quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Manual de sobrevivência na Câmara Municipal: entenda como funciona a “cota” de projetos por vereador

Recomendado para cidadãos conscientes, eleitores responsáveis e candidatos de primeira viagem. Para ler, entender, refletir, debater, curtir, compartilhar e votar melhor.

Nesta semana, com o início oficial da campanha eleitoral, já discutimos por aqui sobre a importância de escolher bem os nossos candidatos ou candidatas à Câmara Municipal.

Seja optando entre os vereadores experimentados que buscam a reeleição ou por candidatos que tentam chegar lá, para renovar e arejar o parlamento, encontramos nomes e perfis qualificados para realizar bons mandatos.

Porém, por mais idealistas e bem intencionados que sejam os eleitos, o choque de realidade no início de cada legislatura é brutal. Boas ideias e voluntarismo são insuficientes para mudar algumas práticas arraigadas no parlamento paulistano.

A Câmara é um mundo à parte, e não basta conhecer o regimento interno, a lei orgânica do município e acompanhar as sessões plenárias para decifrar o que acontece ali (às claras ou nos bastidores).

Os vereadores seguem algumas regras informais e acordos tácitos estabelecidos numa espécie de “manual de sobrevivência” que ninguém nunca viu, mas todos reconhecem na prática.

Tudo funciona na base dos acordos: da aprovação de projetos à eleição da Mesa Diretora, que reúne vereadores da situação e da oposição, passando pela composição das comissões internas, os temas definidos para CPIs etc.

O plenário, propriamente, com suas sessões ordinárias e extraordinárias, votações e discussões acompanhadas pela imprensa e pelo público, é apenas o desfecho de um grande teatro.

Enquanto isso, a maioria da população nem imagina como funciona a rotina dos vereadores ou quais os interesses em jogo - e critica a Câmara pelos mais diversos motivos, às vezes deixando passar o essencial.

A crítica mais comum talvez seja pela quantidade de projetos inexpressivos que são aprovados. Os tais nomes de ruas e homenagens pitorescas (por exemplo, já foi concedido - e depois cassado - título de cidadão paulistano ao médico estuprador Roger Abdelmassih).

É um fato: mais de 75% do que se aprovou na Câmara nos últimos quatro anos são as chamadas honrarias (título de cidadão, medalha Anchieta, diploma de gratidão e salva de prata), datas comemorativas e denominações de vias públicas e equipamentos municipais.

Uma regra abominável, corporativista, que se tornou um dos mandamentos não escritos da Casa há muitos anos e não faz nenhum sentido (a não ser para nivelar por baixo a qualidade do legislativo), é o estabelecimento de “cotas” de projetos a serem aprovados por vereador.

Você entendeu como isso funciona? Ficou decidido que cada vereador terá direito de aprovar um número limitado de projetos de lei por ano - em quantidade idêntica para os 55 parlamentares. Assim, os projetos são aprovados mediante acordo e não pelo mérito de cada um.

Qual a razão disso? Ciúme! Para que nenhum vereador se destaque ou seja apontado pela mídia como campeão de produtividade ou de boas ideias. Então todos vão ter aprovada a mesma quantidade de projetos (o que leva a situações inusitadas, como deixar bons projetos engavetados enquanto se apresentam outros esdrúxulos para cumprir tabela).

Isso porque, até o início dos anos 2000, a produtividade dos vereadores era medida muito em função do número de projetos aprovados e transformados em lei. Havia até ranking com a colocação de cada vereador. Surgiam os “queridinhos” da imprensa e o chamado voto de opinião era muito influenciado por essas informações.

Ao privilegiar a quantidade em detrimento da qualidade, tanto faz se um vereador apresenta mil projetos e outro dez - já que, por acordo, todos vão aprovar o mesmo número de projetos de lei (que seguem para sanção ou veto do Executivo) até o final da legislatura. Seja um bom projeto ou irrelevante.

A regra de ouro é mostrar que todos são iguais e ponto. Sobrevive apenas quem consegue se adequar ao sistema. É expressamente proibido algum vereador ou vereadora se destacar pela quantidade de boas ideias ou pelo número de projetos aprovados. Será jogado para escanteio.

Então, há cotas de projetos que serão aprovados em 1ª votação (geralmente de forma simbólica) e outros em 2ª e definitiva votação. Pouco ou nada se discute. A maioria nem se dá conta do que está votando. No máximo se registram alguns votos contrários no microfone para constar dos registros oficiais.

Geralmente os vereadores escolhem um único dia da semana para as sessões extraordinárias. Vem sendo a quarta-feira, quando se discutem e são votados os projetos de lei, tanto de iniciativa dos próprios vereadores quanto do Executivo. E os debates acalorados se concentram sobre as propostas mais polêmicas.

Na atual legislatura, a novidade implantada foi o “plenário virtual” para votar justamente esses projetos de honrarias e denominações, deixando, em tese, o plenário físico disponível para os projetos mais relevantes da cidade. Mas quais são eles, afinal? Bom, aí é assunto para outra postagem e outro capítulo do manual.

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Detonautas: Micheque #ForaBolsonaro


E aí, Bolsonaro, por que o Queiroz depositou R$ 89 mil na conta da Michelle?

Mas é sério que ela ficou ofendida com o clipe do Detonautas? Assista. #CensuraNão

A primeira-dama Michelle Bolsonaro quer a música “Micheque”, de autoria da banda de rock Detonautas, fora do ar. A canção faz alusão satírica aos depósitos de cheques no valor de R$ 89 mil que teriam sido feitos por Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), investigado por um esquema de "rachadinha”.

Censura, Michelle Bolsonaro? Que baixaria, hein!

Na última quinta-feira (24/9), Michelle prestou queixa na Delegacia de Crimes Eletrônicos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) em São Paulo alegando ser vítima de ofensa, injúria, calúnia e difamação. O requerimento é para que a obra seja retirada das plataformas digitais e seja proibida de ser executada em lugares públicos ou privados.

A composição é do vocalista dos Detonautas, Tico Santa Cruz, e tem participação especial de Marcelo Adnet. No começo da canção, o humorista imita a voz do presidente em referência à frase dita por ele a um jornalista ao ser questionado sobre Michelle e os cheques. “Minha vontade é encher tua boca na porrada, tá?”. A letra gira em torno da questão e pergunta à primeira-dama a procedência do dinheiro.

Num só dia, Bolsonaro arma pedalada pior que Dilma e “passa a boiada” no Meio Ambiente

E aí? Cadê o Congresso Nacional? E o Supremo Tribunal Federal? E o povo nas redes e nas ruas? Estão todos acovardados diante deste desgoverno de ineptos, desequilibrados e irresponsáveis, com seus seguidores igualmente lunáticos e golpistas?

Enquanto eles disparam suas fake news e gritam que vão fechar o Congresso e o Supremo, Bolsonaro aproveita para surfar na onda do populismo, cometer desatinos diários, atropelar as leis, o estado democrático de direito e o bom senso com seu obscurantismo e uma extrema canalhice.

A tal da Renda Cidadã já nasce criminosa, coitada. Se não bastasse o apelo midiático e eleitoral da medida (que é justa e necessária, mas não dessa forma oportunista e atabalhoada), Bolsonaro quer assaltar o Fundeb e dar uma pedalada nos precatórios para o seu programa à reeleição, o “Bolsa Familícia”.

Aonde estão todas as vozes que se levantaram pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff por causa de uma pedalada fiscal? Aquela bicicletinha era inofensiva perto do truque bilionário que a tropa bolsonarista prepara, incluindo calote fiscal, maquiagem no teto de gastos, recriação da CPMF, entre outros sapos enfiados goela abaixo da população.

Mas a maioria dos brasileiros parece seguir com um inexplicável comportamento bovino, fiel ao toque do berrante bolsonarista, sem perceber que caminha a passos largos para o matadouro (“Êh, ô, ô, vida de gado. Povo marcado. Êh, povo feliz!”). Será efeito do bolsonavírus?

Aliás, por falar em gado, passou a boiada prometida pelo ministro do extermínio do Meio Ambiente, Ricardo Salles. O mais recente golpe retira a proteção a manguezais e restingas para promover o turismo. Quer privilegiar a instalação de hotéis em áreas de preservação. Genial!

São os mesmos negacionistas do incêndio do Pantanal e do desmatamento da Amazônia. São os mesmos inconsequentes no enfrentamento da pandemia. São os mesmos bandidos que se apoderaram da política e golpeiam de morte a economia e a sustentabilidade.

O verde que interessa a Salles e Bolsonaro é pasto, agronegócio, dólar. Natureza para esses cretinos é atraso. Índio precisa ser “modernizado”, manter as tradições apenas como produto do “etnoturismo” enquanto libera as terras para exploração. A fauna é bonita como ilustração de livros - até porque muita coisa escrita ninguém lê. 

O mundo enxerga os absurdos e, mais que isso, os crimes cometidos pelo bolsonarismo. E nós? Será fumaça do fogo pantaneiro nos nossos olhos? Será consequência do efeito manada dos apoiadores bolsonaristas? O que nos leva a tamanha apatia, covardia e omissão?

O que falta para o #ForaBolsonaro? Ou bastava tirar o PT? Será que tudo aquilo que criticávamos à esquerda, a partidarização do Estado, a ideologização do poder, as ilegalidades, a corrupção, o fisiologismo e a irresponsabilidade fiscal, podem acontecer agora na mão inversa, à direita? Até quando?

Caras novas na política: em quem votar para a Câmara de São Paulo?


Nas últimas eleições municipais, em 2016, houve a eleição de algumas caras novas no Legislativo. Entre os mais jovens vereadores e vereadoras de São Paulo, as mais surpreendentes foram Fernando Holiday (eleito pelo DEM, hoje no Patriotas), Caio Miranda (eleito pelo PSB, hoje no DEM), Janaína Lima (Novo) e Sâmia Bonfim (PSOL, depois eleita deputada federal em 2018).

Agora, em 15 de novembro de 2020, teremos novamente incontáveis candidatos que vão pedir o seu voto e se apresentar como opções de renovação da política. Mas a gente sabe que nem todo jovem candidato significa necessariamente uma novidade boa ou uma mudança para melhor.

