domingo, 12 de setembro de 2021

Oposição dividida dá sobrevida a Bolsonaro e alimenta discurso golpista


Já tivemos algumas manifestações de rua neste ano, na retomada dos atos políticos presenciais após o período mais dramático da pandemia. Pró-Bolsonaro, a mais recente, de 7 de setembro, foi sem dúvida a mais concorrida e de maior repercussão (para o bem e para o mal).

As oposições ao presidente demente saíram às ruas outras tantas vezes, além deste domingo, 12 de setembro, mas nunca estiveram juntas de fato, misturando todos os partidos, tendências e lideranças políticas por uma causa única (como ocorreu na época das Diretas Já, por exemplo). O impeachment ainda não virou onda.

A proposta de deixar as preferências eleitorais para depois e priorizar antes o #ForaBolsonaro ainda não convenceu a maioria desses atores políticos (que seguem divididos e polarizados, ou na busca da construção da chamada 3ª via) nem atraiu multidões (que é necessário para fazer o Congresso se mexer).

Primeiro, foram o MBL, o Vem Pra Rua e a maioria dos partidos de centro que boicotaram as manifestações convocadas por siglas, entidades e influenciadores mais à esquerda. Neste domingo, ainda que o apelo suprapartidário tenha dominado as convocações, foram o PSOL, o PT e os eleitores de Lula que resolveram não aparecer.

Pior que isso, correntes mais radicais de um lado e do outro simplesmente rejeitam a aproximação. Se inicialmente houve tucanos rechaçados na Paulista pelo PCO, para citar um fato concreto e objetivo bastante noticiado, agora a campanha “nem, nem” (nem Bolsonaro, nem Lula) serve de igual maneira para afastar os simpatizantes petistas.

Enquanto todos que se opõem a Bolsonaro não deixarem de lado suas picuinhas, preconceitos e pré-julgamentos, quem seguirá cantando vitória é a turma bolsonarista. Isso alimenta a narrativa da direita golpista na crença de que a maioria do eleitorado apóia o governo e qualquer outro resultado em 2022 que não a reeleição do presidente será uma fraude. É hora de virar o jogo.