domingo, 13 de junho de 2021

Criminoso. Vexatório. Prefeitura de São Paulo liberou R$ 75 mil para ato político dos motoqueiros com Bolsonaro!


Se não bastasse a irresponsabilidade, a provocação, a sandice e o péssimo exemplo do ato dos motoqueiros em apoio a Bolsonaro neste sábado, tivemos ainda a inaceitável liberação de dinheiro público pela Prefeitura de São Paulo para a organização do evento: um ato duplamente criminoso!

Que negócio é esse, prefeito Ricardo Nunes? Sua gestão comete uma ilegalidade e uma imoralidade ao patrocinar um ato político, de campanha eleitoral antecipada, e promover essa aglomeração de lunáticos no apoio ao presidente demente e genocida em plena pandemia com dinheiro do povo paulistano.

Em que pese o governo ter maioria na Câmara Municipal, os vereadores de São Paulo vão ter que dar uma resposta rápida e esclarecedora ao Ministério Público, à imprensa e à sociedade - e não podem passar pano nem aliviar para essa primeira grande escorregada do novo prefeito no cargo, hein?

A Secretaria de Esporte e Lazer de Prefeitura de São Paulo liberou no Diário Oficial deste sábado, 12 de junho, o repasse de mais de R$ 75 mil, sem licitação, para a organização do ato político. Mais grave: O despacho que libera o dinheiro trata o ato como um "desejo" de Bolsonaro.

O atual secretário de Esportes, Thiago Milhim, é advogado e evangélico, indicado pelo Podemos (é vice-presidente do partido), e trabalhou no escritório de Anderson Pomini - que foi secretário de Justiça do então prefeito João Doria antes de se tornar seu inimigo político. Aliás, Doria foi o principal alvo dos manifestantes bolsonaristas.

Foi em despacho à SPTuris que o secretário alegou atender ao "desejo" de Bolsonaro para justificar o uso de dinheiro público: “Considerando a urgência e, breve espaço de tempo entre a contratação e a realização do evento, bem como a impossibilidade de planejamento, já que não se trata de um evento rotineiro e planejado pela cidade de São Paulo, mas sim, de um desejo do Exmo. Presidente da República Jair Messias Bolsonaro".

Réu confesso? A verba foi pedida pelo Gabinete de Segurança Institucional da presidência de República, como "demanda do promotor do evento". O orçamento enviado pelo governo cita a locação de cinco banheiros químicos, uma tenda com duas mesas de plástico para quatro lugares e um cesto de lixo, além de 750 gradis de 2 metros (que somam 1,5 quilômetros) e 1500 lacres para prendê-los.

Mas a Prefeitura, talvez para impressionar bem o staff do presidente, resolveu dobrar a meta: aprovou os gastos emergenciais para 2.500 gradis (suficientes para cinco quilômetros), e pagou duas diárias, não apenas uma, como havia solicitado o governo federal. Além disso, foram reservados outros R$ 10 mil para um "produtor da SPTuris". Bolsonarismo explícito!

"Autorizo a contratação direta por dispensa de licitação da empresa São Paulo Turismo, para a prestação de serviços, inclusive com a colocação de gradis, objetivando-se a realização do evento denominado 'Carreata - Acelera para Cristo com Bolsonaro', no dia 12 de junho de 2021, no valor total de R$ 75.243,17", escreve o despacho assinado por Vicente Rosolia, secretário executivo de Lazer, após pedido de "máxima urgência" feito na véspera.

Na própria sexta-feira, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o presidente da Câmara Municipal, vereador Milton Leite (DEM), acompanhados de outros parlamentares, estiveram com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, numa cerimônia de inauguração de leitos de UTI e de Enfermaria no Hospital Municipal Guarapiranga (feudo político de ambos na zona sul paulistana), custeados em parceria com o governo federal. A conta chegou rapidinho!

Em nota oficial, a Prefeitura de São Paulo alega que “o apoio do município não leva em consideração o objeto de uma manifestação, que é um direito constitucionalmente garantido, mas, sim, garantir a segurança de todos os participantes e, também, mitigar os efeitos para os cidadãos que não participam do ato.”

Nananinanão, essa resposta não cola, prefeito Ricardo Nunes! O poder público patrocinou sim um evento político de apoio a Bolsonaro que deveria ter sido vetado, negado, desestimulado, gasto público que a lei proíbe por ferir a impessoalidade do cargo e caracterizar também crime de responsabilidade, passível de impeachment, se não bastasse ocorrer em plena pandemia. Vamos ver o que isso vai dar.