terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Huck: Ser ou não ser?


Voltamos quatro anos no tempo. Estamos em 2021, com cara de 2017. Começam as movimentações de possíveis candidatos à Presidência da República, e reaparece o dilema de Luciano Huck: ser ou não ser candidato?

Na era pré-Bolsonaro, a discussão era sobre quem, no auge do lavajatismo, encarnaria melhor o antipetismo visível na sociedade. No PT, Lula ainda nutria esperança de ser candidato, enquanto Haddad e Ciro antecipavam a disputa de seu espólio eleitoral.

No final, com Lula condenado e inelegível, foram ambos (Haddad e Ciro) às urnas, além do novato Boulos pela esquerda. À direita tínhamos Bolsonaro, Álvaro Dias, Amoedo, Meirelles e até o folclórico Cabo Daciolo. Ao centro, esmagados pela polarização, Alckmin e Marina.

Lá em 2018 - e agora em 2022 - Huck seria esta opção de centro. Doria no lugar de Alckmin, Moro como nome do Podemos no lugar de Álvaro Dias e Mandetta no espaço de Meirelles seriam outras possíveis “novidades”. De resto, Haddad, Ciro e Boulos seguem correndo na faixa lulista e apostando na polarização contra Bolsonaro.

Desta vez, Huck parece mais maduro e preparado para concorrer. Publica textos, estuda, articula e posta opiniões claras sobre vários temas, principalmente em oposição a Bolsonaro. É um nome conhecido nacionalmente, tem apoio de movimentos cívicos e dentro de partidos como DEM, PSDB e Cidadania (onde Roberto Freire já lhe estendeu tapete vermelho).

Entre os tucanos, Huck recebe a benção de FHC mas enfrenta a resistência do grupo majoritário de Doria, presidenciável 24 horas por dia desde que disputou a Prefeitura de São Paulo em 2016. No Democratas, tem a simpatia de Rodrigo Maia e ACM Neto - mas ambos se tornaram desafetos com a trairagem partidária na eleição da Câmara. Como confiar?

Pois se Huck parecia até agora mais firme e convicto para disputar a eleição - coisa que ele deixa no ar, embora tenha dito que pretende ser mais atuante politicamente e que chegou a hora da sua geração assumir o poder - essas idas e vindas típicas da velha política desestimulam uma filiação partidária.

Se não bastasse tudo isso (inclusive o inferno que seria entrar numa guerra polarizada e virar alvo de governistas e opositores, conservadores e progressistas, antibolsonaristas e antipetistas), Huck tem como apresentador a possibilidade dos sonhos: assumir os domingos da Globo com a aposentadoria do Faustão. E aí? Ser ou não ser?