segunda-feira, 30 de novembro de 2020

A esquerda tem um novo líder, que surge com potencial ameaçador à direita conservadora e retrógrada entronizada no poder


Ele ganhou projeção nacional liderando um movimento popular. Hoje todos o conhecem e reconhecem o seu carisma. O que faltava revelar sobre ele era a sua face mais humana, tolerante, o seu jeito de ser. E isso foi acontecendo em sucessivas campanhas e entrevistas.

Torcedor corinthiano, este barbudo de trinta e poucos anos tem fala fácil e convence muita gente. Pai de família, morador na região periférica de São Paulo, despontou como candidato promissor do partido mais à esquerda entre os que surgiram no cenário político nacional, incensado por intelectuais, trabalhadores e dissidentes de outras legendas.

Artistas populares o apóiam abertamente. Caetano, Gil, Chico Buarque. É o sopro de esperança por uma política mais progressista, inclusiva, transgressora. Numa época em que os governistas ainda tentam calar a oposição à força e que todo adversário é tachado de comunista. Surreal.

Até o fato de já ter sido preso pela polícia militar, acusado de incitação à violência por liderar manifestações populares contra um governo reacionário dão a ele uma aura de novo herói da esquerda nacional. Um toque de radicalidade democrática que instiga e mobiliza a população, que aos poucos vai saindo de casa e voltando às ruas.

O Brasil vive mais um período de caos econômico, com inflação crescente, salários derretendo e o desemprego batendo à porta das famílias brasileiras. A democracia precisa renascer após ter sido tão sufocada e desafiada nos últimos anos. E ele surge como novo protagonista.

Passa agora a ser um interlocutor obrigatório para qualquer movimento da oposição. Pode ajudar a aglutinar as forças políticas do campo democrático e a acabar com o monopólio dos velhos partidos, sobretudo ao atrair de forma substancial jovens militantes e simpatizantes, arejando também a imagem rançosa da velha esquerda.

Se você acha que estou falando de Guilherme Boulos, acertou em parte. Mas estará ainda mais correto e sintonizado se perceber que estou me referindo a Lula nos anos de 1980, auge das greves na principal região industrial do país, o ABC paulista. Época do surgimento do PT, nos estertores do governo militar.

É inevitável traçar um paralelo entre Boulos e Lula, entre o período da redemocratização após a ditadura e o necessário enfrentamento que os atores do campo democrático precisam fazer agora contra o desgoverno do meme que virou presidente.

A esquerda, o centro e a direita democrática precisam vencer Bolsonaro. São Paulo já deu um grande passo ao levar ao 2º turno Bruno Covas e Guilherme Boulos. Por todo o Brasil, candidatos bolsonaristas e petistas foram os maiores derrotados, sinalizando que a polarização de 2018 pode ser vencida por uma alternativa aos dois extremos. Amém!

domingo, 29 de novembro de 2020

A eleição acabou, mas o trabalho está só começando: é agora que o paulistano precisa cobrar e fiscalizar!


Bruno Covas foi eleito com 59% dos votos, mas vai ser o prefeito de 100% dos paulistanos. Isso quer dizer que vamos cobrar dele, diariamente, a realização de suas promessas de campanha, a permanência no cargo por quatro anos e uma gestão democrática, ética, responsável, moderna e transparente por uma cidade mais humana, inteligente, inclusiva, justa e sustentável.

Não espere vida fácil, prefeito. Estaremos fiscalizando cada ato, cada palavra, cada gasto, e seus decretos, e as nomeações, e os projetos encaminhado à Câmara Municipal. Ficaremos de olho na relação com os vereadores da base e da oposição. Denunciaremos ao menor sinal de fisiologismo, favorecimento ou promiscuidade em detrimento do bem comum.

São Paulo já é, desde o segundo turno destas eleições de 2020, o maior polo da resistência ao bolsonarismo em todo o Brasil. Que assim seja! Vamos manter a civilidade, o diálogo, o respeito à diversidade e às minorias. Vamos cobrar do prefeito que promova a unidade das forças democráticas, que ouça os cidadãos paulistanos e cuide da cidade e das pessoas com amor.

Temos muita coisa pela frente, uma agenda que terá de ser resolvida a curtíssimo prazo pela Prefeitura. Por exemplo, o enfrentamento da pandemia, que ameaça recrudescer e pode forçar medidas mais rigorosas de isolamento e quarentena. Além das consequências econômicas, sociais e dos efeitos danosos na saúde, no emprego e na educação.

A cidade já iniciará 2021 em crise. Temos a miséria e a desigualdade agravadas por um 2020 praticamente perdido (inclusive o ano letivo), sem falar na arrecadação em queda e nas despesas estourando o Orçamento. Medidas emergenciais como a suspensão do pagamento da dívida do município com a União e uma renda complementar aos mais pobres atenuaram o pior, mas o problema prossegue.

O comércio passa por dificuldades inimagináveis. O desemprego explodiu. O poder de compra das famílias paulistanas despencou. Nos cofres públicos entra menos dinheiro de ISS, IPTU, ITBI etc. Em compensação, escoam recursos crescentes para o subsídio do transporte ou gastos pontuais como os hospitais de campanha para enfrentamento do coronavírus.

Começo de ano, recomeçam as tragédias diárias de sempre: enchentes, deslizamentos em áreas de risco, famílias desabitadas, árvores caídas, córregos assoreados, bueiros entupidos, buracos de rua, congestionamentos, aglomerações, mortes. São pautas recorrentes do verão. Em seguida a procura por vagas em creches e escolas, a entrega de uniforme e material escolar, a qualidade da merenda.

Vem aí a revisão do Plano Diretor, incontáveis operações e projetos de intervenção urbana, a sequência do pacote de privatizações e concessões, a decisão sobre o destino do Minhocão (demolição, parque ou deixar tudo como está?). Quais os critérios para a composição do secretariado e das subprefeituras? Como aproximar a gestão dos cidadãos?

O que teremos de soluções para o trânsito e a mobilidade? Como se dará a zeladoria da cidade? Que realizações veremos nas áreas da segurança, habitação, infraestrutura, saneamento, assistência social, saúde, educação, cultura, tecnologia e inovação, criança e adolescente, idosos, portadores de necessidades especiais, trabalho, empreendedorismo, planejamento, meio ambiente?

Seguiremos empurrando com a barriga problemas crônicos como a cracolândia, as populações de rua, a ocupação ilegal dos mananciais, o desmatamento criminoso das áreas remanescentes da Mata Atlântica, o descaso com a poluição, o lixo e as mudanças climáticas, rios mortos, o crescimento desordenado e irregular da cidade, a distância entre o trabalho e a moradia do paulistano, que perde horas em deslocamentos intermináveis?

