domingo, 30 de agosto de 2020

Um filtro verde e amarelo para os seguidores do Bolsonaro

Vivemos um Brasil de mentira, dominado por filtros e efeitos como esses que se usam em fotos e vídeos no TikTok ou no Instagram.

E para que servem os filtros e efeitos? Ora, para deixar tudo que você posta mais engraçado, bonito e atrativo para os seus seguidores, é claro!

Esses filtros também alteram as cores e a resolução da imagem, estilizando e padronizando tudo ao gosto dos fãs desses influenciadores digitais da moda.

E o que são os Bolsonaro (pai e filhos), os bolsonaristas e o bolsonarismo senão uma grande rede social (ou anti-social, no caso) de influenciadores e influenciáveis com seus filtros e efeitos ideológicos?

Bolsonaro nem se importa em disfarçar muito. Pega tudo que já existia, inclusive o que foi criado pelo PT, bota um filtro verde e amarelo (afinal, a nossa bandeira jamais será vermelha) e pronto!

Troca Bolsa Família por Renda Brasil, Minha Casa Minha Vida por Casa Verde e Amarela. Simples, direto e objetivo. Vermelho nem de vergonha da apropriação indébita. Estelionato bicolor.

Quer incentivar a contratação de jovens? Programa Verde Amarelo. Quer mexer nos direitos trabalhistas? Carteira Verde e Amarela. É a verde-amarelização das fake news.

Até a corrupção deixou de ser exclusividade vermelha e passou a ser verde e amarela. Queiroz? Rachadinha verde-amarela. Centrão? Fisiologismo verde-amarelo. Fim do teto de gastos? Verde e amarelo. Lucro dos bancos? Verde e amarelo, ao infinito e além!

O (im)Posto Ipiranga Paulo Guedes, apesar de desbotado nos últimos dias, é verde e amarelo. Afinal, foi o próprio Bolsonaro que acusou seu governo de querer tirar dos pobres para dar aos paupérrimos.

E por que não tira dos multimilionários, então? Porque é a elite que lhe garante no poder, junto com político verde-amarelo, juiz verde-amarelo, PF verde-amarela, PGR verde-amarela e os brasileiros que amarelaram.

Desemprego recorde? Desmatamento? Fogo na floresta? PIBinho? Pandemia? Bota um filtro verde e amarelo. É só culpar prefeitos e governadores, a imprensa e o STF. Esquerdalha! Comunistas!

Moro? Mandetta? Doria? Huck? Felipe Neto? Globo? Folha? Artistas? Jornalistas? Oposição? Joga um raio esquerdizante neles! Basta para o cancelamento na bolha verde e amarela bolsonarista.

Quem se dá bem com Bolsonaro é verde e amarelo. Fundamentalista, militarista, armamentista, anti-abortista, golpista, machista, racista, olavista, fascista.

O empresário Luciano Hang, auto-intitulado “Véio da Havan”, aquele que veste um ridículo terno verde e amarelo e até Olavo de Carvalho já chamou de palhaço e Zé Carioca, quer entrar na Bolsa de Valores. Sinal dos tempos.

Cada vez mais ricos, os ricos. Cada vez mais f**** os pobres, trabalhadores, estudantes, aposentados, pensionistas. Recria a CPMF e disfarça com um tom verde-amarelo para calar os críticos. Vale tudo pela reeleição.

Afinal, o que são valores e princípios para essa turma? Não me venha com mimimi de Marielle nem de menina estuprada. Mulher de verdade é Michelle, Damares e Flordelis.

À família verde-amarela, tudo! Foro privilegiado para aliados e filhos delinquentes, polícia na porta dos inimigos (Alguém se lembra da Lava Jato e da PEC da prisão em 2ª instância?).

Justiça verde e amarela: Afasta o Witzel, denuncia o Alckmin e o Serra, mas protege o Roberto Jefferson e fecha a boca do Queiroz, pelo amor do Deus verde-amarelo do Silas Malafaia, do Edir Macedo e do Pastor Everaldo. Aleluia!

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Procurador da República ou advogado de defesa da familícia?

O que dizer de um Procurador Geral da República que atua como advogado de defesa do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos delinquentes?

Em tese, o PGR Augusto Aras deveria atuar como chefe do Ministério Público Federal, fiscalizando a execução e o cumprimento das leis. Na prática, em vez de representar os interesses da União, é mais um serviçal da bolha política e ideológica bolsonarista.

Pior: defende os interesses da família Bolsonaro e o dele próprio, particular, candidato declarado que é a uma vaga no Supremo Tribunal Federal - e Bolsonaro acena com essa possibilidade, como um adestrador que oferece o biscoito para fidelizar o cachorro.

A última manifestação de Augusto Aras foi defender o foro privilegiado de Flavio Bolsonaro no caso Queiroz. Ou seja, o procurador defende pessoalmente o investigado e atua contra o Ministério Público, apesar de todas as provas encontradas. Faz sentido para você?

Mas não é só isso. Nesta semana, apenas, deu mais duas declarações absurdas nessa mesma linha de defesa bolsonarista. O presidente, orgulhoso e satisfeito, voltou a acenar com a vaga no Supremo. Você acompanhou? Pois veja e reflita:

Primeiro, afirmou que Bolsonaro tem imunidade e não deve ser punido mesmo que for comprovada a participação direta do presidente nos crimes cometidos pelo Queiroz (inclusive os depósitos de dinheiro público na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro).

Aras disse ainda que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não tem nenhuma obrigação de desengavetar, analisar ou mesmo de levar a plenário algum dos mais de 50 pedidos de impeachment que já foram apresentados.

Para o procurador dos interesses da família Bolsonaro, os pedidos do impeachment tem caráter essencialmente político, não cabendo, portanto, a intervenção do Poder Judiciário. Com isso, ele lava as mãos, como um Pôncio Pilatos de plantão. Um retrocesso democrático sem precedentes.

Mas não sejamos injustos. Aras já havia dado outras mostras de fidelidade canina ao presidente. Fechou os olhos, por exemplo, para as atitudes irresponsáveis de Bolsonaro na pandemia. E para a participação dele em atos golpistas. Você se lembra?

Fez mais! Chegou a chancelar a tese de que o artigo 142 da Constituição respalda um golpe militar. Atua sistematicamente contra a Lava Jato. E tentou ainda brecar o inquérito no STF sobre as milícias digitais bolsonaristas.

É ou não é um daqueles casos de “amor hetero” que Bolsonaro gosta tanto de mencionar, fazendo graça como o tiozão do churrasco piadista, para constrangimento e vergonha alheia de toda a família? Pobre Brasil.

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

A fritura de Moro e Guedes por Bolsonaro expõe a verdadeira face do mitômano


Quem votou no presidente Jair Bolsonaro em 2018, tirando os lunáticos, fanáticos e analfabetos funcionais da bolha bolsonarista, votou também em outras referências: como na aliança anti-corrupção com Sérgio Moro e a Lava Jato, ou no perfil liberal e austero do economista Paulo Guedes.

Pois agora, passados menos de dois anos da eleição, o que é este governo senão um antro de corruptos e estelionatários, como ao faturar com o auxílio emergencial aprovado pelo Congresso (que Bolsonaro era contra) ou ao se apropriar de programas que tanto combatia, como o Bolsa Família e a renda básica da cidadania, dando novos nomes e nova roupagem? 

Moro já foi atirado aos leões milicianos na arena ideológica virtual do bolsonarismo, e o (im)Posto Ipiranga Guedes segue em rápido processo de fritura pública, exposto ao ridículo por Bolsonaro. O que o presidente está fazendo com o ministro da Economia é de uma canalhice e covardia sem precedentes.

Quem conhece a trajetória de Bolsonaro e da familícia sabia que a aliança eleitoral com Moro não iria longe. O combate à corrupção era balela, assim como o fim do foro privilegiado ou a prisão em 2ª instância, propagandas caça-votos do falso mito que escondia a verdadeira face de um mitômano.

Da mesma maneira, Guedes serviria apenas para iludir o eleitorado mais preocupado com as reformas estruturais do Estado e a responsabilidade fiscal do governo. Controle de gastos, fim da distribuição de cargos e da farra das medidas eleitoreiras? Isso durou até a página dois.

A história passa a ser escrita agora em parceria com o Centrão e com os políticos mais corruptos e fisiológicos de todos os tempos. Vale tudo pela reeleição, para barrar um eventual processo de impeachment e para proteger os filhos delinquentes. Quem, sinceramente, ainda acredita em Bolsonaro?

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Ruy Castro, no alvo! 🎯 #ForaBolsonaro

 


A busca pelo candidato ideal até 15 de novembro

Além de procurar qualidades óbvias, como ficha limpa, ética, honestidade, bom currículo, coerência das propostas e ações, eu faria mais três perguntas para escolher o meu candidato:

1) Você se considera mais opositor ou mais apoiador do presidente Bolsonaro? 

2) Isso está claro para o seu eleitor? E quem vota em você tem esse mesmo perfil?

3) Você omitiria a sua preferência ou opinião para não desagradar uma parcela do eleitorado e com isso tentar obter mais votos?

As eleições municipais estão chegando. Afinal, quais são as qualidades e características que devemos buscar no nosso candidato ideal? Vamos pensar nisso?

terça-feira, 25 de agosto de 2020

A quem interessa manter Bolsonaro, o meme que virou presidente, no poder?

