segunda-feira, 22 de novembro de 2021

O vexame das prévias tucanas: Parece praga de urubu!


O tema é a política. Nada contra os coloridos tucanos nem contra os soturnos urubus - afinal, os animais não tem culpa nenhuma pelos defeitos de fabricação da humanidade. Mas que viria a calhar a troca do tucano pelo urubu como símbolo do PSDB, não me resta dúvida.

Eu abomino expressões que associam bichos com mau agouro ou acontecimentos desagradáveis, mas essas prévias presidenciais são a típica “praga de urubu” do ditado popular: os tucanos que sempre criticam soberbamente o partido dos outros, conseguiram foi se expor à maior vergonha alheia da política partidária.

Não tem competência nem mesmo para escolher democraticamente seu candidato à Presidência da República, quanto mais construir uma candidatura minimamente competitiva, viável, agregadora, progressista, republicana e propositiva.

A decadência tucana e a falência da ideia original da social-democracia brasileira não são de agora, claro! É um processo que vem se arrastando desde o fim do governo FHC, há 20 anos, ele que é o último dos tucanos de alta plumagem e da primeira linhagem ainda influente nos destinos do partido.

E o próprio FHC já deu a dica há duas eleições: após cinco derrotas sucessivas do PSDB, apostava num futuro remodelado do partido com a candidatura outsider de Luciano Huck, em vez dos atuais gladiadores mercenários do ninho tucano, que expõem as vísceras e fraturas partidárias sem escrúpulos e nenhuma perspectiva de sobrevida digna.

Bem definiu quem afirmou que os tucanos fazem agora suas prévias para escolher o candidato que será derrotado em 2022. Mas antes de mais nada, o PSDB perde para si mesmo. É uma luta fratricida. Uma perversão autofágica. A podridão explícita da má política, fisiológica, oportunista, demagógica, atrasada, mesquinha, canalha, populista.

Triste fim desse partido acabar esfacelado na guerra entre João Doria e Aécio Neves. Entre bolsonaristas arrependidos e remanescentes fiéis ao poder de compra do desgoverno. A escolha entre Doria e Eduardo Leite, desconhecido nacionalmente mas inflado internamente para fustigar o atual inquilino paulista, odiado por dez entre dez tucanos tradicionais, é fadada ao fracasso.

O que sobrar do PSDB vai estar esgarçado, desmotivado, ultrapassado, desacreditado, desmilinguido. Quem embarcar na canoa furada dos tucanos deve se preparar para morrer junto, num abraço de afogados. Vão perder a Presidência e ver naufragar governos importantes, como o de São Paulo, onde nadavam de braçada há quase três décadas sem grandes obstáculos. Agora acabou! Resta apenas carniça.