quinta-feira, 30 de junho de 2022

São Paulo está livre de projetos absurdos por 30 dias; mas a política segue dominada pelo crime organizado


Depois de aprovar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2023, ou seja, a previsão genérica das despesas e da arrecadação municipal para o ano que vem, com um orçamento estimado em R$ 90,1 bilhões, os vereadores paulistanos já entraram no recesso do meio do ano.

Claro que não faz nenhum sentido deixar de trabalhar em julho (num recesso anual que se soma a dezembro e janeiro e proporciona quase três meses de férias a esses “trabalhadores” que já são tão privilegiados). A única vantagem para a cidade é a certeza de que neste período eles não vão aprovar nenhum projeto esdrúxulo, como é praxe na Câmara Municipal.

Infelizmente há pendências que podem ficar esquecidas durante essa paralisação, como a necessária cassação do vereador racista Camilo Cristófaro (que trocou o PSB pelo Avante), aquele que foi flagrado num vazamento de áudio durante sessão pública afirmando que um ato que o desagradava era “coisa de preto”.

Faz tempo que o Legislativo paulistano funciona quase como um puxadinho do Executivo. A relação entre o prefeito e os vereadores é marcada por negociatas para a aprovação de projetos, acerto de verbas para seus currais eleitorais e a distribuição de cargos. Ou seja, imparcialidade e independência zero. Fora a atuação como despachantes de luxo de setores econômicos e empresariais.

Agora há ainda outro agravante: o crime organizado que atua na cidade, já reconhecidamente infiltrado em áreas como transporte, comércio ambulante, habitação e assistência social. Há até vereadores investigados pela polícia por vinculação direta com o PCC. É este o nível deplorável da nossa política e dos nossos políticos. Vamos de mal a pior. Pobre São Paulo.