segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Político gosta de poder, dinheiro e troca-troca


Neste fim-de-semana, várias movimentações dentro dos partidos indicam que vem aí uma migração sem precedentes de políticos interessados em se (re)eleger em outubro. As novidades são as federações partidárias e a janela eleitoral que se abrirá entre março e abril para liberar o troca-troca dos deputados.

O Cidadania (que já foi PCB e PPS, presidido há mais de 30 anos pelo onipotente Roberto Freire) aprovou uma federação com o que vai restar do PSDB após as sucessivas implosões no ninho tucano, que perdeu qualquer resquício da legítima social-democracia brasileira. Hoje é um reduto de fisiológicos, corruptos e oportunistas.

Geraldo Alckmin e Eduardo Leite estão de saída. Aécio Neves, Tasso Jereissatti, José Anibal e Aloysio Nunes tentam ainda minar a candidatura de João Doria. José Serra e FHC observam tudo de longe, afastados da direção. Resta saber o que restará do espólio tucano após a derrota presidencial iminente - a sexta consecutiva, em 20 anos.

Essas duas legendas (PSDB e Cidadania) vão perder deputados na janela e provavelmente não agregar ninguém. É o movimento inverso do PL, nova morada eleitoral do bolsonarismo. O PSD de Kassab, que atira para todos os lados, deve crescer um pouco. União Brasil (fusão do DEM com o PSL) vai se manter grande apesar da debandada pró-Bolsonaro. O PT de Lula fica na mesma, como seus aliados.

O PDT de Ciro Gomes, o Podemos de Sergio Moro e o MDB de Simone Tebet seguem praticamente do mesmo tamanho, com seus presidenciáveis não conseguindo empolgar muitos deputados para a migração de legendas. Tem ainda as outras siglas do Centrão, que são sempre um destino lembrado na hora da politicagem e do leilão eleitoreiro na Câmara e no Senado.

Uma coisa é certa: quando os políticos e os partidos estão se dando bem, é o Brasil que vai de mal a pior. Essas federações são simplesmente uma pedalada na legislação vigente, para driblar a proibição das coligações e o instituto da cláusula de barreira que restringiria os partidos sem grande representação.

Com essas manobras e negociatas, todos sobrevivem por mais quatro anos, mantém o funcionamento dos cartórios partidários e o assalto aos cofres públicos por meio dos fundos bilionários que são destinados aos partidos e aos candidatos, para preservar seus feudos e privilégios. A pouca vergonha de sempre.