Assim como acompanhamos por aqui o dia a dia da política e os bastidores da Câmara Municipal de São Paulo, vamos ficar de olho nas campanhas e mostrar que pode existir uma enorme diferença entre a suposta “nova política” e a efetiva “boa política”.

Mas, enfim, como ajudar o eleitor a encontrar candidaturas que valem o voto? Certeza de um bom mandato, com novos vereadores que eventualmente forem eleitos, ninguém pode ter. Isso é óbvio. Mas um bom currículo, ficha limpa, clareza e coerência de ideias e de propostas podem ajudar.

Vamos trazer algumas dessas caras novas à página. Sem campanha partidária nem direcionamento ideológico, muito menos declaração de voto, mas abrindo espaço para antecipar alguns nomes que podem se destacar nas eleições, e que compartilhamos com os nossos seguidores.

Começamos hoje com três mulheres candidatas fortes e inteligentes, com personalidades marcantes e três histórias incríveis de vida, que mostram a diversidade de opções nas urnas: Aline Torres (MDB), Malu Molina (Cidadania) e Marina Bragante (Rede). 

Todas tem em comum nas suas propostas a redução das desigualdades e também a participação em movimentos cívicos como RAPS, RenovaBR, Agora e Acredito.

ALINE TORRES

Aline Torres, 35 anos, é formada em Relações Públicas e pós-graduada em Gestão de Projetos Culturais na ECA-USP.

Mulher negra, feminista, nascida na periferia, tem como objetivo trabalhar a cultura e a educação como ferramentas de inclusão e empoderamento da juventude.

Por isso essas são as suas principais bandeiras: a promoção da igualdade e as políticas afirmativas, além de boas práticas de gestão, inovação e empreendedorismo, unindo tudo isso para garantir que as mulheres, os negros, os homossexuais e todos aqueles que ainda são minorias na política tenham seus direitos representados.

Foi diretora do Centro Cultural de Juventude Ruth Cardoso, destacado centro de políticas públicas para jovens e adolescentes, onde atuou no planejamento e identificação de oportunidades para a população jovem por meio da cultura.

Nasceu em Pirituba, zona norte da capital. Aos 16 anos, frequentava cursinhos da Educafro, uma organização voltada para a inclusão de negros e pobres no ensino superior. Filiou-se ao PSDB, foi candidata a deputada federal em 2018 e obteve 13.189 votos. Hoje está no MDB.


MALU MOLINA

Malu Molina, 26 anos, paulistana da Vila Mazzei (zona norte), é cientista política e atuou como coordenadora no mandato da deputada federal Tabata Amaral - que apóia a sua candidatura pelo Cidadania.

Ambas disputaram a eleição de 2018 pelo PDT. Tabata foi eleita para a Câmara dos Deputados e Malu Molina teve 17.721 votos para a Assembleia Legislativa.

Começou a trabalhar aos 15 anos com vendas e costura, o que a motivou a seguir o curso de moda. Obteve bolsa de estudos, foi a primeira de sua família a fazer faculdade, e ao sair da sua comunidade para estudar e trabalhar fora, conta que se deparou com uma outra São Paulo: rica e cheia de oportunidades, mas extremamente desigual.

Emendou a faculdade de moda com a de ciência política tendo como foco estudar e trabalhar para reduzir as desigualdades. Foi pesquisadora do tema (CNPq), eleita para o Conselho Municipal Participativo da Prefeitura Regional de Santana/Tucuruvi/Mandaqui e trabalhou na Secretaria de Direitos Humanos do município, dentre outras experiências no setor privado.

Como prioridade, define algumas metas no chamado “Manifesto Pelas Vidas de São Paulo”, entre as quais instituir a Renda Básica Cidadã para famílias em situação de vulnerabilidade da cidade; e outras políticas de redução das desigualdades, como o incentivo à urbanização de favelas e à implementação de equipamentos públicos de saúde, educação e cultura em todos os bairros desassistidos.


MARINA BRAGANTE

Marina Bragante, 41 anos, é psicóloga formada pela PUC-SP e mestre em Administração Pública pela Universidade de Harvard.

Mãe de trigêmeos, trabalha há 15 anos no serviço público, fundamentalmente no Poder Legislativo (municipal, estadual e federal).

Foi por seis anos coordenadora executiva do gabinete do vereador e deputado federal Floriano Pesaro (PSDB) e por 18 meses chefe de gabinete da deputada estadual Marina Helou, hoje candidata à prefeita da Rede Sustentabilidade.

No Poder Executivo, atuou na Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social e foi também Secretária Adjunta do Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, na gestão do governador Geraldo Alckmin.

Entre as suas prioridades como candidata a vereadora estão os cuidados com a população mais vulnerável, a primeira infância, um “governo inteligente” e a redução das desigualdades na cidade.

Pesquise, informe-se, vote de maneira consciente. Boas opções não faltam (e traremos mais). O futuro de São Paulo está nas nossas mãos.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Há diferenças entre a “nova” e a “boa” política: escolha bem em quem votar


Nem só de novos candidatos vive a boa política. É ainda pior o estrago causado por quem se apresenta como novidade mas não passa de mais do mesmo. Essa reflexão é importante pois temos uma onda de negacionismo da política tradicional, como se alguém sozinho fosse chegar de fora para resolver todos os problemas.

Não funciona assim. Da esquerda à direita, se você pesquisar e se informar, vai descobrir vereadores que tiveram mandatos combativos e buscam a reeleição (ainda que democraticamente eu nem concorde com a maioria deles, mas sou capaz de reconhecer a representatividade de cada um).

Diante do descrédito da população com os políticos em geral e especialmente com os vereadores de São Paulo, que são o foco principal desta página e do texto de hoje, a dúvida que surge é sobre o nível de quem nos representa na Câmara Municipal. Será que todos são iguais? Nenhum merece se reeleger? São todos maus políticos? Ninguém presta? Calma lá!

Devemos cobrar postura de todos, podemos criticar - e fazemos isso aqui, diariamente - mas não é justo generalizar, de maneira nenhuma. Existem bons e maus políticos, bons e maus vereadores, partidos mais ideológicos e outros mais fisiológicos. Enfim, como em todo lugar, existe gente boa e gente má, homens e mulheres que exercem sua atividade com dignidade e outros nem tanto.

Não temos nem pretensão nem competência para indicar em quem você deve votar. Porém, não vamos fugir da nossa responsabilidade. A partir de hoje, publicaremos fatos sobre alguns parlamentares que honram seus mandatos e, portanto, merecem a reeleição; e também apresentaremos candidatos novatos que talvez valham a aposta (aguarde o post de amanhã).

Precisamos renovar a política e arejar a Câmara, sem dúvida, mas isso não significa que podemos prescindir de alguns bons vereadores, experientes, com grande representatividade, nem que o simples fato de eleger neófitos, escolhendo qualquer um que se apresente com o já desgastado rótulo de "nova política", vá necessariamente proporcionar mais qualidade nos trabalhos do Legislativo.

Então é isso que faremos a partir de hoje. Primeiro, lamentando que um dos melhores e mais combativos vereadores paulistanos, o veterano Gilberto Natalini (PV), anunciou que não será candidato à reeleição. No seu quinto mandato e com uma atuação exemplar nas áreas da saúde e do meio ambiente, principalmente, decidiu não concorrer. É o mesmo caso de outro parlamentar que também se elegeu pela primeira vez em 2000 e encerra a sua atuação após cinco mandatos: Celso Jatene (PL).

Vamos relembrar os vereadores que disputam a reeleição e já presidiram a Câmara Municipal de São Paulo. Isso significa que são políticos tarimbados, com bom trânsito na política, profundo conhecimento de como funciona o Legislativo municipal (para o bem e para o mal) e sobre qual deve ser o papel de um bom vereador.

São eles, pela ordem do mais antigo presidente da Mesa Diretora do Legislativo paulistano ao mais recente: Eduardo Suplicy (PT), Arselino Tatto (PT), José Police Neto (PSD), Antonio Donato (PT), Milton Leite (DEM) e Eduardo Tuma (PSDB). Não é questão de preferência pessoal ou partidária, mas de experiência.

Faremos ainda o registro de outros parlamentares qualificados que marcam presença no plenário e na tribuna, com atuação destacada e reconhecida até por adversários, como é o caso dos vereadores Soninha Francine e Professor Claudio Fonseca, ambos do Cidadania; Mario Covas Neto, do Podemos; Paulo Frange, do PTB; Alfredinho e Juliana Cardoso, do PT; e a dupla do PSOL, Toninho Vespoli e Celso Giannazi.

Enfim, para concluir este panorama inicial sobre a Câmara (que será aprofundado em postagens futuras), vamos relembrar também dos mais jovens vereadores eleitos para a atual legislatura, que vão buscar a reeleição e que tiveram mandatos de estreia bem destacados: Fernando Holiday (Patriota), Caio Miranda Carneiro (DEM) e Janaína Lima (Novo).

Como você pode perceber, há opções para todos os gostos, de origens, ideologias e partidos bastante diversificados. Até o dia 15 de novembro vamos discutir muito sobre as eleições e fundamentalmente sobre o trabalho dos vereadores. Por isso, pesquise, informe-se e vote bem!

sábado, 26 de setembro de 2020

Como calar a boca de um bolsonarista

Se excluirmos Lula e o PT do vocabulário, os bolsonaristas ficam sem assunto.

É incrível a fixação. Pior que os próprios petistas, Bolsonaro e seus seguidores tem verdadeiro fetiche pelo petismo e pela esquerda.

Bolsonaro é ladrão. E o Lula?

Queiroz depositou R$ 89 mil na conta da Michele. Ah! E a Mariza, que ficou milionária vendendo Avon?

O filho do Bolsonaro é delinquente (qualquer um, o zero-qualquer-coisa). Mas e o Lulinha?

Tem outras variações sobre o mesmo tema: esquerdalha, comunista, Cuba, Venezuela, China, Globo lixo, extrema imprensa, traíra e... pronto!

