdes num dos bairros mais áridos e impermeabilizados da cidade. Foi construída com a participação da comunidade, da família do homenageado (médico que deu nome à praça) e até de uma associação de moradores constituída exclusivamente para a sua manutenção.

Pois agora o poder público, sabe-se lá movido por quais interesses, resolveu atender aos proprietários de um terreno particular que tem frente para a Rua Vitoantonio Del Vecchio e fundos para a praça, e criar um acesso exclusivo ao imóvel particular, numa intervenção urbanística dispendiosa e completamente sem sentido.

Você entendeu o tamanho do absurdo? A Prefeitura vai ampliar, pavimentar e ligar a rua Litio à Rua Barão de Monte Santo, destruindo a praça existente no local para criar uma nova via completamente desnecessária no bairro, unindo o nada ao lugar nenhum, mas certamente valorizando o futuro empreendimento imobiliário com acesso por dois endereços.

Segundo a Prefeitura, há uma ordem judicial que determina a ampliação da rua. Mas que “justiça” é essa? Ampliar a rua e destruir a praça interessa à coletividade ou apenas ao dono do terreno? E a Prefeitura recorreu dessa decisão? O que está em jogo é a sustentabilidade e a qualidade de vida de todos ou o bolso de um empresário influente?

A empresa que realiza o serviço (RGSE Projetos e Engenharia) foi contratada por meio de processo licitatório e o projeto de ampliação está em plena execução (uma publicação no Diário Oficial deu mais 30 dias a partir de 14 de outubro para a sua conclusão; ou seja, estão priorizando a obra).

Quer dizer, enquanto a população da Mooca segue mobilizada na luta inglória pela implantação de um parque no terreno da antiga Esso, uma batalha histórica de anos e sempre freada por interesses econômicos, uma praça já existente - colada à área do sonhado parque - será simplesmente destruída por motivos inconfessáveis e interesses escandalosos.

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano informa que para o terreno particular que será beneficiado pela ampliação da rua constam Alvará de Aprovação e Alvará de Execução de Edificação Nova, ambos destinados a um empreendimento residencial.

Porém, diz que há uma ressalva no Alvará de Aprovação, não permitindo “nenhuma modalidade de acesso - seja de veículos ou de pedestres - pela Rua Litio”. Ah, vá! Querem enganar quem?

Vão abrir uma rua para atender exclusivamente a um lançamento imobiliário que tem o seu mais amplo acesso justamente por essa via (a ser ampliada e pavimentada pela Prefeitura, como consta do projeto) e querem nos convencer que o acesso dos futuros moradores estará proibido? Contem outra.

Depois de aberta a rua e construído um novo conjunto residencial de alto padrão, obviamente haverá entrada e saída de carros e pedestres - como consta inclusive do projeto real, que dizem ser um pouquinho diferente daquele que tramita formalmente pela Prefeitura. É caminho livre para a ilegalidade - pois depois tudo se acerta com um “jeitinho” político ou uma futura anistia.

A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente também informa que não há nenhum processo de compensação ambiental nos locais citados. Querem simplesmente abrir uma rua para beneficiar meia dúzia de endinheirados e prejudicar não apenas o bairro tão carente de áreas verdes, mas toda a cidade. Pode isso? Aqui não! Ninguém é otário! Estamos de olho! 👀


A experiência dos mandatos coletivos: virou moda!


O que você acha dessa tendência dos mandatos coletivos? Há todo tipo de candidatura que promete multiplicar seu voto, com uma pessoa formalmente eleita, como exige a legislação, mas auxiliada por um grupo coeso que se apresenta informalmente para o exercício efetivo e compartilhado do cargo.

A ideia é reunir mais gente em torno de pautas de interesse comum, principalmente sobre causas sociais, o que em tese aumenta a possibilidade tanto de eleger esse grupo como de garantir uma pluralidade maior na atuação parlamentar. Sem contar que facilita também o apelo para a arrecadação de fundos durante a campanha.

Apesar do compromisso coletivo, apenas um nome pode ser registrado oficialmente como candidato, seja para constar na urna eletrônica, seja para - se eleito - ser diplomado, tomar posse e exercer legalmente suas funções, como estar presente nas sessões, votar, discursar em plenário, compor comissões e apresentar projetos.

