segunda-feira, 31 de maio de 2021

Uma conversinha com o prefeito de São Paulo


Um ano atrás, talvez nem o próprio Ricardo Nunes apostasse que hoje ele seria o prefeito de São Paulo. A escolha do vice de Bruno Covas foi um árduo trabalho de arquitetura político-partidária, um quebra-cabeças que buscou atender a inúmeros interesses dos diversos atores envolvidos nas eleições.

A gravíssima doença - que culminaria com a trágica morte - do jovem prefeito paulistano que aos 40 anos de idade já concorria à reeleição fez desta estratégica vaga do vice um espaço ainda mais cobiçado que o normal na política nacional, que tem tradição nessa dança das cadeiras.

Assim como Geraldo Alckmin substituiu o avô de Bruno, o então governador Mario Covas, quando ele também precisou se afastar do cargo por causa de um câncer, ou vices como Itamar Franco e Michel Temer se tornaram presidentes após o impeachment de Collor e Dilma, ser vice no Brasil nem sempre significa ter um papel secundário ou figurativo.

Mas assumir a titularidade da maior prefeitura do país no quinto mês da gestão, tendo ainda três anos e sete meses de mandato pela frente, é realmente inédito e desafiador. Ainda mais para um discreto vereador de apenas duas legislaturas, sem nenhuma característica especial no perfil que lhe projetasse como vocacionado para ser prefeito.

Quis o destino, porém, que Ricardo Nunes assumisse a Prefeitura - e agora ele é quem de fato comanda a administração da cidade, agradando ou não aos eleitores de Bruno Covas, Guilherme Boulos, Márcio França, Celso Russomanno, Arthur do Val, Jilmar Tatto, Joice Hasselmann, qualquer outro candidato de 2020 ou mesmo nenhum deles.

Pois então, prefeito Ricardo Nunes, esperamos que você honre o cargo para o qual foi eleito, ainda que indiretamente, mas de forma democrática e seguindo as regras do sistema eleitoral brasileiro, na coligação que colocou o seu MDB como legítimo herdeiro do mandato que estava nas mãos do PSDB.

Diz o prefeito que dará continuidade à gestão Covas. Sabemos que na prática as coisas não funcionam assim de modo tão simples e linear, mas que lhe seja dado o benefício da dúvida para mostrar a que veio. Não faltarão testes (e cascas de banana) pelo caminho, a começar pela relação com a Câmara Municipal de São Paulo, que põe à prova todos os limites e preceitos republicanos.

Ricardo Nunes, meu caro, desempenhe as suas funções com ética, probidade, responsabilidade, compromisso público, respeito ao voto popular, sensibilidade, equilíbrio e senso de justiça. Cuide bem da cidade, tenha empatia com a diversidade, a pluralidade e a multiplicidade dos paulistanos.

Exerça o poder executivo de forma independente e harmônica com o legislativo e o judiciário, mas jamais de maneira impositiva nem, ao contrário, submissa. Ouça, veja, converse, reflita, ande pelos bairros. Cumpra as metas estabelecidas em conjunto com a população.

Sabemos que tudo é prioritário e urgente numa metrópole do tamanho de São Paulo, ainda mais em plena pandemia, mas não vire as costas para os mais carentes, não privilegie os mais abastados ou aqueles que tenham o lobby mais forte na política local. Seja isento, imparcial, humano.

Atenda as justas reivindicações nas áreas sociais, sem abandonar a responsabilidade fiscal. Atue em habitação, transporte, saúde, educação, segurança, infraestrutura, obras, serviços, zeladoria, mas não abandone os direitos mais essenciais da cidadania, a sustentabilidade e a qualidade de vida.

São Paulo não vai parar de crescer, mas precisa de planejamento, ordem, respeito à legislação ambiental e urbanística - inclusive os pontos que serão revisados, como no plano diretor. Razão e emoção. A racionalidade que se exige de um gestor público com o amor que não pode faltar a quem se propõe a ser o prefeito de mais de 12 milhões de paulistanos. Boa sorte, bom trabalho e que comece o jogo.

domingo, 30 de maio de 2021

Mais uma vez o recado vem das ruas


Enquanto o velho mundinho político segue perdido entre a omissão e a cumplicidade, entre a conveniência e a perplexidade, as ruas dão mais uma vez o recado: o Brasil vai entrar em turbulência!

Foi assim com as manifestações de 2013, foi assim décadas antes nas Diretas Já, foi assim no impeachment do Collor e da Dilma. Movimentos espontâneos pipocam aqui e ali, começam timidamente e viram uma onda que arrasta multidões.

Políticos oportunistas que chegarem tarde, incapazes de fazer a leitura correta deste momento histórico, vão morrer na praia. Encalhados nos bancos de areia, os velhos partidos também fritam sob o sol. O bolsonarismo está fazendo espuma. As bolhas vão se desmanchando.

A política é cíclica, assim como as marés: são movimentos de fluxo e refluxo das águas dos oceanos. O negacionismo, o obscurantismo, o radicalismo da direita cretina que transbordou com o bolsonarismo nas eleições de 2018 entrou numa corrente de retorno.

