quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Ê oô vida de gado, povo marcado, povo feliz: 250 mil mortos e os políticos decidiram que a vida mais importante a salvar na pandemia é a deles mesmos!


Primeiro, uma notícia boa, mas pontual e regionalizada: os vereadores paulistanos aprovaram mais três parcelas da ajuda emergencial de R$ 100 por pessoa (ou R$ 200 para as chamadas famílias monoparentais). É pouco? Para uma família carente e como complemento de renda, somado a outros benefícios, como o Bolsa Família, é uma ajuda vital.

Agora, voltamos às más notícias de sempre. Em troca da necessária retomada do auxílio emergencial do governo federal, Bolsonaro e seu Congresso domesticado e corrupto querem acabar com o percentual mínimo obrigatório do Orçamento em Saúde e Educação. Pior: botaram no mesmo pacotão de maldades a PEC da impunidade, para proteger senadores e deputados criminosos da prisão.

Ou seja, essa é a prioridade desses FDPs enquanto atingimos a marca de 250 mil mortos na pandemia. O Brasil segue longe do enfrentamento responsável e eficaz do coronavírus. O que começou errado - sem o fechamento preventivo da entrada de estrangeiros e brasileiros vindos do exterior quando se anunciou a pandemia - prossegue de forma improvisada e ineficiente.

O negacionismo canalha do presidente demente, a politização absurda do tema, o desestímulo ao isolamento social, a propaganda mentirosa e charlatã de remédios e curas milagrosas, a falta de vacinas, o agravamento da crise - tudo contribuiu em maior ou menor parcela para o cenário catastrófico.

O (des)governo federal falhou criminosamente ao não se preparar para proteger a população. Primeiro, ao desprezar as medidas sanitárias em aeroportos, portos e fronteiras. Depois, ao não comprar insumos e vacinas, ignorando todas as recomendações médicas e científicas. E, por fim, guerreando politicamente - sobre centenas de milhares de cadáveres - com governadores e prefeitos.

Estes, entre o despreparo e a falta de recursos (ou a má utilização do dinheiro disponível), também se perderam com o prolongamento interminável da pandemia, apertando e afrouxando as medidas de confinamento, isolamento e distanciamento social de acordo com os ventos da política, os humores das redes e de seus interesses eleitorais.

Os hospitais de campanha e a quarentena do início da pandemia em 2020 tiveram um prazo de validade limitado. Agora neste início de 2021 em que os números são ainda piores - de infectados, de internados em hospitais e em UTIs e de mortes diárias - nenhuma autoridade tem mais controle e credibilidade para decretar medidas mais drásticas com apoio popular.

Estados e municípios adotam medidas locais, pontuais e individualizadas. Uns determinam seu próprio lockdown, outros implantam toques de recolher, barram vias de acesso, fecham ruas, praias e criam regras específicas para o comércio. Outros liberam geral, afinal o importante é fazer a economia girar. Como se tudo fosse assim tão simples.

De concreto e objetivo, não temos vacina para todos e o descaso com o protocolo sanitário atinge níveis bárbaros, apesar das campanhas de conscientização. Estamos à beira do colapso hospitalar e do caos social. Mas os políticos seguem fazendo politicagem, como sempre. Dane-se o povo e a qualidade de vida.

Tudo é moeda de troca. Auxílio emergencial, teto fiscal, liberação de vacinas entram nas chantagens - e os brasileiros são vistos como gado, ou números, meras estatísticas. É importante que se mantenham vivos - sem sucumbir à Covid ou à miséria - não por empatia dos poderosos, mas para que possam votar nas próximas eleições e deixar tudo como está. De mal a pior. E sem mugir.