terça-feira, 26 de outubro de 2021

Os 50 tons de cinza da 3ª via


Tudo que essa desejada via eleitoral alternativa à polarização entre Lula e Bolsonaro deveria evitar é uma fragmentação dos seus votos em potencial. Mas, ao contrário, a multiplicidade de pré-candidatos e a divisão acirrada dentro dos próprios partidos, muitas vezes com atritos e divergências inconciliáveis, mostra que o caminho para a derrota é logo ali!

Já não bastava o fanatismo de lulistas e bolsonaristas? Pois agora na tal 3ª via há verdadeiras torcidas uniformizadas pela candidatura de nomes como Ciro, Moro, Doria, Leite, Pacheco, Mandetta, Datena, Amoedo, Simone, Alessandro, Randolfe. Cada fã-clube partidário é mais letal para o seu próprio candidato e para os adversários dentro do mesmo campo que o mais ferrenho opositor.

O problema é que essa paixão cega e burra por um desses nomes - que formam não a 3ª, mas talvez a 33ª via (visto que todo partido julga ter o melhor candidato e o direito e lançá-lo a qualquer custo) - não fazem nem sombra à liderança de Lula e Bolsonaro nas pesquisas. Quanto mais nomes, pior! Nessa orgia eleitoreira ninguém desponta ou se consolida como opção viável e confiável.

Não parece exagerada a ironia de comparar essa submissão de dirigentes partidários apaixonados e estrategistas oportunistas e incompetentes ao filme que abordou o sadomasoquismo no cinema. Nem Freud explica essa busca subalterna dos partidos e a dependência fetichista do eleitor brasileiro por falsos heróis e salvadores da pátria que no final só f**** o povo.