Até hoje já foram apresentados 53 pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Em um ano e oito meses de governo, é um recorde absoluto. Só o gado bolsonarista finge não ver nada errado e segue mugindo feliz para o matadouro.

Mas está tudo parado nas mãos do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), codinome Botafogo nas delações da Lava Jato, operação que ele, Bolsonaro e outros envolvidos querem esquecer que existe. A bandidagem se entende.

Bolsonaro, contrariando todas as promessas de combater a corrupção e moralizar a política, já mostra a que veio: unido ao Centrão, tem maioria folgada no Congresso, faz acordos pontuais com os presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo, controla a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República.

Usa e abusa do foro privilegiado para defender a si mesmo e aos filhos delinquentes. Faz conchavos e conspirações, ameaça de porrada os jornalistas e de intervenção as instituições. Usa como moeda de troca, chantagista que é, emendas parlamentares, cargos e até a indicação de duas vagas no STF. Vale tudo pela impunidade e pela reeleição.

Crimes de responsabilidade, atentados ao estado democrático de direito e falta de decoro são práticas recorrentes e fartamente comprovadas. Estão aí até aliados da sua eleição reconhecendo os motivos para o impeachment: de Joice Hasselmann a Sérgio Moro, de Janaína Paschoal a Henrique Mandetta.

Porém, dizem os especialistas que falta ainda o “clima político” para iniciar um processo de afastamento do presidente demente. E quem são esses meteorologistas da crise, senão os próprios interessados em manter tudo como está para seguirem faturando com acertos, chantagens e negociatas?

A popularidade de Bolsonaro segue inflada artificialmente pelos efeitos do auxílio emergencial (que ele era contra, mas soube faturar) e pela ação da milícia bolsonarista nas redes sociais, cuja expertise é justamente produzir fake news em massa e dizimar opositores.

A última obra, veja só, foi fraudar a gravação que mostra Bolsonaro dizendo que tinha vontade de “encher de porrada” um jornalista, criando a versão mentirosa de que ele respondia a uma insinuação maldosa sobre a sua filha, Laura, menor de idade (aquela que foi uma fraquejada).

Se seguirmos neste ritmo, estão certos aqueles que prevêem Bolsonaro reeleito em 2022, isso se não tentar um golpe antes - e agora vem aí mais um pacote de boas intenções do (im)Posto Ipiranga Paulo Guedes para seduzir o mercado, o meio político e os formadores de opinião.

A oposição - seja nos partidos, seja na sociedade - segue acuada, dividida, enfraquecida, desacreditada. Ora omissa, ora cúmplice, quando não incompetente mesmo para enquadrar o bolsonarismo e os bolsonaristas na lei.

Que ironia e contradição para quem já assistiu o impeachment de Dilma por uma pedalada fiscal e o de Collor pelo esquema de PC Farias, que hoje parece brincadeira de criança diante de tantos e tão complexos esquemas criminosos revelados.

Em seis anos de governo, Dilma foi alvo de 68 pedidos de impeachment. Collor, em dois anos e meio, de 29. O motivo, as provas e as comvicções, como sabemos, são encontrados quando há interesse dos juízes, que neste caso são os parlamentares - mas a pressão cabe a nós, cidadãos e eleitores.

O que estamos esperando para iniciar o #ForaBolsonaro??? Não se trata mais de uma pauta de esquerda, centro ou direita, de liberais ou conservadores, de progressistas ou reacionários. Compreenda: é a razão contra o obscurantismo. A civilização contra a barbárie.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Em vez de ameaçar jornalista, #RespondeBolsonaro


O meme que virou presidente conseguiu mais uma vez: uniu a oposição, da esquerda à direita, e fez o Brasil passar vergonha mundial ao ter este ser inepto, desequilibrado e desqualificado dirigindo o país.

Tudo porque Bolsonaro sendo Bolsonaro, o lixo que o Brasil elegeu, não gostou de ser questionado sobre os depósitos de aproximadamente R$ 89 mil feitos pelo Queiroz e a mulher dele na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Descontrolado além do limite diante de um questionamento simples, direto e objetivo, o pai da familícia ameaçou o jornalista que fazia o seu trabalho neste domingo: “Minha vontade é encher tua boca na porrada.”

(Ui! Violento ele!)

Foi o que bastou para que a pergunta viralizasse nas redes sociais: “Presidente @jairbolsonaro, por que sua esposa, Michelle, recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?”

Dá vontade de falar: “Tá nervoso, Bolsonaro? Vai pescar”, como ensina a sabedoria popular. Mas nem isso pode, porque ele vai pescar mesmo, mas vai em área de preservação ambiental, é flagrado, leva multa e manda demitir o fiscal.

Daí fica ainda mais nervosinho!

É o modus operandi bolsonarista: dar porrada em jornalista, controlar a PF e a PGR, acabar com a Lava Jato e demitir o Sérgio Moro, dizer que vai fechar o STF, comprar o Centrão no Congresso, viver na base de fake news...

Bolsonarismo explícito, forjado na ditadura e nostálgico da tortura! Cada vez mais isolado na sua bolha ideológica de fanáticos e lunáticos, caminhando a passos largos para abreviar o seu mandato. A civilização começa a reagir à barbárie. #ForaBolsonaro

sábado, 22 de agosto de 2020

Trump e Bolsonaro: Qualquer semelhança não é mera coincidência

Já dizia Nelson Rodrigues: “Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.”

Não é apenas a prisão de Steve Bannon, guru da direita mais estúpida representada por Donald Trump e Jair Bolsonaro, que mostra as evidências do poder entregue a vigaristas, lunáticos, falsários, charlatães e criminosos.

É o conjunto dos acontecimentos dos últimos anos. Posturas antidemocráticas, ações conspiratórias, golpistas, persecutórias. Os ataques recorrentes às instituições, à imprensa, às minorias, à oposição. Suas mentiras.

Os Estados Unidos tem nas mãos, agora em novembro, a possibilidade de se livrar democraticamente do presidente demente deles. Não dá uma certa invejinha?

Na convenção democrata ocorrida nesta semana, o ex-presidente Barack Obama fez mais um dos seus discursos históricos e denunciou Donald Trump como uma ameaça à democracia.

Troque Trump por Bolsonaro e percebemos que Obama nos representa lá e aqui. Como seria bom se a humanidade fizesse um upgrade político e se livrasse desses vírus letais, obscurantistas, autoritários e populistas, não?

O primeiro presidente negro norte-americano apelou à responsabilidade individual de cada cidadão e disse que ninguém conseguirá consertar o país sozinho. 

Serve ou não serve como recado também aos brasileiros?

Num pronunciamento contundente, Obama afirmou que seu sucessor nunca "sentiu o peso do cargo" e que não teve "nenhum interesse" em tratar a presidência como algo que não fosse um reality show para ganhar atenção.

Obama repetiu uma ideia apresentada no discurso de sua mulher, Michelle: a de que Trump não consegue ser melhor. A ex-primeira-dama disse que o republicano não estava à altura do momento. "É o que é", sentenciou.

Na noite de quarta-feira, Obama retomou o mantra com outras palavras. "Donald Trump não cresceu no cargo porque ele não consegue", garantiu o ex-presidente.

A consequência, segundo Obama, são "170 mil americanos mortos. Milhões de empregos perdidos. Nossos piores impulsos soltos, nossa orgulhosa reputação ao redor do mundo diminuída drasticamente e nossa democracia e nossas instituições ameaçadas como nunca antes".

Obama apelou à responsabilidade individual de cada americano e disse que ninguém conseguirá consertar o país sozinho.

“Eu estou pedindo a vocês que acreditem em sua capacidade, que abracem sua responsabilidade como cidadãos, para garantir que os princípios básicos da nossa democracia perdurem. Porque é isso que está em jogo agora: nossa democracia", opinou o ex-presidente.

Eu me identifico plenamente com o pronunciamento de Obama, torço pela vitória dos democratas nos Estados Unidos e espero que o Brasil e o mundo reajam a esses debilóides obscurantistas.

E aí, você concorda ou discorda?

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Por uma cidade melhor e mais feliz para os humanos e os animais


Se tem uma coisa que a pandemia nos proporcionou, principalmente no período mais rígido da quarentena, foi valorizar a vida, a liberdade, a importância de termos uma moradia digna e uma boa companhia (seja de familiares, amigos ou animais).

Não foi à toa que aumentaram as adoções de animais domésticos. Por outro lado, também cresceu a quantidade de animais abandonados, o que é muito triste e revelador da irresponsabilidade e da imaturidade de muita gente. Você abandonaria seu próprio filho?

Tocamos nesse assunto, às vésperas das eleições, porque são cobranças que podemos e devemos fazer a nós mesmos e também aos políticos, seja agora dos candidatos a prefeito e vereador, seja de governadores, senadores e deputados com mandato. Queremos um lugar melhor para viver!

Temas como poluição, mudanças climáticas, licenças ambientais, saneamento básico, preservação de parques e áreas verdes, o cuidado com os animais de rua, o controle de zoonoses, a implantação de hospitais veterinários públicos, o combate aos maus tratos etc. são preocupações recorrentes da sociedade, e tem importância crescente.

