quinta-feira, 16 de abril de 2020

Burrice e fake news contaminam mais que a Covid-19

É de Nelson Rodrigues a melhor definição, quase premonitória: "Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos."

Pois a pandemia do novo coronavírus deu visibilidade a um outro tipo de doença que ataca simultaneamente um grande número de indivíduos: a burrice.

Essa forma letal de ignorância, agravada pelo fanatismo ideológico e pela aversão à ciência, à razão e ao bom senso, que atinge indistintamente seres lunáticos em várias partes do mundo, vai provocar consequências ainda inimagináveis para a humanidade.

Se não bastasse chamar de "gripezinha".

Se não bastasse desrespeitar o isolamento social.

Se não bastasse ignorar a OMS, desautorizar o Ministério da Saúde e entrar nessa briga pública com o ministro Mandetta...

Temos entre os bolsonaristas, terraplanistas e descrentes das ciências em geral aqueles que propõem homeopatia e ozonioterapia, dessas aplicadas em clínicas de estética, como tratamentos contra a pandemia do coronavírus.

É sério isso?

Dizem que na Índia isso se discute entre os médicos. Ok, mas na Índia eles também propõem tomar xixi de vaca para prevenir a contaminação. Será que alguém vai copiar isso por aqui?

Temos o próprio presidente que virou garoto propaganda da cloroquina, sem nenhum embasamento fora o achismo e a lacração ideológica, agora outro ministro vem difundir vermífugo com potencial de cura. Deus nos ajude!

Leia mais:

Bruno Boghossian: Aviso prévio

Roberto Dias: Um mundo de perguntas

Mariliz Pereira Jorge: A burrice saiu do armário