Na prática, o que acontece é que os integrantes do mandato coletivo são nomeados como assessores de gabinete e informalmente dividem as funções do parlamentar eleito, sobretudo nas atividades externas e em tudo aquilo que não for exigida a presença personalíssima do titular do cargo.

O mandatário torna-se uma espécie de "porta-voz" do grupo que, de resto, vai atuar em conjunto nos bastidores, nas discussões, no planejamento do mandato e nos debates públicos, fora do ambiente formal do Legislativo, multiplicando suas ações.

As candidaturas coletivas e os mandatos compartilhados não são novidade destas eleições municipais de 2020, mas a ideia virou moda. Em São Paulo, por exemplo, há cerca de 40 candidaturas coletivas disputando um mandato de vereador - e parece bem provável que alguma delas se eleja, fato ainda inédito na Câmara.

Muitos destes candidatos são os chamados “hackers da política”, vinculados às lutas e movimentos pelo aprofundamento da democracia, da ampliação e modernização da representação política e do fortalecimento dos mecanismos de accountability eleitoral.

A mais midiática e reconhecida experiência do gênero até o momento é a “Mandata Ativista”, que conquistou uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo em 2018. Formada por nove componentes (hoje são cinco) com diferentes pautas, territórios e partidos distintos (entre PSOL, PDT e Rede), elegeu a deputada Mônica Seixas com 149.844 votos, a décima maior votação entre os 94 eleitos.


O coletivo feminista Juntas, composto de cinco mulheres representadas pela ambulante Jô Cavalcanti, também ganhou uma cadeira na Assembleia Legislativa de Pernambuco com 39.175 votos e aumentou a visibilidade da estratégia. Coincidentemente, tanto na experiência paulista quanto na pernambucana, o partido escolhido foi o PSOL.

Entre as propostas mais interessantes de mandatos coletivos para a Câmara Municipal de São Paulo nestas eleições de 2020, destacamos: 


Coletivo Periferia É o Centro (PDT), Periferia Ativa Búfalos (PDT), #Somosmultiplxs (PDT), União Progressista (PDT), Bancada Ativista Acredite (PDT);


Movimento Vozes Negras (PT), Bancada Antifascista (PT), Coletivo + Direito à Cidade (PT), Bancada Hip Hop (PT), Frente Democrática (PT); 


É Coletivo (PSOL), Quilombo Periférico (PSOL), Juntas (PSOL), Bancada Feminista (PSOL), Ganja Coletiva (PSOL), Jaraguá-Guarani (PSOL), DiverCidade (PSOL);


Ubuntu Capoeira (PCdoB), Cultura Vive (PCdoB), Bancada Feminista (PCdoB) , Coletivo CPQ, Caminho É pela Quebrada (PCdoB), Bancada Trabalhista (PCdoB);


Bancada Sustentável (PV), Bancada Periférica (Avante), Todos pela Acessibilidade (PSDB), Bancada Art'vista (Podemos), Coletivo pelo Bem Comum (DEM), Coletivo da Rede (Rede), entre outras.

"Nós víamos diversos candidatos com deficiência e nenhum sendo eleito", diz Bruno Beraldin (PSDB), do "Todos pela Acessibilidade", candidato a vereador de um grupo de cinco pessoas com diferentes tipos de deficiência.


Sentindo falta de uma voz na Câmara, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) também lançou uma candidatura coletiva. "A gente decidiu que precisa de representatividade", diz Jussara Basso (PSOL), que estará com outras duas militantes do MTST no "Juntas". Ela diz representar ainda as "mulheres negras e as mães solos da periferia".


Outra das candidaturas coletivas é fruto direto da “Mandata Ativista” da Assembleia paulista. Um dos co-deputados, Jesus dos Santos (PDT), tentará com o coletivo "Periferia É o Centro" ocupar uma vaga na Câmara Municipal. "A oportunidade que eu tive em 2018 de fazer parte de um mandato coletivo me colocou neste lugar que outras pessoas também podem chegar com candidaturas coletivas."


A “Bancada Sustentável", que tem Casé Oliveira (PV) como porta-voz, promete fazer um levantamento e o entendimento das necessidades do cidadão para incluí-las no orçamento público. E fará isso por meio de embaixadores sustentáveis (líderes comunitários), conselheiros, amigos da bancada e integrantes de comitês temáticos - segundo a proposta.



