segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Bolsonaro: apesar da rejeição recorde ao presidente neste 1º ano, o bolsonarismo segue firme e forte

A mais recente pesquisa de avaliação sobre o governo do presidente Jair Bolsonaro mostra um quadro praticamente inalterado de apoio e rejeição: 36% reprovam e 30% aprovam Bolsonaro, segundo o Datafolha (ahhhh, mas o Datafolha... mimimi).

Enfim, quem duvida até que a Terra é redonda não vai acreditar em estatística ou em instituto de pesquisa, não é mesmo? Ainda mais da Folha... Faz sentido.

Mas, dane-se a pesquisa e o instituto, o que vemos nos números é o desenho da realidade da polarização e do antagonismo nas ruas: apenas um terço do eleitorado se declara realmente de oposição, enquanto Bolsonaro tem o apoio ou a neutralidade cúmplice de dois terços dos brasileiros. Este é o quadro a ser analisado.

Resumo da ópera (ou o paradoxo da polarização burra)

1) Apesar da rejeição recorde (a maior entre todos os presidentes no primeiro ano de governo), Bolsonaro mantém seu eleitorado cativo, que seria suficiente para levá-lo ao 2º turno (e novamente à vitória) se a eleição presidencial ocorresse hoje.

2) A oposição, embora numerosa e ruidosa, permanece minoritária, fragmentada, confusa, sem um discurso coerente com a prática nem uma pegada persuasiva.

3) O tal "centro democrático", fragorosamente derrotado em 2018, segue espremido entre os dois pólos, ainda sem nenhuma força para ocupar espaço do bolsonarismo ou do lulismo, conquistando fatias do eleitorado à direita ou à esquerda.

Os números não mentem

Porque, avaliando esses índices da pesquisa, 30% de ótimo e bom reúne a fina flor do bolsonarismo, a bolha de gente iludida, desinformada ou mal formada, mesmo. 

Os 32% de quem considera o governo regular é ainda influência do anti-petismo, com otimistas inveterados (que torcem para tudo dar certo, independente do presidente), os fãs da Lava Jato (que votariam em qualquer um, menos no PT) e os já consagrados "isentões".

Uma parcela ínfima (1%) não sabe ou não respondeu.

E, por fim, os restantes 36% são a oposição declarada ou, na visão bolsonarista, os "comunistas", a esquerdalha e os inimigos do Brasil.

Para desgosto e revolta dos bolsonaristas, estamos nesse time da oposição. Então, obviamente, somos alvo preferencial da milícia de fanáticos, lunáticos e adoradores do "mito" por sermos "do contra".

Podem atacar. Faz parte. Mas ser a favor do boçalnarismo não dá, né?

Estamos do lado da democracia, dos princípios republicanos, do estado de direito. Contra fanáticos de direita ou de esquerda, contra ditaduras, contra a censura, contra corruptos, contra quem admite a tortura.

Acreditamos que, em breve, os oposicionistas e eleitores arrependidos de Bolsonaro serão maioria. A política é cíclica e a contagem regressiva para o fim dessa onda obscurantista já começou. Até lá, vamos levando. 

Vejamos outros números da pesquisa:


Confiança em Bolsonaro

O instituto perguntou aos entrevistados se eles confiam no que o presidente diz.

Confiam: 19%
Confiam às vezes: 37%
Nunca confiam: 43%
Não sabe/não respondeu: 1%


Comportamento

O Datafolha perguntou aos entrevistados se o presidente tem comportamento condizente com o cargo. A maioria considera que não.

Sempre se comporta de forma adequada: 14%
Nunca se comporta de forma adequada: 28%
Se comporta adequadamente na maioria das ocasiões: 28%
Se comporta adequadamente na minoria das ocasiões: 25%


Expectativa

Em relação à expectativa com o futuro do governo, 43% esperam que Bolsonaro faça uma gestão ótima ou boa. Em agosto, eram 45%; em julho, 51%, e em abril, 59%.

Outros 32% acreditam que o presidente fará uma administração ruim ou péssima, contra os mesmos 32% em agosto, 24% em julho, e 23% em abril;


Economia

O Datafolha também pediu aos entrevistados que avaliassem o desempenho do governo na área econômica.

Ruim/péssimo: 44% (43% em agosto)
Regular: 29% (35% em agosto)
Ótimo/bom: 25% (20% em agosto)
Não sabe: 2% (2% em agosto)

Sobre a crise econômica que o país atravessa, 5% responderam que já acabou, 37% acham que vai acabar logo e 55% disseram que vai demorar.

Segundo a pesquisa, 43% dos entrevistados acham a situação econômica do país vai melhorar (eram 40% em agosto); 31% entendem que vai ficar como está (os mesmos 31% de agosto); e 24% responderam que vai piorar (eram 26% em agosto).


Combate ao desemprego

A atuação do governo no combate ao desemprego é considerada ruim ou péssima, de acordo com a pesquisa.

Ruim/péssimo: 59% (65% em agosto)
Regular: 24% (21% em agosto)
Ótimo/bom: 16% (13% em agosto)
Não sabe: 1% (1% em agosto)


Atuação do presidente

O Datafolha verificou, ainda, se os entrevistados acreditam que o presidente age ou não como deveria. Veja os percentuais:

Age como deveria: 14% (eram 15% em agosto, 22% em julho, e 27% em abril)
Na maioria das ocasiões age como deveria: 28% (eram 27% em agosto, 28% em julho, e 27% em abril)
Em algumas ocasiões age como deveria: 25% (eram 23% em agosto, 21% em julho, e 20% em abril)
Em nenhuma ocasião age como deveria: 28% (eram 32% em agosto, 25% em julho e 23% em abril)


Principais problemas do país

Os entrevistados elegeram ainda os principais problemas do país:

Saúde: 32%
Educação: 14%
Segurança: 13%
Desemprego: 13%
Corrupção: 8%
Economia: 8%

O levantamento mostra que, para os entrevistados, a imagem do Brasil no exterior melhorou, segundo 31%, piorou para 39%, e é mesma para 25%.


Combate à corrupção

Metade dos entrevistados pelo Datafolha classificou como ruim ou péssimo o combate à corrupção no governo Bolsonaro, segundo a pesquisa:

Ruim/péssimo: 50% (44% em agosto)
Ótimo/bom: 29% (34% em agosto)
Regular: 19% (20% em agosto)
Não sabe: 2% (2% em agosto)


Meio Ambiente

A pesquisa apurou a avaliação dos entrevistados sobre a atuação do governo em relação ao meio ambiente:

Ruim/péssimo: 43% (49% em agosto)
Regular: 32% (28% em agosto)
Ótimo/bom: 23% (21% em agosto)
Não sabe: 3% (2% em agosto)

Outros presidentes

Os percentuais de reprovação (ruim e péssimo) dos últimos presidentes após o primeiro ano de mandato foram os seguintes:

Fernando Collor (1990): 34%
Fernando Henrique Cardoso (1995): 15%
Luiz Inácio Lula da Silva (2003): 15%
Dilma Rousseff (2011): 6%
Bolsonaro (2019): 36%


Os percentuais de aprovação (ótimo e bom) dos últimos presidentes após o primeiro ano de mandato foram os seguintes:

Fernando Collor (1990): 23%
Fernando Henrique Cardoso (1995): 41%
Luiz Inácio Lula da Silva (2003): 42%
Dilma Rousseff (2011): 59%
Bolsonaro (2019): 30%