Proíba um bolsonarista de usar algum destes termos (ou todos juntos, de preferência associados a alguma agressão com referência ao prazer anal ou à mãe do oposicionista) e acabará todo o repertório dele.

Porque aos bolsonaristas não interessa provar que são honestos, competentes, íntegros, dignos, inteligentes. Basta argumentar que os petistas são iguais ou piores.

Se este governo rouba, e daí? Os petistas roubaram antes. Se este governo é golpista, medíocre e autoritário, imagine então na Venezuela.

A familícia movimentou milhões em dinheiro de corrupção... E os bilhões do PT, não vão falar nada?

Bolsonaro defende ditadura, idolatra torturador. E os comunistas mataram quantos? E o Celso Daniel?

Bolsonaro debocha do coronavírus. Claro, é tudo uma conspiração chinesa.

Bolsonaro menospreza o incêndio no Pantanal, o desmatamento na Amazônia. Ora, vai dar ibope pra ONG que bota fogo no mato para tomar o que é nosso?

Bolsonaro tem razão. Aceita que dói menos. Chora mais, petralha!

E são estes os “argumentos” bolsonaristas diante dos fatos, que diariamente expõem toda a sordidez, o obscurantismo e a canalhice deste desgoverno.

Tanto faz se eu não sou petista ou esquerdista, se o Lula não é presidente desde 2010, se está condenado e inelegível enquanto Bolsonaro e seus filhos delinquentes fogem da Justiça e se escondem sob o foro privilegiado.

O que importa aos bolsonaristas é destilar seu ódio ao PT - talvez sem perceber que são fanáticos e lunáticos iguais ou piores, reproduzindo na mão inversa tudo aquilo que criticam na ideologia alheia.

Acordem para a vida, meus caros. Larguem seus bandidos de estimação. Libertem-se dessa lavagem cerebral (se é que algum dia tiveram um!), superem essa polarização burra e entendam que o FDP agora é outro!

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Não é só mais uma eleiçãozinha


Com a divulgação das primeiras pesquisas Ibope e Datafolha, além da permissão de divulgação dos números e pedidos de votos pelos candidatos a prefeito e a vereador a partir deste domingo, está iniciada oficialmente a campanha eleitoral de 2020.

Na onda do negacionismo e do obscurantismo que vem dominando a política, com o empoderamento de uma escória retrógrada e idiotizada personificada pelos bolsonaristas, é importante reafirmar, assim como fizemos com o coronavírus: “Não era só uma gripezinha”.

Atenção para o aviso de agora: Não é só mais uma eleiçãozinha. O Brasil vai eleger prefeitos e vereadores ainda no contexto dessa pandemia, com uma crise econômica e social sem precedentes combinada à descrença generalizada nos políticos e um sistema partidário e ideológico caótico.

A civilidade precisa reagir à barbárie. O clima de polarização burra e estreita predomina na maior parte do Brasil, mas veja que o PT - inimigo nº 1 dos bolsonaristas - não tem candidatos favoritos em nenhuma das capitais brasileiras, enquanto o bolsonarismo avança.

Então, você que fez valer o antipetismo nas últimas eleições - e teve seus motivos para tanto - deve abrir os olhos e perceber que o inimigo da democracia e do estado de direito agora é outro. Precisa desenhar para você entender?

Tão ou mais prejudicial para o país, é o “PT da direita”. Se você abominava todo o fanatismo petista, os esquemas de corrupção, a partidarização do Estado, o favorecimento ilegal de aliados e a proteção da esquerda a seus bandidos de estimação, não pode aceitar tudo isso na mão inversa.

Extremismos de esquerda e de direita se aproximam naquilo que ambos tem de pior. Líderes populistas, autoritários, ditadores, golpistas devem ser rechaçados, carreguem a bandeira partidária ou ideológica que quiserem.

Fascistas, nazistas, comunistas, nacionalistas, conservadores, fanáticos e lunáticos que tentam se impor pela força e pela violência contra seus opositores merecem o nosso repúdio, estejam do lado que estiverem, petistas ou bolsonaristas.

Ditadura de esquerda ou de direita é ditadura, e precisa ser igualmente combatida. Não existe conversa nem meio termo para repudiarmos quem defende o fechamento do Congresso ou do Supremo, censura, tortura, intervenção militar. Basta!

Então, meu amigo, não adianta posar de eleitor ou cidadão patriota e consciente se continuar votando nesse lixo que se apoderou da política. Fala mal da esquerdalha, dos petralhas, mas não passa de um bolsotário, cretino e manipulado por fake news?

Perceba que todo o sistema que orbitava em torno do petismo, ou antes com os tucanos, ou depois com Temer, segue no poder com Bolsonaro. Os políticos fisiológicos, corruptos, ladrões dos cofres públicos, os inimigos da Lava Jato, continuam todos juntos no poder.

Reaja! Informe-se! Vote melhor!

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Siga o dinheiro: a 2ª parte da lição


Dando sequência à lição iniciada no post de ontem do “Siga o Dinheiro”, a aula de hoje da Escolinha do Professor Bolsonaro nos ensina muito sobre o Caixa 2, as rachadinhas (nome bonitinho para outra modalidade de corrupção), o desvio e a lavagem de dinheiro.

Hoje toda a imprensa repercute que a família Bolsonaro se elege e sobrevive às custas de dinheiro vivo. Aliás, muito dinheiro. Milhares, milhões. Deve ser essa paixão por cédulas, por papel-moeda, que motivou o governo a lançar a nota de 200 reais. Presente do papai aos filhinhos.

Por exemplo, isso facilitaria a vida do Queiroz. Nos depósitos picadinhos para a Michelle Bolsonaro, e sabe-se lá de onde veio todo esse dinheiro, bastariam 445 notas para totalizar os R$ 89 mil que Bolsonaro ainda não explicou como foram parar na conta da primeira-dama.

Mas, enfim, Jair Bolsonaro e seus filhos injetaram ao menos R$ 100 mil em cédulas nas campanhas de 2008 a 2014; fora isso, a família movimentou comprovadamente mais de R$ 3 milhões em espécie, segundo dados oficiais.

Esse dinheiro vivo entrou nas campanhas da família através de sucessivas doações eleitorais. No total, esses R$ 100 mil - sem correção da inflação - eram depósitos em espécie feitos por um membro da família em favor de outro. Coerente para quem defende as famílias de bem, mas principalmente os bens da própria família.

Afinal, que homem de bem não usa centenas de milhares de reais em dinheiro vivo para fazer campanhas eleitorais, para comprar dezenas de imóveis ou mesmo para os gastos pessoais cotidianos, como pagar a escola dos filhos, o plano de saúde ou ter um amigo que deposita dinheiro na conta da sua esposa, não é mesmo?

Transações em espécie não configuram crime, mas podem ter como objetivo dificultar o rastreamento da origem de valores obtidos ilegalmente. Foi esse tipo de movimentação financeira suspeita que possibilitou à Lava Jato (por meio do Coaf, órgão extinto por Bolsonaro) prender muito corrupto graúdo.

Os depósitos em dinheiro vivo para o financiamento das campanhas foram identificados pelos jornalistas da Folha nos processos físicos das prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral. Claro, então isso deve ser coisa de jornalista comunista, portanto descartado como prova pelo gado bolsonarista.

O fato é que a reportagem analisou recursos recebidos para a eleição de Jair Bolsonaro (sem partido) e de seus filhos Flavio (Republicanos-RJ), Carlos (Republicanos-RJ) e Eduardo (PSL-SP). O elevado uso de cédulas, depósitos em papel-moeda nas campanhas, destoa da prática de outras candidaturas bem-sucedidas no mesmo período.

Já o dinheiro vivo no dia-a-dia da família foi comprovado por investigações em curso (todas bloqueadas, obviamente, por conta da mão amiga dos juízes, do Procurador-Geral da República ou do foro privilegiado), mas levaram o Ministério Público do Rio de Janeiro a denunciar ao menos um dos filhos do presidente pelo recebimento criminoso de dinheiro público em benefício pessoal.

Os outros filhos e a primeira-dama são investigados em ações paralelas, por outros motivos e suspeitas, como é o caso dos depósitos do Queiroz, do emprego de funcionários fantasmas, do patrocínio do chamado “gabinete do ódio”, do uso de robôs nas redes sociais, da disseminação de fake news, da relação com as milícias etc. Tutti buona gente.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Siga o dinheiro: 1º passo de qualquer investigação

O bordão "Siga o dinheiro" ficou famoso no caso Watergate, dito por Deep Throat ("Garganta Profunda"), a fonte sigilosa dos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein na série de reportagens publicadas no Washington Post, na década de 1970, e que levou à renúncia do então presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon. Mas é uma lição que cabe em qualquer escândalo político. Serve para tudo e para todos.

Avançando no tempo (ou retrocedendo, conforme o ponto de vista), o mesmo ensinamento poderia ser usado para esclarecer muitos outros mistérios: de quem mandou matar Marielle a quem mandou matar Bolsonaro? Ou quem financiou a eleição do presidente da República e de seus filhos? Todo o dinheiro usado na campanha foi declarado? E o Queiroz? E o Lula? "Siga o dinheiro".

O uso do Caixa 2, além da contribuição oficial de pessoas físicas diretamente para os candidatos ou indiretamente, por intermédio do fundo partidário e de contribuições repassadas pelas legendas, chegou a ser uma prática usual por muitos anos no Brasil. Estão aí as denúncias e algumas condenações envolvendo PT, PSOL, PSDB, MDB, DEM, PSD, PP, PSL... Ou seja, a ilegalidade não tem ideologia nem preferência partidária.

A campanha presidencial de Bolsonaro também não escapou das denúncias de irregularidades. Da compra ilegal do disparo em massa de mensagens contra adversários no Whatsapp à doação empresarial disfarçada, passando pelo uso de candidatos laranja que serviam apenas para repassar dinheiro a outras campanhas, ou ainda de recursos originados de funcionários fantasmas ou da famosa "rachadinha" dos gabinetes ligados a Bolsonaro, inclusive dos seus filhos, o que não falta são suspeitas e denúncias.