A qualidade de vida, a saúde, a mobilidade, a sustentabilidade, o meio ambiente e os direitos humanos e dos animais precisam constar do plano de governo do prefeito e estar entre as prioridades, junto de tantos outros problemas sociais, estruturais e de gestão, de cada um dos vereadores eleitos.

Que falta nos faz ter ruas, parques e praças bem cuidadas para uma caminhada saudável. Ciclovias, áreas de lazer, academias ao ar livre. Bairros arborizados e permeáveis para evitar enchentes, nascentes preservadas, rios e córregos limpos, uma cidade bonita e bem cuidada.

Quem não gosta de ver flores, pássaros e animais silvestres que resistem ao concreto de São Paulo? Quem não se alegra com a felicidade de crianças brincando, idosos se exercitando, famílias passeando com segurança pelas ruas da cidade?

Que tal ficarmos de olho nas promessas e nos compromissos dos candidatos com o nosso futuro e a qualidade de vida, para escolhermos com mais conhecimento e propriedade os nossos representantes?

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Se você acha a política um lixo, saiba que ela é a sua cara!

Que moral tem o eleitor que desqualifica a política de forma generalizada se ela é o resultado mais fiel da qualidade do voto que cada um de nós depositamos na urna?

Ah, mas os vereadores são ruins, os deputados não me representam, os senadores são fracos, o prefeito é incompetente, o governador é desprezível, o presidente é não-sei-quê! Ora, meu caro, vote melhor!

A democracia é a expressão da vontade da maioria e das minorias organizadas. Todos podemos eleger nossos representantes, principalmente para o Legislativo. Você se lembra de todos os seus votos nos últimos anos?

Até as pessoas mais politizadas e bem informadas tem alguma dificuldade para lembrar em quem votaram nas eleições de 2018, 2016, 2014, 2012, 2010... deputado estadual, federal, dois senadores num ano, um terceiro em outro ano, vereador, prefeito... dá um nó na cabeça!

Mas isso é um defeito da democracia? Não! É uma consequência do poder que temos nas mãos. Podemos (e devemos) melhorar a qualidade da política através do voto. Eleger com responsabilidade e consciência. Pesquisar, refletir, cobrar e fiscalizar os políticos e os partidos.

Temos aí nova chance batendo na porta. As pré-campanhas estão nas ruas e nas redes. No dia 15 de novembro vamos escolher prefeitos e vereadores em todos os 5.570 municípios do Brasil.

O despreparo da maioria dos candidatos é uma certeza. Em 2016, nas últimas eleições municipais, foram mais de 496 mil registros de candidaturas no TSE. Mas será que nós, eleitores, estamos muito mais preparados que os candidatos? Ou eles simplesmente refletem o que somos?

Leia mais no #CâmaraMan e também:

9 em cada 10 vereadores tentam reeleição contra histórico de renovação


terça-feira, 18 de agosto de 2020

O que dizer de um governo que acaba com os impostos das armas e aumenta o imposto dos livros?

É isso aí o governo do presidente Bolsonaro e do seu (im)Posto Ipiranga, o ministro Paulo Guedes. Estimula a importação e a fabricação de armamento e munição, com taxas zeradas, enquanto leva à falência editoras e livrarias.

Você sabia que a reforma tributária proposta por Guedes e Bolsonaro traz outras surpresinhas, como a recriação da CPMF, aquela taxa que todo mundo paga igualmente quando faz alguma compra, enquanto nas grandes fortunas ninguém mexe?

Então, em resumo, é isso. O desempregado, o estudante, o aposentado, paga o mesmo imposto que Guedes e Bolsonaro nas transações bancárias, compras com cartão etc. Menos, é claro, quem fizer apenas movimentações em dinheiro vivo, como costumam fazer os políticos corruptos.

No caso da produção de livros, com a proposta de Paulo Guedes, o governo passará a arrecadar 12% sobre a receita bruta das editoras. Na prática, a cobrança impactará sobretudo livros didáticos e religiosos, que são a ampla maioria no Brasil (dois terços do total).

Atualmente, existe uma lei que isenta o mercado de livros de pagar PIS e Cofins. A equipe do ministro Paulo Guedes propõe substituir as duas contribuições federais pela CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), com alíquota de 12%, e acabar com o benefício ao mercado editorial.

Com o fim dessa isenção, o valor do tributo cobrado desde o fabricante de papel até o varejista (a livraria, o hipermercado, a banca de jornal) vai ser repassado ao consumidor final, e, claro, o livro ficará mais caro e inacessível.

Em 2019, foram produzidos 395 milhões de livros físicos no Brasil, segundo os dados da CBL (Câmara Brasileira do Livro) e do SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livro). Destes, 47,5% são livros didáticos e 18,8% são religiosos. Juntos, esses setores representam dois em cada três livros impressos e vendidos.

Me responda uma coisa, com sinceridade: você já viu o presidente Bolsonaro, algum dos seus filhos ou ministros estimulando o estudo, a educação, a leitura, a cultura? Não, né?

Em compensação, quantas vezes você já viu os bolsonaristas falando e mostrando armas, estimulando a posse e o porte, ou mesmo fazendo aquele gesto ridículo da arminha com os dedos?

Bolsonaro desestimula a compra de livros e patrocina a compra de armas. Desencoraja a educação e atiça o crime. Faz as livrarias baixarem as portas e pedirem falência, enquanto escolas de tiro, tendo ele e os filhos como garotos-propaganda, surgem por todo o Brasil.

O jovem brasileiro não precisa andar armado, mas ser amado, Bolsonaro. Menos armas e mais livros, por favor.

Este presidente demente, que já afirmou que o mal dos livros didáticos é ter muita coisa escrita - numa declaração que expõe obscurantismo, ignorância e bizarrice - é uma página a ser virada da nossa História.

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Estupro, gravidez, aborto, família: E se fosse a sua filha?


Uma menina de dez anos é estuprada pelo próprio tio e engravida. A Justiça autoriza o aborto.

Aonde você espera encontrar políticos? No parlamento aprovando leis mais rígidas contra esse crime hediondo? Ou, se tanto, na porta da cadeia exigindo que a polícia prendesse o canalha estuprador, certo?

Errado. Os políticos - todos declaradamente conservadores, evangélicos, bolsonaristas, representantes das famílias “de bem” - foram para a porta do hospital, promovendo tumulto e invasão, colocando outros pacientes e familiares em risco, ainda em plena pandemia, para tentar impedir o aborto.

O médico foi agredido, chamado de “aborteiro”. A família da menina estuprada foi agredida. Chamada de “assassina de criança”.

A própria menina de 10 anos, se não bastasse a violência sexual criminosa e absurda sofrida, teve que passar por mais este constrangimento diante de manifestantes alucinados.

Houve ainda a exposição do nome da menina, do endereço do hospital, da imagem e da identidade do médico que cumpriria a ordem judicial, nas redes sociais.

Tudo postado e compartilhado pela horda de apoiadores bolsonaristas, que se diziam indignados com a violência cometida contra a criança.

Mas, violência contra qual criança? A menina de 10 anos violentada? Obviamente que não!

A indignação foi toda canalizada contra a justiça, contra os médicos e contra a menina que faria o aborto.

Para os manifestantes, o feto resultado do estupro é uma vida que precisava ser salva, independente do trauma permanente causado à família da criança estuprada.

E você, o que acha disso tudo? Qual a sua opinião sobre o aborto autorizado pela Justiça, especialmente neste caso, de uma menina de apenas 10 anos e, pior, estuprada por um parente consanguíneo, o próprio tio?

A Justiça enlouqueceu? Os médicos são assassinos? Ou os manifestantes enlouqueceram? Quem tem razão? Quem é criminoso? Quem é vítima? O que você faria se o caso envolvesse a sua filha?

domingo, 16 de agosto de 2020

O que a direita tem na cabeça para se misturar aos bolsonaristas?

Houve um tempo, entre o fim da ditadura e a decadência dos governos petistas, que culminou no impeachment de Dilma Rousseff e na condenação de Lula, que a direita brasileira se escondia no armário.

Vez ou outra botava a cabeça de fora, arriscava uma aventura aqui e ali, como ao eleger Fernando Collor em 1989 ou durante todo o período em que o malufismo predominou em São Paulo, nos anos 90, mas a moda era ser de esquerda e a reação vinha sempre maior.

Tanto era assim que o Brasil elegeu Lula presidente duas vezes, Dilma outras duas, e na capital paulista o PT chegou ao poder em três ocasiões diferentes, apesar do conservadorismo e de todo o preconceito latente. Ser de direita parecia coisa do passado.

A política é cíclica, nós sabemos. Há movimentos eleitorais pendulares entre a esquerda e a direita, ora mais para lá, ora mais para cá, às vezes até com um certo equilíbrio ao centro. Agora o GPS político mudou.

Tendências da moda passam e ressurgem. Mas a onda direitista que varre o Brasil atualmente é estarrecedora e merece reflexão. Afinal, que direita é essa que se vê empoderada com o bolsonarismo?

Liberais na economia e conservadores nos costumes, é a definição que mais se ouve por aí. Ora, mas isso é pura retórica. Na realidade são lunáticos obscurantistas. Meio xenófobos, meio subalternos ao modelo norte-americano de Donald Trump, que parece inspirar os bolsonaristas na cafonice e na imbecilidade.