São Paulo tem 12 milhões de habitantes e pelo menos o dobro deste número de problemas. Cada paulistano é capaz de apontar uma ou duas carências que mereceriam a ação imediata do poder público. Daí a complexidade e o drama de ser prefeito desta cidade. Mas quem se candidatou que se vire para fazer o melhor, o possível e o impossível, não é mesmo? Ganhou, levou! Ao trabalho!

sábado, 28 de novembro de 2020

Vai lá e vota! Pensa em São Paulo e faz o teu melhor!


Está chegando a hora. Vai dar Boulos? Vai dar Covas? Dentre tantas propostas e divergências, com raras e pontuais exceções e ataques dentro das regras do jogo, a campanha eleitoral se manteve em bom nível. Ponto para a democracia.

O resultado que der no domingo será proveitoso para a cidade. Já estamos com saldo positivo pelo simples fato de ter dado um chega pra lá no bolsonarismo. Aqui não, lunáticos! Ao contrário do que cantaram os Titãs: bichos escrotos, voltem para os esgotos!

Paixões partidárias são compreensíveis, aceitáveis, até desejáveis - e os excessos são perdoáveis. Que bom ter gente apaixonada e esperançosa ainda na política. Covas com 40 anos e Boulos com 38 são jovens, dinâmicos, empenhados, idealistas. A militância nas redes, idem.

Sim, temos sempre as nossas preferências pessoais, nossos princípios, conceitos, crenças e valores que se encaixam mais de um lado que do outro. Torcemos pelo nosso candidato contra o adversário. E que seja assim! Mas não estamos em mundos opostos. Convivemos na mesma cidade e queremos o melhor para todos.

Não será o fim dos tempos se Boulos for eleito, nem se Covas se reeleger. São Paulo já sobreviveu a coisa muito pior. E a nossa política tem a marca da diversidade, da pluralidade e da alternância de poder. Do janismo ao malufismo, dos petistas aos tucanos, entre atalhos, pontes, muros, vices e tropeços, a cidade avança.

Certamente muita coisa precisa mudar, melhorar, evoluir. Queremos aprimorar os mecanismos de representação da cidadania na política, com ética, responsabilidade e transparência. Desejamos reduzir as desigualdades. Reivindicamos mais justiça social e uma sociedade mais civilizada, saudável e sustentável.

Os dois caminhos, com Covas e Ricardo Nunes ou com Boulos e Erundina, podem apontar para isso. Depende de nós, da fiscalização e da cobrança que exercemos sobre os políticos, das exigências que faremos aos ocupantes da Prefeitura e da Câmara Municipal, o ritmo da mudança e o grau de satisfação com o serviço prestado.

A boa ou a má política, a eficiência ou a ineficiência da gestão pública, são diretamente proporcionais ao exercício do poder que cada um de nós pratica diariamente, na nossa vida cotidiana. Em casa, no trabalho, na escola; nas redes, nas ruas, nas urnas. Não existiriam maus políticos sem eleitores que votam mal.

Portanto, vamos fazer a nossa parte. Acatando a vontade da maioria mas fazendo valer as vozes das minorias diversas. Ouvindo e respeitando quem pensa e vota diferente. O resultado de domingo é só um detalhe. Por uma cidade bem cuidada, um Brasil melhor e um mundo mais feliz. Vote consciente.

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

De novo: Covas ou Boulos? E o que nós esperamos da política e dos políticos que elegemos?


Parece que tem campanha que se esforça para perder a eleição. Incrível! Em 2018 o #EleNão foi um desastre. Deu efeito contrário, reforçou a polarização e aglutinou o antipetismo em torno de Bolsonaro. Resultou no desastre que é esse presidente demente.

Em São Paulo, apareceram agora nesta reta final o #BoulosNão e o #CovasNão. As duas campanhas apelaram para a estratégia da propaganda eleitoral negativa. Abandonam a divulgação das qualidades e propostas do seu próprio candidato para atacar supostos defeitos do adversário. Será que funciona?

Boulos virou, na propaganda tucana, o inexperiente, despreparado, radical, o “perigo” da mudança. Na propaganda do PSOL, por outro lado, Covas foi poupado. Ou atacado por tabela. Pode abandonar a Prefeitura na mão de um desconhecido e denunciado. O alvo é o vice. E sentiu!

(Abro um parêntese: Quem foi que orientou a mulher do vice Ricardo Nunes a dizer na entrevista ao Estadão que “não se lembra” da denúncia que fez contra ele por violência doméstica? Pelo amor de Deus! Isso vai ser explorado hoje no debate da Globo e tem potencial para implodir Covas).

Enfim, neste domingo voltaremos às urnas para o 2º turno das eleições nas principais capitais. Além da definição dos prefeitos que restam para completar o quadro político de 2020 - arejado pela eleição de mais negros, mais mulheres, mais trans, mais candidaturas coletivas - todo mundo já tenta fazer projeções para 2022.

Foram decretados como grandes perdedores em 2020 os dois pólos herdados do fatídico 2018: o PT e os candidatos apoiados por Bolsonaro; enquanto os partidos amorfos e fisiológicos do Centrão despontam como vencedores na quantidade de prefeitos e vereadores eleitos.

Fazemos muitas vezes uma análise enviesada dos resultados das eleições. Esse inusitado e diferentão ano de 2020 não foge à regra. A tendência dos olhos mal acostumados à política tradicional é ver “sucesso” nos números dos grandes partidos.

Eu, ao contrário, vejo fracassso da política tradicional e a falência dos partidos, cada vez mais um amontoado de interesses difusos com um único objetivo: atender a burocracia legal para lançar candidatos e dividir os recursos públicos do fundão.

O crescimento recorde da abstenção, dos votos brancos e nulos, e, por outro lado, a eleição de ativistas, transgêneros, negros, mulheres, políticos questionadores, inflluenciadores, transgressores das velhas fórmulas, mostra que a nova (ou boa) política está se construindo de outra forma, por novos caminhos.

A mudança (que virá, mais cedo ou mais tarde) está ainda represada por políticos reacionários, leis antiquadas, monopólios partidários, burocráticos, cartoriais, corporativistas, ideológicos. Mas uma hora essa bolha vai estourar. Estamos prontos para isso?

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Você acha que a vida do prefeito vai ser fácil? Como escapar das armadilhas do Centrão e da velha política?


A partir do resultado da eleição deste domingo, eleito Bruno Covas ou Guilherme Boulos para a Prefeitura de São Paulo, teremos um mapa mais preciso da nova correlação de forças na Câmara Municipal.

O fato é que já sabemos que o velho e conhecido Centrão continuará dando as cartas, qualquer que seja o novo governo. Sozinhos, o PSDB com oito vereadores e o PSOL com seis não aprovam nenhum projeto.

