sexta-feira, 23 de abril de 2021

Poderes harmônicos e independentes entre si só funcionam no mundo de Alice


Dizem que o Brasil é o País das Maravilhas. Pode ser. Depende do ponto de vista. Mas quando no lugar de Alice temos Bolsonaro, é melhor já ir tirando o cavalinho da chuva. O desgoverno da Rainha de Copas e seu mundo de lunáticos. 

Chapeleiro Louco? Temos os ministros do Supremo. O Gato Risonho, feito os políticos fisiológicos do Centrão. E por aí vai: a Lagarta, o Coelho Branco, a Lebre de Março, o Arganaz, a Duquesa, a Tartaruga Fingida, o Valete de Copas, o Sapo-Lacaio.

Voltemos ao país surreal do bolsonarismo. Num mundo ideal, juízes não deveriam fazer política. Devem fazer valer a justiça, a lei ao pé da letra, no máximo a sua restrita interpretação.

No Brasil de hoje, com um presidente demente e políticos que transitam da omissão à cumplicidade, da inoperância à incompetência, sobra ao Judiciário exercer aquilo que os outros poderes deixam de fazer.

Aí cabe a juízes se associarem a procuradores para prender corruptos (que são protegidos por seus pares); cabe a juízes exigirem o cumprimento do regimento das casas legislativas, como no caso das CPIs; e cabe, finalmente, defender o estado de direito das ameaças diárias (embora no Supremo estejam nomeados alguns advogados e despachantes de luxo dos inquilinos do poder, com seus interesses nada republicanos).

Como diria o Coelho: “É tarde, é tarde, tão tarde até que arde. Ai, ai, meu Deus. Alô, adeus. É tarde, é tarde, é tarde''. Acode do sonho, Alice, antes que a Rainha de Copas ordene que a familícia corte-lhe a cabeça.