sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Já viu o bloco dos prefeituráveis? Partiu, Carnaval!

Ainda faltam pelo menos quatro meses para a definição oficial das candidaturas à Prefeitura de São Paulo, mas vamos aproveitar essa pausa do Carnaval para trocar algumas ideias, fazer projeções e atualizar informações sobre o bloco de possíveis ou prováveis candidatos.

Há muito balão de ensaio. Nomes são cogitados apenas para medir forças e sentir a repercussão.

Sobram incertezas: Como estará a rejeição ao atual prefeito? O eleitor vai manter a tendência histórica de eleger um candidato de oposição, como em sete das últimas nove eleições, desde a redemocratização?

Até que ponto o apoio do presidente Jair Bolsonaro vai ser relevante nas eleições paulistanas? E o do governador João Doria? O cenário seguirá polarizado? E essa polarização se dará entre bolsonaristas e tucanos ou os petistas vão recuperar apoio? Existe espaço para uma candidatura alternativa a esses partidos?

Nesta semana, a notícia sobre o bom resultado do tratamento de saúde do prefeito Bruno Covas (PSDB) animou a sua pré-candidatura à reeleição. A conversa recorrente entre os aliados agora é sobre a vaga de vice. Fala-se de tudo e de todos. Quem será?

Uns defendem chapa pura dos tucanos, e neste caso o nome da senadora Mara Gabrilli desponta com algum favoritismo. Mas a disputa segue acirrada. Partidos como PSC, Podemos, Cidadania, DEM e PL devem compor a coligação tucana e o vice pode sair de um acordo desses partidos, com vantagem para o Democratas.

Mas também se especula o apoio do Republicanos, e o vice então poderia ser Celso Russomanno.

Ou do MDB, onde o fato novo depois do Carnaval será a filiação do apresentador José Luiz Datena.

Ambos são cotados tanto para a vice de Bruno Covas como para disputarem a eleição em vôo solo. Haja pesquisa interna e discussão nos próximos meses para se chegar a uma conclusão.

As datas mais importantes nesse calendário pré-eleitoral são: de 5 de março até 4 de abril abre a janela para os atuais vereadores eventualmente mudarem de partido, se bem que vários já migraram antes disso.

O dia 4 de abril também é o prazo final para os bolsonaristas tentarem a improvável formalização do partido Aliança pelo Brasil a tempo de concorrer em 2020.

A caça ao voto bolsonarista será intensa: Joice Hasselmann e Major Olímpio são os nomes mais óbvios, mas Datena, Russomanno, Paulo Skaf e (aqui sim uma novidade) até o ex-tucano Andrea Matarazzo, atualmente no PSD de Gilberto Kassab, correm por fora.

O movimento de Matarazzo em direção ao bolsonarismo envolveria Skaf (hoje no MDB, mas a caminho do Aliança) e pode realocar Kassab no poder (ele que já esteve atrelado ao malufismo, aos tucanos e aos petistas, sempre bem posicionado). Aliás, Kassab foi também o único prefeito paulistano a se reeleger, em 2008, depois de ter herdado o cargo de José Serra em 2006.

O PT - que administrou a cidade por 12 anos nas últimas três décadas (com Luiza Erundina, Marta Suplicy e Fernando Haddad) - sonha em voltar à Prefeitura. Para tanto, tem hoje sete pré-candidatos inscritos nas suas prévias: Alexandre Padilha, Paulo Teixeira, Carlos Zarattini, Eduardo Suplicy, Jilmar Tatto, Nabil Bonduki e Kika Silva.

Porém, o preferido de Lula e da militância petista, quase unanimidade mas ainda relutante a tentar nova eleição, é o ex-prefeito e ex-presidenciável Fernando Haddad.

A chapa dos sonhos lulistas é Haddad prefeito com Marta Suplicy (ainda sem legenda) de vice.

Uma escolha errada do PT pode significar um encolhimento desastroso do partido, que desde 1988 polariza as eleições paulistanas (primeiro contra Maluf e Celso Pitta, depois contra Serra, Kassab e João Doria) e elege as maiores bancadas para a Câmara Municipal.

No mesmo campo ideológico, o PCdoB apresenta Orlando Silva e o PSOL tem três potenciais candidatos: Sâmia Bomfim, Carlos Giannazi e Guilherme Boulos (com Erundina vice na chapa dos sonhos do partido - ou, por outro lado, do pesadelo petista). Um candidato fraco do PT pode deixá-lo atrás do PSOL em quantidade de votos, o que seria uma derrota verdadeiramente humilhante.

Quem tenta ficar bem na foto e viabilizar uma candidatura alternativa à polarização, mas que só se tornaria viável se reunisse ao mesmo tempo anti-petistas, anti-tucanos e anti-bolsonaristas, ou pelo menos dois desses grupos, é o ex-governador Marcio França (PSB). Missão quase impossível.

No campo neoliberal, para marcar posição no 1º turno, eleger vereadores e eventualmente apoiar o candidato mais à direita que chegar ao 2º turno, aparecem os nomes de Filipe Sabará (Novo) e Arthur do Val, o "Mamãe Falei", jovem liderança do MBL e recém-filiado ao Patriotas.

Enfim, este é o cenário eleitoral paulistano às vésperas do Carnaval. De tempos em tempos voltaremos ao tema para reavaliar as opções disponíveis. E você, já tem candidato?