Mesmo somando os mais prováveis e naturais aliados de uma eventual base de Covas ou de Boulos, a negociação com outras bancadas será essencial para garantir a tal governabilidade. Eis aí um problema concreto a ser enfrentado pelo prefeito.

A esquerda mais tradicional tem 14 vereadores (PT + PSOL). Seja na situação ou na oposição, será sempre minoritária, ainda que eventualmente possa ser reforçada por vereadores do PSB, do PV e por outros parlamentares independentes ou com interesses pontuais em alguma votação.

A base ampliada de Covas, reunindo todos os partidos que estiveram com ele desde o primeiro turno e agora no segundo, chega fácil à maioria simples (28 votos) mas terá muita dificuldade de atingir a maioria qualificada (37 votos, ou dois terços da Câmara) quando necessário (por exemplo, na revisão do Plano Diretor).

Por isso, os partidos que nacionalmente compõem o Centrão terão (como sempre) peso decisivo também no Legislativo paulistano. Isso sem contar as negociações para 2022. São pelo menos 25 votos, somados os vereadores do DEM, Republicanos, MDB, PSD, Podemos, PL, PP, PSL, PSC e PTB.

Esse grupo pode crescer ou diminuir de acordo com os interesses em jogo, distribuição de cargos e verbas para emendas parlamentares, indicação de secretários e subprefeitos, garantia da sanção de projetos, entre outros agrados e privilégios que o Executivo pode oferecer para fidelizar apoio.

Há ainda os partidos que vão atuar de modo mais independente ou flutuante, como o Patriota (com três vereadores vinculados ao MBL), o Novo (com duas vereadoras), o PSB (também com dois vereadores) e o PV (com um), que podem se juntar ora ao governo, ora à oposição - ou reforçar o Centrão.

Além do posicionamento partidário, há vereadores que individualmente exercem maior liderança - seja pela experiência, seja por personalidade ou pela votação mais expressiva. Então é natural que alguns tenham maior destaque na hora de dialogar com o governo ou de compor a Mesa Diretora e as comissões permanentes da Câmara.

Como já dissemos aqui, o primeiro teste de forças se dará em dezembro, na aprovação do Orçamento da cidade para 2021 e na destinação das emendas. O próximo embate será no dia da posse, em 1º de janeiro, com a eleição do novo presidente da Casa, da mesa diretora e do corregedor.

Estamos de olho! Vamos seguir cobrando e fiscalizando qualquer um que se eleja. Não basta fazer discurso de campanha, agradar o paulistano na propaganda eleitoral e lacrar nas redes sociais. O verdadeiro desafio começa depois da eleição. Como governar bem a cidade e administrar seus múltiplos problemas com ética, responsabilidade, sensibilidade, justiça e eficiência?

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Covas e Boulos: de ruim a pior (ou vice-versa)


Vamos inverter a lógica da boa política e, ao invés das qualidades de cada candidato, passar a destacar os seus defeitos. Aliás, isso nem é novidade nas campanhas eleitorais, porque a propaganda negativa do adversário é um recurso antigo, acentuado agora pelas redes sociais.

As inserções de ambos na TV, nessa reta final, mostram bem isso: Covas apresenta cidadãos paulistanos afirmando que Boulos não tem nenhuma experiência para administrar a cidade. Boulos, por sua vez, sugere que Covas vai deixar a prefeitura nas mãos do vice, um desconhecido e denunciado.

Nas entrevistas e nos raros confrontos diretos entre eles (sexta-feira tem o último debate na Globo), Boulos ironiza que gostaria de viver na cidade da propaganda do Covas, que funciona às mil maravilhas, enquanto Covas rebate que Boulos é um vendedor de ilusões.

As redes não perdoam. Na era do meme que virou presidente, os prefeituráveis também não escapam do humor ferino dos críticos, da política do cancelamento, do ataque das milícias virtuais e das fake news.

Covas é o candidato do #BolsoDoria. Boulos, do #LulaLivre e dos ditadores de esquerda do Foro de São Paulo. Covas é financiado pelo mercado imobiliário, Boulos recebe doação de herdeira de empreiteira. Covas cortou o Leve Leite e o bilhete único, Boulos ocupa áreas de mananciais.

O vice de Covas foi denunciado por agredir a mulher. É suspeito de beneficiar a máfia das creches. Dizem que ele vai assumir a Prefeitura porque é da tradição tucana o titular abandonar o cargo na mão do vice para alçar vôos maiores, como fizeram Alckmin, Serra e Doria. Covas desmente, mas ninguém ouve.

Boulos é apontado como invasor, baderneiro, irresponsável. Circulam imagens de quebra-quebra na Fiesp, invasão do prédio da Presidência da República na Paulista e até da Câmara Municipal. Boulos, que na campanha posa de moderado, já foi preso por incitação à violência. Ocupação é crime ou direito social?

Tem selfie de Covas com Bolsonaro. Agora ele despreza o apoio do presidente, embora aceite aliança com Russomanno e peça o voto de bolsonaristas. Por outro lado, vejam a ironia: tem bolsonarista votando em Boulos, o “comunista”, para derrotar Doria, inimigo do Bolsonaro. Vai entender...

É tudo verdade? É mentira? Será que todo mundo se preocupa em não espalhar notícia fake contra nenhum deles ou cada um só se importa em esclarecer aquilo que incomoda o seu próprio candidato? Queremos uma cidade melhor, uma política melhor, ou vale tudo pelo poder?

terça-feira, 24 de novembro de 2020

A guerra dos vices: Ricardo Nunes x Luiza Erundina


Sempre é bom lembrar que a escolha que você vai fazer no domingo é pela chapa completa: vote 45 para Bruno Covas e Ricardo Nunes; ou vote 50 para Guilherme Boulos e Luiza Erundina. Não dá nem para “esconder” o vice, nem, como parece às vezes, inverter a importância dos cargos.

“Por que vocês não mostram os candidatos a vice-prefeito?”. O eleitor de Boulos, principalmente, reclama que os vices estão muito em segundo plano (e quando foi diferente?). Faz parte da narrativa da campanha do PSOL. Pura estratégia de marketing. Mas vamos escancarar o assunto, para não deixar dúvidas.

Chegaram a acusar até a imprensa de “esconder” o vice de Covas. Ora, como se os jornalistas não estivessem divulgando e repercutindo diariamente as denúncias e suspeitas levantadas pela própria imprensa sobre Ricardo Nunes, inclusive nas entrevistas e debates com Bruno Covas. Toda hora tem esse mimimi. Haja paciência!