O brasileiro, indignado, está de volta às ruas. As respostas se vêem também nas redes e virão nas urnas. Jovens, adultos, idosos, homens e mulheres, cidadãos de todas as idades e origens diversas. Esquerdistas, direitistas, centristas, democratas, liberais, conservadores, progressistas. O que une a todos é a vontade de viver. #VacinaParaTodos #ForaBolsonaro #ImpeachmentJá

sábado, 29 de maio de 2021

#ForaBolsonaro


Hoje é dia de #ForaBolsonaro

#29MForaBolsonaro #29MPovoNasRuas #29MPovoNaRua

#Impeachment #impeachmentJa #ImpeachmentBolsonaro #AdeusBolsonaro #29demaionasruas #ForaGenocida #ForaBolsonaroGenocida #Genocida #29M #PovoNaRua #bandido #Manifestacao #protesto #reageBrasil

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Um presidente demente. Um ex-ministro paspalho. Quase 500 mil mortos. Que país é esse?


Todo mundo já sabia que Bolsonaro atuou contra a vacina, contra as medidas de isolamento, contra a máscara. Todo mundo viu ele fazer propaganda da cloroquina, mandar o exército fabricar cloroquina, receitar cloroquina e ivermectina, criticar governadores e prefeitos que seguiram as recomendações de médicos e cientistas.

Ele avisou que colocaria o general Pazuello no Ministério da Saúde para seguir a mesma linha ideológica, negacionista, obscurantista, praticamente genocida. O então ministro, aparvalhado, confirmou que o presidente demente mandava e o milico borra-botas obedecia.

Todo mundo foi informado da falta de oxigênio em Manaus, a imprensa flagrou o descaso e o despreparo do desgoverno federal, ficamos chocados com as mortes que ocorreram de brasileiros sufocados sem o atendimento de emergência nos hospitais - que deveriam salvar essas vidas mas nada puderam fazer.

A CPI está aí instalada, colhendo depoimentos que confirmam todos esses crimes por ação ou omissão de Bolsonaro e do ex-ministro Pazuello. Não falta mais nada para punir os culpados. As provas estão todas aí expostas em áudios, vídeos, aplicativos assassinos, decretos presidenciais e documentos assinados pelos envolvidos.

A pergunta é: que país é esse? Cadê o povo cobrando o impeachment? Por que deputados e senadores seguem omissos, cúmplices, deixando que Bolsonaro e a escória governista permaneçam impunes, debochando da vida e da morte de quase 500 mil brasileiros? Aonde queremos chegar?

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Sem perspectiva de melhora da pandemia, Câmara Municipal de São Paulo prorroga afastamento dos vereadores por mais 45 dias mas vai votar projetos importantes


Levando em conta o risco de uma terceira onda do coronavírus, as novas variantes já detectadas da doença e os índices de ocupação de UTIs que pararam de cair e se mantém muito elevados, está prorrogado o afastamento dos vereadores paulistanos e a realização de sessões e reuniões virtuais.

Também os gabinetes dos 55 vereadores e departamentos do Legislativo seguirão trabalhando com até 20% da capacidade, priorizando a presença de funcionários fora dos grupos de maior incidência da doença e também aqueles que já receberam as duas doses da vacina.

Apesar da impossibilidade do acesso presencial da população às sessões e das dificuldades de participação remota em audiências públicas, o que diminui enormemente a interferência do eleitor nas decisões da Câmara, projetos importantes devem ser debatidos e aprovados.

O primeiro desses grandes projetos a ser discutido e votado é o PL (Projeto de Lei) 397/2018, que dispõe sobre a Operação Urbana Água Branca. A intenção dos vereadores é iniciar hoje (26 de maio) a discussão (a lei exige um mínimo de duas horas), encerrá-la na próxima quarta-feira (2 de junho) e já aprovar o PL.

Há uma série de outros projetos que prevêem grandes intervenções urbanísticas e se arrastam há anos na pauta da Câmara, além da revisão do próprio Plano Diretor da Cidade, que os vereadores querem votar a toque de caixa nas próximas semanas, apesar das restrições à participação popular impostas pela pandemia.

O problema é que esses projetos misturam iniciativas importantes, como a canalização de córregos e a construção de conjuntos habitacionais, por exemplo, com outras ações que descaracterizam completamente a cidade, tornando legal, na prática, o descumprimento da legislação vigente com a venda dos CEPACs (Certificados de Potencial Adicional de Construção).

Com isso, o poder público autoriza desde grandes empreendimentos imobiliários em bairros estritamente residenciais, com mais andares, unidades ou vagas de garagem que o permitido anteriormente, gerando novos focos de trânsito e poluição, até obras viárias que colocam em segundo plano a qualidade de vida e o meio ambiente (e voltaremos ao tema com casos concretos, já expostos em audiências públicas).

Outro projeto que se arrasta há anos na pauta e será enfim debatido é o da regulamentação das antenas de telecomunicação na cidade. Envolve inúmeros interesses financeiros, lobbies dos mais diversos, já foi alvo de uma CPI específica e abrange agora novas tecnologias (como a introdução do 5G) que carecem de leis adequadas.

São temas urgentes, mas não menos importantes que o papel fiscalizador dos cidadãos sobre o trabalho dos vereadores e interesses de parte a parte, que nem sempre ficam explícitos sob critérios republicanos, com a transparência que se exige no estado democrático de direito. Estamos de olho! 👀

terça-feira, 25 de maio de 2021

Ainda precisamos de uma CPI para provar que Bolsonaro e Pazuello são negacionistas , irresponsáveis, mentirosos e criminosos?


