quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Alckmin, quem diria, pode ser decisivo para a eleição de Lula


Vindo de duas candidaturas decepcionantes à Presidência da República e quatro gestões bem sucedidas no Governo do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin deixou o PSDB e pode agora fazer o movimento mais surpreendente e significativo das últimas décadas da política brasileira se aceitar ser o vice de Lula.

Não que Luiz Inácio Lula da Silva seja santo, mas está reabilitado eleitoralmente graças às lambanças políticas e jurídicas de seus adversários, que assistimos desde os episódios do mensalão e do petrolão. Ao comparar Lula com tudo que aí está, o brasileiro parece disposto a proporcionar uma nova chance ao petista.

Afinal, Lula tem história, tem preparo, tem carisma, tem liderança, tem experiência, tem realizações, tem um partido consistente e tem, sobretudo, voto. Ou intenção de voto, por enquanto, como demonstram todas as pesquisas espontâneas ou dirigidas, que o colocam com favoritismo até mesmo para vencer no 1º turno.

É claro que Lula tem também pontos desfavoráveis. Tem haters. Tem que enfrentar o antipetismo e o antilulismo. Tem que desfazer a desconfiança de setores importantes da sociedade, de liberais a conservadores. Tem que se reaproximar do centro no espectro político-partidário. Tem que dar um passo além daqueles que levaram o PT a ganhar quatro eleições presidenciais consecutivas para acabar derrotado pelo bolsonarismo.

Os maiores inimigos de Lula, hoje, são Bolsonaro, Moro e ele mesmo. Lula pode derrotar Lula se emitir sinais dúbios sobre a defesa intransigente da democracia, o respeito absoluto ao estado de direito, o combate à corrupção, o repúdio a qualquer tipo de censura ou controle social da mídia, a complacência com ditaduras de esquerda e outras cascas de banana espalhadas pelo caminho até 2022.

É aí que entra Geraldo Alckmin e o poder de aglutinação do eleitorado mais moderado para eleger Lula e ajudar o Brasil a superar essa tragédia bolsonarista, sem embarcar em outra aventura (como aparenta ser a candidatura de Sérgio Moro, que tenta se apresentar como 3ª via mas não consegue se desvencilhar das amarras do bolsonarismo).

A virada de Alckmin, que parecia emparedado e traído dentro do PSDB, pode ser o tijolinho que faltava para a construção da vitória da oposição democrática brasileira. Se já se mostrava inevitável o cenário eleitoral polarizado entre Lula e Bolsonaro (ou Moro, como querem alguns), Alckmin tem tudo para dar um xeque-mate e decidir o jogo. Alea jacta est (a sorte está lançada).