Pouca coisa avança, visto que os envolvidos se escondem atrás do foro privilegiado, brecam as investigações com chicanas jurídicas ou mesmo pelo controle abusivo exercido na PF e na PGR, ou ainda por manipulação política, como a compra do apoio do Centrão com o loteamento de verbas e cargos públicos - tudo aquilo que Bolsonaro prometia combater e, na prática, repete igual ou pior (Tem dúvida? Antes de me acusar de petralha, pergunte ao Sérgio Moro ou à Joice Hasselmann).

Mas, vamos lá! De onde veio o dinheiro para eleger Bolsonaro? De Luciano Hang, o "véio da Havan", que teria sido um dos patrocinadores das mensagens ilegais disparadas contra o PT, ao empresário paranaense Wilson Picler, do grupo Uninter, uma rede de ensino à distância, que já foi deputado pelo PDT e se tornou o maior doador individual do PSL na prestação de contas oficial da campanha, muita coisa é revelada no rastro deixado por esses apoiadores. 

Quem investe milhões do próprio bolso para eleger um político pensando apenas no "bem do país", sem desejar nada em troca? Desses mencionados, Hang e Picler, por que será que eles apoiam e financiam Bolsonaro e os filhos dele, além do partido em gestação dos bolsonaristas, o Aliança Pelo Brasil, e outros movimentos de direita, como a CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora), apelidada pelos opositores de "Internacional Fascista", e o Moviment, do presidiário Steve Bannon?

Quem mais vemos entre os doadores da família Bolsonaro? Além dos recursos repassados do PSL e do PRTB (partido do vice, general Hamilton Mourão) para pagar serviços de segurança, cessão de sala para comitê, domínio de site, passagens aéreas e hospedagens, o grosso das doações oficiais veio das vaquinhas eletrônicas na internet (nenhuma referência irônica ao gado bolsonarista nem aos robôs, que fique claro). 

Os sócios da rede Coco Bambu e o fundador da Tecnisa foram doadores. Gustavo Bebianno, apoiador de primeira hora e que morreu em março de 2020, após ter rompido com Bolsonaro, também. Teve delegado, promotor de justiça, funcionários públicos e até condenados na Justiça por corrupção, como foi o caso do cidadão Jonei Anderson Lunkes, cumprindo pena de 6 anos, 1 mês e 10 dias, em regime semiaberto, após uma operação que investigou esquema de contratos fraudulentos na Secretaria de Saúde de Natal (então, Roberto Jefferson, tire seu cavalinho da chuva que você não foi o primeiro corrupto condenado a apoiar Bolsonaro, hein?).

Além de Bebianno, outro ex-assessor que já morreu foi um dos maiores doadores das campanhas da família Bolsonaro. O capitão do Exército Jorge Francisco, que trabalhou quase duas décadas como assessor parlamentar de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados e faleceu com 69 anos, em 2018, por conta de um infarto, repassou ao todo R$ 81 mil, em quatro eleições entre 2004 e 2016, para as campanhas de Jair e de seus filhos.

Em valores nominais, a maior doação de Jorge Francisco foi em agosto de 2012. Secretário parlamentar do então deputado Jair Bolsonaro, com remuneração mensal de R$ 6,7 mil na Câmara, ele fez uma transferência eletrônica de R$ 15 mil beneficiando o filho do chefe, Carlos, na campanha à reeleição de vereador. Ou seja, sua doação equivalia a mais de dois meses de salário. Grande benemérito.

Outro assessor-doador foi Telmo Broetto, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) que trabalhou como secretário parlamentar de Jair Bolsonaro entre 2005 e 2018 e posteriormente passou a exercer o mesmo cargo no gabinete de Eduardo Bolsonaro, na Câmara dos Deputados.

Em 2006, Telmo doou à campanha de Flávio Bolsonaro, à Assembleia Legislativa do Rio, R$ 9 mil – o equivalente a mais de R$ 17 mil em valores atualizados. Em 2014, doou R$ 11 mil à campanha de Eduardo Bolsonaro. À época, recebia R$ 10 mil de salário na Câmara dos Deputados.

Na terceira posição entre os assessores que mais fizeram doações de campanha para a família Bolsonaro está Valdenice de Oliveira Meliga, irmã de dois milicianos presos em 2018, Alan e Alex Rodrigues Oliveira. De maio de 2018 até fevereiro de 2020, ela ocupava um cargo de confiança no gabinente da liderança do PSL na ALERJ, sob comando de Flávio Bolsonaro. 

Valdenice prestou serviços à candidatura do chefe ao Senado em 2018, numa doação de valor estimado em R$ 5 mil. Funcionária de confiança, ela também assinava cheques de campanha em nome do hoje senador, investigado no escândalo das rachadinhas e suspeito na relação com as milícias.

Para concluir a primeira lição do "siga o dinheiro", entre tantos caminhos e atalhos mal explicados, fica só uma pergunta ao presidente Bolsonaro (que, assim como no aliado Roberto Jefferson, parece lhe despertar os "instintos mais primitivos", a ponto de querer "encher de porrada" a boca dos jornalistas): Por que, afinal, o Queiroz depositou R$ 89 mil na conta da Michelle?

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Nada como uma polícia amiga e uma justiça que come na mão para proteger Bolsonaro, a familícia e aliados corruptos


Quem votou em Jair Bolsonaro gosta de afirmar por aí que estamos há um ano e nove meses sem corrupção, destacando como supostas qualidades deste governo a honestidade, a coragem e a transparência.

Mas aí vem a realidade dos fatos atropelada pela hashtag #BolsonaroFujão para restabelecer a verdade e recolocar a escória bolsonarista no seu devido lugar. Covardes, bandidos, fujões, cúmplices, corruptos.

O presidente e seus filhos delinquentes vivem fugindo da justiça, da polícia e da imprensa, escondidos sob o foro privilegiado e em ações que envolvem não apenas seus advogados de defesa, mas juízes de primeira instância, ministros dóceis do STJ, TSE e STF, além da ingerência ilegal na PF e na PGR.

Neste exato momento, Jair Bolsonaro está fugindo do depoimento presencial sobre a interferência criminosa na Polícia Federal para defender seus filhos e aliados, bem como conseguiu a suspensão do inquérito pela mão amiga do ministro Marco Aurélio Mello (aquele que é primo de Fernando Collor de Mello), a pedido da Advocacia Geral da União.

Ainda no STF, sob a presidência recém-encerrada do ministro Dias Toffoli (aquele que foi advogado do PT), Bolsonaro viveu uma “lua de mel”. Nenhuma ação contra o presidente foi pautada, enquanto houve um claro esvaziamento da Lava Jato, foram derrubadas decisões de Sérgio Moro e até mesmo a prisão em segunda instância foi proibida.

Aonde estão as investigações sobre o depósito do Queiroz na conta da primeira-dama? E as denúncias envolvendo o senador Flávio Bolsonaro? Tudo bloqueado pela turma mais dócil do Supremo aos corruptos. Medidas protelatórias e o foro privilegiado que Bolsonaro prometia combater é o que protege ele próprio e seus filhos da punição.

No STJ, a família Bolsonaro também nada de braçada - e, perdoe o trocadilho involuntário, nada avança contra a familícia. É investigação de rachadinha paralisada, é censura contra matéria da Globo sobre corrupção concedida a pedido do filho, é habeas corpus para soltar o Queiroz. Se Bolsonaro manda, quem tem juiz obedece.

Polícia domesticada, procurador-geral fiel ao dono, justiça parceira em todas as instâncias funcionando como um grande parque de diversões do governo e da família Bolsonaro, que tem seu passaporte da alegria liberado para festejar com os amigos a impunidade.

Não me diga que só você não percebeu que Bolsonaro trocou a amizade de Sérgio Moro, o juiz caçador de corruptos, por Roberto Jefferson, o corrupto que foi preso e condenado, lidera a quadrilha do Centrão e está na linha de frente dos inimigos da Lava Jato, que une de Lula e a Bolsonaro com seus bandidos de estimação.

Bem, a diferença é que Lula está condenado e inelegível. Saiu da Presidência em 2010 e hoje vive como um espectro da oposição com suas aparições eventuais em lives de petistas e aliados, quase todos enjeitados e fadados ao fracasso. E onde está Bolsonaro, o fujão?

Fugiu dos debates na campanha presidencial, fugiu dos esclarecimentos sobre laranjas no governo, fugiu das perguntas sobre o Queiroz, fugiu da responsabilidade sobre falas e ações no combate à pandemia, fugiu dos inquéritos do gabinete do ódio e das fake news, foge das próprias promessas - e até da sombra de inimigos reais e imaginários.

E os filhos? Fogem igualmente de tudo isso e mais um pouco: ódio, fake news, rachadinhas, fantasmas. Além de ajudarem os outros a fugir. Votando contra o impeachment do Crivella no Rio, escondendo o Queiroz na casa do advogado, mandando ministro suspeito com passaporte diplomático para os Estados Unidos. Fujões.

Assim é fácil afirmar que o Brasil está há um ano e nove meses sem corrupção no governo. Se não há investigação, já que todos fogem, obviamente não há nenhuma apuração, nem presos ou condenados. Mais fiel à realidade seria dizer que o Brasil está há um ano e nove meses sem governo, sem oposição, sem justiça, sem rumo e sem noção. Uma vergonha.

domingo, 20 de setembro de 2020

O dilema de Tostines: todo bolsonarista é idiota ou todo idiota é bolsonarista?


Não, eu não tenho nenhum respeito por quem idolatra Bolsonaro. Se ele próprio não respeita ninguém, por que eu deveria respeitar o meme que virou presidente ou quem acha este boçal o máximo?

Por que eu não posso criticar o presidente demente que chama de FRACO quem fica em casa durante a quarentena na pandemia, que tripudia de quem adoeceu e quem morreu, e que faz questão de dar mau exemplo diário, desrespeitando todos os protocolos de saúde?

Por que eu tenho que respeitar um psicopata que não tem nenhuma empatia pelos cidadãos brasileiros nem compaixão pelas vidas que se perdem, logo ele que diz representar as “famílias de bem” e servir a Deus?