Não é possível que a direita pensante brasileira se veja representada no governo Bolsonaro. Não há um só princípio do liberalismo, da meritocracia, do estado democrático de direito e essencialmente republicano respeitado pelos bolsonaristas.

São caricaturas de extrema-direita, com traços reacionários, autoritários, totalitários, intolerantes, armamentistas, fascistas. Não abrem mão do Estado; ao contrário, querem um poder centralizado, militarizado, censor, opressor. 

São populistas. Desprezam a independência, a separação e a harmonia entre os poderes. Ignoram os freios e contrapesos da democracia. Atropelam liberdades e direitos individuais e coletivos. Calam vozes divergentes. Sufocam e reprimem minorias.

Investem na manutenção dessa polarização burra e estreita, escolhendo a dedo os inimigos reais (entre artistas, jornalistas, cientistas, professores, políticos opositores) e imaginários (carimbando qualquer adversário como comunista). Tática primária para manter a unidade de suas milícias nas redes, nas ruas e nas urnas.

A política, para essa direita quase folclórica, não tem serventia na mediação de conflitos e interesses, muito menos na representação da maioria com respeito ao indivíduo e às minorias organizadas. É mero instrumento para se atingir o poder - e prescinde da democracia quando chega ao objetivo principal.

Antigos aliados - pensadores e ativistas liberais legítimos, conservadores moderados, nacionalistas conscientes, reformistas, constitucionalistas, idealistas e até os chamados lavajatistas, responsáveis diretos pela eleição de Bolsonaro - pularam do barco ou vão sendo abandonados pelo caminho.

Referências anteriores, como Sérgio Moro, por exemplo, cedem espaço para figuras deploráveis da política que essa mesma direita prometia combater, como Roberto Jefferson e toda a turma corrupta e fisiológica do Centrão (os próprios condenados pela Lava Jato).

Quem domina o cenário são bajuladores e fanáticos da bolha ideológica - repetindo na mão inversa tudo aquilo que se criticava até então na esquerda e no PT. Proteção a bandidos de estimação, juízes comprados, fake news, PF e PGR controladas, a família e amigos dando as cartas em benefício próprio.

Saúde, Educação, Cultura, Economia, Meio Ambiente, Relações Exteriores, Justiça, Segurança Pública... tudo travado pela incompetência, dominado ideologicamente e gerando prejuízos internos e externos.

A imagem do Brasil no mundo nunca esteve tão ruim. Se não bastasse a vergonha internacional, negócios são desfeitos e muito dinheiro é perdido. Não se trata mais de esquerda x direita, mas de civilização x barbárie.

Portanto, diante de todo esse contexto político, social e econômico, o que clamamos é a construção de uma ampla frente democrática, que una partidos e movimentos cívicos, brasileiros anônimos e formadores de opinião, à direita, ao centro e à esquerda, para recolocar o Brasil no prumo.

Dos mais progressistas aos mais conservadores, de quem votou no Bolsonaro e de quem não votou, para resgatar o Brasil da mão desses delinquentes, milicianos e psicopatas, retomando o rumo da boa política, do desenvolvimento sustentável e da justiça.

#ForaBolsonaro é o primeiro passo de uma trajetória necessária. Precisamos virar mais essa triste página da nossa História. Ter coragem para corrigir um erro crasso, livrar o Brasil de falsos mitos e de mitômanos. Enfim, recolocar o povo brasileiro no protagonismo do seu futuro. Pé ante pé, direito e esquerdo, a saída é em frente.

sábado, 15 de agosto de 2020

Não precisamos do jornalismo enquanto houver o bolsonarismo



A popularidade do presidente avança. As hashtags #BolsonaroTemRazão e #Bolsonaro2022 estão mexendo com a minha cabeça. Leio: “Aceita que dói menos”. Penso: Quem sabe se o meu caso ainda tem solução?

Eu fico até com vergonha de confessar, mas tenho há 30 anos uma das profissões mais antigas do mundo. Aquela pela qual a gente faz qualquer coisa, vive no meio das drogas e da bandidagem, e se entrega de corpo e alma por dinheiro, sabe?

Sim, sou jornalista, mas não quero mais me prostituir. Preciso me redimir, mudar de vida. Vou procurar uma dessas igrejas que apóiam Bolsonaro, entrar no whatsapp da Aliança pelo Brasil e me matricular no curso do Olavo.

Se há uma atividade profissional fora de moda, odiada, desprezada, desvalorizada, desqualificada, com certeza é o jornalismo. Mão de obra de desocupados, antro da esquerdalha, curso superior que nem exige diploma. Vê se pode...

Enfim, pra que servem os jornalistas se temos os bolsonaristas? Por que vou me sujeitar a ler notícias pagas e opiniões dos outros se posso emitir as minhas próprias, ou aquelas que mais me convém?

Nada mais inútil que a imprensa inventada por Johannes Gutenberg no século XV. Afinal, nem o Brasil tinha sido descoberto ainda, então sai pra lá com essas velharias. Jornal serve para embrulhar lixo. Ou é o próprio.

Hoje, graças às facilidades tecnológicas e redes sociais, todo mundo é um potencial produtor e difusor de informações, notícias e opiniões. Jornal, revista, rádio, TV, internet, tudo está a um toque dos nossos dedos.

Eu sou o meu próprio repórter, redator, editor, fotógrafo e câmera man. Eu sou a mídia, a notícia e o público, tudo ao mesmo tempo. O tal do McLuhan, de “o meio é a mensagem”, enlouqueceria no iPhone 11 Pro dele.

Dicionários e faculdades ensinam que jornalismo é a atividade profissional que visa coletar, investigar, analisar e transmitir periodicamente ao grande público, ou a segmentos dele, informações da atualidade, utilizando veículos de comunicação para difundi-las.

Mas pra que precisamos da #GloboLixo ou da FALHA de S.Paulo se já vivemos em rede, conectados dentro da nossa bolha, difundindo livremente as nossas verdades, sem o incômodo dos divergentes?

Ah, eu ia continuar essa reflexão, mas ninguém lê textão, mesmo! E, outra, estou superatrasado. Não atualizei o blog, não respondi os directs, não postei meus stories e ainda preciso gravar pro Youtube e treinar a nova dancinha do TikTok.

(Porra, jornalista moderno sofre pra c*****!)

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Bolsonaro segue firme no poder, entre cúmplices e omissos, a caminho da reeleição em 2022

Ainda bem que Bolsonaro e todo bolsonarista que se preze não lê a Folha de S. Paulo, né? Porque o jornal afirma que a aprovação do presidente subiu e é a melhor desde o início do mandato.

Fake news? Não, infelizmente não. Mas o retrato mais fiel da ignorância e da despolitização de um eleitorado carente de salvadores da pátria e vulnerável a bravatas e auxílios emergenciais de 600 reais.

Aliás, mais uma demonstração da desinformação do povo brasileiro, que acredita piamente que Bolsonaro é o grande benfeitor em meio à pandemia, flor no pântano da política, distribuindo essa mesada pela Caixa Econômica como um bondoso pai dos pobres.

A nova pesquisa do Datafolha mostra também que a rejeição do presidente caiu dez pontos desde junho, quando a prisão do Queiroz na casa do advogado da familícia fez submergir o personagem canastrão da porta do Palácio, substituído por um inverossímil “Jairzinho paz e amor”.

Enfim, pelos números questionáveis dessa pesquisa Datafolha que não vale nada, subiu de 32% para 37% o índice de ótimo e bom do governo; enquanto caiu de 44% para 34% o ruim e péssimo. Regular passou de 23% para 27%.

Em linhas gerais, é uma senha para o mundo político. Linguagem partidária cifrada. Significa que nenhum mandatário vai se mexer para afastar este lunático, inepto, psicopata, miliciano, criminoso, irresponsável e incompetente do poder.

Quem vive como biruta de aeroporto ao sabor do vento, sujeita ao humor da população e na busca incessante do voto, como toda a base fisiológica e corporativista do Congresso Nacional, seguirá fazendo cara de paisagem e lavando as mãos feito Pôncio Pilatos.

Faz de conta que o presidente não é um maluco, autoritário e golpista. Dane-se que ele cogitou fazer uma intervenção militar. Deixa pra lá o deboche e o descaso com os cento e poucos mil mortos pelo coronavírus. Esqueça os crimes de responsabilidade, o extermínio ambiental, os atentados à educação e à cultura, todo o ódio e o obscurantismo.

A leitura que o mundo político - quase uma realidade paralela, um plano surreal, pior que o terraplanismo - fará da pesquisa é uma só: não há “clima” para o impeachment de Bolsonaro. Vida que segue. É hora de cada um cuidar da própria vida e pensar apenas nas eleições municipais.

O cenário político nacional seguirá em banho-maria, entre um escândalo e outro controlado pelos corruptos do Centrão (quadrilheiros que se alternam no papel de bombeiros ou incendiários de todos os governos eleitos e derrubados desde a redemocratização).

Os ventos sopram a favor de Bolsonaro. A maioria se manterá cúmplice ou omissa, enquanto a oposição estiver restrita às minorias e às esquerdas (desacreditadas, desmoralizadas, desmobilizadas). Quando o Brasil acordar, talvez seja tarde demais.

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Votações em São Paulo e em Brasília apontam para temas importantes e de apelo popular às vésperas das eleições

Daqui a três meses teremos eleições municipais. Não por acaso, vereadores, deputados e senadores aceleram o ritmo de trabalho, com óbvio interesse de mostrar produtividade e sensibilizar o eleitor.