A CPI da Covid mostra a cada sessão e novo depoimento aquilo que, convenhamos, todo mundo já sabia. Está tudo documentado: o negacionismo, o obscurantismo, o instinto assassino, as campanhas contra o distanciamento social e o uso de máscara, as fake news sobre as vacinas e o charlatanismo sobre tratamentos precoces inexistentes.

A (ir)responsabilidade do (des)governo federal diante da tragédia de Manaus, a decisão insana de não comprar a vacina da Pfizer, a intervenção canalha do presidente demente que gerou atraso do fechamento de contrato com o Instituto Butantan para o fornecimento da Coronavac, chamada por ele de “vachina”, o aplicativo criminoso que receitava cloroquina até para grávidas e a propaganda do uso indiscriminado desses medicamentos impróprios (inclusive com a produção e a compra superfaturada com dinheiro público) são algumas das graves evidências das ações e omissões que devem ser punidas.

Mas é aí que a porca torce o rabo. A tropa de choque bolsonarista, reforçada por políticos velhacos, medíocres e fisiológicos, além de seguidores da bolha ideológica cretina e dessa escória da sociedade que saiu do esgoto com a eleição de Bolsonaro, seguem cúmplices desses despachantes da morte e trabalham para a CPI não dar em nada, apesar de comprovados os crimes de responsabilidade e falta de decoro.

Tudo o que Bolsonaro e Pazuello fizeram (ou o que deveriam ter feito e se omitiram) está gravado, registrado, flagrado, das primeiras declarações em lives e pronunciamentos oficiais até a mais recente ação criminosa do fim de semana, na presença debochada do general borra-botas ao passeio de moto fascista à Mussolini protagonizado no Rio de Janeiro. Num país sério ambos estariam presos.

segunda-feira, 24 de maio de 2021

sexta-feira, 21 de maio de 2021

A 2ª via vai se consolidando


Os erros do PT elegeram Bolsonaro. Agora o presidente demente vai retribuir o favor.

A única vantagem da polarização é que a gente descobre o lado que não estaria em nenhuma hipótese.

É um pouco do “diga-me com quem andas...”.

No caso do PT eu tenho diferenças políticas, éticas e ideológicas inconciliáveis. Mas passei anos na oposição democrática sem jamais ser agredido ou censurado.

Com Bolsonaro, tenho aversão humana, incompatibilidade civilizatória, repúdio de alma. E sofro ameaças frequentes e declarações de ódio.

Deve significar alguma coisa.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

As mentiras do General que cumpre ordens do Capitão Cloroquina


Prossegue hoje a narrativa mentirosa do ex-ministro Eduardo Pazuello à CPI da Pandemia no Senado Federal. O depoimento de ontem foi interrompido aparentemente para o general trocar as fraudas. Incrível a diferença de postura de um militar tupiniquim quando interroga e quando é ele o interrogado, não é mesmo?

A principal mentira foi dizer que NUNCA recebeu uma ordem direta do presidente demente sobre a pandemia. Das duas, uma: ou ele mentiu quando disse que Bolsonaro mandava e ele obedecia, ao determinar a suspensão da compra da “vachina” (como a escória bolsonarista gostava de mugir, mas agora na CPI afinou com o rabinho entre as pernas), ou mentiu agora.

E se Pazuello não mentiu sobre Bolsonaro não ter lhe dado NENHUMA ordem direta, ele que era o principal subordinado do setor da Saúde durante o pico da pandemia que já matou quase 450 mil brasileiros, mais um motivo para prender estes dois criminosos, canalhas, genocidas, omissos, incapazes, incompetentes.

A escolha do bolsonarismo é entre apresentar as provas contra Bolsonaro pelos crimes de responsabilidade por ação ou por omissão. O negacionismo, o obscurantismo, o charlatanismo, o curandeirismo, a cretinice, a irresponsabilidade criminosa, a politização e a ideologização da vida de milhões de brasileiros já estão todos flagrados, documentados, prontos para o indiciamento e a condenação dos réus.

É tanta mentira, tanta contradição, tanta reconstituição fantasiosa dos fatos que nem mesmo a base governista, quase sempre cúmplice dos desmandos e das sandices de Bolsonaro, aguenta calada e se mostra indignada. Como, por exemplo, com o descaso assassino do desgoverno federal com os mortos por falta de oxigênio em Manaus.

Hoje prossegue o calvário. O Brasil é mantido por aparelhos - e o aparelhamento do governo é inegável. Mas os sinais vitais do bolsonarismo são irregulares. A situação é crítica. Se tem uma coisa que todo político - bom ou mau, velho ou novo - não quer é ser enterrado junto com o presidente que morre politicamente. E a hora de Bolsonaro está chegando.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

De Camões ao Gil do Vigor: com Bolsonaro em banho-maria, o Brasil tá lascado!


Dizia Luís de Camões: O fraco rei faz fraca a forte gente. No caso do Brasil, que nem líder tem, mas apenas um chefe de desgoverno tresloucado - eleito por acidente histórico - chegamos realmente ao fundo do poço. Ou da fossa.

Os depoimentos de ex-ministros de Bolsonaro na CPI da Covid são a prova cabal da parvalhice deste presidente demente, inepto, inapto, ignorante, desqualificado, incompetente, incapaz, irresponsável, criminoso e genocida.

O pouco de racionalidade, coerência e tentativa de se fazer a coisa certa que existiu nesta primeira metade da gestão do boçal foi por ação isolada dos próprios ministros - e, pior, contra a vontade do chefe, tanto que foram demitidos por isso.