Mas OK, a preocupação com os vices faz muito sentido, principalmente no Brasil. Afinal, Sarney (vice de Tancredo), Itamar (vice de Collor) e Temer (vice de Dilma) não chegaram por acaso à Presidência da República. Todos exerceram efetivamente o cargo após o afastamento dos titulares eleitos.

Também é o caso dos prefeitos Kassab (vice de Serra) e do próprio Bruno Covas (vice de João Doria em 2016). Ou dos governadores Alckmin (que era vice de Mário Covas), Cláudio Lembo e Márcio França (ambos vices de Alckmin, em diferentes ocasiões).

Dizem que é praxe de tucano abandonar o mandato e deixar o vice no lugar. Pode ser. Daí a acusação de que Bruno Covas esconde seu vice, o vereador Ricardo Nunes, do MDB. Já sobre Guilherme Boulos dizem o contrário, que ele explora a popularidade de Erundina, do alto de seus 85 anos.

Enfim, vamos ver o que se fala por aí sobre os vices, o que estaria “escondido”. Por exemplo, o influenciador Felipe Neto questiona sobre Ricardo Nunes: "Você votaria em um homem acusado de violência doméstica, investigado por possível participação na máfia das creches, além de acusações de ameaça e falta de pagamento de pensão? Esse é o vice de Covas para a Prefeitura de São Paulo. Se você votar no Covas, estará votando nele."

Bruno Covas afirma não ter “qualquer tipo de dúvida” com relação ao vice de sua chapa. “Ele está no seu oitavo ano de mandato, não responde a nenhum processo judicial, não há nenhuma denúncia que ele responda no Judiciário e não existe indício de que haja corrupção”, declara sobre as acusações que circulam sem parar (dê um google para saber mais).

O prefeito garante ainda que não será candidato em 2022, que tem “total confiança que Ricardo Nunes será um excelente vice nos próximos quatro anos”, e ressalta que no mandato de vereador ele ajudou a recuperar mais de um bilhão de reais para os cofres da Prefeitura como presidente da CPI da Sonegação Tributária.

De fato, Covas não se recusa a responder aos questionamentos sobre o vice. Tem sido tão transparente que confessou que preferia uma mulher na vaga (ele sugeriu Marta na pré-campanha), mas escolheu Ricardo Nunes entre as opções que existiam na sua coligação. E que o vice foi importante sobretudo na votação obtida em 15 de novembro no extremo da zona sul.

Sobre a ex-prefeita Luiza Erundina, vice de Boulos, as maiores críticas são de que ela saiu muito mal avaliada da Prefeitura, com apenas 20% de aprovação segundo o Datafolha, o que possibilitou a eleição de Paulo Maluf em 1992 e de Celso Pitta em 1996 - que dispensam apresentações pelo “rouba mas faz” e uma série de escândalos.

Erundina disputaria novamente a Prefeitura em 1996 (pelo PT, com Aloizio Mercadante de vice), 2000 (pelo PSB, com Emerson Kapaz de vice), 2004 (pelo PSB, com Michel Temer de vice) e 2016 (pelo PSOL, com Ivan Valente de vice). Todas as vezes sem sucesso.

Foi acusada em 1989 pelo uso de verba pública para publicar um anúncio no jornal Folha de S. Paulo defendendo a greve geral dos transportes. Na época ela era prefeita da cidade de São Paulo pelo PT. A sentença saiu em 2000 e em 2008 ela foi condenada pelo STF a devolver R$ 353 mil à Prefeitura. Houve uma vaquinha entre amigos e admiradores para possibilitar o pagamento.

Erundina foi denunciada também por um acordo sem licitação com a Shell para as obras do Autódromo de Interlagos, em troca de terrenos para postos de gasolina e que possibilitaram a transferência do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 do Rio para São Paulo, em 1990.

E foi acusada ainda no caso de cobrança de propina da empresa Lubeca para a campanha presidencial de Lula em 1989, que culminou com o afastamento de seu vice-prefeito na época, Luís Eduardo Greenhalgh, da Secretaria de Negócios Extraordinários. Ou seja, vice dá problema desde sempre!

Para que não pairem dúvidas sobre o histórico de Ricardo Nunes e de Luiza Erundina, pesquise mais na internet, na imprensa, nas redes sociais. Procure entrevistas, vídeos, pronunciamentos, referências, denúncias, esclarecimentos. A boa informação é essencial para auxiliar na sua escolha. Mas até prova em contrário ambos tem a ficha limpa.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

E você, se encaixa melhor no time do Covas ou no time do Boulos?


Além das propostas e do histórico dos candidatos, prestamos atenção também nos apoiadores de cada um. Não falamos apenas das futuras equipes de governo, mas de nomes emblemáticos em torno dos eventuais prefeitos.

No 2º turno de São Paulo estão se confrontando duas formas diferentes de enxergar a cidade, o Brasil e o mundo; e também dois times distintos de políticos, celebridades e cidadãos anônimos, liderados por Bruno Covas e por Guilherme Boulos.

Esse embate opõe em lados distintos diversas lideranças políticas nacionais. Por exemplo: com o candidato tucano estão FHC, João Doria, Eduardo Jorge, Roberto Freire e Marta Suplicy. Com Boulos, aparecem Lula, Ciro, Haddad e Marina Silva.

O candidato do PSDB reuniu no 1º turno o apoio formal de outros nove partidos: DEM, MDB, PP, PL, PSC, PROS, PV, Podemos e Cidadania. Largou na frente e foi o mais votado em todos os colégios eleitorais paulistanos.

Agora, neste 2º turno, Bruno Covas recebeu o apoio de outros ex-candidatos e de seus respectivos partidos, como Joice Hasselmann (PSL), Andrea Matarazzo (PSD) e Celso Russomanno (Republicanos). Isso terá efeito positivo, neutro ou negativo?


O candidato do PSOL tinha na coligação do 1º turno apenas mais dois partidos pequenos, o PCB e a UP. O maior trunfo certamente foi sua candidata a vice, a ex-prefeita Luiza Erundina. A dupla teve o voto de muita gente que procurava uma alternativa progressista ao PT e ao PSDB.

Neste 2º turno, Guilherme Boulos recebeu o apoio de uma ampla e tradicional frente de esquerda: PT, PSB, PDT, PCdoB, PCO, PSTU e Rede Sustentabilidade, junto com alguns dos ex-candidatos destes partidos, como Jilmar Tatto, Orlando Silva e Marina Helou.


Entre artistas, personalidades, influenciadores e formadores de opinião também há uma guerra travada nas redes, nas ruas e nas urnas por dois movimentos opostos, reforçando a polarização e o conflito de ideias, opiniões e ideologias.