Até o ex-vereador Nabil Bonduki (PT) aderiu à ideia dos mandatos coletivos com seis colegas do "+ Direito à Cidade". A intenção é “ter processos de discussão amplos em que as pessoas possam participar, criando um cadastro, plataformas digitais e um fórum de debates para tomadas de decisão quando o tema for muito polêmico."

Outro belo exemplo de candidatura coletiva vem do Rio de Janeiro. Se existe a bancada da bala, a bancada da Bíblia e a bancada do boi, por que não criar uma “Bancada do Livro”? Assim pensaram oito artistas, professores, ativistas e produtores culturais que decidiram se juntar e concorrer a uma vaga na Câmara Municipal do Rio pelo Cidadania. E assim ajudar a virar a página da velha política...

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Segue a procura por novos candidatos à Câmara Municipal de São Paulo: conheça mais três nomes


Prosseguimos na apuração de candidatos que talvez valham a aposta, homens e mulheres que se destacam ao demonstrar preparo, boas propostas, coerência e equilíbrio, de diferentes partidos, com origens, idades, histórias de vida e ideologias diversas.

Não se trata da indicação do voto, mas de um filtro inicial para colaborar no trabalho de pesquisa e na busca de informações que todos os eleitores, principalmente aqueles que se dizem indecisos ou descrentes na boa política, deveriam fazer antes de ir às urnas.

Na peneiragem de hoje vamos apresentar Catarina Jesus (Cidadania), o Professor Zysman Neiman (Rede Sustentabilidade) e Carina Vitral, o nome à frente da candidatura da bancada feminista do PCdoB. Três perfis bem distintos que merecem a nossa atenção.


Catarina Jesus é mãe, negra, nordestina, agente comunitária de Saúde, tem 43 anos e mora na Cidade Tiradentes, extremo leste de São Paulo. Então é testemunha de quanto as políticas públicas estão distantes da população periférica, o acesso à saúde é insuficiente e há carência nos demais serviços básicos (transportes, equipamentos de esporte e lazer etc.).

Catarina atua também com vítimas de violência doméstica. Promove o acolhimento e a orientação das mulheres sobre seus direitos e a legislação vigente. Entende que, como vereadora, terá mais instrumentos para representar esta população perante o poder público.


O Professor Zysman Neiman, 58 anos, é mestre e doutor em Psicologia, especialista em Sustentabilidade e Meio Ambiente, licenciado em Ciências e Biologia pela USP.

É pesquisador e professor de Ciências Ambientais da Unifesp, onde foi coordenador e atua ainda como professor do Programa de Pós-Graduação em Análise Ambiental Integrada.

Membro do Comitê Interinstitucional de Educação Ambiental do Estado de São Paulo (CIEA-SP), do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima (FBMC), do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GTSC A2030) e da Comissão Municipal para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) de São Paulo.

Autor de diversos livros nas áreas de Ecologia, Educação, Meio Ambiente e Sustentabilidade, é editor chefe da Revista Brasileira de Ecoturismo e da Revista Brasileira de Educação Ambiental. Integra também a RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade).


Carina Vitral, a candidata que representa legalmente na urna a bancada feminista do PCdoB e que propõe um mandato coletivo de quatro mulheres, tem 32 anos, foi conselheira da cidade na gestão do prefeito Fernando Haddad e presidiu a União Nacional dos Estudantes (UNE).

Na época do impeachment de Dilma Rousseff, liderou passeatas em todo o país em defesa da ex-presidente. Também comandou atos políticos no Congresso Nacional contra a redução da maioridade penal, tornando-se opositora do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e antagonista do MBL.

Durante o governo Temer, organizou ocupações estudantis e protestos contra a Emenda Constitucional 95, que congelou investimentos públicos em Educação, Saúde e outras áreas sociais. Presidia a União Estadual dos Estudantes (UEE) de São Paulo em 2013, quando os estudantes reivindicaram e conquistaram o passe livre estudantil na rede de transporte da Capital.

Ao lado de Carina, na bancada feminista estão Cláudia Rodrigues, que organizou, junto à União Brasileira de Mulheres (UBM), um movimento de mulheres negras e periféricas. Camilla Lima, professora da rede pública de educação no Capão Redondo, e articuladora cultural da Agência Popular Solano Trindade, uma iniciativa voltada à economia criativa e empreendedorismo social. E Nayara Souza, representante LGBT e liderança estudantil nas ocupações de escolas e da própria Câmara Municipal.