Que homem de bem ou fiel a Deus faz piada do incêndio que está destruindo o Pantanal, incentiva o desmatamento da Amazônia, desqualifica seu próprio povo e não se sensibiliza com o sofrimento, seja de seres humanos ou de animais?

Por que eu devo respeito a quem é incivilizado, quem despreza a ciência, quem cria inimigos reais e imaginários para destilar seu ódio doentio, quem se diz saudoso da ditadura e da tortura, inclusive idolatrando um torturador assassino e afirmando que morreram poucos na mão dele?

Então, aqui o troco é na mesma moeda. Aceita que dói menos. Engole o choro, bolsotário. Sem mimimi. Quem acha Bolsonaro “mito” ou o melhor presidente não vai se ofender com qualquer resposta atravessada ou mal educada, não é mesmo? Bolsonaro tem razão. Fechados com Bolsonaro, sempre! (no presídio ou no hospício)

sábado, 19 de setembro de 2020

Gripezinha... Foguinho... e daí?


Não é possível que ninguém tome uma atitude firme contra esse psicopata que desgoverna o Brasil, que se orgulha da “proteção” ao meio ambiente e que debocha de mais de 30 milhões de pessoas no mundo e quase 5 milhões de brasileiros contaminados.

É de uma canalhice sem precedentes um presidente tripudiar com sarcasmo sobre a vida do seu próprio povo, desestimular os protocolos de saúde contra o contágio da Covid-19 e repetir que ficar em casa durante a pandemia é coisa de FRACO.

Celebrar o Brasil como “o país que mais preserva o meio ambiente”, como no parabéns dado por Bolsonaro ao próprio desgoverno, ou comemorar o enfrentamento oficial à pandemia e o “cuidado com o povo”, que resultou em APENAS 140 mil mortes, deveria ser motivo suficiente para cassação e banimento da vida pública.

Por muito menos derrubaram Collor e Dilma. Que Congresso mais dócil e desacreditado é esse, incapaz de se posicionar contra o pior presidente de todos os tempos (talvez o pior ser humano que já ocupou o cargo), e de defender o nosso estado democrático de direito?

Bolsonaro é um cafajeste, inepto, desumano, desqualificado, desequilibrado, incompetente, irresponsável, desprezível. Um verme, assim como seus seguidores fanáticos e lunáticos. A escória da política e da sociedade. Lixos! Mas nós seguiremos cúmplices e omissos?

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Covas x Russomanno no 2º turno, com França correndo por fora?


A campanha eleitoral nem começou, temos 14 candidaturas lançadas à Prefeitura de São Paulo, mas já é possível apostar que o futuro prefeito sairá do embate entre Bruno Covas, Celso Russomanno e Márcio França. (Será?)

Claro que tudo é uma questão de opinião, baseada em fatos, no faro jornalístico e na experiência de quem acompanha o dia a dia da política paulistana. Mas pode anotar aí e me cobrar na noite de 15 de novembro, quando forem anunciados os resultados das eleições.

Outra aposta polêmica: Guilherme Boulos (PSOL) deve ter mais votos que Jilmar Tatto, com toda a força que o PT sempre mostrou na cidade de São Paulo (não por acaso, inclusive, elegendo três prefeitos: Erundina, Marta e Haddad). Mas nem Boulos, nem Tatto tem a mínima chance de chegar ao 2º turno. Pode cravar.

Não é torcida, é palpite. Torcida mesmo, declarada, sincera, é de não ver o bolsonarismo ocupar a Prefeitura paulistana. Então vamos deixar claro desde já: não sou imparcial, nem isento. Eu sou anti-bolsonarista. Voto em qualquer um que não estiver com Bolsonaro no palanque.

E Celso Russomanno chega justamente com esse trunfo. Juntou o Republicanos, braço partidário da Igreja Universal, com o PTB de Roberto Jefferson, governista desde Collor, passando por FHC e condenado por corrupção nos governos do PT, para representar o bolsonarismo xiita.

Se o eleitor paulistano que votou em Bolsonaro abraçar Russomanno (embora a rejeição inicial pareça forte), ele estará no 2º turno para enfrentar o prefeito Bruno Covas (PSDB), que larga com favoritismo para a reeleição, com uma coligação de dez partidos, recursos de sobra e o maior tempo de TV.

O simples fato de Russomanno ter confirmado a candidatura - ele que já disputou e perdeu feio em 2012 e 2016, depois de despontar como favorito em todas as pesquisas - mostra que Bolsonaro vai jogar todas as fichas nele.

Em tese, Russomanno tira votos de todos os candidatos. Resta saber quanto ele soma - e qual o seu índice pessoal de rejeição, acrescido do eleitor avesso a Bolsonaro. Mas a entrada dele na disputa queima na largada todos aqueles que sonhavam herdar o voto bolsonarista.

Estão nesse pelotão: Andrea Matarazzo (PSD), Joice Hasselmann (PSL), Arthur do Val “Mamãe Falei” (Patriota), Filipe Sabará (Novo) e Levy Fidelix (PRTB), candidatos a dividir o voto de direita que restar de Russomanno e Covas. E já bateu o desespero, com apelos a Moro, Mourão e até a Maluf (justo pelo Novo!)

Corre por fora a candidatura de Márcio França (PSB), com uma limitada chance de sucesso: se fizer valer o “recall” de quem votou nele para governador em 2018, comendo pelas beiradas tanto o voto anti-Doria (e por extensão anti-Covas), quanto o anti-Bolsonaro e o anti-PT.

Na missão quase impossível de conquistar um eleitorado essencialmente de centro, ou emplacar algo desse anti-tudo (que pode dar em nada), França tem uma coligação de cinco partidos e o segundo maior tempo de TV para garimpar esse acesso sinuoso ao 2º turno.

Então, é isso: Covas, Russomanno, França e Boulos serão os protagonistas, cada qual com um papel bem definido na eleição; Tatto, Joice, Matarazzo, Arthur e Filipe, coadjuvantes; o resto é figurante ou dublê para cenas de risco, com pouco espaço para revelações e os canastrões de sempre.

Façam também as suas apostas...



quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Bolsonaro libera R$ 3,8 milhões para combater fogo no Pantanal: valor equivale a quatro meses de seus gastos pessoais no Palácio do Planalto


Você entendeu o tamanho do absurdo? A ajuda emergencial disponibilizada pelo presidente Bolsonaro para combater o maior incêndio da história no Pantanal equivale ao que foi gasto por ele em apenas quatro meses com o cartão corporativo da Presidência.

Ou seja, o que Bolsonaro torrou de dinheiro público para custear as despesas pessoais dele e da família, entre janeiro e abril deste ano, sem nem ao menos prestar contas dos gastos, é a mesma quantia que ele encaminhou para combater a tragédia no Pantanal que comove o mundo.

Esses R$ 3,8 milhões são um valor irrisório e ineficaz, que representam apenas 7% do orçamento que havia disponível para o combate a queimadas em áreas federais quando Bolsonaro assumiu o governo - e que ele cortou de maneira intempestiva e irresponsável.

Vamos repetir para todo mundo entender: Nesta semana, em meio às imagens desesperadoras do incêndio no Pantanal, o governo federal anunciou a liberação de R$ 3,8 milhões emergenciais para o combate ao fogo e o socorro aos animais. Como se isso fosse grande coisa, mas é mesquinharia.

É o preço de uma casa no Condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, onde Jair Bolsonaro morava antes de se eleger presidente, ainda possui dois imóveis e tinha entre seus vizinhos até um dos assassinos da vereadora Marielle Franco.

O valor é de uma casa, mas a área devastada pelo fogo no Pantanal já é maior que as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro juntas. Percebeu o drama? O presidente anuncia R$ 3,8 milhões como se fosse uma grande ajuda. Mas não é nada além de engana-trouxa! Passa-moleque!

Valor equivalente a um único imóvel no condomínio de luxo do presidente. Valor idêntico ao que ele usou para se manter confortável por quatro meses no Palácio do Planalto. Enquanto a flora e a fauna de um dos biomas mais significativos do planeta vira cinzas.

Quando Bolsonaro foi eleito, em 2018, o orçamento do governo para a prevenção e o controle de incêndios florestais em áreas federais era de R$ 53,8 milhões. Foi reduzido para R$ 45,5 milhões em 2019, e agora para R$ 38,6 milhões em 2020.

A verba para a contratação de equipes de combate ao fogo e brigadistas caiu de R$ 23,78 milhões em 2019 para R$ 9,99 milhões neste ano - uma redução inexplicável de 58%, de acordo com dados oficiais do Portal da Transparência.

Isso enquanto as queimadas na Amazônia aumentaram mais de 30% em 2020, pelos dados oficiais do próprio governo, e o Pantanal registra o maior número de focos de incêndio e sofre os efeitos da maior tragédia ambiental da nossa história.

E lá vem Bolsonaro com esses R$ 3,8 milhões de auxílio emergencial, festejado pelo governo como a mesada ofertada ao povo miserável durante a pandemia. Querendo mais uma vez faturar politicamente com dinheiro público e a dor alheia.

Se não bastasse ser o mesmo valor de uma casa ou da parcela quadrimestral do cartão corporativo, é uma quantia equivalente também ao total de dinheiro que Flavio Bolsonaro teria lavado na sua franquia da Kopenhagen e em transações imobiliárias suspeitas, segundo denúncias do Ministério Público.

Ou ainda 13% (olha o treze aí, gente!) dos R$ 29,5 milhões que a Revista Época acusa, em matéria desta semana, a família Bolsonaro de ter repassado a pelo menos 39 funcionários fantasmas dos gabinetes parlamentares de Jair e dos filhos Flávio, Carlos e Eduardo.

Para finalizar as comparações, o dinheiro disponibilizado para a emergência no Pantanal é menor que o total arrecadado pelo então candidato Bolsonaro em 2018. Segundo o extrato final da prestação de contas, o presidente arrecadou R$ 4,3 milhões para vencer as eleições.

Em resumo, para Bolsonaro, a campanha eleitoral dele, ou a casa, ou o cartão corporativo, todos e cada um destes tem mais valor que apagar o incêndio e salvar vidas no Pantanal. Talvez isso explique muita coisa...

BolsonAgro: Vale tudo por dinheiro?