O depoimento de hoje é talvez do mais paspalho de todos. Pazuello, o general panaca que se sujeitou a preencher a vaga de Ministro da Saúde no pico da pandemia para cumprir as sandices ideológicas do chefe charlatão, levando a centenas de milhares de brasileiros mortos.

O depoimento de ontem, do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, pode ser resumido nas frases antológicas da senadora Katia Abreu sobre o cretino saído da bolha olavista-bolsonarista: “Negacionista compulsivo”, “omisso”, bússola do caos”.

“O senhor nos direcionou para o caos, para um iceberg, para um naufrágio”, disse a senadora do Tocantins olhando nos olhos do infeliz, feito à imagem e semelhança do lunático que usurpa a cadeira presidencial. Destruiu o imbecil. Demoliu. Aniquilou.

O padrão de quem se submete ao meme que virou presidente não poderia ser outro. São meros fantoches da familícia. Pazuello, Ernesto, Salles, Faria, Marinho, Ribeiro, Damares, Queiroga, Torres, Machado. Nenhum se salva (nem Tereza Cristina ou Tarcísio Freitas, como alguns otimistas apontam; são todos cúmplices, quadrilheiros).

Por algum tempo, Paulo Guedes foi considerado o melhor dos integrantes do desgoverno Bolsonaro. Era o “posto Ipiranga”, ou uma ilha de bom senso no meio do caos. Agora se mostra mais um estorvo, de nível equivalente à escória ministerial, familiar e de seguidores que cercam o presidente. Mais do mesmo.

Todas as provas para um afastamento urgente deste canalha são evidentes, os crimes de responsabilidade e a falta de decoro são explícitos, mas o jogo da (má) política tem regras inexplicáveis. O Congresso prefere manter Bolsonaro em banho-maria, enquanto ouve Ernesto, Pazuello & cia. O Brasil tá lascado, como decretou Gil do Vigor.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Teremos um prefeito à altura da cidade de São Paulo?


Se não bastasse a tragédia pessoal, familiar e humana da morte precoce de Bruno Covas - no auge da sua trajetória de vida - há consequências políticas e administrativas a curto, médio e longo prazo para São Paulo e para o Brasil.

Por ora, respeitaremos o luto e também não faremos nenhum pré-julgamento conclusivo do novo prefeito paulistano, Ricardo Nunes, até porque seria injusto. Mas não podemos ignorar o histórico do então vereador do MDB escolhido para vice nem abandonaremos a marcação cerrada sobre a gestão municipal.

Na campanha, Ricardo Nunes foi uma pedra no sapato da candidatura pela reeleição de Bruno Covas. Vereador de atuação discreta - senão obscura - no seu segundo mandato, foi alçado a companheiro de chapa do prefeito por uma complexa articulação política e partidária com vistas a 2020 e 2022.

O acordo envolvia não apenas a reeleição de Bruno Covas, mas o comando do vereador Milton Leite (DEM) sobre a Câmara Municipal, um agrado explícito à chamada bancada cristã e a vinculação, a partir de São Paulo, dos partidos da base governista (incluindo MDB, DEM e outras legendas da coligação) no projeto presidencial do governador João Doria.

Porém, o plano de vôo traçado por Doria em 2018 não é unanimidade nem entre os tucanos. Dentro do partido ele enfrenta a concorrência de outros dois presidenciáveis (Eduardo Leite e Tasso Jereissati) e a inimizade declarada de Aecio Neves, que apesar de ter a imagem abalada por vários escândalos preserva seu poder de fogo.

O DEM e o MDB são incógnitas para 2022 - e a morte de Covas aumenta essas indefinições partidárias. O cacique nacional do DEM, o baiano ACM Neto, está rompido com Doria e próximo do governo Bolsonaro. O MDB de Baleia Rossi e Temer faz acenos múltiplos - e agora herda a principal prefeitura do país para um mandato praticamente integral.

Como será a gestão de Ricardo Nunes? Nas suas primeiras declarações como prefeito ele promete manter não apenas o programa e os princípios da administração de Bruno Covas, mas até mesmo o secretariado. Quem conhece a máquina política, as relações partidárias e as pressões do Legislativo sabe que isso tudo é balela.

A estrutura comandada pelo novo prefeito junto com o presidente da Câmara, vereador Milton Leite, é gigantesca e poderosíssima. Em 2021 e 2022 a dupla dará as cartas na Prefeitura de São Paulo e, se permanecer aliada (ou não) ao governador João Doria, vai interferir nos destinos nacionais de seus partidos e nas chapas para a Presidência e para o Governo do Estado.

Resta saber como os cidadãos paulistanos vão reagir à cidade sob nova direção - e também os reflexos dessa mudança política, partidária e administrativa no humor do eleitorado paulista e na avaliação que farão do prefeito, do governador e até mesmo do presidente da República no decorrer dos próximos meses.

O município de São Paulo terá um período movimentado para testar essa integração entre o Executivo e o Legislativo, que estará azeitada. E veja a ironia do destino: é exatamente essa cumplicidade entre os dois poderes que deve preocupar a população, que verá facilmente aprovados uma polêmica revisão do plano diretor e uma série de projetos de intervenção urbana cruciais para o nosso futuro.