No time de Bruno Covas aparecem, por exemplo, Alê Youssef, Rapper Xis, Fafá de Belém, Rose Neubauer, Paulo Borges, André Almada, André Fischer, José Gregori, Janaina Rueda, Hugo Possolo, Roberto Minczuk, Olivier Anquier.

Por outro lado, com Boulos temos Felipe Neto, Chico Buarque, Caetano Veloso, Wagner Moura, Camila Pitanga, Fernando Meirelles, Gregório Duvivier, Luís Fernando Veríssimo, Maria Gadu, Marilena Chaui, Marieta Severo, Tom Zé, entre outros.

Será que significa algo ver quem são os apoiadores de um e de outro? Esse apoio de famosos ainda influencia no voto da maioria dos eleitores? E então, qual seu time? E quem ganha esse jogo no próximo domingo, afinal? 

Para concluir, deixo uma sugestão (e um desejo): que esses dois times se unam a partir de então, encerradas as eleições municipais, na disputa que vai se travar contra os verdadeiros inimigos: Bolsonaro, o bolsonarismo e os oponentes do estado democrático de direito.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Todo dia é dia de ter consciência


20 de novembro.

Dia da Consciência Negra.

Dia da Consciência.

Todo dia é dia.

De luto. De luta.


Covas x Boulos: os debates, a TV e o voto


Os debates deste 2º turno (resumidos a três: CNN, Band e Globo), além da propaganda que recomeça hoje, dia 20, com dois blocos diários de dez minutos no rádio e na TV, colocam Bruno Covas e Guilherme Boulos em absoluta igualdade de condições para serem avaliados pelo eleitor paulistano.

O que se viu ontem neste primeiro debate da TV aberta, na Band (repetindo o embate ocorrido na CNN), e que provavelmente se repetirá na próxima sexta-feira, 27, na Globo, é Covas querendo reforçar a imagem de gestor ponderado e eficiente, enquanto Boulos tenta se apresentar como opositor qualificado para o cargo.

Um quer mostrar o que fez, enquanto o outro aponta o que faria e o atual prefeito não fez. Em resposta, Covas tenta carimbar Boulos como inexperiente, despreparado, desconhecedor da administração pública, do orçamento e da responsabilidade fiscal.

O candidato do PSOL rebate e diz que tudo é questão de definir prioridades, e que em quatro anos serão resolvidos problemas sociais e de moradia como nunca antes nesta cidade - e que a experiência está toda concentrada na vice Erundina, prefeita 30 anos atrás.

Mais que as qualidades e os projetos de cada um, estão em jogo também os defeitos e as fragilidades do adversário. Aliados inconvenientes, frases infelizes, atos mal explicados, promessas inviáveis, histórias obscuras e o que cada um tenta omitir.

Nos próximos dias haverá ainda a crítica aos apoiadores obtidos pelos dois oponentes. À enorme aliança de Covas, com dez partidos (PSDB, DEM, MDB, PP, PL, PSC, PROS, PV, Podemos e Cidadania), reforçada pela frente suprapartidária liderada por Marta Suplicy, estão se somando partidos e ex-candidatos como Celso Russomanno (Republicanos), Joice Hasselmann (PSL) e Andrea Matarazzo (PSD).

Em torno da candidatura de Guilherme Boulos, que contava apenas com os nanicos PCB e UP, chegam agora o PT com o apoio entusiasmado de Jilmar Tatto, Eduardo Suplicy, Fernando Haddad e Lula; o PDT de Ciro Gomes; a Rede Sustentabilidade de Marina Helou e Marina Silva; e o PCdoB de Orlando Silva.

O ex-candidato Mamãe Falei (Patriota) declarou “neutralidade”, ressaltando porém que jamais votaria no candidato da esquerda. O PSB de Marcio França e o PTB de Roberto Jefferson, novo antro bolsonarista e que tinha o vice de Russomanno, ainda debatem internamente como se posicionar. O apoio de Bolsonaro segue rejeitado.

As pesquisas mostram Covas amplamente favorito. O histórico das eleições paulistanas, porém, é marcado pela alternância de poder. Veja a sequência dos eleitos nas últimas décadas, desde o último prefeito “biônico”indicado pelo então governador Franco Montoro, que foi Mario Covas, avô de Bruno: Jânio (1985), Erundina (1988), Maluf (1992), Pitta (1996), Marta (2000), Serra (2004), Kassab (2008), Haddad (2012) e Doria (2016).

Ou seja, o placar está 7 x 2 para a oposição. Apenas os situacionistas Pitta (sucessor de Maluf) e Kassab (que era o vice de Serra) se elegeram, enquanto todos os demais prefeitos eram opositores do governo anterior. E agora: vai dar a reeleição do prefeito Bruno Covas ou São Paulo escolherá o opositor Guilherme Boulos? Você decide.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Queremos que Bruno Covas e Guilherme Boulos assumam compromissos para uma gestão moderna, eficiente, inteligente e sustentável


É óbvio que o prefeito Bruno Covas, que venceu em todas as zonas eleitorais da cidade no 1º turno e larga com ampla vantagem neste 2º turno, é o favorito para ser reeleito para um novo mandato de prefeito em 29 de novembro.

E por que estamos falando isso, afinal? É torcida? É propaganda? Estamos contra ou a favor? Calma lá! Nem uma coisa, nem outra. Já dissemos que esse nosso espaço não existe para fazer campanha eleitoral nem bajular político algum. Vamos cobrar igualmente de todos e fiscalizar o mandato do eleito, seja ele quem for.

Mas há compromissos que desejamos cobrar de ambos, assim como questões que deveriam ser respondidas antes mesmo da eleição. Por exemplo: vocês concordam com tudo aquilo que os padrinhos políticos de cada um (João Doria e Lula) fazem e fizeram na política? Vocês põem a mão no fogo por eles? Não cabe nenhum reparo ou auto-crítica?

Na sequência, algumas propostas de campanha não lhes parecem exageradas ou inviáveis? De onde virá o dinheiro para fazer tudo aquilo que vocês prometem, ainda em plena crise da pandemia? A responsabilidade do cargo vai estar acima das ideologias? Vocês vão governar para todos ou ficar de picuinha e ataques entre governo e oposição?

Também somos declaradamente contra a obra terrível que foi feita no Anhangabaú, por exemplo, executada pelo prefeito Bruno Covas mas que já vinha sendo projetada desde a gestão de Fernando Haddad. Não há nada que possa ser feito para impedir ou corrigir bobagens como esta?

Ainda nessa área, achamos muito tímidas as ações da Prefeitura (quando não, omissas) em reivindicações sustentáveis como o parque público no terreno da antiga Esso, na Mooca. Apenas para citar outra promessa antiga, que se arrasta desde a gestão do PT. Alguém se compromete a colocar em prática este plano? Podemos acreditar?