Na Câmara Municipal, além do aumento da gratificação aos policiais militares que prestam serviço à Prefeitura de São Paulo na chamada “operação delegada”, outros dois projetos simbolicamente relevantes merecem destaque.

Um, da vereadora Soninha Francine (Cidadania), acaba com uma aberração chamada “salário-esposa”. Criado há 40 anos como “benefício” ao funcionalismo público, na prática não servia para nada. Cada servidor casado tinha direito a receber cerca de R$ 3 reais (isso mesmo, três reais) para ajudar no sustento da família. Que maravilha, não?

Outra boa iniciativa, esta do vereador Fernando Holiday (Patriota), faz uma consolidação da legislação municipal, revogando milhares de leis ociosas e obsoletas das décadas de 80 e 90, e ajudando na desburocratização da cidade.

Houve ainda a aprovação de projetos pontuais como bilhete único para desempregados, cotas para emprego de moradores de rua e ex-presidiários por empresas contratadas pela prefeitura, e a criação do “botão do pânico para o idoso”.

Foi ainda aprovado um estatuto de proteção, defesa e bem-estar dos animais domésticos ou que vivem nas ruas de São Paulo; e um necessário mas contraditório atendimento por serviços públicos (água, luz, esgoto, transporte etc.) em áreas com moradia em ocupações irregulares.

Também foram aprovados alguns projetos inusitados, como a “lei do photoshop”, que obriga agências e anunciantes a incluírem avisos nas imagens que alterem digitalmente “características físicas de pessoas em campanhas publicitárias”.

E ainda denominações e homenagens com interesses bastante específicos, como um projeto dos vereadores João Jorge (PSDB) e Noemi Nonato (PL) que muda o nome de uma via pública na Barra Funda para Avenida Nação Madureira, em referência ao ministério da Igreja Assembleia de Deus que ambos frequentam.

Deputados e Senadores

No Congresso Nacional, o destaque foi a derrubada de cinco vetos do presidente Bolsonaro e a manutenção de outros onze, entre eles um especialmente lamentável, que vedou a ampliação do BPC (benefício para idosos e deficientes carentes) junto com o auxílio emergencial concedido em meio à pandemia.

O mais curioso nos vetos derrubados é que coincidentemente parecem envolver diretamente inimigos escolhidos a dedo pelo bolsonarismo: médicos, advogados, historiadores, produtores culturais.

Um dos vetos barrava a prorrogação do prazo para utilização do Recine (regime de tributação para atividade cinematográfica); outro proibia órgãos públicos de contratarem serviços advocatícios e contábeis sem licitação.

O terceiro veto total derrubado foi ao projeto que regulamenta a profissão de historiador. Por fim, foram derrubados vetos a dois dispositivos no projeto que regulamenta a telemedicina durante a pandemia.

Porém, um dos mais aguardados e controversos, que é o veto parcial ao pacote anticrime elaborado pelo ex-ministro Sérgio Moro, ficou para ser discutido na próxima semana por falta de acordo. Vamos ver quem tem mais peso nesta balança política: Moro ou Bolsonaro.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Datena está fora; Russomanno e Marta seguem negociando; e a fila pelo apoio de Bolsonaro aumenta

Já comentamos aqui que o cenário da disputa para a Prefeitura de São Paulo estava totalmente indefinido, ainda mais com o adiamento das eleições para 15 de novembro.

Mas ontem, 11 de agosto, venceu o primeiro prazo importante para a definição de alguns candidatos. Era o último dia para apresentadores de rádio e TV se afastarem de seus programas se quisessem ser candidatos.

Datena, filiado ao MDB e acertado para ser vice do prefeito Bruno Covas (PSDB), acabou desistindo pela terceira vez de entrar para a política, sempre na hora H. Já pode pedir música no Fantástico.

O apresentador da Band ainda fez mistério. Não apresentou o programa de rádio pela manhã e negociou seu destino até o meio da tarde, quando entrou no ar no “Brasil Urgente” para anunciar a desistência de concorrer agora e, mais uma vez, prometer vir candidato na próxima, em 2022. Haja paciência!

Outro apresentador e potencial candidato, Celso Russomanno, que também é deputado federal pelo Republicanos, segue negociando: pode ser candidato a prefeito (e para isso busca o apoio da família Bolsonaro) ou vice de Covas. Quem dá mais?

Como diria aquele personagem humorístico da Escolinha, o judeu Samuel Blaustein, “fazemos qualquer negócio”.

Há fila de candidatos em busca de um aceno positivo de Bolsonaro e da familícia para enfrentar o favoritismo de Bruno Covas, que tem a máquina (municipal e estadual) e o apoio fechado de vários partidos.

Até Marcio França (PSB), identificado como nome de centro-esquerda, flerta com Bolsonaro. Esteve com o presidente na inauguração de uma obra em São Vicente e não tem escrúpulos para destilar ódio contra seu inimigo nº 1, João Doria.

Outros pré-candidatos que disputam o voto bolsonarista são Andrea Matarazzo (PSD), Joice Hasselmann (PSL), Filipe Sabará (Novo), Arthur do Val “Mamãe Falei” (Patriota), Marcos da Costa (PTB) e até o indefectível Levy Fidelix (PRTB), o homem do Aerotrem e dono do partido do vice-presidente, General Mourão.

A esquerda também se apresenta fragmentada. A dobradinha do PSOL (Guilherme Boulos e Luiza Erundina) segue fazendo estragos no PT, que lançou Jilmar Tatto e corre o risco de ter a sua pior votação em São Paulo após vencer três eleições (1988, 2000 e 2012) e chegar ao 2º turno em outras tantas.

Artistas, intelectuais, personalidades e políticos vinculados historicamente ao PT estão declarando apoio à candidatura Boulos. São nomes como Chico Buarque, Marilena Chauí, Raquel Rolnik e Renato Janine Ribeiro. O PT promete contra-atacar tendo Lula como protagonista da campanha.

Pequenos partidos, inclusive alguns eternos satélites petistas, também tem seus pré-candidatos para marcar posição: Orlando Silva (PCdoB), Vera Lucia Salgado (PSTU), Antonio Carlos Mazzeo (PCB) e Vivian Mendes (UP).

Novidade, por enquanto, veio do PV, que anunciou Eduardo Jorge como candidato e Roberto Tripoli, vice. A Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, também cogita lançar uma mulher, entre Marina Helou, Duda Alcantara, Raquel Marques e Marina Bragante.

Além da indefinição de Russomanno, da vergonha alheia pelo apoio de Bolsonaro, do pró e anti-Lula, falta também Marta Suplicy (Solidariedade) definir entre candidatura própria, ser vice ou permanecer fora da urna, apenas como articuladora privilegiada.

Entre mortos e feridos, vamos acompanhar essas guerras fratricidas à esquerda e à direita. Seguem as negociações e a procura pelos vices ideais. Depois, o próximo passo serão as convenções partidárias.

É certo que a polarização tradicional não se repetirá em São Paulo: nem PSDB x PT, nem PT x Bolsonaro. A fragmentação, aparentemente, favorece a reeleição de Covas. Enfim, que bicho vai dar por aqui?

terça-feira, 11 de agosto de 2020

CPF cancelado. Idade: 19 anos. Nome: “engano”

Você já viu esse garoto da foto? Olhe bem. Para a PM, é mais um “engano”. Para a família e os amigos, era Rogério Ferreira da Silva, que completava 19 anos no domingo.

Mas no próprio domingo ele morreu. Baleado pelas costas. Segundo relato dos policiais, ele estava de moto “em atitude suspeita”. Houve perseguição, resistência e ele teria tentado puxar uma arma.

Porém, está tudo gravado. Imagens de câmera de segurança mostram o exato momento em que Rogério foi abordado. Ele imediatamente reduziu a velocidade e parou na calçada. Foi inexplicavelmente baleado pelas costas. Caiu. Estava desarmado. Morreu. Não era bandido.

O crime? Andar na moto emprestada do amigo, sem capacete. A família o aguardava com um bolo para comemorar seus 19 anos. Não deu tempo. Ele virou mais um número na estatística dos erros da polícia. Mais um CPF cancelado, como gostam de bradar “homens e mulheres de bem”.

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Bolsonaro merece ser preso

Durante a pandemia, presidente tentou autogolpe e aparelhar a Polícia Federal

Celso Rocha de Barros *

A edição da revista piauí deste mês traz uma matéria, assinada por Monica Gugliano, com o título “Vou Intervir!”. Ela conta a história de uma reunião de 22 de maio, no Palácio do Planalto, em que Bolsonaro teria decidido mandar tropas para fechar o STF.

O plano seria substituir os 11 ministros por 11 puxa-sacos de Bolsonaro, por tempo indeterminado. Uma quartelada vagabunda raiz, nada dessas sutilezas de lenta corrosão democrática “Steven Levitsky” de que eu vivo falando aqui. O presidente teria sido dissuadido pelo general Heleno, que, para apaziguá-lo, soltou uma nota ameaçando o STF.

A princípio, o governo poderia ter desmentido a matéria, que é baseada em depoimentos concedidos off the record. Nessa situação, cabe ao leitor decidir se confia na reputação da revista —que, no caso da piauí, é impecável.