Quais interesses vão mover a política paulistana e paulista a partir de hoje? Quem vai mandar de fato no governo? Que mudanças a morte de Bruno Covas acarretará para os destinos da cidade? Que tipo de poder moderador e fiscalizador teremos sobre essa aliança política que existe entre Ricardo Nunes, Milton Leite e a maioria da Câmara Municipal? Olho neles!

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Passaram a boiada e o tratoraço


Foram 300 picaretas endossando o tratoraço e a boiada de Salles e Bolsonaro contra o licenciamento ambiental, neste criminoso PL 3729/04, aprovado na madrugada desta quinta-feira, 13 de maio.

O maior retrocesso ambiental das últimas décadas, um atentado contra a vida e contra a sustentabilidade, um ecocídio. E depois reclamam da judicialização da política. Oras! 

É mais uma lei que provavelmente será barrada no STF, mas isso prova que a Câmara dos Deputados não perde a oportunidade de se mostrar um antro de canalhas e vendidos, em sua maioria. 

Pouco antes, já haviam tratorado a oposição, modificando o regimento interno para facilitar a passagem de pautas governistas e engessar os instrumentos legítimos de obstrução parlamentar.

Sob o raciocínio bolsonarista, faz todo o sentido. A oposição é sempre muito impertinente e diverge muito do governo. Além de vir com esse mimimi e essa viadagem de defender a natureza. Assim não dá, pô!

#ForaSalles #ForaBolsonaro #ImpeachmentJá

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Lula x Bolsonaro é certeza em 2022. Será? Façam as suas apostas!


Política não é ciência exata, é extremamente complexa e tão falível quanto humana, mas a matemática ajuda a entender a política. Os números estão aí disponíveis para quem quiser.

No 2º turno das eleições de 2018, Bolsonaro se tornou presidente ao conquistar 55,13% do eleitorado, ou 57,7 milhões de votos. Haddad perdeu com 44,87% dos votos válidos, ou 47,7 milhões de eleitores.

Fora essa diferença de 10 milhões de eleitores (nem tão grande naquele contexto), foram 2,4 milhões (2,14%) de votos em branco; 8,6 milhões (7,43%) de votos nulos; e 31,3 milhões (21,30%) de abstenções.

Agora vamos enxergar esses números pela realidade daquela época e fazer um rápido exercício de futurologia para 2022. Bolsonaro vivia o seu auge político, ideológico e eleitoral. Fugiu dos debates e era vitimizado, hospitalizado entre a vida e a morte. Lula, o vilão, estava preso e inelegível.

Ser bolsonarista e se declarar de direita era estar na crista da onda, enquanto ser petista era como ter diagnosticada uma doença contagiosa, cometer um pecado capital, reiterando que se assumir de esquerda era uma vergonha internacional.

Parece que as coisas mudaram, não é mesmo? Lula retorna inocentado e com um histórico de realizações como presidente aprovado em dois mandatos. Bolsonaro, ao contrário, vem se mostrando uma decepção fora da sua bolha de fanáticos e lunáticos.

Lula em alta, Bolsonaro em baixa. Um ex-presidiário contra um futuro, possivelmente, se formos um país sério. Os erros de Lula não foram apagados, mas parecem menores, em perspectiva, que os crimes e atentados recorrentes ao estado democrático de direito cometidos pelo genocida.

O segredo da eleição, portanto, para voltar aos números, está em saber quantos eleitores de Bolsonaro estão arrependidos e não repetiriam hoje o voto no mito mitômano. Esses votos vão migrar para o centro ou para o outro extremo da velha polarização, ora redimida?

Por outro lado, quantos brasileiros que não votaram no PT em 2018, mas que já haviam votado anteriormente (2002, 2006, 2010, 2014), fazem hoje um balanço comparativo com o desgoverno Bolsonaro e (mesmo com críticas e divergências) cogitam votar outra vez no candidato petista?

Em tese, bastariam 5 milhões de eleitores de Bolsonaro arrependidos, dando outra chance ao PT (gente que já votou em Lula e Dilma) para empatar o jogo. E o potencial de virada é muito maior, como demonstram as primeiras pesquisas de intenção de voto e o engajamento nas redes sociais.

Isso sem contar quem optou pelo branco, nulo ou nem votou em 2018. Resta saber se este “não-voto” vai aumentar em 2022 ou se o eleitor avesso às urnas de quatro anos atrás se dará conta de que ele pode matematicamente definir a eleição.

Uma lógica básica: quem votou no candidato do PT naquele que foi o pior momento do partido, não tem porque não votar no Lula em 2022. Por esse raciocínio binário, seria mais fácil (embora improvável) tirar Bolsonaro do 2º turno em vez do petista.

Aqui está o maior dilema para o eleitor “nem-nem”. Votar em quem no 1º turno? O voto do chamado centro democrático tende a ser fragmentado, como foi em 2018, e insuficiente para impedir o replay da polarização. O tira-teima parece fadado a acontecer.

Pela frieza dos números e sem considerar as variáveis daqui a 2022, daria até para cravar: Lula ganha a eleição, Bolsonaro vai questionar a derrota e, amparado pelos antipetistas, tentará um golpe. Duvida? Anote aí e me cobre no futuro. Se chegarmos lá (e que Deus nos proteja!).

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Cessar um genocídio: artistas pelo impeachment do Bolsonaro


Mais de 2.500 artistas e outros tantos milhares de cidadãos brasileiros lançaram em encontro virtual na noite desta segunda-feira, 10 de maio, um manifesto pelo impeachment do presidente demente e genocida Jair Bolsonaro.