Finalmente, é importante deixar claro que não queremos candidatos de salto-alto, cada um fechado na sua própria bolha ideológica e achando que já ganhou, ou que basta fazer meia dúzia de promessas populares ou populistas para merecer o voto do paulistano.

Queremos compromissos assumidos de fato, com os cidadãos, por isso a sustentabilidade - justamente por não ser a maior prioridade de nenhum dos dois - é o que nos mobilizará especialmente nesta cobrança. E aí, Covas? E aí, Boulos? Estão dispostos?

Praças, parques, proteção das áreas de mananciais, combate à poluição, cuidado com os animais, enfrentamento do desmatamento criminoso e dos loteamentos ilegais, enchentes, mudanças climáticas, lixões, resíduos sólidos, energia limpa, mobilidade urbana, coleta seletiva de lixo, lei da cidade limpa, lei de zoneamento, plano diretor.

A agenda de temas vinculados ao meio ambiente, à sustentabilidade e à qualidade de vida é imensa. São Paulo precisa de uma gestão moderna e eficaz, digna da cidade inteligente e inclusiva que merecemos ter. Então vamos torcer por respostas dos candidatos e dos vereadores eleitos. A conferir.

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Covas 8 x 5 Boulos: Conheça as 13 mulheres eleitas para o Legislativo paulistano


A Câmara Municipal de São Paulo retoma os trabalhos no plenário após breve paralisação informal para as eleições. Há uma pauta com 32 itens, sendo dois do Executivo e 30 de parlamentares - coincidentemente, quase metade, ou 13 projetos, de autoria de vereadores que não se reelegeram.

Os dois projetos do Executivo também merecem atenção especial. Um trata da suspensão dos pagamentos da dívida do município com a União neste ano de 2020 por conta dos gastos extras para o enfrentamento do coronavírus.

Outro trata da desafetação de áreas públicas para regularização fundiária de interesse social em diversos locais ocupados por moradias em bairros e comunidades periféricas. Uma pauta interessante a ser tratada a dez dias da eleição entre Covas e Boulos, não é mesmo?

Enfim, vamos tratar das mulheres. São 13 eleitas para a próxima legislatura, a maior quantidade na história do Legislativo paulistano. Na eleição anterior, em 2016, foram onze, sendo que dez delas chegam agora ao final do atual mandato (uma saiu antes, eleita deputada).

A vereadora mais votada para tomar posse em 1º de janeiro de 2021 é uma mulher trans: Erika Hilton (PSOL) - que também terá como colega um homem transgênero, Thammy Miranda (PL), fazendo um contraponto interessante.

Foram eleitas ainda Sandra Santana (PSDB), Silvia da Bancada Feminista (PSOL), Luana Alves (PSOL), Elaine do Quilombo Periférico (PSOL), Sonaira Fernandes (Republicanos), Ely Teruel (Podemos) e Cris Monteiro (Novo).

Foram reeleitas Juliana Cardoso (PT), Rute Costa (PSDB), Sandra Tadeu (DEM), Edir Sales (PSD) e Janaína Lima (Novo). E não se reelegeram Aline Cardoso (PSDB), Adriana Ramalho (PSDB), Patricia Bezerra (PSDB), Noemi Nonato (PL) e Soninha Francine (Cidadania).

Em tese, são cinco mulheres de esquerda e oito de direita. Ou, neste 2º turno, cinco eleitoras de Boulos e oito de Covas. Mas queremos uma política que vá além desse raciocínio binário e de uma polarização burra e estreita. É para isso que estamos aqui.

Vamos acompanhar de perto o trabalho de todos os 55 vereadores e vereadoras de São Paulo, tanto neste final de mandato quanto a partir de 1º de janeiro de 2021. E seguiremos cobrando igualmente coerência, ética e responsabilidade de todos, homens e mulheres. Estamos de olho!

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Com Covas ou Boulos prefeito, tanto faz: Centrão, evangélicos e vereadores ativistas vão ter peso decisivo no futuro governo


A nova composição da Câmara Municipal de São Paulo para o mandato que se inicia em 1º de janeiro de 2021 mostra que ganharam força os vereadores que apresentam pautas claras e objetivas, posições firmes e eleitores fiéis.

À esquerda e à direita, foram agraciados com a maior quantidade de votos aqueles que a população identifica com mais facilidade no espectro político partidário, regionalmente ou que tem uma atuação mais combativa, seja na TV, nas redes ou nas ruas, em movimentos sociais e periféricos.

O campeão de votos Eduardo Suplicy (PT), por exemplo, dispensa apresentação. Mas mesmo ele tem uma pauta prioritária: a renda básica da cidadania. O segundo lugar, com a campanha mais cara do Brasil, é Milton Leite, o “dono” do DEM paulistano e chefão paternalista dos bairros da zona sul.

Na sequência, mais figurinhas fáceis na mídia: o Delegado Palumbo, astro do programa policial Operação de Risco e assíduo nos telejornais vespertinos como o Cidade Alerta, da Record, e o Brasil Urgente, da Band. Ou o influenciador, protetor animal e também policial civil Felipe Becari (PSD).

E por aí segue a lista dos mais votados: Fernando Holiday (Patriota), polêmico líder do MBL (com mais dois parceiros eleitos); ativistas transgêneros como Erika Hilton (PSOL) e Thammy Miranda (PL); a bancada feminista do PSOL, entre outras defensoras das chamadas pautas identitárias de esquerda, como Luana Alves ou Elaine do Quilombo Periférico.

A nominata prossegue ainda com outros políticos tradicionalmente ligados à causa animal (os irmãos Roberto e Xexéu Tripoli), lideranças comunitárias (como os representantes da bancadas petista, que também inclui os irmãos Jair e Arselino Tatto) e uma lista interminável de evangélicos.

Anote a crescente bancada da Bíblia, seguindo também a ordem de votação: André Santos, Rute Costa, Eduardo Tuma, Sansão Pereira, Atilio Francisco, João Jorge, Carlos Bezerra Jr. e por aí vai, totalizando um influente grupo corporativo de mais de 20 parlamentares.

Lembrando que os vereadores declaradamente progressistas, ou de esquerda, são 14 (oito do PT e seis do PSOL). Da base do atual governo, estão mantidos originalmente 16 parlamentares (há outros apoiadores ocasionais, claro). Mas para ter maioria simples na Câmara são necessários 28 votos.

Ou seja, se Guilherme Boulos (PSOL) for eleito prefeito, ou mesmo se Bruno Covas (PSDB), que hoje tem maioria, for reeleito, é de se imaginar que para governar será essencial dialogar com forças distintas e organizadas, como os evangélicos, os ativistas e o eterno Centrão. A oposição terá bastante peso.

