terça-feira, 27 de abril de 2021

A essência do bolsonarismo em três atos: jornalista é idiota?


Para Bolsonaro, jornalista é idiota; para nós, o presidente é demente, inepto, canalha, vagabundo, irresponsável, machista, racista, misógino, homofóbico, incapaz, desequilibrado, desqualificado e genocida.

Mais uma vez o presidente Jair Bolsonaro ataca jornalistas. Preferencialmente mulheres, claro! Dessa vez chamou de idiota a repórter Driele Veiga, da TV Aratu - emissora afiliada ao SBT na Bahia. O “crime” do jornalismo, como sempre, é fazer perguntas incômodas ao presidente demente.

O canal de Silvio Santos deveria ter repudiado o ato de Bolsonaro. Mas ele e outros donos de emissoras, acostumados a bajular presidentes por conta de verbas e concessões públicas, entre outros interesses com os inquilinos do poder, preferem manter o servilismo. Não é mesmo, ministro das Comunicações, Fábio Faria? Abraços no chefe e no sogrão!

O ataque de Bolsonaro ocorreu durante visita à cidade baiana de Feira de Santana. A repórter questionou o presidente sobre uma foto dele segurando uma réplica gigante de um documento identificado como “CPF cancelado” - referência à morte de bandidos ou pessoas inconvenientes, como são os jornalistas para Bolsonaro.

Com linguajar e atitude típicas de um miliciano e completamente inadequadas para um presidente, tanto a agressão à jornalista quanto a aviltante entrevista da semana passada no Programa do apresentador Sikêra Jr., com quem Bolsonaro fez a “piada” do CPF cancelado, entre outros gracejos típicos contra gays - sua fixação freudiana - e ofensas à oposição (sobrou para Lula, o PT e o PSOL), demonstram a essência do bolsonarismo.

"O senhor foi criticado, presidente, sobre uma foto postada dizendo CPF cancelado em um momento de tantas pessoas morrendo. O que o senhor tem a dizer a respeito? ", pergunta Driele Veiga. Bolsonaro responde: "Você não tem o que perguntar não? Deixa de ser idiota, pô".

"A minha pergunta foi simples, ele poderia ter se defendido, mas preferiu insultar", comentou Driele, que posteriormente recebeu apoio de políticos como o presidente nacional do Democratas, ACM Neto, o senador Jaques Wagner (PT) e o governador da Bahia, Rui Costa (PT).

Mesmo após ter sido insultada, Driele ainda fez mais algumas perguntas ao presidente. "Eu sou resiliente e não me abalo com essas coisas. Sou mulher e vivo numa sociedade patriarcal, homens acham que podem nos tratar dessa forma. Além disso, o xingamento do presidente chega a ser elogio diante de tanta coisa que estamos passando com a forma que ele está governando na pandemia", declarou.

“Essa postura é inadmissível para um presidente, a gente espera isso de qualquer outro entrevistado, menos de um presidente da República. Mas, como é um cenário que se repete, não me abalou tanto, já é uma atitude que se espera dele. Hoje, aconteceu comigo, mas poderia ter acontecido com qualquer outro jornalista”, concluiu.

No final de março, Bolsonaro já foi condenado em primeira instância a indenizar outra jornalista, Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo, por danos morais. É um comportamento agressivo recorrente: machista, misógino, covarde. Em resumo, bolsonarista.

Após reportagem de Patrícia Campos Mello apontar esquema criminoso de disparo de mensagens por meio do WhatsApp durante as eleições de 2018, favorecendo Bolsonaro, ele reagiu com insinuações de teor sexual: “Ela queria um furo. Ela queria dar o furo, dar o furo a qualquer preço", disse o presidente na ocasião.

Pois é isso o que nós, jornalistas idiotas, temos que enfrentar diariamente. Um verme. Um presidente demente, criminoso, paspalho, impróprio. Uma vergonha mundial. Apenas esses três atos demonstrados aqui bastariam para iniciar o impeachment por falta de decoro. Mas tem mais. Muito mais. Uma fila interminável de crimes de responsabilidade. #ForaBolsonaro