São nomes como Ailton Graça, Airton Krenak, Anna Muylaert, Andrea Beltrão, Antonio Pitanga, Caco Ciocler, Camila Pitanga, Chico Buarque, Claudia Abreu, Dira Paes, Edgard Scandurra, Elisa Lucinda, Emicida, Giulia Gam, Gloria Menezes, Ivan Lins, Luis Miranda, Marcello Airoldi, Marco Ricca, Marcos Palmeira, Marieta Severo, Matheus Nachtergaele, Paulo Betti, Patricia Pillar, Tarcisio Meira e Zeca Baleiro.

Leia abaixo a íntegra do manifesto:

Artistas pelo Impeachment


Quando o Titanic afundou, em 1912, a humanidade perdeu 1.500 vidas numa única noite. A catástrofe, por suas gigantescas dimensões, é lembrada até hoje. Já nos ataques ao World Trade Center e ao Pentágono, em 11 de setembro, perdemos 2.996 vidas. Ambas, catástrofes de repercussão mundial.

Atualmente assistimos, de maneira estranhamente naturalizada a um número maior de perdas diárias. Se pudessem ser enfileirados, os mortos pela COVID-19, apenas no Brasil, formariam um inacreditável corredor capaz de cobrir uma vez e meia a distância entre a Terra e a Lua.

Estamos no epicentro mundial da Pandemia e seguimos em clara progressão. Os números do mês de abril ultrapassaram todas as métricas mundiais e a tendência é de piora no quadro. Todos os dias o país afunda, desaba, morre sufocado.

O comandante deste barco que naufraga, e segue em direção aos recifes, tem nome e sobrenome conhecidos: Jair Messias Bolsonaro.

Diversas medidas poderiam ter sido tomadas para reduzir o número de mortes, mas não foram. A estratégia seguiu direção contrária. O descaso e a negação das conquistas cientificas continuam sendo incentivados.

Com isto aumenta a cada dia o número de vidas humanas perdidas. Ou seja, vivemos sob a tutela de um governo criminoso que, por diligência engendrada e condução irracional da crise sanitária, causa um número de óbitos muito superior ao que seria o inevitável.

E a pergunta feita todos os dias por milhares de brasileiros estarrecidos – já que nesse momento a soma de mortes diárias supera os nascimentos – é: O que estamos esperando?

O Brasil tem instrumentos para começar a estancar esta mortandade, de imediato. Para a atual tragédia ha´ um remédio. O impeachment! Já enfrentamos diversas lutas inomináveis na história. Vencemos várias delas através de um instrumento único e fundamental: a participação popular que pressupõe a democracia.

O descaso e a ineficiência do governo no combate à pandemia são motivo mais do que suficientes para um pedido de impeachment, mas não os únicos. Muitas das ações anti republicanas do atual mandatário também devem ser levadas em consideração.

A atual condução da política econômica, por exemplo, tem levado milhões de pessoas em estado de vulnerabilidade a buscar formas de sobrevivência nas ruas, sendo expostas à pandemia de forma cruel. Eis a verdade. A política do atual governo as enxerga como pessoas descartáveis.

A democracia, hoje, não é uma abstração, é uma afirmação da cidadania e uma convocação à vida. O Congresso Nacional tem em seu poder mais de CEM PROCESSOS de impeachment aguardando apreciação.

Nós convidamos a nação brasileira a um PLEITO ÚNICO, urgente e fundamental para que tenhamos a possibilidade de enxergar um futuro através da discussão pública e ampla do processo de impugnação do atual mandato da presidência da república.

O presidente da Câmara e os congressistas têm que colocar em discussão imediata o assunto, já que este é o desejo maior de grande parte da sociedade brasileira. Não podemos mais assistir impassíveis a essas manobras macabras e irresponsáveis que nos fazem perder, diariamente, milhares de vidas humanas para a Covid-19 através de calculado genocídio. 

Isto posto, nós infra-assinados, NOS JUNTAMOS A TODOS OS PEDIDOS DE IMPEACHMENT agora em tramitação no Congresso Nacional. Na certeza de que a representação legislativa cumpra a vontade popular.

“Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro, ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro…” Belchior

Precisamos dedetizar o Brasil e eliminar a traça que corrói a nossa Constituição


O papel está amarelado, envelhecido, mas seus princípios democráticos e republicanos são perenes. Não é um livro qualquer, embora esse desgoverno despreze a leitura, a literatura, a cultura e a justiça. É o conjunto de leis que regulam a vida da nação. Os originais de 1988 precisam ser preservados desses insetos e vermes bolsonaristas.

Ignorância, negacionismo, obscurantismo, golpismo são as características mais visíveis dessa infestação na política que se agravou a partir de 2018 e coloca em risco as nossas instituições. O presidente demente, irresponsável e genocida precisa ser imediatamente afastado do poder para preservarmos a saúde e a vida dos brasileiros.

Se não bastassem todos os crimes de responsabilidade cometidos durante a pandemia e a falta de decoro recorrente, o bolsonarismo segue com as suas bravatas, ameaças, desrespeitos e provocações ao estado democrático de direito, às liberdades individuais e coletivas, à imprensa, ao legislativo e ao judiciário.

Bolsonaro debocha do ordenamento jurídico e das garantias constitucionais do país que ele deveria governar mas desgoverna e joga às traças. Faz repetidas declarações de que não respeitará os resultados das eleições de 2022 se as urnas não lhe derem a vitória. Faz troça de CPIs, do MP, da PGR, da PF, do STF. É um FDP! DDT nele!

domingo, 9 de maio de 2021

Feliz Dia das Mães, apesar da dor!