O primeiro teste de forças se dará logo após a eleição do prefeito, na aprovação do Orçamento da cidade para 2021 e na destinação das emendas. O próximo embate será no dia da posse, em 1º de janeiro, com a imediata eleição do novo presidente da Câmara, da mesa diretora e do corregedor.

Veja mais uma vez quem são os 55 vereadores eleitos para assumir uma cadeira na legislatura de 2021 a 2024 em São Paulo:

PT (Vagas: 8)
EDUARDO SUPLICY
DONATO
ALESSANDRO GUEDES
JAIR TATTO
JULIANA CARDOSO
SENIVAL MOURA
ALFREDINHO
ARSELINO TATTO
Primeiro suplente: Reis


PSDB (Vagas: 8)
RUTE COSTA
EDUARDO TUMA
JOÃO JORGE
CARLOS BEZERRA JR.
TRIPOLI
AURÉLIO NOMURA
FABIO RIVA
SANDRA SANTANA
Primeiro suplente: Gilson Barreto


PSOL (Vagas: 6)
ERIKA HILTON
SILVIA DA BANCADA FEMINISTA
LUANA ALVES
CELSO GIANNAZI
TONINHO VESPOLI
ELAINE DO QUILOMBO PERIFÉRICO
Primeira suplente: Juntas Mulheres Sem Teto (MST)


DEM (Vagas: 6)
MILTON LEITE
ELI CORRÊA
ADILSON AMADEU
SANDRA TADEU
RICARDO TEIXEIRA
MISSIONÁRIO JOSÉ OLIMPIO
Primeiro suplente: André Soares


REPUBLICANOS (Vagas: 4)
ANDRÉ SANTOS
SANSÃO PEREIRA
ATILIO FRANCISCO
SONAIRA FERNANDES
Primeiro suplente: Jorge Wilson Filho


MDB (Vagas: 3)
DELEGADO PALUMBO
GEORGE HATO
MARCELO MESSIAS
Primeiro suplente: Dr. Nunes Peixeiro


PSD (Vagas: 3)
FELIPE BECARI
RODRIGO GOULART
EDIR SALES
Primeiro suplente: Police Neto


Podemos (Vagas: 3)
ELY TERUEL
DR MILTON FERREIRA
DANILO DO POSTO DE SAÚDE
Primeiro suplente: Felipe Franco


Patriota (Vagas: 3)
FERNANDO HOLIDAY
RUBINHO NUNES
MARLON DO UBER
Primeiro suplente: Ligieri


PL (Vagas: 2)
THAMMY MIRANDA
ISAC FÉLIX
Primeira suplente: Noemi Nonato


Novo (Vagas: 2)
JANAÍNA LIMA
CRIS MONTEIRO
Primeira suplente: Naira Sathiyo


PSB (Vagas: 2)
CAMILO CRISTOFARO
ELISEU GABRIEL
Primeiro suplente: Ota


PP (Vagas: 1)
FARIA DE SÁ
Primeiro suplente: Major Palumbo


PSL (Vagas: 1)
RINALDI DIGILIO
Primeiro suplente: Bioto NPN


PSC (Vagas: 1)
GILBERTO NASCIMENTO JR.
Primeiro suplente: Dr. Barreira


PV (Vagas: 1)
ROBERTO TRIPOLI
Primeira suplente: Renata Falzoni


PTB (Vagas: 1)
PAULO FRANGE
Primeiro suplente: Mario Graf

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Tropa de choque do presidente Bolsonaro foi rejeitada na Câmara de São Paulo (Amém!)


Na pior fase do “efeito Mick Jagger” (com o perdão do ídolo do The Rolling Stones pelo baixo nível da comparação), São Paulo pode celebrar que se livrou da maioria dos candidatos lunáticos da bolha bolsonarista. (Ufa!)

Nada foi pior para quem disputou as eleições neste 15 de novembro do que o toque de Midas do avesso dado pelo presidente Bolsonaro. Eita dedo podre para apontar prefeito e vereador, cruz credo! Mas, enfim, mais um ponto para a civilização contra a barbárie.

Além de afundar definitivamente a candidatura de Celso Russomanno (Republicanos) à Prefeitura, levando ao 2º turno de São Paulo dois opositores declarados, uma série de outros bolsonaristas de carteirinha foi rejeitada nas urnas.

O exemplo mais emblemático foi Clau de Luca, candidata a vereadora do PRTB que recebeu o apoio pessoal de Bolsonaro e teve a recomendação nominal de voto pelo presidente a seus seguidores. Não rendeu nem 6 mil eleitores. Oh! Que dó!

Pelo mesmo PRTB, perderam a eleição Edson Salomão, até então tido como puxador de votos da direita conservadora mais radical, e Bruno Zambelli, irmão da deslumbrada e bajuladora deputada Carla Zambelli. Três derrotas seguidas: já pode pedir música no Fantástico?

Também ficaram de fora puxa-sacos como o ídolo corinthiano Marcelinho Carioca, candidato pelo PSL, bem como os seguidores bolsonaristas Caíque Mafra (dissidente do MBL), Abou Anni Filho e a maioria dos militares e candidatos da chamada “bancada da bala”, por essa legenda e outras.

Recomendada por Bolsonaro, a exceção entre os eleitos foi Sonaira Fernandes (Republicanos), ex-assessora de um dos zeros qualquer coisa, eleita com 17.881 votos graças ao quociente eleitoral que puxou quatro vereadores do braço partidário da Igreja Universal.

Fora isso, Bolsonaro conta com a simpatia declarada ou enrustida de um punhado de direitistas eleitos, entre bispos e pastores evangélicos como Rinaldi Digilio (PSL); Gilberto Nascimento Jr. (PSC), apoiado por Damares Alves e Silas Malafaia; e Missionário José Olímpio (DEM), o vereador do bispo Valdemiro Santiago.

Deus nos livre!


Encontros e despedidas: a dança das cadeiras na Câmara Municipal de São Paulo


“Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir.”

É inevitável lembrar da canção de Maria Rita (de Milton Nascimento e Fernando Brant) ao acompanhar o interminável resultado deste 15 de novembro, que definiu Bruno Covas e Guilherme Boulos no 2º turno, além dos 55 vereadores eleitos para a Câmara de São Paulo, entre algumas caras novas de negras, trans e feministas, enquanto muito político experiente não se elegeu.

O vereador mais votado, outra vez, é o petista Eduardo Suplicy. O PT e o PSDB empatam com as maiores bancadas eleitas (8 vereadores cada um) entre 17 diferentes partidos, seguidos do PSOL (6), DEM (6), Republicanos (4), Podemos (3), PSD (3), MDB (3), Patriota (3), Novo (2), PSB (2), PL (2), PSL (1), PP (1), PV (1), PSC (1) e PTB (1).