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Bolsonaristas e petistas, tirem o cavalinho da chuva: Polarização de 2018 não vai se repetir em 2020


Será que nas eleições deste 15 de novembro vamos mesmo nos livrar da polarização burra e estreita que assistimos nas eleições de 2018, levando o Brasil a escolher entre a velha esquerda e a velha direita, entre Bolsonaro e o PT?

Bem, a novidade deste ano parece ser a exclusão definitiva do PT e do PSL como protagonistas das eleições nas principais capitais brasileiras. Assim, em tese estamos livres da repetição do 2º turno da disputa presidencial de 2018. Mas não acabaram as polarizações.

A direita - da ala mais radical bolsonarista ao liberalismo light - está dividida em partidos como Republicanos, DEM, PSD, PSDB e Podemos. Bolsonaristas órfãos seguem à espera da prometida Aliança pelo Brasil - ou o destino que Bolsonaro definir ao lhe oferecerem a legenda mais conveniente para a reeleição.

Por outro lado, pouquíssimos candidatos petistas parecem ter alguma chance de 2º turno. Apenas em Fortaleza (Luizianne Lins), Recife (Marilia Arraes) e Vitória (João Coser) o PT aparece com algum destaque nas pesquisas - e ainda assim sem nenhum favoritismo.

Na cidade de São Paulo, três vezes administrada pelo PT, o candidato Jilmar Tatto deve amargar a pior derrota desde os anos 80. E note que duas dessas ex-prefeitas petistas já saíram do partido há anos: Marta Suplicy apóia Bruno Covas (PSDB) e Luiza Erundina é candidata a vice de Guilherme Boulos (PSOL).

O PT perdeu o monopólio da esquerda. São Paulo com Boulos e Porto Alegre com Manuela D’Ávila (PCdoB), novos queridinhos de ex-petistas, são bons exemplos. Em outras capitais ocorre o mesmo fenômeno. O eleitorado que votou em Lula e Dilma se vê hoje melhor representado por PSOL, PSB, PDT, PCdoB ou até o Cidadania.

É o caso de Belém, com Edmilson Rodrigues (PSOL); Recife, João Campos (PSB); Maceió, JHC (PSB); Macapá, João Capiberibe (PSB); Rio Branco, Socorro (PSB); Porto Velho, Vinicius Miguel (Cidadania); e Aracaju, com Edvaldo Nogueira (PDT) ou Delegada Danielle (Cidadania). Para citar alguns locais aonde o PT não tem protagonismo.

É evidente que essa fragmentação dos votos da esquerda mais tradicional, mesmo tendo como foco principal as eleições municipais de 2020 nas capitais, pode interferir também na sucessão presidencial de 2022.

Existe toda uma movimentação em torno dos possíveis presidenciáveis cogitados pelos partidos que orbitavam o PT, como Ciro Gomes (PDT), Flávio Dino (PCdoB) e Marcelo Freixo (PSOL) - enquanto o próprio Partido dos Trabalhadores desconhece se terá condições de lançar Lula ou se vai repetir Haddad.

O chamado centro democrático (ora com viés mais conservador, ora mais progressista) também se mobiliza em torno de nomes como João Doria, Sergio Moro, Luiz Henrique Mandetta e Luciano Huck - testando as opções, pois sabe que daqui pode sair um bloco decisivo para 2022.

Na Grande São Paulo, região em que o PT sempre elegeu muitos prefeitos, o partido tem candidatos próprios em 25 das 39 cidades. Destas, 17 já elegeram prefeitos petistas ao menos uma vez desde o ano 2000. A missão agora é reconquistar espaço. Desesperadamente.

A estratégia do PT é disputar com o que tem de mais forte, seus ex-prefeitos, como Elói Pietá em Guarulhos, Emídio de Souza em Osasco, Luiz Marinho em São Bernardo do Campo, José de Filippi em Diadema, Sergio Ribeiro em Carapicuíba e Ramon Velasquez em Rio Grande da Serra.

Em 2016, o PT fez um só prefeito na região metropolitana: Kiko, de Franco da Rocha, que foi reeleito. Agora, impedido de concorrer novamente, o petista apóia o atual vice, Dr. Nivaldo, do PTB, partido que nacionalmente está na base de apoio de Bolsonaro - e que sonha em filiar o presidente.

