Josias de Souza
Governos costumam abrigar dois tipos de ministros: os capazes de tudo e os incapazes de todo. A
benevolência divina vinha poupando o país de alguém que acumulasse as duas condições. Mas a
bondade celestial piscou no caso do titular da pasta do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Na tragédia ambiental do óleo que chega às praias nordestinas, o ministro vem se revelando há dois meses
incapaz de todo. Mostrou-se capaz de tudo ao insinuar sem provas nas redes sociais que o óleo pode ter
sido despejado em mares brasileiros por um navio do Greenpeace.
Macaqueando o chefe, que acusara ONGs de atear fogo à floresta amazônica, Salles escreveu: "Tem umas
coincidências na vida né… Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas
internacionais, em frente ao litoral brasileiro, bem na época do derramamento de óleo venezuelano…"
Em resposta, o Greenpeace chamou Salles de mentiroso. E anunciou que irá processá-lo. Informou que seu
navio, o Esperanza, estava na Guiana Francesa nos meses de agosto e setembro. Hoje, encontra-se no
Uruguai, a caminho da Antártica.
De tanto desmontar o setor do meio ambiente, Salles criou problemas para o ambiente inteiro. Faria um bem
a si mesmo se parasse de confundir presunção com solução e teatralidade com substância. No momento,
se precisar vender um carro usado, o ministro talvez não encontre um comprador.