quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

De Covas a Covas: 35 anos, 11 prefeitos, 10 eleições

Outro dia dissemos aqui, sem nenhuma manifestação de preferência pessoal, que Bruno Covas desponta com algum favoritismo na eleição de 2020 para a Prefeitura de São Paulo. Foi o que bastou para despertar reações indignadas. O coro dos descontentes chiou, mas ninguém foi capaz de apontar outro nome como "favorito".

Pois nesse contexto em que Bruno Covas aparece na mídia numa enxurrada de matérias simpáticas e favoráveis combatendo um câncer, conta com o apoio declarado de pelo menos 10 partidos e ampla maioria na Câmara Municipal, além do monopólio do tempo de propaganda oficial e a maior fatia do fundo eleitoral, não tem como não considerá-lo, hoje, o principal favorito, ainda que possamos criticar a sua gestão.

Por outro lado, se é verdade que a possibilidade de reeleição favorece a vida de qualquer político detentor de mandato, que já controla a máquina pública e, em tese, tem maior exposição midiática, influência da maioria governista e realizações a apresentar ao eleitorado, parece que essa condição nunca foi muito vantajosa para quem ocupa a Prefeitura de São Paulo.

Nos últimos 35 anos, de Covas a Covas, São Paulo teve 11 prefeitos. Do avô Mario, que foi o último dos chamados prefeitos "biônicos" (indicados pelo governador), ao neto Bruno, mandatário da cidade desde 6 de abril de 2018, quando o então prefeito João Doria, de quem era vice, renunciou ao cargo para disputar e vencer a eleição de governador.

Desses 11 prefeitos, em nove eleições, apenas um (Gilberto Kassab, em 2008) foi reeleito. Aliás, em condições semelhantes às de Bruno Covas. Lembre que Kassab era o vice de José Serra, eleito prefeito em 2004, que renunciou ao cargo em 2006 para disputar e vencer a eleição de governador.

Outra curiosidade: nesses 35 anos, de 11 prefeitos (Mario Covas, Jânio Quadros, Luiza Erundina, Paulo Maluf, Celso Pitta, Marta Suplicy, José Serra, Gilberto Kassab, Fernando Haddad, João DoriaBruno Covas), apenas Maluf conseguiu eleger como sucessor um apoiador, ou alguém do mesmo partido (Pitta, em 1996).

Em nove eleições disputadas, São Paulo teve sete vitórias de um candidato de oposição (Jânio em 1985, Erundina em 1988, Maluf em 1992, Marta em 2000, Serra em 2004, Haddad em 2012 e João Doria em 2016). Ou seja, o placar é de 7 x 2 para a oposição. Exceção foram os situacionistas Kassab e Pitta. Como será em 2020?

Registre-se ainda que, desde a eleição de Erundina, a primeira prefeita petista eleita em São Paulo, o PT vem alternando a primeira e a segunda colocação nas eleições.

Ora elege o prefeito (como a própria Erundina em 1988, Marta em 2000 e Haddad em 2012), ora perde no 2º turno para o prefeito eleito (Eduardo Suplicy ficou em 2º em 1992; Erundina em 1996; Marta em 2004 e 2008; e Haddad ficou em 2º em 2016, com a eleição encerrada pela primeira vez em turno único).

Qual a sua aposta para 2020? Arrisca um favorito ou vai ficar em cima do muro?