quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Quem vai estar no 2º turno das eleições presidenciais de 2022?


Essa é a pergunta de 1 milhão de dólares - ou 1 milhão de vidas, depois que mais de 600 mil brasileiros morreram durante a politização da pandemia, o charlatanismo criminoso do presidente demente, o negacionismo da escória bolsonarista, as campanhas anti-vacina e anti-ciência, a bandidagem dos corruptos, cafajestes e oportunistas, a pilantragem ideológica.

Numa análise fria e objetiva, faltando menos de um ano para a eleição, é inevitável apontar Bolsonaro e Lula como os mais prováveis finalistas da corrida presidencial de 2022. Tudo leva a crer que a polarização dominante na nossa triste política será mantida pelos próximos meses. Mas há variáveis que em maior ou menor grau podem derrubar essas certezas. E ações que cabem a todos.

Primeiro, o mais óbvio da futurologia: Bolsonaro e Lula precisam estar vivos e elegíveis para chegarem lá - e o Brasil, idem! Aí é com a justiça divina e a justiça dos homens, se bem que ambas andam falhando ultimamente. Se não houver um empurrãozinho do destino, da opinião pública, da constituição ou do código penal, não tem para mais ninguém. Mas e aí, somos meros espectadores de um roteiro que já está escrito?

Bolsonaro segue em busca de um partido (PP, PL ou PRB?) para lhe abrigar, mas também precisa de uma amnésia generalizada do eleitorado, na hora de apertar o botão da urna eletrônica, para o raio cair duas vezes na mesma cabeça oca e o sujeito mal informado, ignorante ou mau caráter reeleger essa besta, incompetente, irresponsável, a fraquejada da humanidade e da civilização.

Lula aposta tudo na rejeição ao bolsonarismo - o outro lado da moeda do antipetismo que derrotou Haddad em 2018, no pior momento da história do PT e com ele preso - para dar o troco nessa direita chucra. Se prevalecer a lógica, não tem motivo para Lula ficar de fora do 2º turno agora que teve seus direitos políticos recuperados e a reabilitação na justiça (e eu nem entro no mérito das condenações e absolvições, fica a critério do julgamento de quem lê e vota).

Mas é aí que começa a confusão na tal da 3ª via (que, somando todos os pré-candidatos, parece estar mais para 33ª), com todos digladiando por uma vaga sem nem saber ao certo qual seria, se ela existe ou, senão, como criar. O “nem, nem” adotado pela maioria dos pretendentes, ao atacar igualmente Bolsonaro e Lula, mais reforça do que desestimula a polarização. Só que vai tentar explicar isso para os gênios do marketing e da política…

Da filiação badalada de Sérgio Moro no Podemos como possível presidenciável ao fratricídio tucano na prévia entre João Doria e Eduardo Leite (patrocinado por Aécio Neves), há opções para todos os gostos com Ciro Gomes, Rodrigo Pacheco, Luiz Henrique Mandetta, Simone Tebet, Alessandro Vieira, Luiz Felipe D’Avila, Cabo Daciolo, José Maria Eymael e outros quaisquer (sempre cabe mais um, entre candidatos sérios e folclóricos).

O segredo a descobrir é em que ponto exato estará, em outubro de 2022, o movimento pendular do eleitorado brasileiro, reforçado pelo comportamento cíclico dessas mesmas pessoas que já elegeram Lula e Dilma (duas vezes cada um), e, descontentes, acabaram entronizando Bolsonaro, o meme que virou presidente por acidente.

Pois, ao contrário do que pensam os mais afoitos ou desatentos, não é o eleitorado “de direita” ou “de esquerda” que elege seus presidentes. É a maioria flutuante, que também não é propriamente “de centro”. É o eleitor que se posiciona de acordo com suas emoções e percepções daquele momento histórico, influenciado pela economia, pela mídia, pela onda política mais forte.

Daí até se explica porque o mesmo Brasil acabe por apoiar (em sua maioria, e aparentemente contraditório) o golpe de 1964 e as Diretas Já; elege Collor, FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro; ora é antipetista, ora antibolsonarista; às vezes pende para a direita, outras vezes para a esquerda; dá sinais progressistas e em seguida retrógrados; aponta para avanços comportamentais liberais e responde com retrocessos conservadores absurdos. Tic-tac…

Bolsonaro bateu no teto da aceitação e da aprovação - Jair já era! - e agora o movimento é de queda livre (que pode ser contida com medidas populistas e até mesmo com ameaças golpistas, mas insustentáveis). Lula também parece não ter mais para onde crescer (embora neste momento isso lhe baste para o favoritismo, por ter recuperado parte significativa do eleitorado e liderar as pesquisas).

Quem, afinal, tem algo de concreto e viável para propor ao Brasil que possa congelar esse pêndulo eleitoral numa candidatura alternativa entre Lula e Bolsonaro? O país quer isso? Algum desses pré-candidatos tem chances de reunir mais votos que os dois polos consolidados (ou de ao menos um deles, para chegar ao 2º turno)? Que nome é este? E a proposta? Qual o espaço a ocupar? O que fazer para se viabilizar?