quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Fechem portas e janelas, segurem bolsas e carteiras, os vereadores voltaram ao trabalho


Foram retomadas as sessões da Câmara Municipal de São Paulo, após o recesso do meio do ano, misturando ainda a participação remota e presencial dos vereadores. Aí que mora o perigo! Os primeiros dias estão restritos às sessões ordinárias, apenas com discursos e conchavos, aquecendo as turbinas para o ataque devastador e extraordinário desenhado para este 2º semestre.

Pois é. Perdão a quem se ofendeu com o título crítico acima, mas a realidade nua e crua da política paulistana é também cruel. Um pacotão de projetos caça-níqueis vai entrar em pauta, mas quem pode entrar pelo cano (é ladrão que chama aquele encanamento, né?) somos todos nós! Precisamos ficar atentos com o que está vindo por aí! Alô, imprensa! Alô, Ministério Público!

Antes de mais nada, a informação de um acordo para a posse do vereador Missionário José Olímpio (DEM), que chegou a ser anunciado pelo TRE como eleito em 2020 mas perdeu a vaga para o Dr. Sidney Cruz (Solidariedade), um mês depois da eleição, quando foram validados votos que estavam sob análise judicial.

Agora o vereador Ricardo Teixeira (DEM) acaba de ser nomeado secretário de Mobilidade e Transportes pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), abrindo a vaga para o suplente do Democratas, que já foi vereador da base malufista e hoje, bolsonarista, representa a igreja do bispo Valdemiro Santiago. É esse tipo de acerto de bastidores o que mais acontece no parlamento.

Transparência, informações claras e os interesses da maioria dos paulistanos, além de planejamento, sustentabilidade e a qualidade de vida na cidade são os detalhes que menos interessam na ânsia arrecadatória dos vereadores. Há exemplos objetivos da destruição de praças, parques e áreas verdes para privilegiar financeiramente algumas empresas (na Mooca de Ricardo Teixeira, inclusive; vide o Parque Esso, a Rua Lítio, a Feira Confinada e a Horta das Flores).

E assim virá o esquartejamento do Plano Diretor, uma série de projetos de intervenções e operações urbanas nos bairros paulistanos, a lei das antenas (que envolve bilhões de interesses - se é que você me entende) e outras medidas que mostram o quanto a Câmara é insensível às reais necessidades da população. Mas o blablablá dos parlamentares segue inabalável!

Não que os vereadores deixem de falar em moradia, saúde, trabalho, educação, segurança, assistência social, trânsito e transporte, zeladoria, pandemia e tantos assuntos que mexem com o cotidiano paulistano. Falam, e falam, e falam… é a essência do parlamento, mas retórica não conserta a cidade nem enche barriga!

Grave é o que acontece enquanto eles falam - e a maioria das pessoas não sabem, não percebem, não conhecem e seguem mal informadas. Tudo que eles votam, obviamente, tem uma justificativa de relevância social. Mas quando você vai aprofundar o que está por trás dos discursos bonitos e disfarçado nas letras miúdas de projetos confusos, é que tem o choque de realidade.

Vamos trazer aqui, projeto a projeto, as pegadinhas armadas para a população cair. Eles não gostam quando jogamos luz nesse mundinho paralelo da Câmara de São Paulo, mas é o que mais gostamos de fazer. Quanto mais incômodo causado, significa que ficou maior a quantidade de informações acessíveis aos cidadãos. Vamos juntos! Seguuuura, São Paulo!