Entretanto, entre os bolsonaristas a desconfiança com relação à imprensa é generalizada. Se o governo quisesse desmentir a matéria, poderia tê-lo feito e considerado o assunto encerrado dentro da bolha que o elegeu.

Não desmentiu.

Houve quem interpretasse que o conteúdo da reunião vazou por interesse do governo, para avisar que o golpismo ainda está vivo. Se for, foi desnecessário: era só mandar o pessoal ler minha coluna, sempre digo isso.

Houve quem suspeitasse que o general Heleno vazou para parecer moderado. Houve ainda uma suspeita de que o governo teria vazado o conteúdo da reunião de propósito, para depois desmoralizar a imprensa com um desmentido (uma gravação, por exemplo). É triste viver em um país em que essa suspeita não é absurda.

De qualquer forma, a revelação da piauí não teve repercussão política nenhuma. E a explicação é simples: em geral, só se admite em voz alta aquilo de cujas consequências práticas se está disposto a arcar.

Muito antes da matéria da piauí, todo mundo já tinha visto Bolsonaro tentar o autogolpe em 2020. Mas, se você disser em voz alta que Bolsonaro tentou um autogolpe, a solução é impeachment e cadeia. Se você não puder e/ou não quiser fazer impeachment e cadeia, é mais fácil não dizer em voz alta que Bolsonaro tentou um autogolpe.

Ainda não parece haver correlação de forças para impeachment e cadeia: o centrão está no bolso do governo, o auxílio emergencial ainda deve durar alguns meses. Enquanto for assim, a turma vai fingir que não viu o golpe, os 100 mil mortos, o aparelhamento na Polícia Federal.

Talvez essa correlação de forças não mude nunca. Nesse caso, a fraqueza natural humana fará com que muita gente racionalize que não foi tão ruim assim, “olha só como ele era democrata, até comprou o Roberto Jefferson, todos nós aqui sempre dissemos que isso era a marca do democrata, ninguém aqui nunca reclamou de quem comprava o Roberto Jefferson”.

Eu, aqui, não vou racionalizar isso, não.

O dia de trabalho de Bolsonaro durante a pandemia de 2020 se dividiu entre organizar um golpe de manhã, aparelhar a Polícia Federal de tarde e demitir o ministro da Saúde no telejornal da noite.

Se esses crimes ficarem impunes, prefiro viver com o incômodo dessa injustiça e esperar a maré virar. Se não virar, levo o incômodo comigo até o fim. Não tenho como fazer acontecer, mas deixo registrado para os leitores do futuro: em 2020, nós sabíamos que Bolsonaro merecia ser preso. Todos nós sabíamos.

*Celso Rocha de Barros, servidor federal, é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra)

domingo, 9 de agosto de 2020

Feliz Dia dos Pais!

Neste domingo não podemos esquecer daquele que tem amor incondicional e defende seus filhos de todas as acusações, por mais provas que se apresentem contra eles.

Daquele que, junto com o foro privilegiado, protege seus filhos de todos os perigos, das ameaças e dos inimigos reais e imaginários, como os comunistas, os cientistas, os juízes e os jornalistas.

Daquele que ensinou os filhos a seguirem fielmente seus passos, pulando de partido em partido e vivendo às custas dos cofres públicos e de mandatos conquistados na base do ódio e da mentira.

Daquele que fez o primeiro bullying e a primeira arminha com os dedos, que ensinou a xingar a oposição e a #GloboLixo, que mostrou que um cabo e um soldado bastam para fechar o Supremo Tribunal Federal.

Daquele que presenteou com a primeira cartilha do Olavo de Carvalho, que ensinou o beabá das milícias, que mostrou as maravilhas do militarismo e do terraplanismo.


Daquele que levou os filhos para conhecerem o Mickey e o Trump, que contava histórias sangrentas da ditadura e se divertia quando os pequenos brincavam de torturadores de bichinhas e de meninas com suvaco peludo no quintal de casa.

Daquele que é tão parceiro que divide até a rachadinha com os filhos na conta da própria esposa, que ensinou cada um a nomear seus funcionários fantasmas e ter o seu próprio apartamento funcional usado para “comer gente”.

Hoje é mais um dia para não esquecer que Bolsonaro é um exemplo de pai a NÃO SER seguido, nem de político, nem de presidente, nem de ser humano.

Hoje é dia de agradecer a cada pai herói que nos ensinou que não podemos ter bandidos de estimação, e que ladrão de esquerda ou de direita deve igualmente ir para a cadeia.

Hoje é o Dia dos Pais, e nós agradecemos àquele que nos fez aprender o que é certo e errado, que nos mostrou o caminho da honestidade e nos ensinou a não cair na conversinha de qualquer malandro que quer o nosso voto.


Feliz Dia dos Pais a todos os que não se deixaram levar pelo obscurantismo, pelo negacionismo, pelo fascismo, pelo preconceito, pelo racismo e pelo fanatismo.

Feliz Dia dos Pais a todos que sabem hoje que cada vida tem o seu valor, e que se sensibilizam especialmente neste ano com com cada pai, mãe, avô, avó, filhos e filhas que choram as mais de 100 mil mortes de brasileiros, decorrentes do coronavírus.

Feliz Dia dos Pais, em vida ou em memória.
Obrigado, Pai! 🙏🏻 

sábado, 8 de agosto de 2020

Racista, ignorante, preconceituoso... tem que se f****!

Será que os casos de racismo, ódio e preconceito tem se tornado mais frequentes ou é a apenas a visibilidade que aumentou por causa da exposição e do compartilhamento dessas cenas deploráveis nas redes sociais?

O fato é que não podemos mais tolerar nem relativizar este comportamento criminoso, desumano, obscurantismo e selvagem dessa escória da sociedade que se julga superior por conta da cor da pele, da profissão, da religião, da orientação sexual, da preferência política, da condição financeira ou seja lá por qual característica.

Nesta semana tivemos mais dois acontecimentos de causar nojo e revolta: o morador de um condomínio residencial de alto padrão em Valinhos que faz ataques racistas a um motoboy, e o jovem negro agredido pelo segurança da loja Renner de um shopping na Ilha do Governador ao tentar trocar um relógio de presente para o Dia dos Pais.

Esses dois novos casos, no Rio e em São Paulo, entram para a triste contabilidade destes tempos absurdos que vivemos. É o desembargador que se julga no direito de atacar guardas civis na praia de Santos, é o boçal que ofende o PM com um “Aqui é Alphaville, mano”, é a analfabeta funcional que repreende o fiscal da Vigilância Sanitária com um “cidadão não, engenheiro civil”.

Em comum, uma falsa ideia de superioridade e uma necessidade patológica de espezinhar o outro, o “eu sou melhor que você” porque sou branco, porque tenho mais dinheiro, porque moro numa casa melhor, porque sou machão... como se isso desse a alguém credencial para humilhar o preto, o pobre, o empregado, o gay, o favelado.

Racistas, preconceituosos, machistas, misóginos, homofóbicos, autoritários, violentos, agressivos, ignorantes... qualquer um desses tipinhos deve mesmo ser denunciado, ter a cara exposta na mídia e se f**** muito! Contem com a gente pra isso!

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

O seu, o meu, o nosso dinheiro...

O que você diria se um bandido tivesse feito 21 depósitos na conta da ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva?

E o que você vai me dizer, então, sobre os 21 depósitos feitos pelo Queiroz na conta da atual primeira-dama, Michelle Bolsonaro?

Foram R$ 72 mil em cheques depositados para a “Dona Micheque”, mulher do Bolsonaro.

O Queiroz também pagava as contas pessoais do Flavio Bolsonaro, um dos filhos do presidente Bolsonaro.

Até a escola das netas do Bolsonaro eram pagas pelo Queiroz.

Mas eles negam que esses valores sejam parte daquele dinheiro público desviado da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro por meio das “rachadinhas”. Sei...

Ou esse Queiroz é o maior amigo e melhor assessor da face da Terra, um verdadeiro anjo para a família Bolsonaro, ou essa história está mal explicada, né?

O que você acha? Estranho? Suspeito?

Precisa investigar? Claro!

Uma dica: Lula está condenado e inelegível. E o Bolsonaro?

Você sabe que ninguém investiga o presidente e os filhos dele porque eles se escondem atrás do “foro privilegiado”?

Eu sou contra bandido e corrupto de esquerda e de direita. E você?

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Político precisa se “dar bem”? (Peraí, mas em qual sentido?)

E aí, vc concorda com essa declaração do pré-candidato Andrea Matarazzo (do PSD de Gilberto Kassab)?

O prefeito de São Paulo deve necessariamente “se dar” com o Presidente da República para a cidade e os paulistanos também se darem bem?

Afinal, somos ou não somos republicanos? Vivemos ou não vivemos num estado democrático de direito? Que tipo de política e de políticos desejamos?

Será que os destinos de uma metrópole do tamanho de São Paulo estão subordinados a simpatias pessoais, interesses partidários, vaidades e afinidades ideológicas?

Temos que escolher alguém aliado de Bolsonaro e afinado ao bolsonarismo? Ou, muito pelo contrário, até para garantirmos os pesos e contrapesos da democracia, devemos ser a resistência a esses lunáticos?

