quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Partidos querem virar o jogo no tapetão


Vejo que muito profissional da política tenta encontrar argumentos racionais e motivos nobres na criação das federações partidárias, quando na real se tratam simplesmente de variações do tradicional jeitinho brasileiro para descumprir as leis vigentes.

Tomemos o exemplo do Cidadania de Roberto Freire, dividido hoje entre apoiar Sergio Moro ou João Doria para presidente. Dizem, para inglês ver, que conversam com PSDB, MDB, Podemos e PDT. Mas o fim será mesmo com o que resta desse atual PSDB que em nada honra suas origens dos tempos de Montoro, Covas, FHC, Serra, Alckmin & cia.

O Cidadania - que já foi PCB e também PPS, neste que é o ano do centenário do velho Partidão - escolheu morrer politicamente num abraço de afogados com os tucanos em 2022. É essa malfadada federação que será anunciada em breve, num misto de bolsonaristas declarados ou enrustidos, políticos fisiológicos, defasados, corruptos, derrotados e oportunistas em geral. Nem sombra da social-democracia brasileira ensaiada nos anos 80.

A decisão sobre as federações partidárias ainda irá a plenário no Supremo Tribunal Federal (e tomara seja derrubada pelos ministros). Tenho uma opinião muito clara (ainda que polêmica e incômoda aos politiqueiros): sou contra essa manobra diversionista para salvar partidos sem representatividade, para driblar a proibição das coligações e para manter o assalto aos cofres públicos.

A instituição das federações nada mais é que uma solução calhorda, coelho tirado da cartola dos velhos políticos para manter a autonomia dos cartórios partidários e acesso livre aos fundos públicos milionários a quem não superaria a cláusula de desempenho. É mais um vexatório tapa na cara da sociedade.

É a mesma coisa do time da série A que evita no tapetão o rebaixamento para a série B, apesar de ter ficado em último na classificação. Quem sabe se Chapecoense, Sport, Bahia e Grêmio fizerem uma federação com o Atlético, o Flamengo e o Palmeiras eles não disputem merecidamente a série A do Brasileirão já em 2022? Boa ideia para o Vasco e o Cruzeiro subirem mais rápido também…