segunda-feira, 27 de abril de 2020

Atenção, bolsonaristas: A Venezuela é aqui!

Dá vontade de gritar: “Eu já sabia!”. “Eu avisei!”. Mas não precisamos falar o óbvio. Você sabe que desde 2018, no início oficial da campanha presidencial, alertamos que a materialização, a transmutação, do antipetismo no bolsonarismo não iria acabar bem.

Porque não era simplesmente trocar seis por meia dúzia. Era trocar o ruim pelo pior. Corruptos por milicianos. Fanáticos por lunáticos. Um partido por uma seita. Inverter a mão ideológica e empoderar a escória da política e da sociedade brasileira.

O meme que virou presidente estava aí havia 30 anos demonstrando tudo o que ele é: inepto, ignorante, desprezível, irresponsável, desequilibrado, incompetente, desqualificado, preconceituoso, nepotista, machista, racista, homofóbico, golpista.

Não existia uma só qualidade de Jair Bolsonaro que estivesse oculta de quem o conhecia como ex-militar defenestrado do Exército ou como político medíocre do baixo clero, fisiológico, populista e inimigo do estado democrático de direito.

Por tudo isso, estava claro que o divórcio entre bolsonaristas e lavajatistas seria questão de tempo. Que Sergio Moro era ali um estranho no ninho. Raposa na festa do galinheiro. Uma ameaça constante ao modus operandi do bolsonarismo. Inimigo íntimo.

Se alguém de fora do cotidiano político-partidário foi enganado, é o momento de acordar e reagir. Perceber que ter transformado a aversão ao petismo, às esquerdas ou à política tradicional em votos para eleger Jair Bolsonaro e sua camarilha foi um erro terrível.

Os arrependidos estão aí se manifestando diariamente: de Lobão a Sergio Moro, de Janaína Paschoal a Alexandre Frota, de Ronaldo Caiado a João Doria, de Joice Hasselmann a Wilson Witzel, do MBL a João Amoedo. As próximas pesquisas de opinião e as próximas eleições, principalmente, vão comprovar o enfraquecimento do fenômeno. O mito que virou mico.

Mas, enquanto isso, a milícia bolsonarista segue armada da caneta presidencial e de armas propriamente ditas, num estranho consórcio que reúne ao “gabinete do ódio” religiosos fundamentalistas, ideólogos da extrema direita, saudosos da ditadura militar, olavistas, terraplanistas, oportunistas e idiotas de classes, patentes e origens distintas.

Os últimos movimentos desse xadrez bolsonarista (antes que acabem todos em outro xadrez, trancafiados) são o pacto com o velho Centrão e o aparelhamento do Ministério da Justiça e da Polícia Federal para tentar impedir as investigações que desaguam nos filhos delinquentes.

Bastou pouco mais de um ano para Bolsonaro comprovar tudo aquilo que já sabíamos. Troca a companhia do xerife Sergio Moro por bandidos condenados, como Roberto Jefferson e Waldemar da Costa Neto. Desmonta a Saúde, a Educação, a Cultura, o Meio Ambiente, as Relações Exteriores.

Diziam que, dependendo do resultado das eleições presidenciais, corríamos o risco de virar uma Venezuela. Um país governado de forma autoritária por um maluco populista, apoiado pelos militares, que prega o fechamento do Congresso e do Supremo, além de atacar a oposição e a imprensa.

Já vimos esse filme, não? Alguém se lembra como ele termina?