domingo, 17 de outubro de 2021

Para que servem os partidos políticos? Eles me representam? Nós precisamos deles para garantir a democracia?


Não há dúvida nenhuma que a participação e a consciência política são cada vez mais essenciais para a vitalidade da democracia no Brasil e no mundo, enquanto os partidos políticos vem se tornando organizações obsoletas, dispendiosas, desacreditadas e praticamente desnecessárias.

Está aí, para comprovar a tese, o presidente Jair Bolsonaro há dois anos sem filiação partidária, depois de ter sido eleito por uma legenda de aluguel (que se tornou a maior fabricante de maus políticos e fornecedora de péssimos deputados das últimas eleições) e ter trocado de partidos como quem troca de cuecas nesses 30 anos de vida pública repleta de mamatas e negociatas.

E óbvio que Bolsonaro e o bolsonarismo não podem servir de referência para ninguém, a não ser como o exemplo a não ser seguido por gente séria. Mas é fato que os partidos se mantém apenas por imposição das leis criadas pelos próprios políticos e sempre em proveito deles mesmos. Não é à toa o custo bilionário das eleições nesse saco sem fundo de dinheiro público para a manutenção de mais de 30 siglas que confundem a cabeça do eleitor.

Basta uma rápida análise sobre a interminável dança das cadeiras dos políticos entre uma legenda e outra, o programa de cada sigla, como vota cada bancada no Congresso, além da folha corrida dos dirigentes partidários e sua descuidada prestação de contas, para comprovar a fraude que é todo esse sistema político, partidário e eleitoral no Brasil - verdadeiros feudos, cartórios e quadrilhas sob o patrocínio mensal dos cofres públicos.

O monopólio eleitoral é dos partidos: só se candidata e se elege no país quem se associa a um desses clubinhos restritos do poder e oficialmente reconhecidos. Candidaturas avulsas e a desburocratização da política poderiam democratizar e diversificar um pouco mais as opções lançadas de dois em dois anos nas urnas eletrônicas. Mas só isso não basta.

Fazer política além dos partidos é salutar. Muito já se falou em “nova política”, “boa política”, em “hackear o sistema” ou “democratizar a democracia”. Mas não confunda as coisas: não podemos nem devemos prescindir da política institucional, do estado democrático de direito, do ordenamento republicano e dos princípios da cidadania.

Precisamos avançar, jamais retroceder. Aprimorar a participação popular e os múltiplos mecanismos da democracia direta, incentivar o acesso de todos à política (de todas as origens sociais, regionais, cores, gêneros, crenças, orientações e ideologias), melhorar a representatividade da maioria e garantir o respeito aos direitos das minorias.

Na teoria os partidos políticos deveriam atender a essas demandas da democracia. Na prática, aumentam o abismo entre o cidadão comum e o exercício cotidiano e efetivo da política. Seja os que compõem a base governista nos municípios, estados ou no plano federal, seja o alinhamento dos partidos de oposição, há sempre interesses em jogo que não são propriamente convertidos em benefício de todos os cidadãos. Eis a questão.