quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Na última sessão do ano, vereadores paulistanos votam Orçamento de 2020, projeto que institui o "capitalismo humanista" e outro que valoriza a virgindade

A última sessão da Câmara Municipal de São Paulo em 2019 tem uma pauta de 79 itens, sendo que o único com votação obrigatória antes do recesso é o do Orçamento da cidade para 2020.

Porém, há uma série de outras propostas na ordem do dia, que vão de simples denominações e homenagens a polêmicas como mais uma tentativa de restringir os aplicativos de transporte (tipo Uber, 99 e Cabify), que no entendimento de alguns vereadores prejudicam os taxistas.

Há ainda outras ideias bastante inusitadas, como o 1º item da pauta, um projeto de emenda à Lei Orgânica apresentado pelo presidente reeleito da Câmara, Eduardo Tuma (PSDB), que tem a pretensão de instituir o "regime do capitalismo humanista" em São Paulo. Segundo o autor, seria a "harmonização entre a economia capitalista de mercado e os direitos humanos".

Outra proposta bastante insólita é uma salva de prata em homenagem ao Instituto Escolhi Esperar, descrito pelo autor, o vereador Rinaldi Digilio (Republicanos), como "um instituto cristão, que atua especificamente em duas áreas: preservação sexual e integridade emocional."

Prossegue ainda a descrição, na justificativa da homenagem oficial: "Foi criado com o propósito de encorajar, fortalecer e orientar os solteiros cristãos a esperarem até o casamento para viverem suas experiencias sexuais. Outro objetivo é ajudar as pessoas a desenvolverem relacionamentos amorosos saudáveis e duradouros."

E, para não deixar dúvidas: "O instituto tem uma mensagem centrada na importância de viver uma vida em santidade e pureza baseada nas escrituras sagradas. Não é uma campanha voltada somente para pessoas virgens, mas também para aqueles que já tiveram experiências e agora decidiram se preservar até o casamento. É aberta para a participação de pessoas de todas as idades."

A pauta do dia reúne ainda propostas de Orçamento impositivo, denominação da Guarda Civil Metropolitana transformada em Polícia Municipal, obrigatoriedade da prestação de contas do prefeito na Câmara todos os anos, tempo máximo para atendimento do SAMU, criação do Parque do Minhocão ou desmonte do Elevado, isenção do ISS para serviços relativos à construção de igrejas em mutirão, obrigatoriedade de geradores elétricos em condomínios, tomadas para carros elétricos, estágio para sexagenários, estatuto dos animais domésticos e até auditoria externa para avaliação dos servidores municipais, entre outras.

Ontem, quarta-feira, dia 18, os vereadores já aprovaram autorização para o prefeito Bruno Covas (PSDB) injetar R$ 1,2 bi de empréstimos ao Orçamento previsto de R$ 68,9 bi para 2020, ano eleitoral, em que os paulistanos vão escolher seus candidatos à Prefeitura e à Câmara Municipal para os próximos quatro anos. Encerrada a votação de hoje, inicia-se o recesso parlamentar até fevereiro. Aí só nos resta esperar. Sem escolha.