O mesmo raciocínio vale para a Câmara Municipal. Queremos um Legislativo exclusivamente governista, adesista, fisiológico, uma base única, ou a oposição é fundamental para cobrar e fiscalizar o Executivo?

No caso da Prefeitura de São Paulo, nossa história mostra que não é preciso nenhum alinhamento entre prefeito e presidente para a gestão municipal avançar (ou, em oposição, retroceder).

Vamos voltar mais de 30 anos no tempo e refletir: em 1988, Luiza Erundina (então no PT) foi eleita prefeita de São Paulo. O presidente era Sarney. Em 1989 Collor se elegeu e governou até sofrer o impeachment em 1992.

Naquele ano, Itamar Franco assumiu a Presidência e Paulo Maluf se elegeu prefeito. Alinhamento zero. Em 1994, o presidente eleito foi Fernando Henrique. Celso Pitta sucedeu Maluf em 1996 e governou de 1997 a 2000 ainda sob a presidência de FHC.

Marta Suplicy se elegeu prefeita em 2000. O petista Lula só se elegeria presidente em 2002, portanto o PT “casou” a Prefeitura com a Presidência por dois anos, em 2003 e 2004.

Mas o prefeito eleito naquele ano foi o opositor José Serra (PSDB), derrotando a própria Marta. Lembrando ainda que o Governo do Estado jamais deixou de ser tucano (em dobradinha com o ex-PFL, atual DEM).

Na sequência, de 2006 a 2012, o prefeito foi Gilberto Kassab. Talvez aí tenha sido inaugurado o período de “se dar bem” com todo mundo. Do PT ao PSDB (passando por Temer e agora com Bolsonaro), o lema kassabista é “se dar bem”.

Veio a eleição de Fernando Haddad em 2012, casada com a gestão da presidente Dilma Rousseff até 2016. O que aconteceu? Ambos naufragaram politicamente. Dilma pelo impeachment, substituída pelo vice Temer, e Haddad derrotado por João Doria (PSDB).

Hoje temos o sucessor de Doria, o tucano Bruno Covas, disputando a reeleição como um prefeito claramente de oposição ao bolsonarismo - e com algum favoritismo, segundo as pesquisas. De outro lado, um grupo enorme e fragmentado disputando o voto bolsonarista. Que fim isso vai dar?

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Tem volta às aulas, #EleNão e “lei do photoshop”, mas são nomes de ruas, datas comemorativas e homenagens que dominam a pauta da Câmara de São Paulo

A pouco mais de três meses das eleições municipais e ainda sob efeito da pandemia, os vereadores paulistanos querem acelerar a votação de projetos em 1ª e 2ª votação para faturar seus votos em 15 de novembro.

São 51 projetos na pauta da sessão extraordinária desta quarta-feira, 5 de agosto, com destaque para o protocolo de volta às aulas (ainda sem data definida) e projetos de intervenções urbanísticas importantes nas regiões da Água Branca, da Chucri Zaidan e da Vila Leopoldina.

Também podem ser votados desde o auxílio emergencial para taxistas e vans escolares até a “lei do photoshop”, que obriga agências e anunciantes a incluírem avisos nas imagens que alterem digitalmente “características físicas de pessoas em campanhas publicitárias”.

Mas a grande maioria dos projetos - incluindo os 113 itens da chamada “sessão virtual” - tem mesmo como principal objetivo atender pontualmente ao reduto eleitoral de cada vereador ou vereadora que vai tentar se manter por mais quatro anos no Legislativo.

Há uma série de projetos de denominações e homenagens com interesses bastante específicos: como um projeto dos vereadores João Jorge (PSDB) e Noemi Nonato (PL) que muda o nome de uma via pública na Barra Funda para Avenida Nação Madureira, em referência ao ministério da Igreja Assembleia de Deus que ambos frequentam.

Tem outros projetos bastante inusitados, como a oficialização do Dia do #EleNão, uma clara referência às manifestações convocadas por mulheres nas redes sociais em 29 de setembro de 2018, contra o então presidenciável Jair Bolsonaro, às vésperas das eleições.

Por sugestão da vereadora Juliana Cardoso (PT), a Câmara deve votar se regulamenta a data contra o suposto avanço do fascismo no Brasil e em repúdio a atitudes preconceituosas, machistas, racistas, homofóbicas e contra a igualdade de gênero.

Tudo isso porque, por limitação de tempo e de espaço, eu selecionei somente três projetos polêmicos, curiosos e emblemáticos. No total, são 164 pautados nesta semana. Fora o que ainda vem por aí até o fim do ano. Imagine o que mais você pode encontrar...

CPI do verde, não! Mas das “verdinhas”, tem outra vez!

Nós, que estamos mais acostumados a trilogias no cinema (de filmes como O Poderoso Chefão, O Senhor dos Anéis, De Volta para o Futuro ou Matrix), vemos agora uma inédita trilogia de CPIs na Câmara Municipal de São Paulo.

Os vereadores paulistanos resolveram apostar no mesmo assunto pela terceira vez consecutiva, e aprovaram a CPI da Sonegação do ISS, seguindo o filão monotemático iniciado com a CPI dos Grandes Devedores e repetido com a CPI da Sonegação Fiscal.

Segundo o presidente da Câmara, vereador Eduardo Tuma (PSDB), e o proponente vereador Ricardo Nunes (MDB), dessa vez o foco será a apuração de empresas que atuam na Capital mas mantêm sedes de fachada em outras cidades para reduzir o recolhimento do imposto.

“A Câmara conduziu nos últimos três anos outras duas CPIs relacionadas a grandes devedores e a fraudes fiscais, ambas de minha autoria. Esse trabalho resultou na recuperação de bilhões aos cofres municipais, incluindo recursos que eram devidos por bancos”, afirma Tuma.

“A criação dessa nova CPI vai dar sequência a esse trabalho, muito importante para detectar casos de evasão fiscal e recuperar valores que, mais do que nunca, são necessários para que o Município possa investir em áreas essenciais como saúde e educação”, ressalta o presidente da Casa.

Ora, convenhamos, se todos já sabem aonde está a ilegalidade e qual a manobra que as empresas utilizam para fugir da cobrança do ISS em São Paulo (como fazem, por exemplo, os motoristas que emplacam seus veículos em outros estados para pagar menos IPVA), é caso de polícia, não de outra CPI.

Os vereadores tem outras dezenas de CPIs urgentes paradas na fila, mas preferem repisar o caminho já trilhado, apostando no apelo midiático e eleitoral de noticiarem que estão recuperando bilhões de reais para os cofres públicos. O que é uma meia verdade, pois já bastaria a ação de promotores, policiais e auditores fiscais.

Vamos dar um exemplo concreto: o belíssimo trabalho do vereador Gilberto Natalino (PV), com dossiês atualizados sobre a criminosa devastação das poucas áreas remanescentes da Mata Atlântica na cidade, provocada por ocupações irregulares e loteamentos clandestinos.

Imagens de satélite flagram a derrubada sistemática de árvores e construções ilegais em áreas de preservação ambiental, como regiões de mananciais e o entorno das represas Billings e Guarapiranga, sob a omissão dos governos municipal e estadual, do parlamento paulista e paulistano, dos órgãos de segurança pública e até mesmo da opinião pública.

Afinal, o mau exemplo vem de cima. O Sinistro do Meio Ambiente Ricardo Salles, candidato a novo Exterminador do Futuro (aliás, sequência que dobrou a meta das trilogias com seus seis filmes), acaba de anunciar a redução da meta de combate do desmatamento ilegal no país até 2023.

É ou não é uma vergonha? Governos - municipal, estadual e federal - que se declaram incompetentes para enfrentar desmatamentos ilegais se tornam verdadeiros cúmplices dos crimes ambientais. Passam atestados de incompetência e inutilidade.

Que política é essa que prioriza as “verdinhas” em detrimento do verde? Quanto vale a nossa vida? Será que alguém parou para calcular quanto São Paulo e o Brasil perdem de dinheiro (recursos públicos e privados, financiamentos e investimentos externos) justamente pelo descaso com a sustentabilidade? Tristes tempos.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Educação é prioridade: Que o governo aprenda a ensinar melhor

Em meio à pandemia e à indefinição sobre a volta às aulas presenciais, São Paulo acena com uma mudança interessante para tentar conter a evasão de estudantes do ensino médio e tornar mais prático e efetivo o aprendizado.

Adaptar o currículo escolar aos reais interesses dos jovens parece um bom caminho. Uma lei federal já determina a reformulação - e o governo paulista sairá na frente ao oferecer diferentes itinerários formativos, como: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e sociais, formação técnica e profissional.

Parece óbvio que, diante de um abandono de 25% a 35% dos alunos matriculados nas 3.737 escolas da rede estadual, o problema precisa ser enfrentado para garantir o interesse e a frequência dos adolescentes no tradicional sistema de educação.

Aumentar a oferta de cursos técnicos e profissionalizantes, além de permitir que os alunos priorizem o aprendizado de matérias relacionadas às suas áreas de preferência, apontam para soluções mais adequadas, inteligentes e contemporâneas.

Obviamente há outros problemas, como limitações físicas e estruturais das escolas, a crise econômica, a lentidão e a burocracia para a realização de mudanças, o atraso tecnológico etc., mas o rumo da reformulação parece correto.