Uma homenagem às mães vivas, àquelas que já se foram e às que também perderam seus filhos por causa do negacionismo, do obscurantismo, da ignorância, do ódio, da crueldade e da canalhice de um FDP.

Que nós tenhamos um ano menos trágico para as nossas famílias, e que todos possamos refletir e reconstruir um Brasil e o mundo melhor, com mais empatia, amor e respeito à vida. Com a sensibilidade, o carinho e a responsabilidade que toda mãe deve cuidar dos seus filhos.

sábado, 8 de maio de 2021

Qual o nome do filme?



a) O Selvagem da Motocicleta

b) Quanto Mais Idiota Melhor

c) Debi & Loide - Dois Idiotas em Apuros

d) Outro. (Qual?)

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Bancada evangélica quer mais um privilégio, além das inúmeras isenções e anistias: decretar as igrejas como serviços essenciais para manter o movimento do caixa durante a pandemia


Você que acompanha as nossas postagens por aqui já deve ter lido alguma crítica sobre o lobby dessa tal bancada evangélica na Câmara Municipal de São Paulo (e na Assembleia Legislativa, e na Câmara dos Deputados etc.). Mas os vereadores paulistanos realmente se superam: em tudo há o interesse das igrejas por trás!

Na pauta da sessão extraordinária de hoje (o que já é um espanto para quem tradicionalmente só vota às quartas-feiras) está um daqueles projetos absurdos, de quem parece não ter coisa mais importante a tratar: decreta que as igrejas são “serviços essenciais” no município; ou seja, ninguém poderá determinar que sejam fechadas, nem em tempos de pandemia.

Agora eu me pergunto: será que esses vereadores, muitos deles pastores e donos de igrejas, estão preocupados com o interesse público, a saúde, a fé e a vida do povo, ou querem simplesmente garantir a frequência de seus fiéis dizimistas e clientes fanáticos dos milagres prometidos por módicas quantias nas suas luxuosas instalações?

Será que Deus não atende em domicílio? Nos moldes do iFood, um iFéEmDeus não funcionaria melhor para preservar a vida dessas pessoas que se aglomeram nas igrejas, ao menos para dar uma forcinha nesses períodos de maior contaminação? Ironias à parte, não seria a hora de acompanhar os cultos pela TV, pela internet ou apps e continuar vivo?

A única razão de políticos inventarem leis para manter abertos e lotados os locais de culto é para arrecadar dinheiro dos frequentadores, já que os caça-níqueis eletrônicos (embora modernizados com Pix e QR Code) não funcionam tão bem sem o poder de convencimento presencial dos supostos enviados de Deus. Triste papel do Legislativo paulistano...

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Texto final do PPI que será votado na Câmara de São Paulo ainda é mistério


Quando a Câmara Municipal de São Paulo decide convocar sessões extraordinárias para sexta-feira, o cidadão paulistano já fica de “orelha em pé”, como se diz popularmente. De fato, é incrível como os vereadores e o governo não vem se entendendo para aprovar uma simples lei que prevê o parcelamento de dívidas dos contribuintes com a Prefeitura.

A segunda e definitiva votação do PL 177/2021, de autoria do Executivo, está marcada para ocorrer a partir das 14h desta sexta-feira, 7 de maio, com sessões de “reserva” marcadas para a virada da meia-noite no sábado, se necessário para garantir a aprovação. Mas ninguém conhece ainda o inteiro teor do projeto.

O problema é fechar o texto final do PPI (Programa de Parcelamento Incentivado), que oferecerá aos contribuintes da capital paulista a oportunidade de regularizar débitos fiscais gerados com o município até o fim do ano passado, atendendo todo tipo de lobby e interesse manifestado pelos 55 vereadores.

O que deveria beneficiar o bom pagador que eventualmente teve dificuldade passageira para honrar suas despesas, principalmente durante a pandemia, acaba servindo para a malandragem de grandes devedores, entre eles igrejas e grupos empresariais (com parlamentares de estimação), inclusive aqueles que já aderiram a PPIs anteriores e não pagaram as parcelas devidas. É dívida sobre dívida jamais paga, que vai rolando e enrolando a Prefeitura e todos nós.

terça-feira, 4 de maio de 2021

Tristes por Paulo Gustavo 😭

Ele que fez tanto sucesso com uma personagem inspirada na própria mãe, em “Minha mãe é uma peça”, morre na semana do Dia das Mães, e no dia em que começa a CPI que deveria cassar um FDP.

Hoje também faz um ano da morte de Aldir Blanc por complicações da Covid-19. Que tristes tempos vivemos no mundo, mas principalmente no Brasil de negacionistas, obscurantistas, cretinos e canalhas.

#PauloGustavoVive #CPIdaCovid #rippaulogustavo #ForaBolsonaro

CPI só pode ter uma conclusão: indicar o impeachment deste presidente demente, negacionista e genocida


Entre hoje e amanhã, a CPI da Covid vai ouvir os três ex-ministros da Saúde do desgoverno Bolsonaro: Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello são as maiores testemunhas do negacionismo, do obscurantismo, da incapacidade, da incompetência e dos crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente demente.

