sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Caricaturas à direita e à esquerda: nem uma, nem outra!


Neste momento em que um deputado símbolo do bolsonarismo - golpista, canalha, bandido - está preso e Lula reaparece dando entrevista e se colocando como eventual candidato (como se não estivesse condenado e inelegível, ou se o PT também não tivesse cometido crime nenhum), precisamos conversar sério sobre o futuro do Brasil.

Que o cenário político e eleitoral seja polarizado entre direita e esquerda, progressistas e conservadores, donos da verdade que se alternam no poder, é até compreensível, principalmente nesse contexto de crise, pandemia e um confronto acentuado de ideias, ideais e visões opostas de mundo.

O que não dá para aceitar - até porque não corresponde à verdade nem nos parece tão simplista assim - é que tentem reduzir toda a direita ao bolsonarismo e toda a esquerda ao petismo ou ao lulismo. Nananinanão! Nossas opções são mútiplas, não se resumem a estes dois nomes, apenas.

Ora, acredite, há vida inteligente além das bolhas ideológicas de Bolsonaro e Lula. Fazer oposição a um deles não torna ninguém automaticamente defensor do outro. Ao contrário. É perfeitamente possível se opor a ambos ao mesmo tempo. Aliás, para isso basta ter cérebro, sensatez, memória e coerência. Tente você também!

Bolsonaro é um lixo como presidente e ser humano. Seus seguidores, idem. O esgoto da sociedade transbordou e chegou ao poder. Muito em função do fracasso dos governos petistas no compromisso de mudar a política para melhor, fazer reformas estruturais, inaugurar o projeto de um novo Brasil.

Ao se associarem àqueles que prometeram combater, inclusive em esquemas criminosos, Lula e Dilma frustraram a maioria do eleitorado brasileiro. No movimento cíclico e pendular da política, o bolsonarismo foi a resposta das urnas ao antipetismo gestado após quatro governos sucessivos do PT.

A história vai se repetir com Bolsonaro, mais cedo ou mais tarde - esperamos que já em 2022. Palavras não cumpridas, promessas vazias, alianças espúrias, toma lá dá cá, a proteção de bandidos de estimação, o assalto aos cofres públicos, a incompetência generalizada... Tudo isso somado ao negacionismo e ao obscurantismo dos bolsonaristas vai despertar o povo deste pesadelo.

Mas não significa que ser contra Bolsonaro me faz ser a favor do retorno do PT ao poder. É isso que fanáticos e lunáticos dos dois lados não entendem (ou fingem não entender). A polarização só interessa a eles mesmos, que se retroalimentam no ódio, no preconceito, na intolerância e na guerra verborrágica tão conveniente para mantê-los em evidência como inimigos íntimos.

Porém, a melhor saída para o Brasil não está nem na caricatura da direita, nem da esquerda. Lula e Bolsonaro são políticos antigos, modelos ultrapassados, líderes populistas, demagogos, egocêntricos, incapazes de reconhecer seus inúmeros erros e cercados de bajuladores, enganadores, corruptos e aproveitadores. Queremos uma proposta diferente. Basta dos mesmos!

A direita legítima, os verdadeiros liberais e sinceros adeptos do liberalismo (econômico, político, social), e até mesmo os setores mais conservadores da sociedade - que se submetem ao estado democrático de direito - não se vêem representados nessa escória bolsonarista. Longe disso.

Da mesma forma, a esquerda progressista que tem por utopia a justiça social, a superação das desigualdades, a inserção das minorias, o respeito à diversidade e à pluralidade, bem como defende o Estado a serviço dos mais necessitados e dentro das regras republicanas, não se confunde com a velha esquerda presa a um modelo fracassado, retrógrado, caudilhista e autoritário.

Nem a direita se resume a essa corja de golpistas e milicianos que pregam o fechamento do Congresso e do Supremo, que se esgoelam e se aglomeram em plena pandemia para chamar de “mito” um presidente demente, fraquejada da humanidade, saudoso da ditadura, da tortura e da censura, que faz arminha com os dedos e manda seus opositores para Cuba ou para a Venezuela.

Nem a esquerda se restringe a petistas que gritam “Lula Livre” e se negam a fazer uma autocrítica deste esquerdismo falido e de episódios como o mensalão e o petrolão, enquanto vivem da militância de fachada (fake e caricata, como vemos simbolicamente em parte do elenco do atual BBB), com um discurso politicamente correto que não combina com a maioria das ações, e ainda idolatra ditadores que governam países na base da força e do terror.

Não precisamos nem de Bolsonaro, nem de Lula. Não queremos nem um, nem outro. Nem o Centrão fisiológico e corrupto. Nem lacradores da internet. Nem canceladores, nem cancelados. Merecemos um futuro melhor. Sem essas caricaturas da velha política nem novidades fakes. Queremos esboçar um novo Brasil, de verdade. Se precisar a gente desenha...