Com ações conjuntas para a valorização e o melhor preparo também dos professores e profissionais do ensino, adequando tanto os educadores quanto os estudantes a esses novos tempos de ferramentas digitais e virtuais, poderemos fazer uma verdadeira revolução na educação do país.

Precisamos de investimentos, empenho e vontade política. São mudanças necessárias e graduais, que talvez não tragam benefícios eleitorais imediatos e por isso mesmo não mobilizem tanto o meio político-partidário. Mas é a única forma de construir uma verdadeira Nação. Quem se habilita?

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

O novo e o velho, o bem e o mal

Volto outra vez a um tema recorrente na atual política brasileira: a polarização burra e estreita entre a “velha” esquerda e a “nova” direita, que nos jogou nessa vala entre o bolsonarismo e o petismo.

Como falso contraponto a essa polarização dominante, parece que tem gente que acha “moderno” apoiar algum candidato ou partido que supostamente “não é de direita, nem de centro, nem de esquerda”.

Ora, mas esse foi o lema de fundação do PSD de Kassab, por exemplo, derrubado na prática pelo recente desembarque dele e de seus parceiros fisiológicos do Centrão no colo do Bolsonaro. Governistas desde a chegada de Cabral em 1500.

Queremos construir que tipo de democracia, afinal? Uma pragmática e entreguista que exclua os divergentes, elimine os críticos, persiga os oposicionistas, desestimule o debate e tente implantar o pensamento único bolsonarista?

Ou outra que reúna direita, centro e esquerda democrática, de comunistas a liberais, de conservadores e progressistas, sem se perder no discurso do ódio, nem nos fazer parecer um eleitor insosso, isentão ou lacrador de redes sociais, como se tornou a definição de “novo” e “democrático” para alguns?

Não, meus amigos. Censura, ódio, cancelamento virtual, intervenção, golpismo é o que desejam alguns para satisfazer seus próprios interesses e dar justificativas a seus grupos políticos. Mas nós não somos, nem podemos ser, essa geléia eleitoral insípida, inodora e incolor.

Ser verdadeiramente democrático, moderno, sintonizado com a sociedade, reunindo de militantes e utópicos oriundos da esquerda mais tradicional a jovens liberais em harmonia (e isso é plenamente viável e coerente) está muito longe de nos restringir a essa democracia fake das postagens bolsonaristas. Xô, fanáticos e lunáticos! Aqui não!

domingo, 2 de agosto de 2020

Ótimo artigo de Drauzio Varella sobre o ódio e os ‘cloroquiners’

Talvez a consequência mais nefasta do ódio seja o aparecimento do populista

O ódio não admite hesitações, interpretações alternativas ou neutralidades, quem não estiver conosco é contra nós


Ódio é uma emoção duplamente negativa. Quando se expressa, faz mal contra quem se dirige, enquanto envenena aquele que o sente.

Na cadeia, tratei de uma moça que vou chamar de Maria, irmã mais velha de uma menina de 15 anos estuprada e esfaqueada na região genital pelo segurança de uma construção, que fugiu depois do crime. Maria ficou tão revoltada que largou o namorado, os amigos e abandonou o emprego de secretária para se dedicar, em tempo integral, à caça do estuprador.

De manhã, saía da casa dos pais como se fosse para o trabalho e passava o dia pela cidade atrás de qualquer pista que pudesse levá-la a ele. A ideia de matá-lo tomou conta de sua vida de tal forma que nada mais a interessava, nem o convívio com os pais e os sobrinhos de quem era tão próxima. Chegou a dormir na porta de um armazém, à espreita do criminoso.

Finalmente, encontrou-o no café da manhã numa padaria. Seduziu-o com um sorriso. Marcaram encontro para o fim da tarde.

Depois de três cervejas, ela o convidou para o apartamento. Ao atravessarem uma área despovoada, tirou o revólver da mochila, obrigou-o a se ajoelhar, mostrou-lhe a fotografia da irmã e deu o primeiro tiro, deliberadamente contra o abdômen, de modo a apreciar a submissão e o desespero nos olhos do infeliz. Prolongou quanto pôde a agonia do homem suplicante. O tiro de misericórdia veio com um quê de frustração por dar fim ao sofrimento do desafeto.

Foi condenada a 12 anos. Estava presa havia quatro quando a conheci. Apesar de reconhecer os reveses da perda de um bom emprego e do convívio com a família, confessava não estar arrependida: “Se ele reencarnasse, eu faria tudo de novo”.

Odiar é uma doença contagiosa. Você, caríssima leitora, provavelmente sentiu ódio desse homem capaz de estuprar e esfaquear os genitais de uma criança de 15 anos. Fosse você a juíza do caso, talvez não tivesse aplicado a ela pena tão severa ou, quem sabe, considerado a absolvição a sentença mais justa.

A depender das condições, o ódio adquire características de epidemia que se dissemina pela vizinhança, pela cidade, por um país e até por um concerto de nações. Pode ser dirigido contra uma única pessoa, contra um grupo, raça, etnia, habitantes de um país inteiro ou de uma região do planeta.

Assim, os nazistas convenceram os alemães a aceitar como inevitável o extermínio de judeus, ciganos, crianças nascidas com malformações e os que manifestavam desacordo com as políticas oficiais.

É uma emoção aglutinadora: os inimigos de quem odeio estão do meu lado, se nos aliarmos teremos mais força para massacrá-lo. O ódio não admite hesitações, interpretações alternativas ou neutralidades, quem não estiver conosco é contra nós. Não existe espaço para empatia nem para o contraditório, entre os odiadores só há certezas.

Talvez a consequência mais nefasta dessa polarização seja o aparecimento do político populista. Seu talento maior está em identificar numa população as mágoas e as frustrações individuais para transformá-las em ódio, catalisador essencial para unir o povo contra os que serão apontados como responsáveis “por tudo o que está aí”.

O populista necessita da existência de inimigos, como a abelha da flor. Sejam eles imaginários ou personificados. É a lógica do ódio que assegura a submissão dócil dos liderados, esteio da sobrevivência do líder.

O presidente atual soube entender a insatisfação popular e desenterrou o cadáver do comunismo para interpretar o papel de inimigo do povo.

À menor crítica, o cidadão é tachado de comunista e execrado nas redes sociais.

A chegada da epidemia pôs mais lenha nessa fogueira, já que ofereceu a oportunidade de criar outro inimigo: a ciência. Distanciamento social, máscaras, testagem em massa, tudo tem sido contestado com afronta pelo próprio presidente e seus seguidores incondicionais. Medidas de saúde pública adotadas no mundo inteiro passaram a ser consideradas ações propostas por adversários empenhados em destruir a economia, subverter a ordem e matar os brasileiros de fome.

Chegamos ao disparate de politizar a indicação de um medicamento ineficaz no tratamento da doença: quem segue os caprichos do presidente tem que ser favorável à prescrição de cloroquina, ainda que seja tão ignorante em medicina quanto ele.

sábado, 1 de agosto de 2020

Quem tem medo de Sergio Moro?

Não, Sergio Moro não é o meu candidato à Presidência da República. Nem a qualquer outro cargo eletivo. Aliás, ele despencou no meu conceito ao aceitar ser ministro deste desgoverno. Mas quem disse que ele não pode disputar uma eleição?

Essa manobra casuística para impedir a candidatura de ex-juízes ao impor uma quarentena de oito anos é uma vergonha. Um golpe contra a democracia, contra a vontade do povo, contra os direitos e a igualdade dos cidadãos.

Uma articulação que une do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passando por políticos corruptos e partidos sujos, dá sinais do desespero com a simples possibilidade de uma candidatura lavajatista.

Voltemos ao Sergio Moro. Vou desenhar: eu não o considerava um juiz imparcial, visto que havia alvos preferenciais e uma parceria declarada (e questionável juridicamente) com a força-tarefa da Operação Lava Jato.

Nem o considero um herói, apesar de obviamente reconhecer a importância da sua atuação. Relevante. Transformadora. Histórica. Mas que a aproximação com Bolsonaro e o bolsonarismo provou que não era assim tão isenta, imparcial e despretensiosa.

Pois, dito isso tudo, e reafirmando que eu não apóio nem voto em Sergio Moro, acho um erro absurdo inventarem essas chicanas e pegadinhas burocráticas para barrar a sua eventual candidatura.

Até porque esse golpezinho mequetrefe pode ser um tiro n’água. A lei não vai retroagir para impedir que Moro, ex-juiz desde 2019, possa exercer plenamente seus direitos políticos, que hoje lhe permitem votar e ser votado. Pouco provável, né?

De todo modo, os velhos políticos acusam o medo que sentem de caras novas na política. Se não bastasse o monopólio dos partidos, querem evitar também que candidatos egressos do Judiciário e do Ministério Público disputem democraticamente seus votos.

Tentar impedir apenas juízes e promotores de pegarem carona na fama para iniciarem carreira política, mais que oportunismo, conveniência e ilegalidade, é uma canalhice.

E policiais, artistas, empresários, advogados, jornalistas, apresentadores de TV, médicos, ativistas sociais, influenciadores digitais etc. também precisarão dessa quarentena de oito anos? Bobagem!

Esta proposta não pode avançar. Não faz nenhum sentido, a não ser como aquilo que de fato motiva seus autores e articuladores: golpe, vingança e recanchismo de quem se sentiu atingido pelas investigações. Ora, já não bastava ser corrupto, vão passar atestado?