segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Bolsonaro tem a oposição que pediu a Deus. E nós? Se o Brasil continuar assim... Adeus! 👋


Com o fim oficial da Lava Jato, a consolidação da aliança de Bolsonaro com os corruptos do Centrão na tomada de assalto ao governo e a possibilidade crescente de anulação da condenação de Lula por conta da inegável parcialidade do juiz Sergio Moro, pode mudar completamente o cenário de 2022.

A ameaça de impeachment ainda é uma sombra distante no horizonte (embora motivos não faltem). CPIs, idem. Bolsonaro, unido à velha política e entregando todos os anéis para não perder os dedos (senão já teria bem menos que os nove de Lula, de quem bolsonaristas gostam tanto de tripudiar), ganha tempo para sobreviver e armar o próximo passo para se perpetuar no poder.

Reeleição? Tentativa de golpe? Tanto faz para Bolsonaro. O presidente demente vai usar as armas que tiver nas mãos. Se o cenário eleitoral for favorável, renova o mandato até 2026 - e ele trabalha para isso, mantendo acesa a polarização com o PT e trabalhando para que Lula recupere seus direitos políticos e seja seu adversário nas urnas em 2022.

Sob o ponto de vista do PT, o cenário é igualmente ideal. Tanto a polarização entre Bolsonaro e Lula quanto o fim da Lava Jato interessam a ambos, inimigos íntimos que sobrevivem graças à existência um do outro. E o Centrão é o elo perfeito para essa aliança de canalhas (vide a escolha dos presidentes da Câmara e do Senado).

A diferença é que Lula segue condenado e inelegível. Bolsonaro, por sua vez, continua firme no poder, insano, cometendo crimes de responsabilidade protegido sob o foro privilegiado e os esquemas de compra de votos e de corrupção típicos do Brasil desde Cabral (o navegador português, muito antes do ex-governador do Rio de Janeiro que permanece preso). Cadê a oposição?

A solução, dizem, está no centro democrático. Ou seja, fora dos tradicionais pólos da esquerda e da direita, mas também longe do Centrão. Até porque a eleição de políticos desta quadrilha (senão desde 1500, como ironizamos, mas há mais de 35 anos, desde a redemocratização) mostra que se declarar de “centro” não isenta ninguém de ser bandido. Ao contrário.

Partidos insípidos, incolores e inodoros (embora de todos eles exale um certo cheiro de mofo), por serem tão “flexíveis”, podem se dobrar mais facilmente a qualquer inquilino do poder que lhe acene com vantagens. Mas se é verdade que não precisamos de extremistas, é igualmente necessário reiterar que não queremos os fisiológicos nem os “isentões”.

Basta de maus políticos, que lavam as mãos diante dos crimes cometidos por Bolsonaro - e haja álcool gel, água e sabão para lavar as mãos enlameadas deste (des)governo inepto, negacionista, obscurantista; e óleo de peroba para passar na cara-de-pau desses cúmplices de bandidos e mafiosos desqualificados.

Parece que nos últimos anos o Brasil vem inovando na oposição e na polarização. Saímos do NÓS x ELES e inauguramos o NÓS x NÓS. Em vez de fazer oposição, políticos e partidos passaram a fazer apenas contas eleitorais e negócios. Quaisquer negócios. Só não vê quem não quer!

Dizem “criticar é fácil”. Não, não é mesmo! Criticar com razão, motivo, conteúdo, eficácia e coerência é muito difícil. Mas criticar (e propor caminhos diferentes) é o papel da oposição. Falhamos muito. Porém, fomos nós que criamos e alimentamos esse monstro do bolsonarismo e agora precisamos enfrentar a criatura.

Querer antecipar a eleição de 2022 como pauta prioritária (ainda que seja legítimo) é tudo o que interessa a Bolsonaro e ao PT para manter a polarização desses dois extremos criminosos. Daí a campanha permanente de ambos. Bolsonaro e o PT (com Haddad ou Lula, se recuperar seus direitos políticos) não saíram ainda do palanque de 2018. Querem repetir a dose - e o Brasil que se dane!

Excluídos petistas e bolsonaristas, a nossa pauta deve ser: fazer oposição ao presidente demente, buscar provas da sua irresponsabidade letal e os motivos para o seu afastamento constitucional, além de defender o estado democrático de direito e ajudar a resgatar o Brasil das mãos desses lunáticos (aí sim, construindo um projeto para 2022, vindo ou não o impeachment).

Esse argumento de não existir “clima” para afastar Bolsonaro é curioso. Pois em 1964 havia ainda menos clima, por motivos óbvios, para qualquer político ou cidadão ser contra a ditadura. Inclusive os militares apoiavam as reformas e o crescimento econômico, além de combater os comunistas reais e imaginários. Se esse for o nosso raciocínio hoje... Deus nos acuda!