quarta-feira, 30 de junho de 2021

De A a Z: Sopa de letrinhas e troca de figurinhas


Que os partidos políticos estão com os dias contados nós já sabemos, né? Não que estejam falidos, ao contrário. Afinal, poucos negócios são tão lucrativos como ter um partido político para chamar de seu. Talvez abrir uma igreja, mas dá mais trabalho para convencer e iludir os fiéis e dizimistas.

No partido político, além de ter garantido o sustento por dois fundos públicos milionários, basta juntar seus parentes, sócios, apaniguados e comparsas para dividir benesses e a expectativa de chegar ao poder (seja diretamente ao eleger seus representantes, o que é mais complicado, seja ao vender apoio, lotear cargos e tempo de TV - que todos tiram de letra).

Ah, as letras… Nada mais confuso que essa profusão de siglas, legendas e ideologias de ocasião, uma sopa de letrinhas requentada pela velha política que sorve ruidosamente e sem modos o prato eleitoral pelas bordas e se sacia de poder. Enquanto o povo passa fome e morre doente, os políticos se empanturram e refastelam da coisa pública (tal e qual fazem na privada).

Mas não vamos nos prender aos partidos - embora muita gente dos partidos já devesse estar presa faz tempo. Trocadilhos partidários à parte, precisamos pensar no futuro da política, no aperfeiçoamento da democracia (representativa e direta) e na defesa intransigente do estado de direito.

Cidadãos estão se tornando cada vez mais, graças aos avanços tecnológicos e ao crescente aprendizado político e democrático, protagonistas conscientes de seus destinos e interesses (individuais e coletivos). A política, portanto, passa a ser obra do ativismo autoral de cada eleitor. Nossos representantes - os atuais partidos e políticos com mandatos - serão cada vez mais cobrados e fiscalizados.

Partidos são organizações arcaicas, verticais, herméticas, dispendiosas, hipócritas. Isso não significa que devamos prescindir da política, generalizar na crítica ou acabar com as instituições republicanas. Claro que não! Precisamos é valorizar os movimentos cívicos e indivíduos vocacionados para a vida pública e a prática da boa política.

E aí tanto faz se você é de direita, esquerda ou centro, conservador ou progressista, liberal ou reacionário. Você precisa fazer valer a sua vontade nas ruas, nas redes e nas urnas. Justiça, liberdade, equidade, educação, cultura, sustentabilidade, respeito à diversidade, igualdade de oportunidades - escolha a bandeira que mais lhe parecer apropriada e vá à luta!

Temos uma safra de novos atores políticos, entre os vinte e poucos e os cinquenta anos, que - gostemos ou não de cada um deles - vão conduzir e administrar o nosso país. Que tal prestarmos mais atenção e promovermos um diálogo permanente e suprapartidário com todos? Além da simpatia ou antipatia pessoal há o fato inexorável de que eles serão os novos protagonistas da política nacional.

Veja aí essas gerações que reúnem desde Tabata Amaral, Felipe Neto, Eduardo Leite, Kim Kataguiri, Felipe Rigoni, Alex Manente, Fernando Holiday, Arthur do Val, Tulio Gadelha, Marina Helou, Erika Hilton, Sâmia Bomfim, Glauber Braga, Fernanda Melchionna, João Henrique Campos, Isa Penna, Paulo Ganime, Marcel Van Hattem, Tiago Mitraud, Vinicius Poit, Kayo Amado, Rodrigo Pacheco, Joice Hasselmann, ACM Neto até Guilherme Boulos, Alessandro Vieira, Alessandro Molon, Simone Tebet, Eliziane Gama, Randolfe Rodrigues, Ricardo Nunes, Rodrigo Garcia, Luciano Huck…

Enquanto isso, o cenário para 2022 segue polarizado na geração passada de políticos: Bolsonaro, Lula, Ciro, Doria… Nada contra alguém ou qualquer político pelo avançar da idade, nem quero dizer que são todos iguais, mas vamos apostar sempre nos mesmos? Repetir os erros já vistos, insistir nas velhas práticas e nos vícios reiterados? Até criança (de ontem e de hoje) sabe: figurinha repetida não completa álbum.