domingo, 3 de outubro de 2021

Quem não se posiciona contra Bolsonaro defende o que, exatamente?


As manifestações nas ruas não empolgam tanta gente quanto deveriam contra o desgoverno do presidente demente - o que dá margem aos bolsonaristas, os reis das fake news, interpretarem que a maioria dos brasileiros apóia esta fraquejada da civilização. Será verdade, diante de tamanha omissão e cumplicidade dos políticos e da sociedade?

Claro que o antibolsonarismo é crescente e vai se mostrar por inteiro nas eleições de 2022. Mesmo assim, é espantoso que essa aberração política resista tanto tempo no poder, após já ter sido flagrado em incontáveis crimes comuns e de responsabilidade, falta de decoro, atentados à democracia, à ciência e à vida, e de expor cotidianamente o Brasil ao ridículo para o mundo todo.

Afinal, que tipo de gente ainda apóia Jair Bolsonaro na Presidência da República? No Congresso Nacional, sabemos que é a corja de sempre: políticos corruptos, milicianos, as bancadas da bala, do “OGROnegócio” e os vendilhões dos templos, fisiológicos e oportunistas de todos os partidos e ideologias que se adaptam ao presidente da ocasião. A política tratada como balcão de negócios, desde 1500.

Eu até entendo quem não quer o PT de volta. Estamos numa democracia, cada um defende livremente aquilo que acredita. Não foram poucos os erros petistas flagrados no Mensalão e na Lava Jato, e todo o contexto político, econômico e social que levaram ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Também é incontestável que o antipetismo venceu nas urnas em 2018. Faz parte do jogo.

Mas, se compararmos os 14 anos do PT na Presidência e estes três tristes anos com Bolsonaro, as diferenças são gritantes. Os motivos que justificaram as quedas de Collor e Dilma são infinitamente menores e menos graves que o dia a dia desta Era bolsonarista de negacionismo e obscurantismo, de ódio, ameaças e preconceitos, de nostalgia da ditadura, de apologia ao golpe e à tortura, de enfrentamento às instituições democráticas e republicanas.

Inflação, desemprego, desmatamento, fome, miséria, morte. Não há uma só conquista a se festejar na gestão do mito mitômano, a não ser dentro da bolha virtual de fanáticos e lunáticos desalmados e descerebrados, cretinos, sociopatas e de toda essa escória que se sentiu empoderada com a eleição da besta - mas que voltará para o lixo da história quando acordarmos deste pesadelo do bolsonarismo. Que estejamos vivos até lá!