Às vezes é bom dizer umas verdades, ainda que (ou principalmente quando) isso possa provocar a ira dos poderosos e gerar uma reação orquestrada de quem tem atingida a parte mais sensível do corpo desse tipo de gente: o bolso.

Não por acaso, é o bolso dos apoiadores de Bolsonaro que em geral mais sofre quando o mundo se manifesta contra o obscurantismo, o negacionismo, o fundamentalismo cretino e as fake news; ou protesta contra os incêndios criminosos que devastam o Pantanal e a Amazônia.

Por que? Ora, porque faturar com o desprezo pela vida e o desrespeito às leis sob a cumplicidade do governo, com um presidente inepto e irresponsável, e um ministério repleto de parceiros do crime organizado contra a sustentabilidade e o meio ambiente, a ciência, a saúde, a educação, a cultura e o estado democrático de direito é muito mais fácil e conveniente.

Tem gente boa? Claro que tem. Mas como concordar com o entusiasmo fake que vemos nas campanhas caça-níqueis do agronegócio brasileiro, num mercado global onde o vale-tudo por dinheiro é cada vez mais repudiado, se conhecemos a verdade por trás do marketing, da publicidade e principalmente da política?

Desmatamento, fraudes, fogo criminoso, invasão de áreas de preservação, trabalho escravo, mortes, crueldade com os animais, overdose de agrotóxicos e uma “boiada” de ilegalidades que passa despercebida, como já propôs o próprio ministro do extermínio do meio ambiente.

Essa é a realidade por trás do “BolsonAgro”. Tech? Pop? Tudo às custas de quanto sofrimento e de quantas mortes? Que modernidade é essa que coloca o enriquecimento de meia dúzia acima da vida de milhões de seres humanos, da flora e da fauna?

Nesta semana já vimos o “cancelamento” do escritor Paulo Coelho pela milícia bolsonarista, ao postar no twitter e depois apagar um protesto que segue a tendência mundial: "Boicote as exportações brasileiras ou o taleban cristão controlará o país."

Um repúdio difuso ao poder bilionário das chamadas bancadas BBB: do boi, da bala e da bíblia. Essa excrescência antidemocrática que já domina a política brasileira e tem o ápice do seu empoderamento no (des)governo Bolsonaro. Um horror!

E o que faz Bolsonaro? Corta recursos do meio ambiente. Faz piada dos incêndios. Lava as mãos. Fecha os olhos. Ataca ONGs, ambientalistas, artistas, opositores, jornalistas. Isenta e anistia apoiadores criminosos. Compra o apoio de políticos retrógrados e corruptos. Vende um Brasil surreal.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

15 de setembro: Dia Internacional da Democracia


A Democracia é tão importante que não lhe cabe apenas uma data simbólica, mas duas. Hoje, 15 de setembro, é o Dia Internacional da Democracia instituído pela Organização das Nações Unidas.

No Brasil, também o dia 25 de outubro é outra data que registra o Dia da Democracia, pois marca a tortura e o assassinato covarde do jornalista Vladimir Herzog pela ditadura militar. São coisas que não podemos esquecer nem repetir jamais!

Democracia, na definição de Abraham Lincoln, é o governo do povo, pelo povo, para o povo. Ou, para Winston Churchill, democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais. Ou seja, com todos os seus problemas, não há sistema melhor que a soberania do povo.

Na conceito da ONU, democracia é um valor universal baseado na vontade livremente expressa das pessoas para determinar seus próprios sistemas políticos, econômicos, sociais e culturais e sua plena participação em todos os aspectos de suas vidas.

Na prática, é uma boa oportunidade para reiterarmos os nossos princípios e, de passagem, explicar porque fazemos oposição sistemática ao (des)governo Bolsonaro e repudiamos de forma tão enfática o bolsonarismo e os lunáticos bolsonaristas.

Democracia, livre pensar, soberania do povo, sistema político em que os cidadãos elegem os seus dirigentes por meio de eleições periódicas, é a manifestação da vontade da maioria com respeito às minorias. Jamais a ditadura da maioria.

Aqui defendemos a democracia, a cidadania, a boa política, o estado de direito, as liberdades individuais e coletivas, a justiça, a cultura, a ciência, a diversidade e a pluralidade do brasileiro.

Mas não estamos aqui para agradar ninguém.

Trabalhamos com informações, fatos e opiniões. As nossas e as divergentes.

Não temos chefe. Não temos dono. Nem medo de cara feia.

Muitos seguidores não entendem essa postura. Gente que chegou porque nos viu criticar o PT ou apoiar a Lava Jato, fica indignada agora quando nos declaramos oposição ao bolsonarismo.

Pois é isso mesmo, gostem ou não!

Aqui não é fã-clube de bolsonarista, nem de petista, nem de tucano, nem de partido nenhum.

Não temos rabo preso. Nem guru. Nem bandido de estimação.

Acusação de comunista, esquerdalha ou asneiras do tipo também não colam.

Compromisso só com a nossa própria consciência.

Mas não somos isentões. Longe disso!

Fazemos jornalismo à moda antiga. Não aquele "showrnalismo" chapa branca que serve ao poder da ocasião, aos poderosos e bajuladores de plantão.

Tem gente que ainda pensa que o jornalismo deve ser sempre neutro, isento, imparcial. Nada disso. Temos lado. Temos posição declarada. O que não temos é partido único.

O jornalismo político é essencialmente de oposição. Fiscalizamos os políticos. Cobramos coerência, eficácia, decoro e responsabilidade de todos os governantes. Exigimos transparência e satisfação ao público. Jogamos luz sobre conchavos e esquemas de bastidores.

Para elogiar governos e bajular políticos, o Brasil não precisa de jornalistas. Estão aí publicitários, marqueteiros, assessores, servidores, militantes, fanáticos, influenciadores, admiradores e eleitores em geral.

Esse é o objetivo da existência de espaços como o #Suprapartidário, o #CâmaraMan e o #ProgramaDiferente, cada um com as suas características, mas todos atuando em parceria na trincheira democrática e independente do bom jornalismo.

Apesar dos mais de 150 mil seguidores nas redes, não dependemos da quantidade de curtidas, views, comentários ou compartilhamentos.

Tanto faz se a milícia virtual aprova ou desaprova as nossas postagens. Não nos preocupamos com engajamento, nem com patrulhamento ideológico.

Defendemos a imprensa livre e independente, a liberdade de expressão e de pensamento. Até para postar opiniões contrárias às nossas, como é praxe diária ao criticarmos o bolsonarismo.

Porém, o troco é dado sempre na mesma moeda. Comentário civilizado, com argumentos racionais, receberá uma resposta educada. Xingamentos, agressões ou ameaças terão uma reação na mesma proporção. Bateu, levou!

A barbárie não vai vencer a civilização. Temos respeito zero por saudosos de ditaduras (de direita ou de esquerda), defensores da censura, de intervenções militares ou de métodos deploráveis como a tortura. Essa escória da sociedade será rechaçada nas nossas páginas.

Basicamente é isso. Segue quem quer.

Sintam-se todos bem vindos.

Mas, para os descontentes, a porta da rua é serventia da casa.

Viva a democracia e a liberdade!

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Decifra-me ou te devoro: Três mistérios na campanha pela Prefeitura de São Paulo

Consolidadas as principais candidaturas à Prefeitura de São Paulo, resta uma última definição para as próximas 48 horas, que na prática pode resultar em três perguntas decisivas:

1) Celso Russomanno vai confirmar a sua candidatura a prefeito pelo Republicanos na convenção partidária desta quarta-feira?

2) Com ou sem Russomanno, será que o voto bolsonarista vai migrar em peso para algum candidato à Prefeitura? Quem?

3) As redes sociais vão interferir no resultado das eleições como ocorreu em 2018 ou a propaganda tradicional de rádio e TV será predominante em 2020?

Isso porque o prefeito Bruno Covas parte para buscar a reeleição com o maior tempo de TV e uma coligação formada por dez partidos (PSDB, MDB, DEM, Podemos, PSC, Progressistas, PL, PROS, Cidadania e PV).

Também surgiu como novidade a escolha do candidato a vice de Covas, o vereador Ricardo Nunes, do MDB, que tem forte atuação comunitária na zona sul e o histórico de ter recuperado bilhões de reais aos cofres paulistanos como presidente da CPI da Sonegação Fiscal.

Ou seja, como estrutura tradicional (o volume de propaganda, a quantidade de vereadores e candidatos na campanha, o apoio dos grandes partidos e a própria máquina da Prefeitura), é inegável que Bruno Covas larga como favorito.

A definição da candidatura de Russomanno, com o eventual apoio declarado de Bolsonaro e dos bolsonaristas, pode ser o maior obstáculo para a reeleição do prefeito tucano. Desde que os eleitores migrem o voto, obviamente.

Também a forte presença dos adversários nas redes sociais - como Joice Hasselmann (PSL), Guilherme Boulos (PSOL) e Arthur do Val (Patriota), por exemplo, com influência bem maior que Bruno Covas - pode colocar cascas de banana no caminho do prefeito.

Outro candidato que aposta na política tradicional, com o apoio de cinco partidos e presença discreta nas redes sociais, é o ex-governador Marcio França. PSB, PDT, PMN, Avante e Solidariedade compõem a chapa.

Sempre forte nas redes, nas ruas e nas urnas, dessa vez o PT enfrenta dois grandes desafios: a onda antipetista que ainda domina o cenário político polarizado e uma candidatura considerada frágil, de Jilmar Tatto, correndo o risco de ser superada até pelo PSOL, que traz Guilherme Boulos com Luiza Erundina de vice.

Além do apoio declarado de muito eleitor petista à dobradinha do PSOL, também a ex-prefeita Marta Suplicy, que preserva um eleitorado cativo principalmente na periferia e estava filiada ao Solidariedade, anunciou apoio ao prefeito Bruno Covas.