A sociedade deve exigir a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade. Simples assim. Não podemos permitir que interesses políticos e ideológicos ou acordos financeiros e fisiológicos acobertem os crimes bolsonaristas - por ação ou omissão - que estão nos levando rapidamente à marca de meio milhão de mortos pela covid-19 no Brasil. Um horror!

Em qualquer Nação séria, digna e civilizada, Bolsonaro seria afastado do cargo, preso e interditado por uma junta psiquiátrica para o bem da coletividade. Aqui ele faz campanha diária pela reeleição e ameaças recorrentes contra o estado democrático de direito, deixando claro que se não vencer nas urnas tentará um golpe. É o agente da morte empoderado.

O Brasil precisa reagir. Por muito menos, dois ex-presidentes sofreram impeachment. Não há outro caminho se quisermos realmente construir um país forte, com instituições republicanas consistentes e uma democracia consolidada. Junto com o coronavírus, Bolsonaro é a maior doença do Brasil. Vacina e impeachment já! Basta!

domingo, 2 de maio de 2021

Miriam Leitão: Centro não é o ponto entre dois extremos


Na disputa entre Lula e Bolsonaro não há dois extremistas. Há um: Bolsonaro. O centro deve procurar seu espaço, seu programa, seu candidato, ou seus candidatos, porque o país precisa de alternativa e renovação. Mas não se deve equiparar o que jamais teve medida de comparação. O ex-presidente Lula governou o Brasil por oito anos e influenciou o governo por outros cinco. Não faz sentido apresentá-lo como se fosse a imagem, na outra ponta, de uma pessoa como o presidente Jair Bolsonaro.

O PT jogou o jogo democrático, Bolsonaro faz a apologia da ditadura. A frase que abre esse parágrafo eu disse em 2018, em comentários e colunas, no segundo turno das últimas eleições. Era a conclusão da análise dos fatos e das palavras dos grupos políticos que disputavam a eleição. Fui hostilizada por dirigentes petistas do Rio dentro de um avião, processei por difamação um servidor do Planalto no governo Dilma. Sou vítima de constantes fake news e agressões do gabinete do ódio do governo Bolsonaro. Já fui criticada em público pelo ex-presidente Lula mais de uma vez e fui vítima de mentiras sórdidas ditas pelo presidente Jair Bolsonaro. Poderia com base nisso afirmar que os dois são iguais? Objetivamente, não. Seria falso. Posso concluir que ambos não gostam de mim, mas isso é o de menos. Não é uma questão pessoal.

Em dois anos e quatro meses, Bolsonaro superou as piores expectativas. Na pandemia, ele mostrou seu lado mais perverso. A lista é longa. Deboche diante do sofrimento alheio, disseminação do vírus, criação de conflitos, autoritarismo. O país chegou ao número inaceitável de 400 mil mortos com um presidente negacionista ameaçando usar as Forças Armadas contra a democracia. Em Manaus, no último fim de semana, ele repetiu que poderia lançar os militares contra as ordens dos governadores. “Se eu decretar, eles vão cumprir”. Esse clima de beligerante intimidação prova, diz um general, uma “necessidade doentia de demonstrar ter poder”. Segundo essa fonte, “cada vez que se declara detentor dessa suposta força, demonstra na verdade não tê-la”. Seja qual for a análise da mente distorcida do presidente, o fato é que ele ameaça o país com a ruptura institucional no meio de um doloroso sofrimento coletivo.

O ex-presidente Lula teve uma política ambiental de excelentes resultados na gestão da ministra Marina Silva e do ministro Carlos Minc. O país viu avanços na inclusão de pobres e negros. Na economia, houve erros e acertos. No campo institucional, escolheu ministros do Supremo qualificados e nomeou procuradores-gerais da lista tríplice. Bolsonaro quer devastar a floresta, capturar as instituições e seu governo exibe preconceito como se fosse natural.

Bolsonaro faz ataques sistemáticos aos veículos de imprensa e aos jornalistas. Lula ameaçou impor o que ele chamou de “regulação da mídia”, mas recuou diante da resistência dos órgãos de comunicação. Ameaças nunca devem ser subestimadas, mas as instituições sabem lidar com um governante que tenha um mau projeto. Mais difícil é se defender de um inimigo da democracia como Bolsonaro.

As decisões recentes do Supremo Tribunal Federal tiraram as penas que recaíram sobre Lula e ele tem dito que foi inocentado. Tecnicamente sim, porque não é mais um condenado pela Justiça. O PT defende a tese de que foi tudo uma conspiração contra o partido. Falta explicar muita coisa, mas principalmente a materialidade do dinheiro que foi devolvido por corruptos e corruptores ao poder público.

Bolsonaro usou o sentimento anticorrupção sem o menor mérito, como se vê na sucessão de rachadinhas, funcionários fantasmas, pagamentos em dinheiro vivo e transações imobiliárias que rondam a família. Isso sem falar nas relações estreitas com personagens obscuros, como o miliciano Adriano da Nóbrega.

Partidos de outras tendências políticas devem trabalhar para oferecer alternativas ao eleitor brasileiro, porque a democracia é feita da diversidade de ideias e de propostas. O erro que não se pode cometer é dizer que essa é a forma de fugir de dois extremos. Isso fere os fatos. Não existe uma extrema-esquerda no país, mas existe Bolsonaro, que é de extrema-direita. No governo, ele multiplicou as mortes da pandemia e sempre deixa claro que se puder cancela a democracia.

O Globo, 02/05/2021