terça-feira, 6 de abril de 2021

Quem estará na fila prioritária para viver?


A Câmara Municipal de São Paulo deve aprovar hoje, em segunda e definitiva votação, um Projeto de Lei que irá recomendar quais categorias de trabalhadores devem ter prioridade na vacinação contra a Covid-19 na cidade.

Se este fosse o maior dos problemas, estaríamos no País das Maravilhas. Mas a realidade é que ainda não temos vacina para todos os paulistanos, paulistas e brasileiros. Definir as categorias prioritárias é o de menos. Todas as vidas importam!

Temos um presidente demente, irresponsável e genocida. Temos governadores e prefeitos (muitos deles também fracos e incompetentes) que ficam escravos da opinião pública, desafiados pela campanha negacionista da escória bolsonarista e desautorizados por decisões judiciais conflitantes, inclusive no Supremo Tribunal Federal.

Medidas impopulares mas necessárias como um lockdown emergencial para baixar a média de 3 mil mortes diárias e o colapso hospitalar não serão implantadas porque essas bestas que nos governam não estão interessadas em ouvir a ciência. Preferem dar uma esmola mensal para o povo miserável e fazer discurso fake de retomada econômica, enquanto empilham cadáveres.

Comentamos aqui, outro dia, que parece justo que algumas categorias sejam de fato priorizadas pelo poder público. Mas dois temas paralelos nos chamaram especial atenção, além, é claro, da discussão de quais profissionais devem ou não ser contemplados na fila (na impossibilidade de vacinar todo mundo já!).

Primeiro, foi inusitado que este debate tenha sido interrompido por duas semanas, enquanto os vereadores acompanharam o feriadão emergencial de isolamento decretado contra a pandemia. Mas, afinal, não haveria mesmo vacina para atender todo mundo nesta quinzena passada. Nem nas próximas.

Fora isso, ainda que seja por uma boa causa, os vereadores estão promovendo uma gambiarra jurídica que sempre deve ser condenada no parlamento: a partir de um projeto qualquer já aprovado em 1ª votação - e como são necessários dois turnos para o projeto ir à sanção - eles atropelaram o regimento e partem hoje direto para a aprovação final.

O texto original - no caso, o Projeto de Lei 189/2019, que autoriza a permuta de uma área pública por um imóvel de propriedade do Hospital Nove de Julho e já estava pautado para a 2ª e definitiva votação - será suprimido e substituído pela proposta que trata exclusivamente da prioridade da vacinação na cidade de São Paulo.

Enfim, vamos descobrir quais categorias profissionais serão priorizadas pelos vereadores paulistanos. Enquanto isso, esperamos por mais vacinas, mais auxílio às famílias que necessitam de fato, além de mais eficácia, bom senso e sensibilidade dos políticos e da própria população para salvar as nossas vidas.