sexta-feira, 2 de julho de 2021

Existe vida inteligente além da polarização Lula x Bolsonaro?


Se tudo correr bem, teremos eleições presidenciais em outubro de 2022. É preciso fazer essa ressalva condicional diante das ameaças constantes de golpe feitas pelo presidente demente, inepto, irresponsável, incompetente, desqualificado, criminoso, genocida e agora acusado também de corrupto. Mas se tudo correr bem nos livraremos democraticamente de Bolsonaro.

Todas as pesquisas de intenção de voto apontam para a polarização acirrada entre Lula e Bolsonaro, com ampla vantagem para o petista. Até Bolsonaro sabe que a tendência é essa, tanto que usa o argumento da provável vitória de Lula para exigir o voto impresso contra aquilo que seria uma fantasiosa fraude eleitoral. Diz mais: que não vai reconhecer o resultado da eleição sem o voto impresso. Um canalha e lunático golpista.

No fim das contas isso tudo reforça a própria candidatura de Lula como principal oponente do bolsonarismo. A ameaça de golpe, então, dá um gostinho especial de vingança ao eleitor que pretende derrotar Bolsonaro e mandar o meme que virou presidente por acidente de volta para o lixo da História - de onde ele e a escória bolsonarista nunca deveriam ter saído.

Será que estamos fadados a uma eleição que vai simplesmente medir se prevalece no Brasil o antipetismo ou o antibolsonarismo? Os dois lados estão ávidos por se enfrentar. Será que não existe nenhuma alternativa de reconstrução de governo, de país e de nação que fuja desta polarização mais óbvia, restritiva e reducionista entre essas duas figuras já testadas e reprovadas por grande parte dos eleitores?

Bolsonaro, definitivamente, é o mal maior. De novo, vamos usar a condicionante: Se tudo correr bem - e principalmente se as regras do estado democrático de direito forem respeitadas - existem provas concretas de crimes diversos para cassar essa besta antes de outubro de 2022. Mas como confiar na política e nos políticos que temos hoje?

Com ou sem Bolsonaro na disputa, não importa, precisamos derrotá-lo. Além de Lula, quem corre por fora? Há os nomes de sempre que se apresentam na tal terceira via (que pode virar segunda): Ciro e Doria, os mais tradicionais, mas com alta rejeição. Moro e Huck, os mais fortes potencialmente, mas que parecem ter desistido. E uma série de balões de ensaio.

Da estrutura partidária tradicional, podem surgir algumas novidades e combinações interessantes. O governador gaúcho Eduardo Leite, que acaba de se assumir gay publicamente no Programa do Bial, ganha impulso midiático e múltiplas declarações de apoio para destronar Doria no PSDB.

No DEM tem o ex-ministro Mandetta, que assumiu a linha de frente oposicionista. O PSD de Kassab quer tirar do DEM o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, mineiro que em tese daria um bom vice, enquanto segue acenando também para Lula e Eduardo Leite (sem abandonar ainda a base de Bolsonaro).

A direita arrependida tenta uma combinação ousada, depois que o presidente indicou que pode se filiar ao Patriota. O MBL já deu o troco, migrando dali para o PSL (partido que elegeu Bolsonaro e tem o maior fundo partidário e tempo de TV), que deve filiar também Datena e mantém no radar Amoedo (Novo) e Rodrigo Gentili, que seria uma espécie de Beppe Grillo, o comediante que fundou um partido político na Itália.

Há outros nomes que despontam por aí e podem ganhar força com os desdobramentos da CPI: Randolfe Rodrigues (Rede), Simone Tebet (MDB), Eliziane Gama e Alessandro Vieira (Cidadania) são os mais comentados. Além dos órfãos da Lava Jato que ainda apostam no convencimento de Sérgio Moro para sair candidato - principalmente se o nome de Bolsonaro não estiver na urna. Será?