sexta-feira, 25 de junho de 2021

Deputado suspenso por importunação sexual segue atentando contra a boa política, o bom senso e a justiça


A Assembleia Legislativa de São Paulo deveria ter cassado o deputado e importunador sexual Fernando Cury, que protagonizou aquele episódio vexatório e criminoso com a colega Isa Penna em plenário, o “abraço carinhoso por trás”, mas preferiu apenas suspender o mandato dele por seis meses.

O partido de Fernando Cury, por outro lado, que é o Cidadania, também o suspendeu da legenda mas quer ainda expulsar o político indesejável. Porém, acredite, está impedido pela Justiça de tal ato. Uma liminar concedida por uma mulher, a juíza Thaissa de Moura Guimarães, da 20ª Vara Cível de Brasília, mandou há meses interromper o processo de expulsão, o que atenta contra o bom senso e a autonomia partidária.

Enquanto isso, o deputado “suspenso” segue em campanha eleitoral pela reeleição em 2022. Viaja por vários municípios paulistas, onde é recebido como autoridade por prefeitos, divulga atividades do mandato - principalmente verbas que foram encaminhadas às cidades através de emendas parlamentares - e nós ficamos aqui assistindo a tudo com cara de otários.

Apesar de pedir na Justiça a paralisação do processo de expulsão partidária, a penalidade na legenda que o elegeu parece inevitável. O mais inusitado, entretanto, é que o deputado nem pretende permanecer no Cidadania. Já tem apalavrada a transferência para o PSD. A intenção é deixar esfriar a repercussão do caso para sair na janela eleitoral de abril, como se alguém fosse esquecer daquela cena deprimente e deplorável exibida em rede nacional. Inocente, coitadinho.