Dos partidos que tem representação na atual legislatura, o Cidadania é o único que perde suas duas cadeiras. Também seguem fora da Câmara paulistana siglas como PDT, PCdoB, Solidariedade, Rede, PROS e o PRTB, que tinha uma candidata, Clau de Luca, apoiada pessoalmente por Jair Bolsonaro.

Dos 55 parlamentares atuais, 34 seguirão na Câmara a partir de 1º de janeiro de 2021. Entre os dez vereadores mais votados, além de Suplicy, apenas outros três foram reeleitos: Milton Leite (DEM), Fernando Holiday (Patriota) e André Santos (Republicanos).

Outros seis chegam como novidade: o midiático Delegado Palumbo (MDB); o influenciador, protetor animal e também policial civil Felipe Becari (PSD); a trans e ativista Erika Hilton (PSOL); Silvia da Bancada Feminista (PSOL); o ex-deputado e ex-presidente da Câmara, Roberto Tripoli (PV); e outro trans ativista, Thammy Miranda (PL).

Entre os mais votados da Câmara se destacam ainda novatos como um bispo da Igreja Universal, Sansão Pereira (Republicanos); a feminista negra Luana Alves (PSOL); o advogado do MBL, Rubinho Nunes (Patriota); o radialista Eli Correa (DEM); e os veteranos Arnaldo Faria de Sá (PP) e Carlos Bezerra Jr. (PSDB), que estavam sem mandatos.

Por outro lado, não se reelegeram Mario Covas Neto (Podemos); José Police Neto (PSD); Soninha Francine e Professor Claudio Fonseca (Cidadania); Caio Miranda e Dalton Silvano (DEM); Noemi Nonato e Toninho Paiva (PL); Ota (PSB); Reis (PT); Gilson Barreto, Adriana Ramalho, Quito Formiga e Daniel Annemberg (PSDB); Zé Turim e Souza Santos (Republicanos).

A renovação de 21 vereadores (38%) é bastante expressiva. São 42 homens e 13 mulheres (ou 23% de representação feminina), incluindo ainda pela primeira vez um homem trans e uma mulher trans, na formação mais plural e sob a maior expressão da diversidade já vista na história da Câmara.


Entre outros eleitos se destacam ainda, à direita e à esquerda, a vereadora bolsonarista Sonaira Fernandes (Republicanos) e Elaine do Quilombo Periférico (PSOL); a evangelizadora Ely Teruel (Podemos) e o Missionário José Olimpio (DEM), reforçando a “bancada da Bíblia”; os líderes comunitários Danilo do Posto de Saúde (Podemos) e Marcelo Messias (MDB); a ex-subprefeita Sandra Santana (PSDB); Marlon do Uber (Patriota); e Cris Monteiro (Novo), que se apresenta como especialista no mercado financeiro.

Das personalidades e celebridades que não conseguiram se eleger podemos destacar Marcelinho Carioca (PSL), Turco Loco (PSDB), Maurren Maggi (DEM), Diego Hypolito (PSB), Renata Falzoni (PV), Marcelo Aguiar (DEM) e o Dr. Bactéria (PSD), entre outros famosos que desejavam chegar à Câmara.

Mais números desta eleição que nos chamam muita atenção: com a abstenção em quase 30%, e os votos brancos e nulos, cada um também na casa dos 10%, isso significa que metade dos eleitores paulistanos simplesmente não votaram em nenhum candidato a vereador. Bom para refletir.

domingo, 15 de novembro de 2020

E aí, São Paulo: Covas ou Boulos?



Uma alegria é inegável: Bolsonaro se f****! 🤣🤣🤣🙏🏻

Domingo, 15 de novembro: Escolha bem e vote consciente


Claro que você já percebeu que fazemos escolhas diárias na vida e moldamos o nosso futuro a partir dessas decisões. Então reparou também que foram as opções que fizemos no passado que nos trouxeram até aqui.

A profissão, a roupa, a religião, o time de futebol, um filme para assistir, o que almoçar, onde morar, quem namorar. Das decisões mais simples, corriqueiras, às mais importantes e duradouras.

Hoje é dia de mais uma dessas escolhas importantes. Decidiremos como serão os nossos próximos quatro anos no contexto político e no cotidiano da nossa cidade. Vamos votar para prefeito e vereador, ou prefeita e vereadora (sem preconceito de gênero; ao contrário, estimulamos o voto em mulheres e trans).

São esses mandatários que estão mais perto de nós, responsáveis pela gestão pública de tudo aquilo que pode facilitar ou dificultar a nossa vida cotidiana: trânsito, transporte, saúde, educação, limpeza urbana, esporte, lazer, iluminação, meio ambiente, zeladoria do bairro, taxas e impostos municipais.

É curioso como um único dia pode marcar para sempre as nossas vidas. O primeiro dia de aula, o primeiro dia de trabalho, o primeiro beijo, a festa de 15 anos, ou chegar aos 18, o início do namoro, o momento do “sim” no casamento, o nascimento dos filhos.

Estaremos para sempre presos a algumas datas decisivas e às nossas escolhas. O dia da eleição também é assim. Afinal, como numa espécie de feitiço do tempo, vemos o Brasil preso ao momento da escolha do presidente em 2018. Tudo poderia ter sido tão diferente...

Hoje estamos retornando às urnas. Esperamos que dessa vez o brasileiro vá mais preparado e consciente. Que pense nos motivos para votar em determinado candidato ou candidata, e também que reflita sobre as consequências do seu voto. Basta de lunáticos, bandidos e desqualificados na política, por favor.


sábado, 14 de novembro de 2020

Tá na hora de votar!


Amanhã é dia de eleger o prefeito e fazer a dança das cadeiras na Câmara Municipal: quem entra, quem sai, quem fica, quem já vai tarde, quem deveria ter saído mas continua, quem quase chegou lá, quem vai fazer a diferença na legislatura e quem vai ser figurante de luxo, pago com o seu, o meu, o nosso dinheiro dos impostos.

Por aqui, sugerimos esse tempo todo que você pesquisasse sobre os vereadores que concorrem à reeleição e sobre as caras novas que podem fazer a diferença no Legislativo paulistano. Ainda dá tempo de se informar e refletir.

Reveja as sugestões de candidatos nas postagens do #Suprapartidário, do #CâmaraMan e do #ProgramaDiferente, e algumas caras novas que podem praticar a boa política e arejar a Câmara Municipal de São Paulo (repetimos algumas abaixo).

Não vamos falar (nem escrever) mais nada. Como diz o ditado, uma imagem vale mais que mil palavras. Nossas sugestões estão dadas. Agora é com você! Vote consciente!