No interior paulista, o PT busca manter sua única prefeitura de cidade grande: Araraquara, com Edinho Silva candidato à reeleição. Em 2016, o PT despencou de 72 prefeitos para apenas oito eleitos (Araraquara, Barra do Chapéu, Cosmópolis, Franco da Rocha, Itapirapuã Paulista, Motuca, Nantes e Rincão).

Conclusão: não será nada fácil a vida dos petistas, em São Paulo e no Brasil. O que não significa também que os bolsonaristas vão sair da eleição de 2020 cantando vitória. Há outras forças se movendo agora e para 2022.

É cedo para qualquer projeção definitiva, mas parece evidente que pode existir vida inteligente fora das bolhas ideológicas dominadas por fanáticos e lunáticos de Lula ou de Bolsonaro. Há outras saídas. Amém! 🙏🏻

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Eleição de pai para filho: Será que funciona?


Exemplo maior de influência da linhagem familiar na política é o presidente Jair Bolsonaro com seus três filhos eleitos na trilha do pai: Flavio, Carlos e Eduardo. O próprio Bruno Covas, prefeito candidato à reeleição, seguiu os passos do avô, o ex-governador Mário Covas.

Na Câmara Municipal de São Paulo há desde o caso do pai vereador que fez dois filhos deputados e herdeiros de votos, como Milton Leite (DEM); até filhos de políticos veteranos que dão continuidade à epopeia familiar como vereadores. Vários deles buscam a reeleição no dia 15 de novembro e outros tentam chegar lá.

A vereadora Adriana Ramalho (PSDB) é filha do ex-deputado Ramalho da Construção; O veterano Aurélio Nomura (PSDB), do ex-deputado Diogo Nomura; George Hato (MDB), de Jooji Hato; Gilberto Nascimento Jr. (PSC), de Gilberto Nascimento; Rodrigo Goulart (PSD), de Antonio Goulart; e o próprio Mario Covas Neto (Podemos) é tio do prefeito Bruno Covas (PSDB) e filho do saudoso Mário Covas.

Há inúmeras outras relações de parentesco no Palácio Anchieta: Jair Tatto e Arselino Tatto, ambos vereadores, são irmãos do candidato a prefeito do PT, Jilmar Tatto; Xexéu Tripoli (PSDB) é irmão do ex-vereador Roberto Tripoli (PV), que também deve retornar à Câmara, e do ex-deputado Ricardo Tripoli.

Rute Costa (PSDB) é irmã da deputada Marta Costa (PSD), candidata a vice-prefeita de Andrea Matarazzo. Celso Giannazi (PSOL) é irmão do deputado Carlos Giannazi. O presidente da Câmara, Eduardo Tuma (PSDB), é sobrinho do ex-senador Romeu Tuma.

Sandra Tadeu (DEM) é casada com o deputado federal Jorge Tadeu Mudalen e ambos tem um filho vereador em Guarulhos. Patricia Bezerra, casada com o ex-deputado e novamente candidato a vereador Carlos Bezerra Jr. Tem ainda Eduardo Suplicy (PT), que formou o mais famoso casal da política paulistana enquanto foi marido de Marta Suplicy.


Na leva de filhos que se aventuram nestas eleições, destacamos Abou Anni Filho, com 29 anos, que segue a carreira do pai ex-vereador e deputado federal no PSL; e Jorge Wilson Filho, com apenas 21 anos de idade, filho do deputado estadual Jorge Wilson, o “xerife do consumidor” e parceiro preferencial de Celso Russomanno no Republicanos.

E o que um candidato tão jovem teria a oferecer, além do nome paterno no RG? Parece que nada mais que isso. Veja a apresentação de Jorge Wilson Filho: “Acompanho meu pai desde pequeno na defesa dos cidadãos e agora estou preparado para ser o seu porta-voz na Câmara Municipal”.

E a resposta do pai nas redes sociais: “Meu filho amado, você não imagina o meu orgulho e a alegria em ver você lutando como sempre esteve ao meu lado, trabalhando com dedicação e ajudando o próximo de coração aberto. Você enche meu coração de gratidão a Deus, por ter o privilégio de ver você dando toda a atenção que a população merece, sempre com muito respeito e carinho, como sempre fiz e continuo fazendo. Muito orgulho do homem que se tornou! Na qualidade de pai, hoje me torno espectador da sua luta!”.

