segunda-feira, 21 de março de 2022
A morte anunciada do PSDB e o sepultamento da 3ª via
Nesta semana, o ex-governador Geraldo Alckmin, fundador e uma das principais lideranças históricas do PSDB, anunciou que se filiará ao PSB e deve ser candidato a vice-presidente na chapa do petista Lula. A definitiva pá de cal naquela natimorta 3ª via.
O que muita gente acha um absurdo tem algum sentido para quem entende que derrotar Bolsonaro é a maior prioridade destas eleições, permitindo inclusive a composição de tradicionais adversários político-partidários contra o inimigo em comum da democracia e da civilização.
Se essa união pontual vai funcionar, só descobriremos em outubro. Porém, a fratura exposta no PSDB é o que mais nos chama a atenção, não apenas com a saída de Alckmin, mas com os conchavos para derrubar a candidatura presidencial de João Doria, as movimentações de Eduardo Leite (que ameaça ser candidato pelo PSD) e uma sequência interminável de tiros no pé.
O PSDB vai perder a sua sexta eleição consecutiva (2002, 2006, 2010, 2014, 2018 e 2022). Já são 20 anos fora do poder desde o fim do governo FHC. Em estados como São Paulo, que tem o domínio tucano há 26 anos, pela primeira vez a oposição chega com chances reais e objetivas de vencer.
Na Câmara dos Deputados, o PSDB virou um puxadinho bolsonarista, liderado por um bando de oportunistas e corruptos ligados ao Centrão e que em nada lembra as origens na década de 80 do Partido da Social-Democracia Brasileira de Covas, Montoro, Serra, Alckmin e FHC.
O próprio FHC já sinalizava uma necessária refundação do PSDB, que se daria em torno do projeto presidencial de Luciano Huck. A ideia foi abortada pelo apresentador, que optou por seguir na Rede Globo, agora aos domingos. Dessa iniciativa restou apenas a parceria ensaiada com o Cidadania (ex-PPS) numa federação partidária que não vai dar em nada, a não ser preservar as estruturas cartoriais dessas legendas decadentes e o acesso garantido aos cofres públicos.
Conclusão: esses partidos que já foram protagonistas no cenário nacional, com presidente da República, ministros, governadores, senadores e bancadas majoritárias no Legislativo, viraram meros coadjuvantes da política brasileira. A eleição será mesmo polarizada. Alguns vão se arranjar (como sempre) no futuro governo. Outros pensam em liderar a oposição (outra ilusão). De todo modo, um triste fim.