quinta-feira, 11 de março de 2021

Nem Lula, nem Bolsonaro: mas eles não são iguais e não tem comparação!


Temos aí dois candidatíssimos à Presidência da República em 2022: Bolsonaro e Lula. Se me perguntarem quem eu desejo ver eleito, respondo de pronto: nenhum! Porque eu considero essa polarização exacerbada, limitadora e extremamente prejudicial ao Brasil.

Porém, não serei hipócrita para agradar ninguém. Posso me opor a ambos, mas Bolsonaro e Lula não são iguais. Eu tenho divergências inconciliáveis com o PT. Muitas visões políticas, partidárias, ideológicas e éticas bem distintas. Mas com Bolsonaro a minha contraposição é humana, existencial.

Lula, apesar de todos os erros dele e do PT (e incapaz ainda de fazer uma autocrítica sincera) se manteve dentro dos limites democráticos e republicanos, embora inúmeras vezes tenha cometido ilegalidades e por isso mesmo está sujeito às punições do ordenamento jurídico.

Mas, se de um lado há um ex-presidente que liderou esquemas bilionários de corrupção, como foram o mensalão e o petrolão (e acho que deve pagar por isso), do outro lado temos um inepto, tirano, golpista, miliciano, desqualificado, desequilibrado, irresponsável, incapaz, criminoso contumaz, negacionista, obscurantista, saudoso da ditadura e da tortura. Um verme!

Não existe parâmetro de comparação. Os excessos de Lula e do PT nós combatemos no voto, na política e dentro da lei. Os abusos de Bolsonaro e dos bolsonaristas nós já estamos pagando com a vida. Isso vai muito além do confronto entre esquerda e direita, é um conflito entre civilização e barbárie. O bolsonarismo é a escória da humanidade.

Por isso o papel da oposição a este desgoverno delinquente e genocida nas redes, nas ruas e nas urnas é ainda mais fundamental. Oposição ao PT a gente faz se um dia eles voltarem ao poder - o que hoje parece bem improvável. Lula não é a bola da vez. Está fora e não deve voltar, mas o FDP agora é outro!

Mais uma vez, o óbvio: devemos construir eleitoralmente uma opção “nem Lula, nem Bolsonaro”. Isso é ponto pacífico. Mas quem teria hoje essa capacidade de aglutinação e liderança? Qual dos nomes que circulam por aí pode ocupar este espaço? Ciro, Huck, Doria, Haddad, Boulos, Moro, Mandetta... Quem mais? E qual deles abrirá mão pelo outro?

Num cálculo rápido, o Brasil segue dividido em três blocos, cada um mais ou menos com um terço de votos: Bolsonaro, Lula e o “nem, nem” - pulverizado nesses vários nomes que hoje nem chegariam ao 2º turno. Daí a enorme possibilidade de um tira-teima de 2018 em 2022. Caminhamos para outra eleição plebiscitária entre o anti-petismo e o anti-bolsonarismo.

Merecemos, claro, uma saída melhor para o Brasil do que limitar a nossa escolha entre um e outro. Mas é inegável quem representa, hoje, o mal maior. Oposição nós fazemos a governos ruins e maus governantes. O jogo é situação x oposição. Ou queremos reinventar a roda, poupar este presidente demente e priorizar um jogo surreal de oposição x oposição?

Ainda que não queiramos nem um, nem outro, o nosso papel político, institucional, partidário, parlamentar, militante, cidadão, cívico é fazer oposição a Bolsonaro e ao bolsonarismo. A ameaça real e urgente ao estado democrático de direito é essa corja que se apoderou do governo. Prioridade é salvar o país das mãos destes lunáticos, negacionistas, obscurantistas, golpistas.

O bom desempenho na eleição de 2022 - qualquer um que seja o seu candidato - será consequência da nossa eficácia AGORA no enfrentamento de Bolsonaro. Se focarmos desde já apenas na eleição ou cairmos na armadilha de igualar Lula e Bolsonaro estaremos reforçando a narrativa da polarização e fortalecendo a perpetuação destes criminosos no poder. Reage, Brasil!