Devem ser estas algumas das tradicionais famílias brasileiras, formadas por cidadãos de bem que os políticos tanto citam e usam em seus discursos. Irmãos, casais, pais e filhos unidos por amor ao poder e na luta incansável pelo nosso voto. Que fofos!

domingo, 18 de outubro de 2020

Hora de fazer previsão (e errar quase tudo) sobre a eleição dos 26 prefeitos das capitais


É pior que loteria. A coisa mais ingrata, arriscada e inútil que existe é tentar fazer previsão dos resultados faltando um mês para as eleições. Só existe uma certeza: errar quase tudo.

Até a véspera da votação há um sobe e desce de candidatos e reviravoltas que não são captadas nem pelas pesquisas eleitorais. Quantas vezes os institutos e analistas políticos saíram desmoralizados por discrepâncias absurdas que se revelam apenas na boca de urna?

Ainda assim, vale fazer um registro de percepções do momento, tendências e efeitos da primeira semana da propaganda eleitoral.

Vamos comparar a situação de hoje com a reta final da campanha, antes de 15 de novembro, e atualizar nossas impressões até lá.

Então vamos aos palpites sobre os candidatos que chegam ao 2º turno e outros possíveis prefeitos eleitos nas capitais do Brasil:


SUDESTE

São Paulo (SP) - Covas (PSDB) x Russomanno (Republicanos) no 2º turno

Rio de Janeiro (RJ) - Eduardo Paes (DEM) x Martha Rocha (PDT), ultrapassando o prefeito Crivella (Republicanos), que hoje aparece em 2º nas pesquisas

Belo Horizonte (MG) - Kalil (PSD) reeleito

Vitória (ES) - Gandini (Cidadania) x João Coser (PT)


CENTRO-OESTE

Campo Grande (MS) - Marquinhos Trad (PSD) reeleito

Cuiabá (MT) - Abilio Junior (Podemos) x Emanuel Pinheiro (MDB)

Goiânia (GO) - Vanderlan Cardoso (PSD) x Maguito Vilela (MDB)


SUL

Curitiba (PR) - Rafael Greca (DEM) reeleito

Florianópolis (SC) - Gean Loureiro (DEM) x Angela Amin (PP)

Porto Alegre (RS) - José Fortunati (MDB) x Manuela D’Ávila (PCdoB)


NORDESTE

Aracaju (SE) - Edvaldo Nogueira (PDT) x Delegada Danielle (Cidadania)

Fortaleza (CE) - Capitão Wagner (PROS) x Sarto (PDT), ultrapassando Luizianne Lins (PT), que hoje aparece em 2º nas pesquisas

João Pessoa (PB) - Cícero Lucena (PP) x Nilvan Ferreira (MDB), com Ricardo Coutinho (PSB) seguindo no calcanhar

Maceió (AL) - Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB) x JHC (PSB)

Natal (RN) - Álvaro Dias (PSDB) x Kelps Lima (Solidariedade)

Recife (PE) - João Campos (PSB) x Mendonça Filho (DEM)

Salvador (BA) - Bruno Reis (DEM) eleito no 1º turno

São Luis (MA) - Eduardo Braide (Podemos) x Duarte Junior (Republicanos)

Teresina (PI) - Dr. Pessoa (MDB) x Kleber Montezuma (PSDB)


NORTE

Belém (PA) - Edmilson Rodrigues (PSOL) x Priante (MDB)

Boa Vista (RR) - Arthur Henrique (MDB) x Ottaci (Solidariedade)

Macapá (AP) - João Capiberibe (PSB) x Josiel Alcolumbre (DEM)

Manaus (AM) - Amazonino Mendes (Podemos) x David Almeida (Avante)

Palmas (TO) - Cinthia Ribeiro (PSDB) x Professor Junior Geo (PROS)

Porto Velho (RO) - Hildon Chaves (PSDB) x Vinicius Miguel (Cidadania)

Rio Branco (AC) - Minoru (PSDB) x Socorro (PSB)

sábado, 17 de outubro de 2020

Veja destaca candidaturas da periferia paulistana


A edição deste fim-de-semana da revista Veja São Paulo traz a interessante matéria de capa “A quebrada nas urnas: candidatos tentam transformar perfil da Câmara”.