Então, segura aí a expectativa que as próximas 48 horas serão decisivas para apontar os caminhos da sucessão paulistana. E você, o que acha que vai acontecer? Faça a sua aposta.

domingo, 13 de setembro de 2020

Febre de Juventude: pandemia, fanatismo e rejeição à política

Parece nome de filme, mas não é. Ao contrário do título da versão brasileira da comédia “I Wanna Hold Your Hand”, dirigida por Robert Zemeckis e produzida por Steven Spielberg lá no final dos anos 70, que ao pé da letra seria “Eu quero segurar sua mão”, obra-prima dos Beatles, aqui nessa “Febre de Juventude” falamos sobre outro tipo de fanatismo.

Longe do carisma e da inocência da beatlemania, do romantismo ou da rebeldia juvenil, vivemos uma época de obscurantismo e fanatismo político - muito mais retrógrada que 1963, ano de lançamento da música-título do filme, ou mesmo que 1978, quando a película foi exibida nos cinemas.

Basta dar nomes aos bois. Em 1963, quando os ingleses John, Paul, George e Ringo estouraram para o mundo no programa de Ed Sullivan, na TV norte-americana, o presidente dos Estados Unidos era outro John, o Kennedy. O Brasil também era presidido por um João, o Goulart.

Jair e Donald famosos na época, só mesmo no futebol e nos desenhos animados. Tínhamos o ídolo Jair da Rosa Pinto encerrando a carreira, enquanto um promissor ponta-de-lança chamado Jairzinho estreava como profissional no Botafogo do Rio; e Donald era apenas o icônico Pato de Disney, ainda vivo.

Jair Bolsonaro, então uma criança de 8 anos, e Donald Trump, adolescente de 17, nem sonhavam em comandar seus países - nem Brasil e Estados Unidos imaginavam o pesadelo que enfrentariam na vida real, dali a pouco mais de meio século, com essas duas bestas eleitas.

Mas, feito todo esse arrazoado crítico de abertura, voltemos ao tema principal: A FEBRE DE JUVENTUDE. Qual é a razão desse título, afinal? Eu explico: quem não quiser votar neste ano basta alegar que teve febre no dia da votação. Simples assim.

Em tempos de pandemia do coronavírus, graças ao protocolo de segurança sanitária adotado pelo Tribunal Superior Eleitoral, os cartórios eleitorais aceitarão como justificativa à ausência essa mera declaração posterior do estado febril.

Como as abstenções são crescentes nos últimos anos, podemos crer que o direito de alegar uma simples febre para quem acha a política um mal desnecessário e o fanatismo uma doença repugnante, pode ser uma saída facilitada para justificar a rejeição aos políticos e às eleições.

Se nem a obrigatoriedade do voto, a multa pela ausência (que é irrisória) e as campanhas pelo voto consciente foram capazes de levar mais gente às urnas ou de mobilizar principalmente os jovens, imagine nesta situação atípica de comparecimento desestimulado.

O risco de não votar, ou ainda de votar nulo, em branco ou em qualquer um, é que depois viveremos no mínimo quatro anos sob os efeitos colaterais do ato impensado. Está aí o bolsonavírus que não nos deixa mentir.

O nível de abstenção no 2º turno de 2018 foi de 21,3% do total de eleitores, o que significa que 31,3 milhões de brasileiros simplesmente não compareceram às urnas nas últimas eleições, para escolher entre Bolsonaro e Haddad.

No 1º turno a ausência já tinha sido elevada (20,3%). No 2º turno, somados os ausentes com votos brancos e nulos (mais 9,5% do total), foram 42 milhões de pessoas que optaram por não votar em ninguém - o maior índice desde a redemocratização do Brasil.

Em vez da febre que pode incentivar a ausência das urnas, eu ainda sonho como uma febre de juventude que promova a boa política, um surto de mudança consciente e responsável, o aprimoramento da democracia representativa e o banimento definitivo de corruptos, bandidos e usurpadores da confiança depositada no voto. Essa é a cura.


sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Fogo na Amazônia e no Pantanal: O sofrimento dos animais e o mico do mito mitômano

Se não bastasse todo negacionismo e obscurantismo do (des)governo Bolsonaro, parece existir uma disputa interna de qual personagem é mais inepto, despreparado, irresponsável, desqualificado e desequilibrado, além de quem nos faz passar mais vergonha mundial.

A mais recente foi protagonizada pelo vice presidente, General Mourão, e pelo sinistro do extermínio do meio ambiente, Ricardo Salles. Para negar as queimadas na Amazônia, produziram um vídeo mostrando toda a pujança verde da floresta e “provaram” que os bichinhos estão são e salvos.

Até o presidente compartilhou tal vídeo, narrado em inglês e legendado em português, para calar a boca dos críticos e de quem denuncia que há focos de incêndio na floresta. Lá estava a prova definitiva: um mico-leão-dourado vivinho da silva, e nem sinal de fogo.

Que mico! Imagens de arquivo da Mata Atlântica como se fossem provas atuais da ausência de fogo na Floresta Amazônica. Mais uma vez Bolsonaro queima o filme do Brasil. Mente ao tentar negar o óbvio e sai ele próprio chamuscado: o incêndio é comprovado pelos satélites do INPE e da NASA.

E o fogo do Pantanal? Como negar? Dados oficiais do Ibama - esses nem Bolsonaro, Salles e Mourão contestam - indicam que o incêndio já atingiu mais de 2,3 milhões de hectares. Sabe o que isso significa? A área queimada equivale a 10 vezes as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro juntas.

Uma tragédia ambiental e humana. A devastação total da flora e da fauna. Aí o mico bolsonarista vai ficando ainda maior. A dor, o desespero, o sofrimento e a morte dos animais queimados são tristes, revoltantes, de cortar o coração.

Tudo isso poderia ser atenuado e até evitado, se tivéssemos a ação planejada e organizada de um governo sério, de gente consciente, mas o presidente se limita a fazer piada. Riu da situação quando a menina youtuber que ele levou à reunião ministerial tocou no assunto.

Para piorar, a causa desse incêndio é criminosa: as queimadas ilegais provocadas por pecuaristas e fazendeiros bandidos, sem noção, que Bolsonaro, Salles e Mourão não combatem e, ao contrário, estimulam. Cúmplices. Lunáticos. Vagabundos. Assassinos.

Fechando como um Midas do avesso, que onde toca vira cinzas, a live de Bolsonaro nesta quinta-feira contou com a mesma youtuber mirim que já havia questionado sobre o incêndio do Pantanal e provocado gargalhadas no nosso Nero de plantão.

Entre piadas misóginas e gordofóbicas, além da defesa do trabalho infantil, Bolsonaro usou a menina de dez anos como escada para comentar a lei recém-aprovada que aumenta a pena para maus-tratos contra cães e gatos, e que depende dele para ser sancionada ou vetada.

Bolsonaro, o boçal, deixou claro que acha exagerada a pena de dois a cinco anos para quem praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar cão ou gato.

Ao contrário da menina, Bolsonaro é incapaz de compreender a importância da lei. Faz sentido. Psicopatas não tem empatia. Mas eu tenho horror e asco por este cafajeste. E você?

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Dois anos do episódio que definiu a eleição de 2018 e segue o mistério: Quem mandou matar Bolsonaro?


Outro dia vimos completar dois anos do famoso atentado cometido contra o então candidato Jair Bolsonaro, em 6 de setembro de 2018, a facada desferida por Adélio Bispo de Oliveira e registrada de vários ângulos no centro de Juiz de Fora, no meio de uma multidão de apoiadores e seguranças, num episódio que foi preponderante para a eleição do atual presidente da República.

Primeiro, por "humanizar" o candidato azarão que era mal visto pela grande imprensa e pelos formadores de opinião, além de conhecido do grande público apenas como um personagem folclórico. Segundo, porque tornou Bolsonaro o assunto principal da mídia por dois meses, contra irrisórios 8 segundos da sua propaganda eleitoral na TV.

O resto da história - na versão oficial - é conhecido: Bolsonaro sobreviveu à facada, não precisou arrumar desculpas esfarrapadas para faltar aos debates, deixou em segundo plano suas ideias e principalmente os questionamentos dos jornalistas sobre sua obscura trajetória como ex-militar e político do baixo clero por quase 30 anos, incluindo a amizade com milicianos, a relação com os governos petistas e outras suspeitas e denúncias contra ele e seus filhos, apresentadas pelo Ministério Público.

Repito a pergunta que os bolsonaristas sempre fazem: Quem mandou matar Bolsonaro? Concordo que seria fundamental sabermos de toda a história. Bolsonaro tem razão. Afinal, a quem interessava o atentado cometido por um ex-filiado do PSOL? Quem financiava suas viagens, hospedagens, seus vários celulares apreendidos e os cursos de tiro (em escolas que os filhos de Bolsonaro também frequentavam)? São realmente questões essenciais, sem respostas.

Eu faria outras, complementares: Por que, até hoje, a Polícia Federal, que é subordinada ao próprio Bolsonaro e sempre tão elogiada por ele, ainda não esclareceu o caso? Ou esclareceu e o resultado não agradou ao presidente, por isso não foi divulgado? E os órgãos de inteligência militar, não descobriram nenhum fato novo? E as teorias conspiratórias, de lado a lado? Foi mandado? Quem mandou? Foi forjado? Quem forjou? Foi um ato isolado? Foi um atentado político? Mistérios...

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Cultura da bajulação e do ódio no “jardim da infância” do (des)governo Bolsonaro


Para Bolsonaro e os bolsonaristas, só tem valor aqueles que bajulam o presidente e que odeiam seus inimigos, reais ou imaginários. Pior ainda são os traíras, que um dia foram aliados mas ousaram criticar ou discordar do mito: como fizeram Sérgio Moro e Joice Hasselmann, para ficar em dois exemplos conhecidos e já “cancelados”.

Mas há duas classes especialmente odiadas: jornalistas e artistas. Afinal, no meio cultural e no jornalismo há muita gente crítica, questionadora, indócil, eternos descontentes com a palavra oficial do presidente. Não à toa, ambos verdadeiros antros da esquerdalha brasileira e global.

Bolsonaro não esconde a antipatia que nutre por profissionais da imprensa e das artes. Até abre exceções, desde que lhe sejam fiéis e aduladores. Entre os jornalistas, podemos citar Alexandre Garcia, Ernesto Lacombe, Augusto Nunes. O resto merece desprezo e, se tanto, que Bolsonaro lhes encha a boca de porrada.

