quarta-feira, 21 de abril de 2021

Hoje é 21 de abril, feriado para os políticos; mas parece um interminável 1º de abril


São Paulo amanhece trabalhando, diz a música. Mesmo em dia de feriado nacional, como hoje, afinal o comércio voltou a reabrir na segunda-feira, ainda em marcha lenta, entre idas e vindas na transição da fase vermelha para a laranja no enfrentamento da pandemia.

Mas o paulistano está confuso. Há poucos dias já foram antecipados dois feriados de 2021 (Corpus Christi; de junho; e Dia da Consciência Negra, de novembro) e até mesmo três feriados de 2022 (aniversário de São Paulo, de janeiro; Corpus Christi, de junho; e Dia da Consciência Negra, de novembro).

Nem bem saímos do feriadão emergencial prolongado e Tiradentes segue sendo feriado. Não para quem precisa trabalhar, claro. Afinal, se queremos chegar a 2022 (com menos três feriados, esses que foram antecipados), precisamos estar vivos. Se os políticos deixarem. Será? Porque, para eles, 21 de abril é feriado. E para você?

Os bancos e a Bolsa, por exemplo, fecham. Parques públicos, clubes, academias, barbeiros e cabeleireiros, restaurantes e praças de alimentação dos shoppings, entre outras atividades com público, também seguem fechados por mais uma semana.

No Congresso Nacional, amanhã é a data limite para a sanção do Orçamento de 2021. Estamos chegando quase na metade do ano e não temos aprovados ainda a previsão de receitas e o limite de despesas do governo federal. O Brasil é realmente uma piada de mau gosto!

Da última vez que isso aconteceu, o Orçamento aprovado no limite do prazo, a presidente era a Dilma. Foi o ano da pedalada fiscal e do impeachment. Bolsonaro dá pedaladas diárias, fiscais, morais, éticas, sanitárias. E aí? Nadica de nada da reação dos políticos.

Câmara e Senado seguem entre a inoperância, a omissão e a cumplicidade. Assembleia Legislativa e Câmara Municipal também param, mas a população talvez nem se dê conta. Estavam trabalhando?

Vá lá, os vereadores paulistanos se vangloriam de ter aprovado um auxílio emergencial complementar de 100 reais para famílias carentes, formado uma frente parlamentar contra a fome e liberado a compra de vacinas pela Prefeitura.

Na prática nada mudou, porque faltam vacinas. A Câmara não conseguiu ainda definir categorias prioritárias para a vacinação. Todo mundo quer furar a fila - e cada um tem seus argumentos válidos. Então tome indefinição.

É o mesmo caso do PPI (Programa de Parcelamento Incentivado), que deve ser aprovado na próxima semana. Reina a confusão e o corporativismo. Vereadores querem reinventar a roda.

O que deveria facilitar a vida do contribuinte paulistano com dívidas de IPTU ou ISS e que pode parcelar a sua dívida com redução de juros e multa, acaba beneficiando grandes devedores e malandros com influência na Câmara.

Por interferência do lobby de vereadores que atuam como verdadeiros despachantes de seus grupos de interesses, serão incluídas no PPI as igrejas (como se já não bastassem todos os benefícios e isenções que possuem), multas de trânsito e até grandes devedores que já estavam incluídos no último PPI e não pagaram as próprias parcelas da renegociação. Ê, Brasil!

O meu IPTU não teve desconto. O seu teve? Ninguém me perguntou se, em plena pandemia, eu tenho dinheiro para quitar esse pagamento. O meu trabalho está prejudicado. O meu lazer está impedido. Se eu ficar doente corro o risco de morrer na fila do hospital, sem vaga. A vacina, sabe Deus quando todo mundo vai estar imunizado.

Enquanto isso, os políticos fingem que se preocupam com o povo e nós fingimos que escolhemos nossos representantes de quatro em quatro anos. No resto do tempo é que descobrimos quem de fato eles são e o que representam. E vem mais eleição por aí...

Até lá, celebre este 21 de abril como se fosse um interminável 1º de abril. É isso! Vivemos no Brasil um interminável Dia da Mentira em looping. Aliás, amanhã é 22 de abril, dia do descobrimento. Mais uma mentira. Parabéns para você e suas descobertas diárias. Estamos f***, mal pagos e pessimamente representados.