terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Federações partidárias vão salvar legendas inexpressivas e manter o assalto aos cofres públicos


Quando a lei proibiu as coligações partidárias para as eleições parlamentares e estabeleceu a cláusula de desempenho mínimo foi para tentar reduzir um pouco a proliferação de legendas que tomam de assalto os cofres públicos, por meio de dois fundos bilionários (o partidário e o eleitoral), além de outros custos indiretos (a propaganda eleitoral que é gratuita para eles mas paga pelo contribuinte, as estruturas de liderança etc.).

Porém, como é da tradição dos maus políticos e do vexatório jeitinho brasileiro, eles foram lá e driblaram as restrições ao criarem as federações partidárias (que diferem das coligações eleitorais pela duração obrigatória dos quatro anos de legislatura). Sabe o que é isso? Assalto à mão armada. E as vítimas somos nós, eleitores trapaceados.

Quem sustenta essa farra partidária é o orçamento público que mal dá conta das prioridades sociais, de auxílios emergenciais praticamente irrisórios para famílias que passam fome, de verbas que deveriam ser destinadas para saúde, educação, meio ambiente, mas que literalmente escoam pelo ladrão para as contas de partidos fisiológicos e de políticos profissionais.

Não pense que alguém está isento dessa festança às custas do nosso suado dinheiro: de Lula a Bolsonaro, de Moro a Ciro, todos se refestelam com salários mensais pagos pelos partidos ou recursos extras que bancam supostos serviços, eventos, estudos, palestras, viagens, hospedagens ou qualquer coisa que sirva para justificar o uso dessas verbas orçamentárias pelas siglas partidárias e suas fundações de fachada.

Para as eleições de 2022, à esquerda, ao centro e à direita, os partidos estão se juntando nessas malfadadas federações, como se houvesse algum espírito público ou preocupação ideológica além do desespero salvacionista dos pequenos partidos, que somam força aos grandes nas eleições e no parlamento mas ainda mantém uma sobrevida e principalmente sua autonomia interna preservada (inclusive acesso garantido aos fundos bilionários, que é o real interesse dessa camarilha).