Nesta terça-feira, Bolsonaro levou à reunião ministerial uma youtuber mirim de 10 anos e, entre perguntas sopradas e respostas amenas e ensaiadas, sem direito à réplicas inoportunas, ao contraditório ou a pegadinhas, como fazem esses repórteres comunistas, deu mais uma lição sobre o que espera do jornalismo e dos jornalistas.

Pragmático, direto e objetivo, o presidente afirmou que gostaria que todos fossem iguais à garota. “É uma menina que tem uma capacidade enorme de conversar, interagir. Gostaria que as repórteres do Brasil fossem iguais a ela”, concluiu. Faz sentido.

Na Cultura, o padrão perseguido é o do bajulador Mário Frias, não sabemos se mais canastrão como ator ou secretário. Depois de cenas explícitas de sabujice e servilismo, o substituto de Regina Duarte (vários tons acima da atriz que já se mostrava saudosa da ditadura), resolveu lacrar contra o humorista Marcelo Adnet.

O script é conhecido: disparou impropérios contra o contratado da Globo, para delírio da claque bolsonarista (inclusive de órgãos oficiais). Como é possível que um governo se mobilize para combater uma paródia? É tragicômico.

Não deixa de ser inusitado ver a piada brigar com o comediante. O nível? "Frouxo", "sem futuro", "palhaço" e "bobão". Infantilismo patológico. Jardim da infância perde. Típico do (des)governo do meme que virou presidente.

Quem deve administrar a cidade pelos próximos quatro anos?


Acompanhamos com mais atenção a gestão da cidade de São Paulo, por sermos daqui, obviamente. Mas a pergunta vale para todos os eleitores de todos os municípios espalhados pelo Brasil. Vamos às urnas no dia 15 de novembro com qual objetivo?

Por mais que tenhamos motivos para desanimar com a política e desacreditar nos políticos, não podemos fugir da responsabilidade que está nas nossas mãos: eleger quem vai administrar a cidade pelos próximos quatro anos, de 2021 a 2024. Não é pouca coisa.

Temos um compromisso com o nosso futuro. Parece clichê, mas é a mais pura realidade. Com que moral eu vou reclamar de quem for eleito se nem sei em quem votar, por que votar, o que eu espero do meu candidato e quais são as prioridades da cidade e as minhas próprias como eleitor e cidadão?

Você já parou para pensar como é a cidade que desejamos ter - no limite entre o melhor que podemos idealizar e o que é possível fazer com orçamento apertado e uma série de obrigações que consomem grande parte desses recursos, deixando uma ínfima margem para investimentos e inovações?

Como administrar uma cidade que cresceu sem planejamento e de forma tão desigual e desordenada? Que em grande parte tem uma população que vive na informalidade ou até mesmo na ilegalidade, em ocupações irregulares, áreas invadidas, sem a mínima infra-estrutura necessária e em condições desumanas?

Uma cidade com submoradias, subemprego e desemprego, atividades sem licença, poluição, trânsito caótico, múltiplos problemas sociais, econômicos, urbanos, ambientais. Educação, saúde, segurança, serviços, transportes, assistência social, zeladoria: o que não é urgente e prioritário no dia a dia da cidade?

Com qual espírito vamos às urnas, afinal? Manter ou rejeitar o que está sendo feito? Votar com razão ou emoção? Pensar num alinhamento ideológico com o governo federal ou, ao contrário, fazer daqui uma trincheira de resistência do estado democrático de direito contra o fanatismo, o negacionismo e o obscurantismo?

Queremos dar um viés mais à direita ou mais à esquerda na futura administração? Ou o segredo é encontrar o equilíbrio e a sensatez de uma gestão eficiente, moderna, humana, inteligente e responsável, que tenha como foco a qualidade de vida, a boa política e o desenvolvimento sustentável?

Candidatos e candidatas estão aí, com perfis variados, origens e histórias diversas, múltiplas e incontáveis promessas de campanha - que, de fato, ainda nem começou oficialmente. Mas vamos cair em conversinha dessa vez? Vamos votar na melhor propaganda ou no compromisso mais viável e sincero?

Você se considera bem informado sobre os problemas da sua rua, do seu bairro, da sua região, da cidade, do país, do mundo? Tem consciência da importância do seu voto? Refletiu sobre as motivações da sua escolha? Definiu quem pode te representar com ética, dignidade e mais capacidade na Prefeitura? Pois pense.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Vamos falar umas verdades para desagradar a direita, o centro e a esquerda, tudo ao mesmo tempo agora?

No dia da Independência, data meramente simbólica, proponho fazer um ato mais prático, direto e objetivo de desapego, liberdade e autonomia política.

Sem qualquer tutela partidária, sem nenhuma influência ideológica, sem vaidades pessoais, sem políticos de estimação nem interesses eleitorais. Uma reflexão livre, leve e solta.

Isso porque vivemos uma overdose endêmica de fanatismo no país, com o vírus bolsonarista espalhado por aí de forma mais letal que a Covid-19, e não há máscara, cloroquina, ivermectina ou ozônio que nos protejam.

Essa doença traiçoeira e incapacitante aflige parcela significativa da população, talvez inoculada pelo reto, como recomenda o protocolo da ozonioterapia, causando a bolsonarice, um misto de burrice coletiva com letargia bovina.

O povo se comporta como gado e, em comportamento de manada, segue o toque do berrante de falsos líderes a caminho do matadouro. Gritam “mito”, “aceita que dói menos” e “2022 tem mais”, enquanto fazem arminha com os dedos.

Alternam episódios de ódio aos semelhantes, psicose, preconceito e racismo. Enxergam inimigos reais e imaginários por todos os cantos e tem aversão à cor vermelha, sem perceber que o verde-e-amarelo que ostentam provoca as mesmíssimas consequências danosas à sociedade.

Mas prometi desagradar a direita, o centro e a esquerda, certo? Promessa é dívida. Vamos lá, antes que me acusem de esquerdalha, petista, comunista ou isentão, que parece uma ofensa ainda mais grave do que ser simplesmente lulista, bolsonarista, psolista, cirista ou tucano.

Criticar mais o bolsonarismo é chover no molhado. Depósitos do Queiroz, foro privilegiado, aliança com o Centrão, desmonte da Lava Jato, crimes da familícia, vergonha mundial, golpismo, canalhice, fake news, apropriação indébita do auxílio emergencial, do Bolsa Família, da renda mínima, do Minha Casa Minha Vida (tudo bolsonarizado).

Porém, deixando Bolsonaro de lado, leio que o FHC considera agora um “erro político” ter comprado os votos no Congresso para a emenda que instituiu a reeleição e lhe beneficiou com um segundo mandato, há mais de duas décadas. Ora, um pouco tarde para o arrependimento ter algum efeito prático, não?

Comprar votos e parlamentares não era uma atividade inédita, nem exclusiva, embora ilícita. Mas abriu caminho para a consolidação do Centrão e para normatizar a bolsa de valores de deputados e senadores, que desaguaria no Mensalão, no Petrolão e em outros esquemas atuais (daí tanto ódio pelo que chamam de “lavajatismo”).

Para ficar ainda nesse campo da Lava Jato, no fogo cruzado entre os lunáticos bolsonaristas e os fanáticos petistas, que mais recentemente ganharam o reforço de tucanos indignados e desesperados com o envolvimento de Aécio, Serra e Alckmin nas denúncias, é preciso também botar o dedo na ferida.

Verdade seja dita, Sérgio Moro nunca foi um juiz imparcial. Sempre foi um inimigo declarado e perseguidor implacável de Lula e do PT (que também nunca foram santos, alimentaram esquemas bilionários de corrupção e se mostraram incapazes até de uma simples auto-crítica, quanto mais de se libertarem da adoração ao Deus-Lula).

Por que eu digo tudo isso, a essa altura do jogo? Porque as peças para 2022 estão aí colocadas. De um lado, Bolsonaro vai buscar a reeleição a qualquer custo. Do outro lado da polarização, a mais burra e estreita possível, o PT - nessa relação simbiótica e freudiana de amor e ódio que interessa eleitoralmente a ambos.

Ao centro, com viés mais à direita, tentam marcar posição e disputam espaço Sérgio Moro (queimado como ex-juiz e, pior ainda, como ex-bolsonarista) e João Dória (igualmente chamuscado pelo estelionato eleitoral do “BolsoDoria” e pelos caciques tucanos denunciados; e Caixa 2 é fichinha).

Na centro-esquerda, os nomes mais promissores para 2022 são Ciro Gomes (sempre ele, presidenciável desde 1998, ex-tucano, ex-lulista, ex-tudo, com histórico, personalidade e humor que ainda causam temor e desconfiança no eleitorado) e Luciano Huck, o apresentador global com fama suficiente (para o bem e para o mal) e o reforço dos movimentos cívicos e de gurus experientes para se lançar enfim candidato à Presidência.

O problema maior (além da escolha dos nomes e do acerto entre os partidos, num vazio de propostas) é saber como chegaremos a 2022. Seguimos sob o (des)governo de um presidente demente, com uma oposição desacreditada e incapacitada, um Congresso imobilizado, fisiológico e comprometido.

Em outros tempos, Collor e Dilma já sofreram impeachment por muito menos. Estão aí as evidências dos crimes de responsabilidade cometidos por Bolsonaro, mas a PF e a PGR dóceis e sob controle, além do Legislativo e do Judiciário emparedados (quando não subornados), e sob ameaça de intervenção, formam o ambiente ideal para uma segunda onda do bolsonavírus.

Vamos buscar uma vacina democrática e definitiva para combater os maus políticos, tanto faz se à esquerda, à direita e ao centro, ou relaxar com placebos e tratamentos paliativos, empacados diante de mais uma recorrente violação dos nossos direitos?

E agora? Você vive dentro de uma bolha ideológica, tem algum político e bandido de estimação, tem rabo preso ou pode também manifestar a sua independência, como nós fazemos agora? Qual é, então, a saída? Vamos votar melhor ou o último a sair apaga a luz?