Inclusive com algumas das jovens candidatas que também já mencionamos aqui na página como apostas que valem a pena para arejar e renovar a Câmara Municipal de São Paulo.

Destacamos especialmente Aline Torres (MDB), Malu Molina (Cidadania) e Keit Lima (PSOL), três candidaturas que baseiam suas propostas de atuação na busca da igualdade, no combate aos preconceitos e na valorização da juventude da periferia.

Essas candidatas tem em comum, além da origem em regiões mais humildes e distantes do centro, poucos recursos para fazer a campanha e muita vontade de progredir na vida através do estudo e da cultura.

O grande exemplo citado pela revista de jovem revelação oriunda também de um bairro periférico, que está verdadeiramente mudando a forma de fazer política e tem a educação pública como mote é a deputada federal Tabata Amaral - ela própria alvo de ataques diários da esquerda e da direita.

Seguimos acompanhando a campanha paulistana, de olho nos candidatos de primeira viagem e nos vereadores que buscam a reeleição (e sim, ao contrário do que julgam os que odeiam a política e generalizam na crítica, alguns têm um bom trabalho).

Até 15 de novembro vamos trazer ainda muito conteúdo e informação. Esperamos que isso estimule o eleitor a pesquisar mais sobre boas candidaturas à Câmara Municipal e seja útil na hora do voto. Aí é com você!





quinta-feira, 15 de outubro de 2020

As grandes contribuições de Bolsonaro para a humanidade (vão entrar para os anais da política brasileira e mundial)


Superou o “dinheiro na cueca” do PT. A Polícia Federal flagrou um de seus líderes no Congresso não só com dinheiro dentro da cueca, mas, digamos em termos lúdicos e polidos, “depositado na poupança”, “aplicado nos fundos” ou “inserido no cofrinho”.

Acabou com a Lava Jato e assumiu tal feito com orgulho, segundo ele porque “não existe mais corrupção no governo”. Aham!

Ressuscitou o Centrão, aquele agrupamento criminoso e fisiológico que é governista desde Cabral (não o corrupto ex-governador do Rio, mas o descobridor do Brasil).

Demitiu e busca incansavelmente desmoralizar o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro (com um ânimo e uma milícia virtual de lunáticos muito mais competentes que os fanáticos do PT e do “Lula Livre”).

Chamou a pandemia do coronavírus, que matou mais de 150 mil brasileiros, de “gripezinha”. Debochou dos mortos e doentes, diferentes dele, que tem histórico de atleta, todos fracos e bundões.

Coloca o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra na categoria de herói nacional, enquanto manda seu capitão-do-mato atacar os movimentos negros e anti-racistas, inclusive desqualificando mulheres valorosas como Marina Silva e Benedita da Silva.

Faz piada do incêndio trágico no Pantanal, do desmatamento recorde da Amazônia, nega a importância da sustentabilidade, ataca ambientalistas, desmonta os órgãos de fiscalização, promove o descumprimento das leis e o extermínio da flora e da fauna brasileira.

Facilita a posse e o porte de armas. Acaba com a burocracia para registro e licença. Propõe a formação de grupos populares e paramilitares armados para eventualmente “impedir uma ditadura”.

Estimula o descumprimento das leis de trânsito, transformando também veículos em armas. Pede o fim da cadeirinha de transporte de bebês e crianças. Aumenta a pontuação de motoristas infratores sem punição.

Defende a família (dele, principalmente), a tradição (da velha política) e a propriedade (principalmente aquela adquirida com dinheiro da corrupção, de caixa 2 ou desviado dos cofres públicos, como o que é fruto das rachadinhas ou depósitos misteriosos que aparecem na conta da própria esposa).

Se não bastassem os R$ 89 mil depositados pelo Queiroz, envolvido em toda a sujeira dos milicianos do Rio de Janeiro, tivemos agora essa novidade escatológica das cédulas nas nádegas do apoiador bolsonarista. E sujas, literalmente.

Deve ser por isso que Bolsonaro inventou a nota de 200 reais. Diminuiu o volume a ser carregado e torna mais cômodo, higiênico e anatômico o ato de corrupção nesses novos tempos de pós-Lava Jato, com papel-moeda novo e antialérgico.

Se bem que os detalhes sórdidos que foram revelados durante a blitz da Polícia Federal mostram que a lavagem de dinheiro realmente se faz necessária no Brasil. Até como medida sanitária. Porca miséria!